Tudo sobre o 1º civil chinês da história a subir em missão espacial hoje
A China vai lançar em órbita o primeiro civil do país a participar de uma missão espacial. O felizardo é Gui Haichao, professor da Universidade Beihang, de Pequim, que vai realizar experimentos científicos na Estação Espacial Tiangong — mantida no espaço pelo gigante asiático.
A decolagem está marcada para 22h31 (horário de Brasília) desta segunda-feira (29), a CMSA (Agência Espacial Tripulada da China).
Gui e os outros dois tripulantes, os taikonautas – nome dado aos astronautas chineses – Jing Haipeng e Zhu Yangzhu, decolam a bordo da espaçonave Shenzhou-16, a partir do Centro de Lançamento de Satélites Jiuquan, no noroeste do país. Eles devem voltar à Terra apenas em novembro.
Antes de mais nada, o envio de Gui ao espaço é um marco para a China porque, até agora, Pequim só realizou missões espaciais com militares, e não com cientistas especializados, como é o caso do professor. “Isso significa que, a partir desta missão, a China abrirá as portas do espaço para pessoas comuns”, disse o analista independente Chen Lan à .
O que um civil vai fazer na missão espacial
Como pesquisador, Gui vai com o propósito de realizar experimentos em órbita para o estudo de novos fenômenos quânticos, sistemas de frequência-espaço de alta precisão, verificação da relatividade geral e a origem da vida, disse um representante da CMSA à imprensa.
Além disso, ele também atuará como especialista em carga útil responsável pelas operações na estação espacial. “Sempre tive esse sonho”, disse o professor no anúncio da missão nesta segunda-feira (29).
Gui tem 36 anos e veio de uma “família comum” da província de Yunnan, no sudoeste do país. Ele se interessou pela área de estudos aeroespaciais pela primeira vez quando acompanhou as notícias do primeiro chinês no espaço, Yang Liwei, em 2003.
Por outro lado, o pesquisador responderá a Jing, que será o comandante desta missão. O piloto de espaçonave será o primeiro taikonauta a ir ao espaço pela quarta vez. Ele participou da missão Shenzhou-7, em 2008, e comandou as tripulações da Shenzhou-9 e Shenzhou-11, em 2012 e 2016, respectivamente.
Já Zhu será o engenheiro de voo e trabalhará com Jing para controlar e gerenciar a espaçonave, além de fazer testes técnicos. Essa é a primeira decolagem de uma missão tripulada da China após a estação espacial Tiangong entrar no estágio de aplicação e desenvolvimento.
China no espaço
A China lançou o último módulo de Tiangong, que significa “palácio celestial”, em outubro passado. A expectativa é que o complexo opere na órbita baixa da Terra, a até 450 quilômetros de altura, pelos próximos 10 anos.
A estação leva uma série de equipamentos científicos de ponta, como o primeiro sistema de relógio atômico baseado no espaço. Apesar de Pequim ter construído a estação sem uma cooperação global, o governo chinês já disse que ela está aberta para a visita de outros países.
“A China dá as boas-vindas à participação de astronautas estrangeiros nas missões de voo da estação espacial do país”, disse o porta-voz da agência chinesa. Vale lembrar que os EUA, por exemplo, proibiram o país de integrar a ISS (Estação Espacial Internacional), em 2011.
Agora, com sua própria estação, a China deve manter Tiangong com equipes rotativas de três astronautas e tem planos de levar turistas espaciais ao complexo. Aliás, o próximo passo dos chineses será a Lua: o país planeja construir uma base no satélite até o final desta década. Segundo o porta-voz da CMSA, Pequim tem planos de pousar uma missão tripulada na superfície lunar até 2030.