Zoológicos que permitem que visitantes tenham contato direto com animais podem estar repletos de superbactérias
Ela sugere que muitos animais de de estabelecimentos desse tipo poderiam abrigar e potencialmente disseminar bactérias resistentes a antibióticos, incluindo duas cepas de Escherichia coli, que causam doenças geralmente transmitidas por alimentos e infecções do trato urinário, respectivamente.
Algumas das bactérias encontradas eram relativamente inofensivas, o que significa que raramente causam doenças em humanos. Mas cepas resistentes de E. coli ST656 e ST127 eram muito mais preocupantes. A ST656 é uma cepa que expele toxinas e pode causar diarreia grave e até fatal. Já a ST127 é uma das muitas cepas que causam infecções do trato urinário. Ambas são altamente virulentas.
No momento, nenhuma linhagem parece causar grandes surtos com alguma regularidade. E os resultados da equipe, baseados totalmente em Israel, podem não ser totalmente válidos para outros países. Mas Navon-Venezia disse que as chances de essas e outras bactérias ESBL ou AmpC-E serem encontradas em zoológicos e fazendinhas podem ser semelhantes em qualquer país onde esses micro-organismos já são detectados em níveis altos, como no sul, leste e oeste da Europa. Nos EUA, mais de 100 surtos entre 2010 e 2015 começaram em zoológicos, fazendinhas e feiras de animais, de acordo com os do país. A grande maioria desses surtos nos EUA provavelmente envolveu bactérias ainda suscetíveis a antibióticos, mas é apenas uma questão de tempo (se é que isso ainda não aconteceu) até que animais de estimação e outros animais de companhia também se tornem um canal comum para essas infecções.No ano passado, um surto de Campylobacter jejuni altamente resistente, um germe que ataca o estômago, foi, no fim das análises, a filhotes de animais de estimação. Mais de cem pessoas em 18 estados adoeceram, e mais de 20 delas foram hospitalizadas.
As descobertas da equipe foram neste fim de semana no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas em Amsterdã, na Holanda. Elas ainda são preliminares, mas Navon-Venezia planeja submetê-las para publicação em um periódico revisado por pares. Enquanto isso, ela diz que sua pesquisa deve servir como um alerta precoce para que os zoológicos continuem proativos na prevenção de surtos.Ela sugere que fazendinhas e pequenos zoológicos podem tomar precauções, como manter as áreas de alimentação e consumo longe dos animais, além de reforçar a importância de lavar as mãos depois de interagir com eles.
Medidas mais diligentes incluiriam monitorar ativamente os animais quanto a bactérias resistentes, bem como isolar animais que estão fazendo tratamentos com antibióticos do resto dos animais, já que eles são mais propensos a desenvolver e transportar bactérias resistentes.