?????? Archives?????????? / Vida digital para pessoas Wed, 30 Oct 2024 17:58:34 +0000 pt-BR hourly 1 //wordpress.org/?v=6.6.2 //emiaow553.com/wp-content/blogs.dir/8/files/2020/12/cropped-gizmodo-logo-256-32x32.png ??? ?? ?? / 32 32 ??? ???? 2024-2025? ??? ??? ?? //emiaow553.com/cientistas-criam-ia-para-detectar-doencas-cardiacas-em-caes/ Wed, 30 Oct 2024 18:18:59 +0000 //emiaow553.com/?p=606306 IA detecta sopros cardíacos que podem estar associados a doenças em cães a partir de banco de sons

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Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, desenvolveram um algoritmo de aprendizado de máquina para detectar sopros cardíacos em cães. A nova tecnologia, publicada no Journal of Veterinary Internal Medicine, pode oferecer uma ferramenta de triagem acessível para veterinários.

A equipe descobriu que um algoritmo projetado para humanos, se adaptado, poderia usar gravações de áudio de estetoscópios digitais para detectar e classificar automaticamente o problema. Na fase de testes, a detecção teve uma precisão de 90%, semelhante à de cardiologistas especialistas.

Os sopros são um dos principais indicadores da doença da válvula mitral, condição cardíaca mais comum em cães adultos. Aproximadamente, um em cada 30 cachorros tem sopro cardíaco, sobretudo os de raças pequenas e os mais velhos. A detecção precoce de condições cardíacas em cães é essencial, pois a medicação pode aumentar suas expectativas de vida.

IA que identifica doença cardíaca em cães

Para desenvolver o algoritmo, os pesquisadores usaram um banco de dados de sons cardíacos de cerca de mil pacientes humanos. A inteligência artificial é capaz de replicar se um sopro cardíaco foi detectado por um cardiologista. Por falta de dados semelhantes em cães, eles adaptaram o algoritmo a fim de que servisse para animais.

Os estudiosos então coletaram dados de quase 800 cães de todas as idades em exames cardíacos de rotina em quatro centros veterinários no Reino Unido. Todos eles receberam um exame físico e um ecocardiograma para classificar sopros cardíacos e identificar doenças cardíacas.

Os sons cardíacos foram registrados usando um estetoscópio eletrônico. Assim, eles ajustaram o algoritmo para detectar e classificar sopros cardíacos com base em áudios e diferenciar sopros associados a doenças leves ou avançadas.

Em mais da metade dos casos, ele concordou com a avaliação do profissional, enquanto em 90% das vezes, variou em apenas um grau. O resultado é promissor, já que é comum haver variação entre as classificações de veterinários.

Diferente do que acontece com humanos, o tratamento para cães não requer cirurgia, e pode ser feito com medicamentos.

“Saber quando medicar é muito importante, para dar aos cães a melhor qualidade de vida possível pelo maior tempo possível”, disse o professor Anurag Agarwal, especialista em acústica e bioengenharia e líder da pesquisa. “Queremos capacitar os veterinários para ajudar a tomar essas decisões.”

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?16 ??? ??? ??? | ????- ??? ??? ???? //emiaow553.com/fezes-fossilizadas-tem-resquicios-de-parasitas-que-ainda-infectam-animais/ Wed, 02 Oct 2024 22:24:41 +0000 //emiaow553.com/?p=599615 Pesquisadores encontraram pela primeira vez registros de protozoários em aves que viveram onde agora é o Brasil por volta de 30 milhões de anos atrás

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Texto: Enrico Di Gregorio/Revista Pesquisa Fapesp

Parasitas são um grande problema para a medicina aviária. Alguns deles são microscópicos, como os protozoários, e podem infectar aves silvestres e de cativeiro e causar doenças como a coccidiose, letal para galinhas domésticas. Paleontólogos e parasitologistas brasileiros descobriram, por meio de análises de fezes fossilizadas (chamadas de coprólitos), que aves foram infectadas com parasitas similares aos de hoje entre 34 milhões e 23 milhões de anos atrás na região onde agora é Tremembé, em São Paulo, conforme mostrou um artigo publicado em abril na revista International Journal of Paleopathology.

Nesse período, parte do Oligoceno, a região onde agora é o Vale do Paraíba era ocupada por grandes mamíferos (Pyrotheria), parecidos com as antas atuais e os hipopótamos (Notoungulata), e animais menores como roedores, morcegos, cobras, sapos, peixes e aves. No mesmo ambiente, invisíveis a olho nu, estavam parasitas como os protozoários. Todos eles habitavam os entornos ou as águas de um lago, que alternava entre momentos de seca e cheia a depender do clima.

Quando esses animais morriam ou defecavam, os materiais orgânicos sobre o solo argiloso eram, por vezes, cobertos de novas camadas do mesmo sedimento, que após milhões de anos viravam rochas. Nas condições adequadas, como falta de oxigênio e movimentação do solo, alguns dos restos biológicos se fossilizavam.

Os pesquisadores usaram microscópios, líquidos levemente salinizados e gotas de glicerina para analisar as amostras, e conseguiram identificar uma boa quantidade de microrganismos. “Encontramos 13 tipos morfológicos diferentes, eu nunca esperaria achar essa quantidade em um material paleontológico? lembra o paleoparasitologista Gustavo do Carmo, que realizou a pesquisa como parte de seu mestrado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e atualmente faz doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A bacia de Taubaté, onde fica a formação Tremembé, foi descoberta na primeira metade do século XIX e o trabalho de Carmo foi o primeiro a estudar parasitas do passado nos fósseis da bacia de Taubaté.

