Vini Jr., astro da seleção brasileira e do Real Madrid, concedeu uma entrevista coletiva, onde novamente desabafou sobre os ataques racistas que sofre desde que foi jogar na Espanha. O atacante de 23 anos se emocionou durante a conversa com a imprensa nesta segunda-feira (25) antes do amistoso entre Brasil e Espanha. E revelou que a cada novo ataque tem “menos vontade de jogar futebol”.
Embora seja uma das maiores estrelas da liga espanhola ao lado de Robert Lewandowski, Antoine Griezmann e Jude Bellingham, o brasileiro vem sofrendo ofensas raciais. Os ataques partem de torcedores de alguns dos times mais tradicionais do país ibérico desde sua estreia no clube madrilenho. E posteriormente se intensificou após o atleta se tornar protagonista da equipe.
Ao menos 20 ataques racistas
Desde que chegou ao país, em 2018, já foram pelo menos 20 casos de ataques racistas contra o ex-jogador do Flamengo. Na coletiva, Vinicius revelou que está cada vez mais entristecido com os recorrentes episódios, mas não deixará de batalhar contra o preconceito racial.
“Cada vez estou mais triste, cada vez tenho menos vontade de jogar, mas vou seguir lutando”, afirmou Vini Jr, demonstrando já um desgaste nessa batalha.
O atleta afirmou que o que mais lhe deixa frustrado é a impunidade, uma vez que a justiça espanhola, ao contrário do Brasil, não considera racismo ou injúria racial como crime. Mesmo com casos em que torcedores são devidamente identificados e até banidos de estádios, nunca houve nenhuma implicação jurídica ou uma sanção no âmbito legal.
“Faço tantas denúncias, muitas vezes chegam cartas para fazerem mais denúncias, mas no final acontece como aconteceu com meu amigo em Barcelona, eles arquivam o processo e ninguém sabe de nada. Se a gente começar a punir essas pessoas, vão ficar com medo de falar, seja no estádio onde tem câmeras. Assim vamos diminuir isso, colocar medo naquelas pessoas”
Um dos episódios mais tristes ocorreu no estádio Mestalla, um dos mais tradicionais da Espanha, em uma partida contra o Valencia em maio do ano passado. O atacante brasileiro sofreu uma onda de ataques racistas, o que fez o árbitro da partida, Ricardo de Burgos Bengoetxea, suspender a partida.
A partida foi retomada, mas ao final, uma nova confusão generalizada, ocasionada pela persistência nos insultos, Vini acabou expulso. Após uma confusão com o goleiro Giorgi Mamardashvili e o atacante Hugo Duro, ele recebeu o cartão vermelho. Assim, isso foi bastante criticado pela mídia e opinião pública em várias partes do mundo.
O acontecimento gerou uma série de reações contundentes contra os organizadores da liga espanhola, inclusive do técnico italiano Carlo Ancelotti, que quebrou o silêncio pela primeira vez para falar sobre os recorrentes casos de racismo.
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No mês passado, Vinícius voltou ao Mestalla pela primeira vez após o fatídico episódio. Desta vez, o atacante foi o grande destaque da partida, inclusive anotando dois gols na frente da torcida adversária, que, novamente, respondeu com insultos racistas.
Uma torcedora brasileira que estava acompanhando a partida nas arquibancadas registrou o momento em que uma criança proferiu ofensas racistas contra o jogador. Dessa forma, a mulher, identificada como Anna Anjos, ainda foi hostilizada e chegou a ser agredida por capturar as imagens.
Na coletiva de hoje, o atleta foi questionado sobre como foi voltar ao estádio um ano após o ocorrido e respondeu reiterando que não está contra os espanhóis. Ou seja, apenas luta contra o racismo em todo o planeta.
“A cada denúncia, cada vez mais as pessoas me insultam. Eles pensam que estou contra a Espanha, mas não estou contra a Espanha, estou contra os racistas do mundo, de toda parte. Quero igualdade“, declarou Vini.
A . Normalmente, o acesso aos estádios é controlado pelos organizadores da Liga. Mas neste caso específico o clube bateu o pé e se opôs ao trabalho dos produtores.
Como acompanhar e apoiar Vini Jr. nas redes sociais
Vini Jr. conta com uma participação ativa no e também no . Além de publicações em que se posiciona em causas sociais importantes, como o combate contra o racismo, o atleta compartilha o dia a dia dos treinos e jogos no Real Madrid e também na seleção brasileira.
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