Ter transtorno bipolar traz risco maior de morte prematura do que fumar, diz estudo

Para especialistas, o transtorno bipolar sempre foi um fator de risco para a mortalidade de uma pessoa. Estudos anteriores descobriram que, em média, pessoas com essa condição morrem de 8 a 10 anos antes do que outros indivíduos da sua idade.

Agora, um novo estudo publicado na revista identificou que o transtorno bipolar pode oferecer mais riscos à vida que o hábito de fumar. No geral, enquanto a bipolaridade agrava os perigos em até seis vezes, o tabagismo dobra as taxas de morte.

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Entenda a pesquisa

Para analisar o aumento do risco de morte prematura entre pessoas com transtorno bipolar, pesquisadores recorreram a duas pesquisas. A primeira consistiu em um estudo a longo prazo com 1.128 voluntários, entre eles pessoas com e sem a condição.

No total, de 56 óbitos que ocorreram no período do estudo, 54 eram pessoas com bipolaridade. Por meio de cálculos estatísticos, a análise mostrou que ter um diagnóstico de transtorno bipolar tornava alguém seis vezes mais propenso a morrer do que quem não tinha a condição.

Para comparar os riscos, eles analisaram também o número de óbitos entre aqueles que eram fumantes. No total, pessoas que já fumaram ou tinham mais de 60 anos apresentavam mais que o dobro de chances de morrer no mesmo período do que não fumantes.

Na segunda parte do estudo, os pesquisadores recorreram a registros de pacientes anônimos do Michigan Medicine, um centro médico acadêmico. No total, eles analisaram dados de mais de 18 mil participantes.

Entre esse grupo, pessoas com transtorno bipolar tinham quatro vezes mais chances de morrer durante o período do estudo do que aquelas sem qualquer condição psiquiátrica. Já entre os fumantes, o risco de morte dobrava. 

“Para nossa grande surpresa, em ambas as amostras, descobrimos que ter transtorno bipolar é muito mais arriscado para a morte prematura do que fumar”, disse Melvin McInnis, autor do estudo.

Além dos riscos que o próprio transtorno traz, os pesquisadores observaram que pessoas bipolares em ambos os estudos eram muito mais propensas a fumar. No total, quase metade dos participantes com transtorno bipolar tinham histórico de tabagismo. 

Necessidade de conscientização 

Em geral, o transtorno bipolar pode contribuir imediatamente como fator secundário para uma fatalidade. Por exemplo, estudos anteriores mostram que pessoas com a condição têm maior probabilidade de desenvolver síndrome metabólica.

Isso, por sua vez, as coloca em maior risco de ter diabetes e problemas cardiovasculares. Além disso, efeitos secundários do transtorno também podem contribuir para o aumento dos riscos à saúde. Por exemplo, a falta de atividade, dieta inadequada e uso excessivo de drogas.

Ainda assim, a bipolaridade não é listada como a principal causa da morte em certidões de óbito, de acordo com os autores do estudo. Por isso, eles esperam que as descobertas incentivem mais ações nas comunidades médica e de saúde pública, para identificar e prevenir os fatores que contribuem para esse risco elevado.

“Ao longo dos anos, foram implementados todos os tipos de programas para prevenção do tabagismo e conscientização sobre doenças cardiovasculares. Mas nunca uma campanha dessa escala para a saúde mental”, disse McInnis.

Para o pesquisador, alternativas seriam educar adolescentes e adultos sobre como lidar com o estresse, a angústia e as flutuações de humor.