Cientistas realizaram testes em ratos combinando ayahuasca com Ozempic e descobriram que a junçou resultou na regeneração de células beta, que pode ser uma chave para a cura da diabetes.
Em um estudo da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai, de Nova York (EUA), no último dia 10 na Science Translational Medicine, os pesquisadores relataram que a combinação da harmina, um composto presente no ayahuasca, e medicamentos agonistas (que têm afinidade) do receptor do GLP-1 (peptídeo 1 semelhante ao glucagon), como o Ozempic, aumentaram o número de células betas.
O estudo transplantou células beta de humanos em ratos com e sem diabetes para avaliar a eficácia da combinação.
Após três meses recebendo o tratamento que combina o composto do ayahuasca com o Ozempic, os ratos apresentaram um aumento de 700% na produção de insulina, bem como níveis estáveis de glicemia e maior massa em células beta (novas células).
Além disso, as novas células beta – geradas pela combinação entre ayahuasca e Ozempic – permaneceram nos organismos dos ratos um mês após o fim do experimento.
Desse modo, o estudo contesta a tese sobre o corpo não conseguir fornecer mais células beta após a infância.
Próxima etapa: testes em humanos
Cruciais para a produção de insulina, as células beta, se afetadas ou destruídas, ocasionam os dois tipos de diabetes. A harmina do ayahuasca, ao bloquear uma enzima que inibe a replicação de células, permite a regeneração de células beta.
Embora a harmina tenha efeitos limitados na regeneração de células, o estudo indica que combinar a substância do ayahuasca com medicamentos da classe do Ozempic estimulam a produção de insulina. E melhoram o funcionamento de células beta.
O estudo, no entanto, precisa realizar testes em humanos para confirmar a eficácia e segurança dessa combinação. Caso obtenha sucesso, essa abordagem pode revolucionar o tratamento de diabetes, oferecendo, aliás, uma possível cura.
Contudo, é importante ressaltar que o estudo está nos estágios iniciais e o uso de harmina, um composto alucinógeno, pode gerar riscos à segurança. De toda forma, os resultados iniciais em ratos podem ser a esperança para milhões de pessoas diabéticas em todo o mundo.