Vacinação de grávidas controla tétano neonatal, coqueluche e hepatite B entre recém-nascidos
Reportagem: Natasha Pinelli/
A estratégia da dTpa
O tétano, a difteria e a coqueluche são doenças cuja proteção não se estende pela vida inteira. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda a todos um reforço da vacina dT (difteria e tétano) a cada 10 anos. Já o último reforço contra a coqueluche costuma acontecer ainda na infância – entre os 4 e 7 anos –, visto que a infecção não desencadeia casos mais graves entre os adultos. “Por conta desse histórico, é natural que com o passar do tempo as pessoas não apresentem anticorpos ‘prontos’ para agir contra a bactéria causadora da coqueluche circulando no organismo. Nas grávidas, o papel da vacina dTpa é justamente acionar a memória imunológica e estimular a produção de altos níveis de anticorpos capazes de combater a doença e que serão transferidos para o bebê”, pontua Mayra.O imunizante, que é recomendado a partir da 20ª semana e deve ser reaplicado a cada nova gravidez, , quando ocorreu um pico epidêmico de infecções pela bactéria Bordetella pertussis – principalmente entre crianças menores de 3 meses, já que elas não possuíam o esquema vacinal completo, finalizado apenas aos seis meses de vida. “Começamos a ver casos de óbito de recém-nascido por coqueluche na própria maternidade. Os estudos mostraram que os principais transmissores eram a própria mãe ou o pai”, afirma a gerente de Farmacovigilância do Butantan.
Entre 2014 e 2023, com a adoção da estratégia, . Porém, o Ministério da Saúde tem alertado para um recente crescimento da doença nas diversas faixas etárias: até meados de agosto de 2024, mais de 330 quadros já haviam sido registrados, contra 217 em todo o ano anterior. De acordo com as pasta, – número bastante distante da meta preconizada de 95%.
Além de proteger contra a coqueluche e a difteria, a vacina dTpa tem sido essencial para o combate do tétano neonatal. Provocada pela bactéria Clostridium tetani, a doença infecciosa aguda que acomete os recém-nascidos foi controlada graças à imunização das gestantes. Segundo o Ministério da Saúde, – em 2020, um único caso foi confirmado no município de Tartarugalzinho (AP).
Outros imunizantes para ficar de olho
, a vacina contra hepatite B também é indicada às grávidas que não iniciaram ou não possuem o esquema completo, composto por três doses. O objetivo da estratégia é reduzir a potencial transmissão vertical – ou seja, quando a mãe passa a doença para a criança na hora do nascimento por meio do contato com sangue, líquido amniótico e outras secreções maternas. Caso não seja possível finalizar o esquema vacinal durante a gestação, a mulher deverá concluí-lo após o parto.
A hepatite B é uma doença que não tem cura e possui uma particularidade: quanto mais cedo na vida for contraída, pior será o seu prognóstico. “Trata-se de um problema com o qual a pessoa terá que conviver pelo resto da vida, com uso de medicação contínua. A longo prazo, poderá exigir a necessidade de um transplante de fígado e, infelizmente, até evoluir para óbito”, afirma Mayra. É por isso que a vacina contra a hepatite B é aplicada logo nas primeiras 24 horas de vida.. Porém, depois de sete anos consecutivos de queda, o índice tem evoluído desde 2021.
Diferentemente das outras vacinas indicadas à gestante, que têm um foco mais voltado à proteção e saúde do recém-nascido, os imunizantes contra gripe (Influenza) e Covid-19 são destinados à proteção da mãe, uma vez que elas apresentam um maior risco para desenvolver quadros mais graves de ambas as doenças. Isso pode acontecer devido às mudanças no sistema imunológico, circulatório e pulmonar que ocorrem durante a gravidez. Dentre as principais complicações, estão o trabalho de parto prematuro, assim como a necessidade de hospitalização e até óbito. “A recomendação é que as grávidas recebam as vacinas contra a gripe e a Covid-19 caso já faça mais de seis meses que as tenham recebido”, orienta Mayra.