Coprólito de ave (parte branca) guarda indícios de parasitas.

Coprólito de ave (parte branca) guarda indícios de parasitas. Imagem: Gustavo do Carmo? UFMG

Os microrganismos foram divididos em dois grupos de protozoários: coccídios da família Eimeriidae e ameboides da família Archamoebae. As espécies não foram identificadas porque o material estava muito degradado e as formas parasitárias não estavam completamente desenvolvidas.

Esses microrganismos, como alguns da família Eimeriidae, ainda causam problemas de saúde em animais. “Aqueles do gênero Eimeria infectam aves de todas as ordens e podem causar coccidiose; já os do gênero Isospora são conhecidos por infectar pássaros de gaiola e ajudam a entender a ecologia daqueles que estão em ambientes silvestres? relata o biólogo Bruno Berto, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), coautor do artigo. “As amebas são as que têm registro menos frequente em aves.?/p>

Por essa relevância atual, o estudo é observado com atenção por veterinários. “Identificar parasitas com determinadas características em aves ancestrais e analisar como eles se encaixam na evolução pode ajudar no diagnóstico em laboratórios e tratamentos hoje em dia? defende Berto.

Sítio Santa Fé faz parte da formação Tremembé, descoberta no século XIX

Sítio Santa Fé faz parte da formação Tremembé, descoberta no século XIX. Imagem: Hermínio Ismael de Araújo Júnior / Uerj

Esse foi o primeiro registro de protozoários em coprólitos de aves do Oligoceno brasileiro. A paleontóloga Paula Dentzien Dias, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista em coprólitos, que não participou do estudo, ressalta a riqueza do material. “?raro encontrar parasitas no registro paleontológico, somente em 2006 foram encontrados ovos em coprólitos da Bélgica? conta. “O segundo achado, feito no Rio Grande do Sul em 2013, foi datado como do Permiano do Brasil? diz, referindo-se ao período ente 299 milhões e 252 milhões de anos atrás, aproximadamente.

A novidade permitiu aos cientistas entender melhor como os parasitas evoluíram em conjunto com as aves. A ameba encontrada era conhecida principalmente em seres humanos, mas a pesquisa mostrou que ela infectou aves no passado. “Entender as interações dos organismos e quando alguns grupos atuaram como parasitas no passado, bem como quais animais foram parasitados, é essencial para compreender a evolução das espécies? afirma Dias.

Os pesquisadores também descobriram que algumas características dos parasitas evoluíram antes do que se pensava, como a micrópila (uma espécie de válvula de saída dos oocistos, as estruturas arredondadas onde se desenvolvem as formas infectantes dos parasitas) e a membrana que fica em cima dela, chamada de capuz polar.

Além da importância veterinária, os parasitas têm papel central na ecologia. “Eles podem interferir diretamente na reprodução ou na alimentação dos hospedeiros? diz Carmo. A presença de aves infectadas, como indicam os coprólitos, mostra que as espécies ancestrais de Taubaté contribuíram bastante para a proliferação dos parasitas naquele período.

Não foi possível precisar quais espécies ou grupos de aves foram infectados. Abutres, urubus e animais parecidos com flamingos e galinhas são alguns dos que viviam na região na época. Uma outra pista que os excrementos revelaram é que os hospedeiros eram onívoros, com uma dieta de peixes, artrópodes e plantas.

Agora, o objetivo é ampliar esses diagnósticos para entender melhor a história evolutiva dos parasitas. “Já conseguimos identificar helmintos no mesmo sítio de Tremembé e estamos estudando materiais de outros animais e regiões, como coprólitos de dinossauros de Minas Gerais? conclui Carmo.

A reportagem acima foi publicada com o título ?strong>Parasitas do Oligoceno?na edição impressa nº 343, de setembro de 2024.

Artigo científico
CARMO, G. M. et al. Protozoan parasites of birds from the Tremembé formation (Oligocene of the Taubaté Basin), São Paulo, Brazil. International Journal of Paleopathology. v. 45. 23 abr. 2024.

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??????,??????,?????????2024?? ???? ?? ??? ??????, ?? //emiaow553.com/bioetica-a-ciencia-que-mira-o-sofrimento-dos-animais/ Sun, 18 Aug 2024 23:00:52 +0000 //emiaow553.com/?p=586021 Pesquisadores investigam meios de dar qualidade de vida a espécies usadas ou consumidas pelos homens

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Texto: Mônica Manir com colaboração de Fabrício Marques/Revista Pesquisa Fapesp

O tratamento escrupuloso dos animais, uma preocupação em geral associada a organizações não governamentais (ONG) e a donos (ou tutores) de pets, ganha cada vez mais espaço na agenda de pesquisadores. Cientistas de diferentes áreas envolvem-se na tarefa de produzir conhecimento para reduzir o estresse e dar qualidade de vida aos animais, notadamente aqueles utilizados ou consumidos pelos seres humanos. Dessa mobilização, surgiu um campo interdisciplinar: a ciência do bem-estar animal. Ele integra veterinários, biólogos, psicólogos, especialistas em bioética, entre outros profissionais, em pesquisas que avaliam, para citar alguns exemplos, quais são as condições mais apropriadas para criar e transportar bois e porcos ou para manter ratos ou coelhos utilizados em experimentação científica. Também há estudos que ampliam a compreensão sobre a dor e a cognição dos bichos, essenciais para mensurar níveis de sofrimento, e os que analisam, do ponto de vista ético, as relações entre seres humanos e animais.

