Toxinas de aranha amazônica têm potencial para criação de fármacos e inseticidas
Estudo no Journal of Proteome Research por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Instituto Butantan, além de parceiros no Brasil e nos Estados Unidos, caracterizou pela primeira vez a peçonha da tarântula Acanthoscurria juruenicola, espécie nativa da Amazônia. Algumas das toxinas encontradas têm potencial para o desenvolvimento de fármacos e até mesmo de inseticidas biológicos.
Anteriormente, os grupos da Unifesp e do Butantan tinham estudado outra espécie de Acanthoscurria com o mesmo potencial. Por meio de ferramentas de computação, o veneno da aranha havia mostrado ainda possível efeito antimicrobiano, o que pode ocorrer também na espécie estudada agora (leia mais em: ).
Fêmea mais venenosa
“Apesar dessa família de aranhas ser relativamente bem conhecida, as espécies estão em processo de evolução acelerada. Quando analisamos as toxinas no nível molecular, portanto, uma mudança de poucos aminoácidos pode fazer uma grande diferença em termos de efeitos farmacológicos”, explica Tashima. Peculiaridades ecológicas podem ser outra razão para que espécies próximas tenham toxinas diferentes. Uma delas pode se beneficiar de um tipo de presa que demande um veneno mais potente, por exemplo.Por conta disso, os pesquisadores compararam as toxinas encontradas em machos e fêmeas de Acanthoscurria juruenicola. Uma concentração maior de proteínas foi encontrada no veneno das fêmeas. Uma hipótese para isso seria a necessidade de proteção dos ovos pelas mães, o que demandaria que tivessem mais peçonha do que os machos.
Os dados do trabalho foram disponibilizados em repositórios públicos on-line, fundamentais para que pesquisadores que buscam novas moléculas para o desenvolvimento de medicamentos e outras aplicações possam encontrar candidatos a novos produtos. “Nossa biodiversidade ainda traz muitas boas surpresas, por isso também é fundamental a conservação do meio ambiente. A solução para muitos problemas pode estar escondida em espécies ainda não descobertas ou mesmo em outras já descritas há muito tempo, como essa aranha”, encerra o pesquisador. O estudo teve apoio da FAPESP ainda por meio de um coordenado pelo professor da Unifesp .O artigo Multiomics Profiling of Toxins in the Venom of the Amazonian Spider Acanthoscurria juruenicola pode ser lido em: .