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Temperamental, mãezona e caçadora, píton-de-lábios-brancos reflete as cores do arco-íris em suas escamas

Nova moradora do Museu Biológico, serpente da Nova Guiné gosta de sombra e água fresca, caça ativamente e cuida dos ovos

Temperamental, mãezona e caçadora, píton-de-lábios-brancos reflete as cores do arco-íris em suas escamas

Reportagem: Aline Tavares /

No final do arco-íris tem… um pote de ouro? Não, uma cobra! Mais nova moradora do Museu Biológico do Instituto Butantan, a píton-de-lábios-brancos (Leiopython albertisii) é original da Nova Guiné, parente distante das nossas jiboias e tem um dorso escuro e chamativo que reflete uma variedade de cores sob a luz do sol. Seu nome popular, é claro, se deve aos lábios bem marcadinhos com manchas brancas, que se destacam no corpo.

E esses lábios não são só charme: eles possuem “fendas” que são órgãos sensoriais para identificar calor, chamados de fossetas labiais. Esse recurso, comum a todas as pítons, serve para ajudá-la a encontrar presas com mais facilidade, já que ela possui hábitos noturnos.

A aparência de arco-íris, chamada de iridescência, se deve à presença de células especiais nas escamas, que captam a luz e a refletem em vários comprimentos de onda. Essas células têm grande importância na regulação da temperatura do animal, pois ajudam na absorção de calor – afinal, as serpentes

Embora pítons (Pythonidae) e jiboias (Boidae) sejam de famílias diferentes e vivam em lugares totalmente distintos – a jiboia é das Américas e a píton da Ásia, África e Oceania –, elas possuem ancestrais comuns e, por isso, compartilham algumas características. O fenômeno da iridescência, por exemplo, também é apresentado pela jiboia arco-íris, que ocorre no Brasil. Outra semelhança é que tanto pítons quanto jiboias são constritoras: elas se enrolam nas presas e as matam por parada cardiorrespiratória, já que não têm veneno para imobilizar suas vítimas.

A píton-de-lábios-brancos é temperamental e bufa bastante, soltando “forte” o ar pelas narinas, além de poder morder quando se sente ameaçada. É também uma exímia caçadora: diferente de outras pítons, que são oportunistas e esperam a presa passar por perto para dar o bote, essa serpente caça ativamente seus alimentos. A dieta de uma adulta pode incluir pequenos mamíferos e aves, enquanto as mais jovens acabam preferindo lagartos.

A cor também varia conforme a idade: os filhotes possuem uma coloração mais clara, verde oliva, que vai escurecendo na vida adulta até chegar a tons de bronze e preto. A cabeça é preta e o abdome é amarelo claro.

De médio porte, a fêmea pode chegar a 3 metros de comprimento, enquanto o macho não costuma passar de 2 metros. Ovípara, bota cerca de 12 ovos por vez e levaria facilmente o troféu de mãe do ano. Isso porque ela possui um cuidado parental muito especial: enrola-se nos ovos e faz pequenas vibrações nos músculos para produzir calor e aquecer a prole.

A píton-de-lábios-brancos é uma entre cerca de 20 espécies de pítons já descritas. Ela se destaca de suas primas por ter um corpo muito mais esguio, de apenas 2,5 kg, que lhe confere bastante agilidade. Outras pítons podem ultrapassar 100 kg e são mais calmas e letárgicas. Fã de sombra e água fresca, a espécie habita diversos ambientes, como florestas tropicais e pântanos, e pode ser encontrada próxima a riachos e rios.

A serpente do Butantan, carinhosamente apelidada de Petrolina, por lembrar a aparência do petróleo, passa a maior parte do tempo no chão, escondida embaixo de folhas, mas pode escalar árvores ocasionalmente. Quando não está subindo nos galhos ou oculta na terra, ela gosta de ficar dias mergulhada na piscina de seu recinto do museu.

Conheça este e outros animais fantásticos no Museu Biológico!

PÍTON-DE-LÁBIOS-BRANCOS

Espécie: Leiopython albertisii, da família Pythonidae

Onde habita: Nova Guiné e algumas ilhas da Indonésia

Características físicas: atinge até 3 metros de comprimento, possui cabeça preta, dorso preto e bronze e lábios brancos

Alimentação: pequenos mamíferos, aves e lagartos

Curiosidades: caça ativamente, é uma mamãe dedicada e seu corpo reflete as cores do arco-íris

 

Essa matéria contou com a colaboração da tecnologista em Manejo Animal do Museu Biológico Ana Claudia Marin e do tecnologista do Laboratório de Ecologia e Evolução (LEEV) Fabiano Morezi.

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