O ponto de partida desse campo remonta aos anos 1960, no ativismo contra a crueldade na pecuária do Reino Unido (ver box) e na convocação de pesquisadores para ajudar a enfrentar o problema. Na academia, um grande marco, em meados da década de 1980, foi a indicação do biólogo Donald Broom, hoje com 81 anos, para criar e ministrar a primeira disciplina de bem-estar animal em uma instituição acadêmica, a Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O principal fundamento é a ideia de que animais são seres sencientes, ou seja, possuem a capacidade de experimentar sensações e sentimentos básicos, como frio e calor ou dor e medo, e distinguir as agradáveis das desagradáveis. Quando são retirados de seu hábitat natural para domesticação ou exploração comercial, é responsabilidade dos seres humanos zelar por seu bem-estar, o que inclui, de acordo com os cânones dessa área do conhecimento, três preocupações éticas: que eles possam desenvolver suas capacidades de forma análoga à da vida natural, não sintam dor ou medo e possam sentir prazer e recebam cuidados de forma a ter boa saúde.

Um novo impulso veio na década de 1990, com o lançamento de revistas científicas especializadas, como Animal Welfare ou Journal of Applied Animal Welfare Science. Um vislumbre nas edições mais recentes desses dois periódicos dá a medida de como o campo se aprimorou. Há artigos de pesquisadores de todos os lugares do planeta, como Vietnã, Turquia, Brasil, Austrália, México, Reino Unido e Nigéria. Os temas abrangem tópicos como o bem-estar de civetas, um mamífero asiático, criadas em cativeiro em plantações de café da Indonésia ?os grãos digeridos e defecados por esses mamíferos produzem um café que custa US$ 2 mil o quilograma (kg) ? protocolos para a criação de tartarugas-marinhas para fins de pesquisa ou as razões pelas quais alguns tutores de pets do Reino Unido deixam de procurar assistência veterinária, mesmo com a oferta de tratamento gratuito. “Hoje, as publicações sobre o tema chegam a milhares anualmente, as conferências envolvem centenas de pesquisadores e apresentações não são incomuns nas reuniões sobre agricultura, ecologia, cognição e até mesmo sobre emoções humanas? observou a bióloga comportamental Georgia Mason, diretora do Centro Campbell de Estudos de Bem-Estar Animal da Universidade de Guelph, no Canadá, em um artigo divulgado há seis meses na revista BMC Biology.

O esforço de pesquisadores em evitar que os animais sejam tratados com crueldade responde à pressão de cidadãos e consumidores e a exigências de legislações nacionais, mas a maioria das pesquisas também mira interesses como o aumento da produtividade e da sustentabilidade na produção de carnes. Um tema frequente em países como Brasil, Uruguai e Argentina, grandes exportadores de carne, são as falhas na produção, no embarque, transporte e manejo no frigorífico ?além do sofrimento, elas comprometem a competitividade da pecuária. Um estudo publicado em 2021 pelo zootecnista Mateus José Rodrigues Paranhos da Costa, pesquisador da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Jaboticabal, definiu parâmetros para a quantidade de porcos alocados em caminhões, quando são transportados para abatedouros.

A conclusão do trabalho é de que densidades de carga inferiores a 235 kg por metro quadrado (m2) permitem que os leitões tenham espaço suficiente para viajar com mais conforto nos caminhões e chegar menos cansados e machucados ao abatedouro. Essa densidade equivale a pouco mais de dois porcos por metro quadrado ?o peso de um suíno na época do abate fica em torno dos 100 kg. “No Brasil, estima-se que mais de 10 milhões de quilos de carne sejam descartados anualmente por causa dos hematomas nas carcaças em virtude de quedas, pancadas e escorregões do animal, que poderiam ser evitados com um manejo mais cuidadoso? afirma Paranhos da Costa. O estudo avaliou as condições de quase 2 mil suínos transportados. Os índices de lesão foram bem mais altos quando a densidade de porcos era de 270 kg/m2 na comparação com densidades de 240 e 200 kg/m2.

O engenheiro-agrônomo Alex Maia, também da Unesp em Jaboticabal, atualmente pesquisador visitante da Universidade de Idaho, nos Estados Unidos, estuda o papel do conforto térmico para a melhoria na qualidade de vida de bovinos. Por ano, o Brasil engorda em confinamentos aproximadamente 7 milhões de bovinos de corte em currais sem nenhum anteparo contra intempéries do ambiente, expondo-os à radiação solar (ver Pesquisa FAPESP nº 340), principalmente ultravioleta. “?um ambiente muito desconfortável para os animais, incômodo para os produtores e desafiador para a indústria, pois atualmente a sociedade tem um olhar crítico sobre esses sistemas que buscam altos lucros em detrimento da qualidade de vida dos animais.?Em parceria com o Centro de Inovação Campanelli, do grupo Agropastoril Paschoal Campanelli, localizado na fazenda Santa Rosa, em Altair, a 419 quilômetros de São Paulo, Maia desenvolve o conceito smart shade: um curral em formato retangular, com estrutura metálica com cabos de aço suspensos fixando telhas, que oferece uma projeção de sombra de 20% da área total durante qualquer horário do dia, permitindo que 100% do rebanho se proteja contra a radiação solar direta.

