“Imposto da Apple” sobre apps pagos volta a causar polêmica dias antes de conferência para desenvolvedores
Não é uma forma elogiosa de retratar a Apple, mas também está longe de ser a primeira vez que algo do tipo acontece. O “imposto da Apple” tem sido um ponto de discórdia há anos. A Apple parece não ter nenhum problema em obter uma boa parcela da grana da assinatura de aplicativos e implementar significativas sobre eles, enquanto prepara seus próprios apps e serviços concorrentes.
A preocupação aqui não é só a Apple prejudicar possíveis apps concorrentes. Além disso, há o fato de que de terceiros parecem ser exceção à regra. Os desenvolvedores ficaram frustrados perguntando por que esta empresa trilionária fica com um terço das receitas, enquanto barra atualizações necessárias para apps que não estão em conformidade com suas regras.
A maioria dos desenvolvedores fica calada sobre os impostos da Apple por medo de “cuspir no prato que comem”. Mas Hansson parece encorajado pela investigação da União Europeia anunciada dias antes de suas postagens no Twitter.A Comissão Europeia está agora investigando os termos da App Store da Apple sobre possíveis violações antitruste. A vice-presidente executiva da Comissão Europeia, Margrethe Vestage, disse em esta semana que parece que a empresa “obteve um papel de ‘guardiã’ quando se trata da distribuição de apps e conteúdo para usuários de dispositivos populares da Apple. Precisamos garantir que as regras da Apple não distorçam a concorrência nos mercados em que a Apple está competindo com outros desenvolvedores de aplicativos, por exemplo, com o serviço de streaming de música Apple Music ou com o Apple Books”.
Talvez um dos grandes críticos da tal taxa seja o Spotify, que no ano passado entrou com uma ação antitruste contra a empresa. De modo resumido: se você assina o Spotify dentro do ambiente Apple, 30% fica para a empresa; com o Apple Music isso não acontece, o que, para a companhia de streaming sueca, configura uma prática anticompetitiva.
Entramos em contato com a Apple para comentar sobre a polêmica do app Hey, mas a companhia se recusou a comentar este caso especificamente. Em vez disso, a companhia citou a Diretriz de Revisão da App Store 3.1.1. Essa , que se aplica aos chamados “apps de leitura”, afirma que o aplicativo pode conceder ao usuário o acesso ao conteúdo comprado anteriormente “desde que você concorde em não direcionar direta ou indiretamente os usuários do iOS a usar um método de compra diferente da compra do aplicativo, e suas comunicações gerais sobre outros métodos de compra não foram projetadas para desencorajar o uso de compras no aplicativo”. Em outras palavras, a Apple impede quaisquer soluções alternativas para sua taxa. Enquanto isso, o app Hey não parece pronto para se dobrar às vontades da Apple — que, mais uma vez, podem custar as atualizações necessárias ou a capacidade de encontrar o app na App Store, prejudicando os próprios usuários da Apple.“Não estamos interessados em alterar toda a nossa configuração de faturamento. Se mudarmos, a Apple passa a obter 30% de nosso negócio”, disse Hansson à . “Essa taxas são completamente ultrajantes”.
Chama a atenção o fato de Apple se posicionar desta maneira alguns dias antes de um evento de vários dias com foco em desenvolvedores. Será que a companhia falará sobre o assunto na próxima semana? Muito provavelmente, não, mas deveria. Ter um esquema em que a Apple aplique políticas obscuras de maneira indiscreta não é apenas um mau negócio para os desenvolvedores, mas também prejudica os consumidores. Se a Apple realmente deseja fazer tornar sólida sua comunidade com desenvolvedores, daria, no mínimo, aos desenvolvedores uma ideia mais clara e justa de como e a quem suas políticas arcaicas se aplicam.