Agência dos EUA autoriza teste clínico de larga escala com ecstasy
Ecstasy não é algo apenas para frequentadores de raves. Uma pequena série de testes clínicos demonstraram que tomar MDMA (metilenodioximetanfetamina) pode ser efetivo em tratamentos de distúrbios de estresse pós-traumático. Na terça-feira (29), a FDA, órgão responsável pelo controle de alimentos e medicamentos nos EUA, autorizou testes clínicos com MDMA de fase 3, que é um dos últimos processos para um medicamento ser aprovado e poder ser prescrito por médicos.
O uso de ecstasy sempre é ligado à questão recreacional. No entanto, pode mudar vidas. O com C.J. Hardin, um veterano que serviu no Iraque e no Afeganistão e que sofre de TEPT (transtorno de estresse pós-traumático). A enfermidade fez ele se divorciar e beber a ponto de se distanciar do mundo. Ele tentou psicoterapia, terapia em grupo e uma dúzia de medicações psiquiátricas. “Nada funcionava para mim, então deixei de lado a ideia de que conseguiria me recuperar”, disse.• Isto é o que acontece com o cérebro de quem está chapado de LSD
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No entanto, em 2013, Hardin teve sorte de fazer parte de um pequeno teste clínico de MDMA para tratar o transtorno de estresse pós-traumático. “Mudou minha vida. Permitiu que eu visse meu trauma sem medo ou hesitação, e finalmente processar o que aconteceu para poder seguir em frente”, disse ao New York Times.
Este é um grande passo para a comunidade que luta pela legalização do uso médico de drogas como MDMA, LSD e maconha. A Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies, uma organização sem fins lucrativos fundada em 1985 para defender os benefícios medicinais destas substâncias ilícitas, bancou seis estudos de fase 2 que tratou 130 pacientes de transtorno de estresse pós-traumático com a droga. A fundação também vai patrocinar testes clínicos de fase 3, que dará conta de tratar de pelo menos 230 pacientes.Tratamento de transtorno de estresse pós-traumático com ecstasy
Como o ecstasy, então, ajuda no tratamento do transtorno de estresse pós-traumático? Em um tratamento de 12 semanas da enfermidade, os pacientes passaram por um processo extenso de psicoterapia, que envolvia três sessões de oito horas de MDMA. Nestas sessões, a enfermeira psiquiátrica Ann Mithoefer, e seu marido, doutor Mithofer, guiaram cada paciente a revelar seus traumas do passado, com a ajuda de música relaxante.
“O medicamento permite que eles vejam as coisas de um ponto de vista diferente e as reclassifique. Honestamente, não temos que fazer muito. Cada pessoa tem uma habilidade inata de se recuperar. Nós só criamos as condições necessárias”, disse Ann Mithoefer.O New York Times diz ainda que há pesquisas que mostram que o MDMA faz com que “o cérebro libere um monte de hormônios e neurotransmissores que despertam sentimentos de confiança, amor e bem-estar, enquanto reduz o medo e memórias emocionais negativas que podem ser esmagadoras para cientes com transtorno de estresse pós-traumático.”
Atualmente, há dois medicamentos no mercado americano para o tratamento de transtorno de estresse pós-traumático, e ambos tiveram efeitos pouco superiores a placebos em testes. Edward Thompson, um bombeiro traumatizado pelas frequentes tragédias sangrentas que atendia em seu trabalho, passou a usar benzodiazepinas (medicamento sedativo), álcool e opioides para escapar do persistente estado de pânico no qual estava aprisionado. Após tomar MDMA em um teste clínico, Thompson conseguiu lidar melhor com sua enfermidade e parou de usar drogas. Isso é um promissor passo a frente para os Estados Unidos, que conta com vários veteranos que sofrem em silêncio. []Foto do topo por Wikipedia