Foram realizados experimentos com mais de 6 mil bovinos de corte, a maioria da raça nelore, que tinham a liberdade de escolher entre ficarem expostos ao Sol ou se protegerem na projeção da sombra. Parte desses resultados foi publicada em 2023 na Frontiers in Veterinary Science. Em média, os bovinos em currais sombreados tiveram de 5 kg a 10 kg a mais no peso da carcaça, a depender da raça, quando comparados ao gado manejado em currais sem sombreamento. Do ponto de vista ambiental, um resultado que chamou a atenção foi o consumo de água. Em média, os animais dos currais smart shade reduziram a ingestão em torno de 10 litros de água por dia em relação aos bovinos que não desfrutaram do sombreamento. Com base em seus dados de pesquisa, Maia está desenvolvendo nos Estados Unidos modelos de inteligência artificial capazes de predizer o consumo de matéria seca e de água, além do ganho de peso, em razão da exposição do rebanho à radiação solar.

Curral smart shade na fazenda Santa Rosa, em Altair, interior paulista: mais conforto térmico e consumo menor de água

Curral smart shade na fazenda Santa Rosa, em Altair, interior paulista: mais conforto térmico e consumo menor de água. Imagem: Centro de Inovação Campanelli

A agenda dos cientistas pode parecer convergente com a das entidades de proteção, mas seus objetivos são diferentes. Do ponto de vista das ONG, praticamente todo tipo de uso de animais é eticamente reprovável, enquanto os pesquisadores se concentram em dar a eles um tratamento digno e indolor, tentando reduzir, quando possível, seu uso, como no caso da experimentação animal. Essa abordagem dos cientistas, contudo, não é consensual nem se exime de debates éticos, às vezes, acalorados. A veterinária Carla Molento, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), considera essencial avaliar se as pesquisas e as novas tecnologias sobre bem-estar têm um interesse genuíno em melhorar as condições de vida dos animais, mesmo em um ambiente de produção, ou se o verdadeiro alvo é aumentar os ganhos do produtor. “Muitas vezes, existe um desvio insidioso. Um estudo se apresenta como pesquisa de bem-estar, mas na verdade ele visa apenas melhorar a produtividade? diz Molento, coordenadora do Laboratório de Bem-estar Animal (Labea) da UFPR ?primeiro centro brasileiro a incluir a expressão “bem-estar animal?em seu nome, em 2004.

Em um trabalho publicado por seu grupo em 2023 na revista Animals, Molento e suas colaboradoras selecionaram 180 artigos científicos que traziam as expressões “animal welfare?ou “animal well-being?em seus objetivos ou hipóteses. Cinco avaliadoras deram pontos para os artigos, em uma escala de 1 a 10, de acordo com o valor intrínseco que o texto atribuía aos animais. Nos trabalhos de revistas que tinham como mote a produção, a média foi de 4,74 pontos, enquanto os publicados em periódicos sobre bem-estar alcançaram 6,46. “A baixa pontuação geral evidenciou que as publicações sobre bem-estar não estão, em média, priorizando os interesses dos animais? escreveu Molento. Ela propõe que estudos científicos nessa área passem a conter uma declaração explícita sobre as motivações e interesses dos pesquisadores, para aferir se os animais são tratados como prioridade.

Animais de laboratório

A experimentação científica é um outro foco importante da ciência do bem-estar animal. Garantir que os animais de laboratório tenham uma vida saudável e livre de dor é essencial para que eles cumpram a finalidade de gerar informações que façam o conhecimento avançar ou testar novas rotas para medicamentos. “Além de ser intolerável para a sociedade manter um animal em condições insalubres, isso pode criar vieses nos resultados de pesquisas? explica a médica-veterinária Luisa Maria Gomes de Macedo Braga, presidente do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) responsável por formular e zelar pelo cumprimento de normas para o funcionamento de instalações em que animais são criados e utilizados.

O Concea foi criado pela Lei Federal nº 11.794, sancionada em outubro de 2008, que propôs procedimentos e normas para o uso de animais em pesquisas no Brasil. Ela é mais conhecida como Lei Arouca, em referência ao seu autor, o sanitarista e deputado federal Sérgio Arouca (1941-2003), presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de 1985 a 1989. A lei também determinou que cada instituição de pesquisa tivesse uma Comissão de Ética de Uso de Animais (Ceua) encarregada de avaliar projetos que utilizem animais de laboratório, zelando para que sejam usados no menor número possível, em condições dignas e com o mínimo de sofrimento.

Resoluções do Concea mudaram o panorama da experimentação animal no Brasil. Recentemente, determinaram a substituição do uso de animais por métodos alternativos no controle de qualidade de lotes de produtos e medicamentos. Entre as tecnologias que buscam substituir o uso de animais em testes de cosméticos, uma das mais promissoras é conhecida como body-on-a-chip (BoC), baseada na impressão 3D de tecidos humanos, como pele e intestino (ver Pesquisa FAPESP nº 335). As resoluções também tiveram impacto na aplicação de políticas públicas. Um grupo de 120 pesquisadores brasileiros, coordenados na maioria por membros do Concea, trabalhou nos últimos 10 anos para produzir o Guia brasileiro de produção, manutenção ou utilização de animais para atividades de ensino ou pesquisa científica, um manual de 1,1 mil páginas que reúne orientações sobre edificações, cuidados e manejo.

Roedor criado em biotério da USP: docentes e técnicos dispõem de curso de capacitação em princípios éticos e manejo

Roedor criado em biotério da USP: docentes e técnicos dispõem de curso de capacitação em princípios éticos e manejo. Imagem: Léo Ramos Chaves? Revista Pesquisa FAPESP

O guia define de modo minucioso como deve ser feita a criação de roedores, coelhos, cães e gatos, macacos, ruminantes, peixes, suínos, aves, entre outros, utilizados em experimentos científicos. Reúne descrições sobre como estruturar biotérios e outras instalações de pesquisa, sem o que elas não podem ser licenciadas ?do espaço mínimo reservado a cada espécie à existência de áreas exclusivas para quarentena. Também propõe protocolos a serem adotados para reduzir a dor e o estresse dos bichos, como o nível de ruído no ambiente ou o tamanho das agulhas usadas em anestesia, ou o tipo de treinamento que os profissionais que lidam com essas experimentações precisam receber (ver Pesquisa FAPESP nº 328).

