A novela envolvendo o TikTok seria cômica, se não fosse tão trágica
A saga do aplicativo TikTok tem sido, na melhor das hipóteses, uma grande comédia. A China, por muito tempo considerada uma terra de clones, construiu algo verdadeiramente original. Os EUA e seu obscuro poder executivo tentaram controlar isso por vias legislativas, usando táticas que vêm de algum manual de negócios dos anos 1990.
No entanto, o que está em disputa é o conceito de justiça. Durante décadas, empresas que queriam fazer negócios na República Popular da China enfrentaram exigências macabras, incluindo trabalhar com um parceiro local para representar a companhia em questão. Isso resultou em muitas histórias que os antigos companheiros de golfe do presidente Donald Trump provavelmente contaram uns aos outros durante sanduíches e chás gelados de Long Island. A ideia era que a China poderia puxar o tapete de qualquer negócio estrangeiro. Pior: que esse processo era um esporte para jovens empresários chineses que roubavam negócios ou copiavam produtos, enviando a mercadoria para os locais especializados em falsificação.— TikTokComms (@TikTokComms)
“A empresa controladora da TikTok, ByteDance, consegue manter a propriedade da entidade nos Estados Unidos. A Oracle, por sua vez, consegue um novo e enorme cliente em nuvem para impulsionar seus negócios. E o Walmart consegue acesso a adolescentes para vender coisas. Os dados dos clientes dos EUA não estão mais seguros (agora estão nas mãos de predadores americanos em vez de estrangeiros)”, escreveu Jon Shieber no .
Tudo isso é para fechar o cerco contra a China pelos acordos comerciais “injustos”, reais ou imaginários, que impulsionaram Apple, Microsoft e Amazon ao poder. Isso sem mencionar que construíram a fortuna dos executivos do Walmart. Muita gente esquece que, sem a China, a América não poderia desfrutar da infinidade de produtos que inundam as prateleiras das lojas e supermercados. Trump fez um acordo. É um acordo que sustenta o fracassado negócio de nuvem de Larry Ellison, envergonha a América e reduz a possibilidade de que uma próxima tecnologia incrível venha dos Estados Unidos. Quem é mais otimista dirá que isso endireita o equilíbrio de forças entre os dois países mais poderosos do mundo. O otimista também vai dizer que manter o status quo era o pior de todos os cenários possíveis. E o otimista, por todos esses motivos, é um tolo. Há muito tempo, os EUA são uma potência de inovação — e vão permanecer assim mesmo que seu poder diminua. Esse poder diminuirá à medida que o País evita que novas empresas iniciem seus negócios, fecha fronteiras para manter afastados os imigrantes mais famintos e inteligentes, e cria uma mensagem interna de “a América deve vir em primeiro lugar”. Este poder diminuirá já que os graduados em Shenzhen buscarão resolver problemas reais, coisa que os EUA, em algum momento da história, faziam com naturalidade. Ao tentar controlar desnecessariamente um site para adolescentes, os EUA cederão a corrida espacial, serão o segundo ou terceiro país na corrida por uma cura da COVID-19 e perderão qualquer esperança de se tornar uma potência industrial.