Estoura a greve em Hollywood: atores e roteiristas paralisam séries e filmes

A negociações entre o sindicato dos atores de Hollywood (SAG-AFTRA) e os representantes dos grandes estúdios (AMPTP) terminou sem um acordo.
Greve
Reprodução/Wikimedia Commons

Começou a greve geral de atores nos EUA. Depois dos roteiristas, chegou a vez dos profissionais que atuam em séries e filmes pararem as atividades. Segundo informações da , a última rodada de negociações entre o sindicato dos atores de Hollywood (SAG-AFTRA) e representantes dos grandes estúdios (AMPTP) terminou sem acordo.

O contrato entre as duas associações expirou oficialmente na madrugada desta quinta-feira (13). Em nota, o SAG-AFTRA disse que o comitê de negociação votou unanimemente para recomendar uma greve.

Isso interrompe imediatamente a produção de filmes e séries das empresas representadas pela Alliance of Motion Picture and Television Producers. Esta é a associação que representa as grandes empresas estadunidenses de televisão e cinema.

Fran Drescher (da série “The Nanny”), presidente da SAG-AFTRA, disse que as respostas da AMPTP às suas principais questões foram “insultuosas e desrespeitosas”.

“O SAG-AFTRA negociou de boa fé e estava ansioso para chegar a um acordo que atendesse suficientemente às necessidades dos artistas, mas as respostas da AMPTP às propostas mais importantes do sindicato foram ofensivas e desrespeitadoras de nossas contribuições massivas a esta indústria. As empresas se recusaram a se envolver significativamente em alguns tópicos e em outros nos bloquearam completamente. Até que eles negociem de boa fé, não podemos começar a chegar a um acordo”. 

O diz a AMPTP

Já a AMPTP disse em comunicado que estava desapontada com o resultado das negociações. A representante dos grandes estúdios delineou uma declaração com propostas que ela supostamente ofereceu ao sindicato dos atores. “Estamos profundamente desapontados com o fato de a SAG-AFTRA ter decidido desistir das negociações”, disse o grupo de empregadores. 

“Essa é uma escolha do Sindicato, não nossa. Ao fazer isso, rejeitou nossa oferta de aumentos residuais e salariais históricos, limites substancialmente mais altos para pensões e contribuições de saúde, proteções de audição, períodos de opção de série reduzidos, uma proposta inovadora de IA que protege as imagens digitais dos atores e muito mais. Em vez de continuar negociando, o SAG-AFTRA nos colocou em um curso que aprofundará as dificuldades financeiras de milhares que dependem do setor para sua subsistência”. 

Vale ressaltar que o SAG-AFTRA, que representa 160 mil artistas, não faz greve contra as empresas de cinema e TV desde 1980. A última paralisação simultânea foi em 1960.

A parada não só deve barrar as filmagens de alguns projetos que contam com intérpretes filiados ao SAG. Também não impede a participação desses atores em eventos de imprensa para filmes que já estão completos e a caminho dos cinemas.

Assim como os roteiristas de Hollywood, já em greve, os atores também reivindicam melhores condições de trabalho e compensações mais justas no mercado de streaming.

Os sindicatos estão lutando contra Netflix, Walt Disney e outras empresas sobre pagamento e outras questões, incluindo o uso de IA generativa. Os atores querem garantias de que suas imagens digitais não serão usadas sem sua permissão.

O que diz os streamings 

Em entrevista à CNBC na manhã de quinta-feira, o CEO da Walt Disney, Bob Iger, disse que a greve dos roteirista e atores são “muito perturbadoras” e terão um “efeito muito, muito prejudicial em todo o negócio” [via ]. “Este é o pior momento do mundo para aumentar essa interrupção”, disse Iger, acrescentando que “há um nível de expectativa que eles [SAG-AFTRA e WGA] têm que simplesmente não é realista”. O executivo ainda acrescenta que respeita “o direito e o desejo deles” de serem compensados ​​de forma justa, Iger também disse que os sindicatos “têm que ser realistas sobre o ambiente de negócios e o que esse negócio pode oferecer” e que as greves causarão “enormes danos colaterais”. O chefão da Disney ainda completa:
“Como indústria, conseguimos negociar um acordo muito bom com o Directors Guild, que reflete o valor que os diretores contribuem para este grande negócio”, disse Iger. “Queríamos fazer o mesmo com os roteiristas e gostaríamos de fazer o mesmo com os atores. Há um nível de expectativa que eles têm que não é realista, e eles estão se somando a um conjunto de desafios que esse negócio já enfrenta, que é francamente muito perturbador.”
Rayane Moura

Rayane Moura

Rayane Moura, 26 anos, jornalista que escreve sobre cultura e temas relacionados. Fã da Marvel, já passou pela KondZilla, além de ter textos publicados em vários veículos, como Folha de São Paulo, UOL, Revista AzMina, Ponte Jornalismo, entre outros. Gosta também de falar sobre questões sociais, e dar voz para aqueles que não tem

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