Telas OLED flexíveis do futuro podem ser feitas de cabelo humano

Pesquisadores australianos usaram restos de cabelo para criar nanodots que podem ser usados na tela de um dispositivo inteligente.
Professor Prashant Sonar (à frente) e o estudante de doutorado Amandeep Singh Pannu (atrás). Crédito: Universidade de Tecnologia de Queensland Professor Prashant Sonar (à frente) e o estudante de doutorado Amandeep Singh Pannu (atrás). Crédito: Universidade de Tecnologia de Queensland
Professor Prashant Sonar (à frente) e o estudante de doutorado Amandeep Singh Pannu (atrás). Crédito: Universidade de Tecnologia de Queensland
O cabelo humano reciclado tem sido usado ao longo da história para uma variedade de finalidades, mas nunca antes foi transformado em displays OLED — bem, até agora.

Pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Queensland (QUT), em Brisbane, na Austrália, usaram restos de cabelo de uma barbearia local para experimentar transformar fios de cabelo em nanodots de carbono que podem brilhar o suficiente para serem usados na tela de um dispositivo inteligente. É a que alguém consegue tornar os fios luminescentes e usá-los com sucesso em um dispositivo emissor de luz.

Como detalha a QUT em , os professores Prashant Sonar, Ken (Kostya) Ostrikov e sua equipe de pesquisa, em colaboração com o professor Qin Li, da Universidade Griffith, “desenvolveram um método para transformar os pequenos fios de cabelo em nanodots de carbono, pequenos pontos uniformes de carbono que são um milionésimo de milímetro”. Basicamente, eles desenvolveram uma forma de quebrar o cabelo e depois o queimaram a 240 graus Celsius para criar “telas flexíveis que poderiam ser usadas em futuros dispositivos inteligentes”. Nanodots de carbono (também chamado de pontos de carbono, ou CDs) são uma nova classe de pontos quânticos. Se você já viu ou possui uma TV de pontos quânticos (quantum dots), provavelmente já reparou como a imagem é mais vibrante e clara. Isso ocorre porque os pontos quânticos produzem pura luz monocromática vermelha, verde e azul. Os LEDs nessas TVs emitem luz azul em vez de branca, e os pontos quânticos são responsáveis por criar a luz vermelha e verde. O trabalho dos pontos quânticos é emitir uma única cor, e eles são muito bons nisso. Embora os pontos de carbono (ou CDs) possam fazer o mesmo, eles são mais ecológicos. Eles também apresentam vantagens de baixa toxicidade, biocompatibilidade e estabilidade química, de acordo com o estudo de 2019 da revista científica na seção Science Reports. Usar restos de cabelos humanos que acabariam indo para um aterro sanitário abre novas oportunidades para a tecnologia sustentável.

O cabelo é uma fonte natural de carbono e nitrogênio, disse Sonar ao blog de pesquisa da universidade. Para obter partículas emissoras de luz, esses dois elementos precisam estar presentes. Como o cabelo é constituído por proteínas, incluindo a queratina, aquecê-lo a temperaturas tão altas deixa o carbono e o nitrogênio embebidos em sua estrutura molecular posteriormente. É isso que torna o cabelo inesperadamente ideal para esta aplicação. Os pontos de carbono produzidos a partir do cabelo humano do QUT não eram brilhantes o suficiente para usar em telas de TV, mas Sonar disse que eles poderiam ser ideal para o uso em telas flexíveis e baratas de vestíveis ou de outros dispositivos inteligentes pequenos.

Sonar usou uma garrafa de leite inteligente como um exemplo hipotético. A garrafa pode ter um sensor na parte interna para rastrear quanto tempo resta até o leite perder a validade e uma exibição na parte externa mostraria essa informação. A pequena tela externa seria feita dos pontos de carbono criados a partir de cabelos humanos. Legal, né? (Isso também parece mais fácil do que). Agora que Sonar e sua equipe de pesquisadores conseguiram produzir pontos de carbono a partir de pelos humanos, o próximo passo é pesquisar pelos de animais. Se funcionar, o pelo do seu cachorro ou gato pode ser usado para criar a tela do seu smartwatch.

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