O impacto dos 15 primeiros anos de aplicação da Lei Arouca está sendo avaliado por uma equipe liderada pelo veterinário José Luiz Jivago de Paula Rôlo, da Universidade de Brasília (UnB). Um dos dados já analisados pelo grupo é o do número de artigos de autores do Brasil que mencionaram o termo “bem-estar animal?e fizeram referência a algum tipo de regulamentação relacionada ao uso de animais em projetos de pesquisa. Até a década de 1990, o número de papers era muito pequeno ?no máximo, cinco por ano ? mas cresceu exponencialmente a partir de meados dos anos 2000. Só em 2020 houve mais de 200 artigos citando instruções normativas e guias do Concea. O levantamento, que deve ser concluído no final do ano, também vai mapear os grupos de pesquisa envolvidos com o tema no país. “Já é possível afirmar que existem duas grandes vertentes. Há equipes que têm como alvo a experimentação e as que se dedicam a estudos sobre animais na pecuária. E esse segundo grupo é mais numeroso? diz Rôlo.

As duas vertentes com frequência se entrelaçam. O médico-veterinário Helder Louvandini, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena-USP), em Piracicaba, participou de uma das equipes que produziram o manual do Concea. Ele ajudou a sistematizar as normas sobre pesquisas com grandes ruminantes, como bovinos e búfalos, que estabelecem desde os cuidados na criação de bezerros até os parâmetros detalhados para sistemas de confinamento, como uso de pisos antiderrapantes e sistemas de ventilação. Louvandini conta que a questão do bem-estar se tornou uma parte indissociável de seus estudos sobre nutrição. “Coordeno um projeto apoiado pela FAPESP que pretende validar o uso de nanopartículas de óxido de zinco como um alimento funcional em ruminantes. O objetivo não é só melhorar as condições nutricionais dos animais, mas analisar o efeito no combate a parasitas, o que é um parâmetro fundamental para o bem-estar. Toda pesquisa que busque ampliar a sustentabilidade na produção acaba tendo elo com o bem-estar? afirma.

Um dos pioneiros na ciência do bem-estar animal no Brasil é o veterinário gaúcho Adroaldo José Zanella. Ele coordena o Centro de Estudos Comparativos em Saúde, Sustentabilidade e Bem-Estar na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FM-VZ) da USP, campus de Pirassununga, e lidera pesquisas sobre bovinos de corte e de leite, ovelhas e, principalmente, suínos. Um artigo recente de seu grupo, publicado em abril na Nature Food, mapeou indicadores de sustentabilidade e bem-estar na cadeia de suínos no Brasil e no Reino Unido. O trabalho comparou dados sobre 74 criações de suínos no Reino Unido e 17 no Brasil. Um dos resultados mais relevantes indicou que, entre suínos criados em condições de bem-estar comprometido, há mais uso de antimicrobianos. “Esses fármacos são utilizados em menor quantidade quando os indicadores de bem-estar são melhores? afirma. Zanella, que orientou a formação de mais de 30 mestres e 25 doutores, busca uma abordagem multidisciplinar para levar as pesquisas adiante, integrando advogados, médicos, filósofos, pedagogos, profissionais das ciências exatas ligados à inteligência artificial e outros. “Nosso grupo está tentando buscar pessoas nas áreas de ciências humanas que possam nos ajudar a entender, por exemplo, como melhorar a mão de obra trabalhando com animais? diz.

Zanella se doutorou em bem-estar animal pela Universidade de Cambridge em 1992, tendo o pioneiro Broom como orientador. Sua tese teve como foco os indicadores de bem-estar de fêmeas suínas durante a gestação, até hoje um dos principais focos de seu centro de estudos. Na tese, ele identificou um marcador neurofisiológico associado ao comportamento repetitivo de suínos, que é semelhante ao comportamento desenvolvido por algumas pessoas com autismo. Outros trabalhos do grupo demonstraram que a espécie sofre de ansiedade, aumento de comportamento agressivo, problemas de memória e comprometimento das áreas do cérebro responsáveis pela modulação das emoções e processos cognitivos, em situações de isolamento social ou quando submetida ao desmame precoce, dados publicados no periódico Brain Research. Em um artigo recente de Zanella, divulgado na revista Frontiers in Animal Science, ele mostrou que, mesmo sem nunca ter entrado em contato com o pai, leitões originados de machos que permaneceram quatro semanas em celas apresentaram mais medo e ansiedade, além de níveis elevados de cortisol na saliva quando expostos a situações estressantes pelas quais nunca tinham passado antes. Essas mesmas questões vêm sendo avaliadas em ovelhas e cabras, com resultados semelhantes.

Ovinos, tilápia massageada por cerdas em aquário no campus da Unesp e coleta de fluido oral de suínos de forma não invasiva, ambos no campus de Pirassununga da USP

Ovinos, tilápia massageada por cerdas em aquário no campus da Unesp e coleta de fluido oral de suínos de forma não invasiva, ambos no campus de Pirassununga da USP. Imagem: Léo Ramos Chaves? Revista Pesquisa FAPESP | Ana Carolina dos Santos Gauy

Apesar da prevalência de estudos voltados para a pecuária, hoje já há pesquisas no país sobre muitas outras espécies. Pesquisadores da UnB apoiam instâncias do governo federal, como o Ministério da Agricultura e Pecuária, a Polícia Federal e a Receita Federal, que utilizam cães de olfato excepcional utilizados para farejar drogas, explosivos e alimentos, e ajudam a definir protocolos que devem ser seguidos para garantir o bem-estar dos animais. Cães, que chegam a custar R$ 60 mil reais, podem ter o desempenho diminuído na execução de tarefas quando são submetidos a condições exaustivas ou muito adversas.

