Variante Mu: tudo o que sabemos sobre a nova cepa do coronavírus

A B.1.621 já está no Brasil e foi considerada variante de interesse pela OMS.
Foto: Reprodução/Visual Science
Imagem: Reprodução/Visual Science
Na última sexta-feira (3), o estado de Minas Gerais registrou os 5 primeiros casos da variante do coronavírus denominada Mu, descoberta inicialmente na Colômbia, em janeiro. Também conhecida como B.1.621, ela foi detectada primeiramente no Brasil durante os Jogos da Copa América — ao todo, são 10 casos da cepa até agora.

Em seu boletim semanal, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também afirmou que está monitorando a variante, que já é responsável por 4,6 mil infecções em pelo menos 40 países, sendo quase 2 mil somente dos Estados Unidos.

Como ela é nova, ainda há muitas perguntas no ar. Mas reunimos tudo o que sabemos para você ficar em alerta.

1. Por que ficar de olho na variante Mu

O da OMS, publicado em 31 de agosto, afirma que esta é uma variante de interesse. As mutações recebem essa definição quando apresentam mudanças no material genético que podem implicar em uma alta taxa de transmissão ou resistência às vacinas. “A variante Mu tem uma constelação de mutações que indicam propriedades potenciais de escape imunológico. Dados preliminares apresentados ao Grupo de Trabalho de Evolução do Vírus mostram uma redução na capacidade de neutralização de soros de convalescentes e de vacinados semelhante à observada para a variante Beta, mas isso precisa ser confirmado por estudos adicionais”, diz o documento.

2. Por onde a Mu está se espalhando?

A Mu foi vista pela primeira vez na Colômbia em janeiro de 2021, quando recebeu a designação de B1621. Esse é o país em que ela prevalece, já que 39% das infecções lá são relacionadas a ela. Porém, a cepa já foi detectada em 40 países (inclusive no Brasil). Para se ter uma ideia, 13% das amostras analisadas no Equador foram Mu, com a variante representando 9% das amostras sequenciadas nas últimas quatro semanas. Já no Chile, ela apresenta um pouco menos de 40% das amostras sequenciadas. Isso sugere que o vírus não está restrito ao seu país de origem, mas sendo transmitido em outros países sul-americanos próximos. Até agora, 45 casos foram identificados no Reino Unido e 2 mil nos Estados Unidos. Apesar disso, todos os casos juntos representam apenas 0,1% das infecções em todo o mundo.

3. A variante Mu é mais perigosa?

Em artigo da plataforma acadêmica , o professor de bioquímica da universidade Trinity College, na Irlanda, Luke O’Neill, explicou quais são os perigos e especificidades da variante. Ela tem, por exemplo, uma mutação chamada P681H, relatada pela primeira vez na variante alfa, que é potencialmente responsável por uma transmissão mais rápida. No entanto, este estudo ainda está em pré-impressão, o que significa que suas descobertas ainda precisam ser revisadas formalmente por outros cientistas. Além disso, a Mu também tem as mutações E484K e K417N, que estão associadas à capacidade de evadir anticorpos contra o coronavírus. Isso também ocorre na variante beta e, portanto, é possível que a nova cepa se comporte como ela. Ou seja, algumas vacinas podem ser menos eficazes. A variante também tem outras mutações – incluindo R346K e Y144T – cujas consequências ainda são desconhecidas, daí a necessidade de análises adicionais.

4. As vacinas são eficazes contra a cepa Mu?

Ainda não há dados suficientes para comprovar isso. De acordo com O’Neill, há apenas um estudo de um laboratório em Roma mostrando que a vacina da Pfizer/BioNTech foi menos eficaz contra a Mu em comparação com outras variantes quando testada em laboratório. Apesar disso, a pesquisa ainda considerou robusta a proteção oferecida contra pelo imunizante. Na verdade, ainda não é possível saber se as mutações da Mu se traduzirão em aumento de infecções e doenças.

5. Variante Delta ainda é a mais preocupante

Apesar da variante Mu causar preocupações, é a Delta que está aumentando os casos em diversos países do globo. Ela foi identificada pela primeira vez na Índia, em outubro de 2020, e já atingiu cerca de 170 países. No Rio de Janeiro, por exemplo, a Delta é considerada a variante predominante desde agosto. Já em São Paulo, ela corresponde a 69,7% das amostras analisadas.

6. O contágio da Mu ainda é igual

Sabemos que o contágio ainda é o mesmo e se dá pelas vias nasais ou contato com superfícies contaminadas. Por isso, as medidas de segurança ainda são as mesmas: a higienização das mãos, o uso de máscaras, o distanciamento social e a vacinação com as duas doses são essenciais para prevenir a infecção.

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