Vídeos curtos ensinam crianças a se prevenir contra a febre maculosa
Texto: Julia Moióli | Agência FAPESP
Tornar as crianças agentes ativos na prevenção da febre maculosa brasileira e, assim, ajudar a combater o surto recente da doença no Estado de São Paulo é o objetivo de uma série de quatro animações criadas por pesquisadores da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP). O material mira a faixa etária entre 6 e 12 anos e é acompanhado de um manual para educadores, com sugestões de atividades a serem realizadas antes e depois da exibição em sala de aula.Produzidos em alta qualidade visual, os vídeos de dois minutos cada contaram com da FAPESP e foram desenvolvidos de forma interdisciplinar, graças a parcerias com pesquisadores das áreas de pedagogia (Portugal), psicologia e linguagem e comunicação de crianças (Barcelona).
“A série é fundamentada em bases teóricas e metodológicas e, por incluir atividades complementares, se mostra mais eficaz na promoção da saúde, podendo contribuir com a mudança de hábitos em longo prazo”, explica , pesquisadora da EERP-USP e autora do trabalho.
“Optamos por trabalhar com crianças, uma vez que elas costumam brincar em áreas de risco e entrar em contato com o carrapato-estrela [transmissor da bactéria Rickettsia rickettsii, que causa a febre maculosa brasileira] e devem estar conscientes da importância da auto-inspeção, que é a busca do aracnídeo no corpo para a retirada correta, que evita a contaminação”, diz , veterinária, professora de Parasitologia Humana e Patologia Geral da EERP-USP e coordenadora do trabalho. “Além disso, as crianças podem ajudar a levar o conhecimento para os pais e a família – há diversas referências na literatura sobre seu papel como sujeitos ativos, que questionam, participam e são empoderados, durante o processo de construção do conhecimento.”
Enredo
Público mais amplo
As animações são parte do trabalho de doutorado de Bragagnollo, também pela FAPESP, que teve como objetivo colocar em prática uma intervenção educativa itinerante denominada laboratório interativo.
Com seis estações de aprendizagem (“Capivara? O que ela representa no problema?”, “Carrapato-Estrela ou Micuim?”, “Moradia Esperta!”, “Cabine de risco, fique atento!”, “Fique informado, evite carrapatos!” e “O que devo fazer se encontrar um carrapato em mim?”), o modelo foi validado com especialistas, como veterinários, psicólogos e enfermeiros, e com o público-alvo – crianças de Santa Bárbara do Oeste e Americana, localização de Etecs (instituições de ensino técnico e médio pertencentes ao Centro Paula Souza) que recebem alunos de toda a região metropolitana de Campinas, onde quatro mortes por febre maculosa foram confirmadas nos últimos dias. “Um ensaio clínico mostrou que o laboratório interativo foi mais eficaz para disseminar conhecimento do que as formas tradicionais de ensino, no entanto, depende muito de recursos financeiros e humano”, diz Bragagnollo. “Com a criação dos vídeos animados, podemos ampliar a propagação de conteúdo de maneira interativa e ainda atingir crianças do ensino fundamental, público no qual a incidência de febre maculosa vem aumentando nos últimos anos.”Os vídeos estão disponíveis em: .
O manual para educadores pode ser obtido pelos e-mails [email protected] e [email protected].