“O potencial máximo de um animal é atingido quando ele se sente confortável, bem alimentado e hidratado, e há uma série de parâmetros de bem-estar, como horas de trabalho e pausas para descanso, que precisam ser seguidas? explica o médico-veterinário Cristiano Barros de Melo, professor da UnB, que ministra uma disciplina sobre Cães de Interesse do Serviço Público na pós-graduação em ciências animais da universidade e oferece capacitação científica a empresários e funcionários públicos que lidam com caninos. “Para os cães, o trabalho de farejar é uma brincadeira agradável. Se ele entender o trabalho como uma grande brincadeira, suas habilidades são aproveitadas. Quando fareja em alto desempenho, sua boca permanece fechada e a respiração segue pelas narinas, por conta do foco que necessita manter durante o trabalho. Por isso, é preciso calibrar seu esforço.?/p>

Em um estudo publicado em maio na revista Frontiers in Veterinary Science, o grupo de Melo avaliou o desempenho de cães da Receita Federal envolvidos em apreensões de drogas entre 2010 e 2020 em fronteiras, aeroportos, portos e centros de recepção de encomendas dos Correios, em cenários reais no Brasil. Foram apreendidos 97,7 mil quilos de maconha, 179,3 mil quilos de cocaína, entre outros entorpecentes. A conclusão do estudo é de que, a cada novo cachorro introduzido no sistema de fiscalização, houve um aumento de mais de 3 toneladas de drogas apreendidas.

Mas também há pesquisas em fases de investigação anteriores à aplicação. A zoóloga Eliane Gonçalves de Freitas, do Laboratório de Comportamento Animal da Unesp, campus de São José do Rio Preto, está estudando como a estimulação táctil corporal, um recurso usado para reduzir o estresse de diversas espécies, pode melhorar o bem-estar de tilápias. Em dois artigos, um publicado em 2019 e outro em 2022 na revista Scientific Reports, seu grupo analisou o comportamento de tilápias criadas em aquários que, para chegar ao local onde havia alimento, eram obrigadas a passar por uma coluna de cerdas macias de silicone que massageavam suavemente seus corpos. Embora a estimulação não tenha tido impacto nos níveis do hormônio cortisol, cuja elevação está associada a estresse, as tilápias do experimento reduziram sua agressividade em interações com as outras.

Também se observou que os peixes cresceram mais rapidamente com menor consumo de alimentos, o que foi atribuído ao gasto energético poupado em lutas. Em um projeto apoiado pela FAPESP em parceria com pesquisadores da Universidade do Porto, em Portugal, e da Universidade de Tecnologia da Dinamarca, Freitas investiga agora se as tilápias procuram voluntariamente a massagem caso não sejam obrigadas a ultrapassar as cerdas, além de alguns mecanismos neurais envolvidos com a resposta à estimulação táctil. Também está analisando o efeito da massagem em três peixes ornamentais de comportamento agressivo e se os efeitos também se reproduzem em espécies marinhas de interesse para a aquicultura europeia, como a dourada (Sparus aurata) e o sargo (Diplodus sargus). “A quantidade de estudos sobre o bem-estar dos peixes ainda é pequena e essa área só começou a crescer neste século. Há evidências de que eles sentem dor, mas há poucos estudos sobre como reduzir o sofrimento? afirma. Um dos desafios da ciência do bem-estar animal, observa Freitas, é expandir seus domínios para espécies que hoje não atraem muita atenção dos pesquisadores, seja porque não inspiram compaixão nos seres humanos ou então porque não despertam interesse comercial.

