Ciência
Uso de cannabis medicinal no Brasil cresce 130% em um ano
430 mil pacientes conduzem tratamentos à base de cannabis medicinal no país - número que, segundo novo levantamento, poderia ser ainda maior
Imagem: Enecta Cannabis extracts/Unsplash/Reprodução
O Anuário da Cannabis Medicinal 2023 mostrou que o uso da substância para tratamento de saúde cresceu 130% em um ano no Brasil. O , publicado nesta semana, mostra que 430 mil pacientes conduzem tratamentos à base de cannabis medicinal.
No anuário anterior, feito em 2022, foram registrados cerca de 188 mil pacientes ativos no país.
“Esses números têm crescido nos últimos anos e são importantes para demonstrar a relevância do setor para a sociedade”, explica o documento.
Apesar disso, sem uma produção local, a maior parte dos remédios vêm de fora do Brasil, com 51% do mercado.
Cerca de 219 mil pacientes fazem importação de medicamentos de cannabis no Brasil, mostra levantamento. Enquanto 114 mil (26%) fazem tratamento via associações e outros 97 mil pessoas (22%) têm acesso aos medicamentos à base de cannabis nas farmácias.Os dados são da Kaya Mind, empresa especializada em dados e inteligência de mercado no segmento da cannabis, e contam com informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Uso poderia ser ainda maior
Médicos utilizam a cannabis no tratamento de epilepsia, Parkinson, glaucoma, câncer, esclerose múltipla e outras doenças. Assim, pacientes que desejam plantar precisam de autorização judicial ou recorrer a importação de medicamentos caros.
Mesmo com o crescimento no número de pacientes, a realidade ainda está distante da quantidade total de pessoas que poderiam se beneficiar dos medicamentos.O anuário identificou 6,9 milhões de pessoas receptivas às terapias com cannabis para 23 condições médicas. Esse número representa cerca de 3,4% da população brasileira.
Cultivo de cannabis para fins medicinais
Em setembro, a 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que plantar maconha para extrair o óleo de uso medicinal não configura crime de tráfico de drogas.
Agora, quem puder comprovar a necessidade de tratamento pode receber um “salvo-conduto” para cultivar a planta sem risco de ser criminalizado. No entanto, as concessões terão limitações de quantidade de plantio. Além disso, a obrigação de se submeter a fiscalização e análise do produto.