O gatilho contra a crueldade
Livro da década de 1960 denunciou currais superlotados no Reino UnidoEm 1964, a ativista inglesa Ruth Harrison abriu a caixa de Pandora da crueldade na produção animal ao publicar Animal machines. No livro, de 186 páginas e sem tradução no Brasil, ela denunciava o imenso contraste entre fazendas idílicas com seus celeiros cobertos de líquens e vaquinhas chamadas pelo nome e os “desajeitados?galpões que, àquela altura, já aplicavam antibióticos e hormônios nos animais e os confinavam em currais superlotados para transformá-los em mercadorias. O livro teve um forte impacto. Em junho do mesmo ano, o governo do Reino Unido convocou o professor de zoologia Francis William Rogers Brambell, da Universidade de Bangor, para liderar uma equipe de investigadores e dar uma resposta técnica à questão. Afinal, o livro era um exagero ou o sistema intensivo estava realmente causando sofrimento aos animais?Em dezembro de 1965, o grupo, chamado tempos depois de Comitê Brambell, divulgou um relatório de 85 páginas no qual reconhecia que os animais poderiam experimentar dor física e sentimentos como medo, raiva, apreensão, frustração e prazer. Também destacou a importância da independência de movimento do animal, definida em cinco “liberdades? virar-se, limpar-se, levantar-se, deitar-se e esticar os membros. Ante a falta de pesquisas a respeito, o comitê propôs que cientistas voltassem seus estudos ao tema do bem-estar a fim de definir o termo com maior precisão e desenvolvessem índices e parâmetros para que as condições em que vivem os animais, especialmente aqueles criados com fins alimentares, pudessem ser mais bem avaliadas e mensuradas. Estava aberta a porteira da ciência do bem-estar animal.
Apoio à formação profissional
Cursos dão treinamento sobre princípios éticos e manejo em experimentação animalEm 2017, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lançou um edital para financiar cursos e treinamento para docentes, técnicos, veterinários e estudantes que trabalham em instalações em que se faz experimentação animal. O grupo da bióloga Patrícia Gama, diretora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e coordenadora da Rede USP de Biotérios, teve um projeto selecionado na chamada. Ele resultou na criação de um curso a distância de extensão de capacitação em princípios éticos e manejo, que atendeu mais de 10 mil profissionais. “Classificamos o curso como de difusão, categoria na qual pudemos incluir pessoas sem formação completa, já que muitos funcionários de instituições de pesquisa não completaram o ensino médio? explica Gama, que montou o programa com Claudia Cabrera Mori, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, e mais um grupo de veterinários que já atuavam na instituição.Na primeira edição, de 2018 a 2021, 10.726 pessoas foram selecionadas, das quais 6.418 concluíram o curso. Na segunda rodada, de 2021 a 2022, houve 7.914 selecionados e 4.895 concludentes. Diante da demanda do Concea para que o treinamento obrigatório se estendesse para além de ratos e camundongos, abrangendo cuidados com outros animais, como bovinos, aves e peixes, o grupo da USP constituiu a partir de março de 2023 um curso de princípios éticos e de manejo, com módulos dessas espécies em separado. Até janeiro deste ano, 4.559 dentre 10.813 inscritos haviam concluído esse curso. “Na prática, já vemosmudanças de comportamento? diz Gama. Segundo ela, a qualidade do treinamento e das instalações tem feito com que se use menos animais por experimento científico, o que também reflete na disseminação dos resultados.

A reportagem acima foi publicada com o título ?b>Cuidado e empatia com os animais?na edição impressa nº 341, de julho de 2024.

Projetos
1. Bem-estar animal como valor agregado nas cadeias produtivas da pecuária (nº 23/12374-4); Modalidade Auxílio Organização ?Reunião Científica; Pesquisador responsável Mateus José Rodrigues Paranhos da Costa (Unesp); Investimento R$ 96.605,44.
2. Estimulação táctil corporal e bem-estar em peixes: Efeitos sobre a agressividade, monoaminas cerebrais e desempenho produtivo (nº 23/02306-1); Modalidade Auxílio à Pesquisa ?Regular; Pesquisadora responsável Eliane Gonçalves de Freitas (Unesp); Investimento R$ 273.424,42.
3. Nanopartícula de óxido de zinco como alimento funcional (nº 19/26042-8); Modalidade Projeto Temático; Pesquisador responsável Helder Louvandini (USP); Investimento R$ 2.528.542,97.
4. Consequências epigenéticas da experiência no período pré-cópula de machos suínos na cognição e emocionalidade de leitões (nº 20/00826-0); Modalidade Auxílio à Pesquisa ?Sprint; Convênio Linköping University (LiU) Pesquisador responsável Adroaldo Jose Zanella (USP); Investimento R$ 32.630,38.
5. Sombreamento com uso de painéis fotovoltaicos para bovinos de corte: Um estudo do equilíbrio térmico, da viabilidade econômica e do impacto ambiental (nº 18/19148-1); Modalidade Auxílio à Pesquisa ?Programa de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais; Pesquisador responsável Alex Sandro Campos Maia (Unesp); Investimento R$ 208.086,17.
6. A contribuição do macho para o desenvolvimento de fenótipos robustos e o papel mitigador do bem-estar das fêmeas suínas (nº 18/01082-4); Modalidade Auxílio à Pesquisa ?Regular; Pesquisador responsável Adroaldo Jose Zanella (USP); InvestimentoR$ 222.973,53.

Artigos científicos
MASON, G. J. Animal welfare research is fascinating, ethical, and useful ?but how can it be more rigorous? BMC Biology. v. 21, n. 302. 2023.
URREA, V. M et al. Behavior, blood stress indicators, skin lesions, and meat quality in pigs transported to slaughter at different loading densities. Journal of Animal Science. v. 99. ed. 6. 2021.
MAIA, A. S. C et al. Economically sustainable shade design for feedlot cattle. Frontiers in Veterinary Science. v. 10. 2023.
FRAGOSO, A. A. et al. Animal Welfare Science: Why and for Whom? Animals. v. 13. p. 1833. 2023.
BARTLET, H. et al. Trade-offs in the externalities of pig production are not inevitable. Nature Food. v. 5. p. 312-22. 2024.
ZANELLA, A. J. et al. Effects of early weaning and social isolation on the expression of glucocorticoid and mineralocorticoid receptor and 11β-hydroxysteroid dehydrogenase 1 and 2 mRNAs in the frontal cortex and hippocampus of piglets. Brain Research. v. 1067. p. 36-42. 2006.
ZANELLA, A. J. et al. Inheriting the sins of their fathers: Boar life experiences can shape the emotional responses of their offspring. Frontiers in Animal Science. v. 4. 2023.
MELO, C. B. et al. Detection dogs fighting transnational narcotraffic: Performance and challenges under real customs scenario in Brazil. Frontiers in Veterinary Science. v. 11. 2024.
BOLOGNESI, M. C et al. Tactile stimulation reduces aggressiveness but does not lower stress in a territorial fish. Scientific Reports. v. 9. n. 40. 2019.
GAUY, A. C et al. Long-term body tactile stimulation reduces aggression and improves productive performance in Nile tilapia groups. Scientific Reports. v. 12, n. 20239. 2022.

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??? ??? ?????? ???? ??????????? //emiaow553.com/etologia-como-compreender-o-que-os-bichos-sentem/ Fri, 12 Jul 2024 19:56:57 +0000 //emiaow553.com/?p=580200 A busca de estratégias para medir a dor e decifrar as emoções dos animais

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Texto: Fabrício Marques/Revista Pesquisa Fapesp

Os animais compartilham as mesmas emoções que os seres humanos vivenciam? A psicóloga Lisa Feldman Barrett, pesquisadora da Universidade Northeastern, em Boston, nos Estados Unidos, e autora do livro How emotions are made (Pan Macmillan, 2018, sem tradução para o português), diz que a pergunta segue desafiando a ciência. Quando um ser humano pensa que um animal está experimentando uma emoção, isso pode dizer mais sobre o cérebro humano do que sobre o comportamento animal, explica Barrett. Ela cita como exemplos as reações de uma mosca ao movimento ameaçador de um mata-moscas (esfrega as pernas velozmente), de um rato quando ouve um som que ele foi acostumado a associar a um choque doloroso (congela no lugar) e de um ser humano sendo seguido por um estranho em uma rua escura (arregala os olhos e os batimentos cardíacos aceleram).

Um observador, diz a psicóloga, concluiria que todos os três estão expostos a uma ameaça e, portanto, vivenciam um estado de medo. “Mas aqui está o curioso: os três exemplos não têm praticamente nada em comum fisicamente. Envolvem diferentes tipos de cérebros em diferentes situações, movimentando corpos diferentes de diferentes maneiras? escreveu Barrett em um artigo publicado em 2022 pelo jornal The Guardian. É o cérebro do observador que tende a associar o medo às três situações. De acordo com Barrett, teria mais utilidade científica contemplar os animais de acordo com suas características. “Cães podem farejar coisas que não captamos e pássaros podem ver cores que nós não enxergamos, então talvez eles também possam sentir coisas que não podemos? escreveu. “Quando um elefante permanece ao lado do corpo de outro durante dias, é evidente que algo está acontecendo ali, mas por que deveria ser uma versão primitiva do luto humano? A ideia de que outros animais partilham as nossas emoções é convincente e intuitiva, mas as respostas que fornecemos podem revelar mais sobre nós do que sobre eles.?/p>

As aparências podem enganar. “Quando vemos cavalos adultos brincando em cativeiro, isso não é necessariamente um bom sinal? disse ao site Science News a cientista animal Martine Hausberger, da Universidade de Rennes, na França. Na natureza, segundo ela, cavalos adultos raramente brincam e esse comportamento é mais comum entre os que ficam presos. “Pode ser que eles se sintam felizes no momento da brincadeira, mas cavalos que se sentem bem não precisam disso para se livrar do estresse.?/p>

Pode ser difícil interpretar emoções de animais, mas sobram evidências de que eles têm uma vida mental e emocional complexa. Pesquisadores da Research Institute for Farm Animal Biology (FBN), na Alemanha, demostraram recentemente que os porcos mostram sinais de empatia. Em um experimento, leitões foram colocados em um cercado no meio do qual há uma grande caixa com uma porta e uma janela vazada. A certa altura, a porta da caixa se fecha e porcos no seu interior ficam presos, como se tivessem caído em uma armadilha. Em 85% das vezes, os animais descobriram como abrir a caixa e libertaram o companheiro preso em 20 minutos. Quando não havia nenhum preso, também aconteceu de os porcos conseguirem abrir a caixa, mas a frequência foi muito menor do que quando havia um suíno lá dentro. “Acreditamos que o comportamento de ajuda se baseia em alguma compreensão das necessidades do outro? disse à revista Science Liza Moscovice, etologista do FBN. “Esse é um componente crítico da empatia.?/p>

O FBN é um dos poucos centros de referência na investigação sobre a cognição de animais explorados pela pecuária, como porcos, cabras e bois. Outro estudo comparou o desempenho de cabras e de cães em um conjunto de testes cognitivos. Cabras submetidas a um experimento conhecido como “tarefa impossível?são expostas a uma tigela de comida à qual não conseguem ter acesso para se alimentar. Embora não tenham uma trajetória de coevolução com os seres humanos, as cabras recorreram ao mesmo expediente utilizado pelos caninos: lançaram-se sobre o homem presente no ambiente como se estivessem pedindo a ajuda dele.

“Se não entendermos como esses animais pensam, não compreenderemos o que eles precisam e não poderemos projetar ambientes melhores para eles? disse à Science Jan Langbein, também etólogo da FBN. Em outro experimento ainda em andamento, ele avalia a afinidade entre vacas. Pares de fêmeas de bovinos foram colocados em uma arena aberta e observaram-se as interações entre elas: algumas trocam cabeçadas, outras tiveram um comportamento cooperativo. Agora, estão sendo avaliados os níveis de estresse de vacas “amigas?quando elas são separadas após um certo tempo de convívio. Uma das ambições é saber se valeria a pena manter juntos animais com afinidade em ambientes de confinamento, a fim de melhorar seu bem-estar. “Elas não são criaturas burras. Têm uma rica vida emocional e personalidade? afirmou Langbein à Science.

Se as emoções são difíceis de perscrutar, existem modos objetivos de saber quando os animais sentem dor ou desconforto. “?possível fazer esse tipo de avaliação analisando o comportamento e construindo escalas de dor? explica Stelio Pacca Loureiro Luna, pesquisador da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu da Unesp, que coordenou um projeto apoiado pela FAPESP, concluído no ano passado, no qual validou essa metodologia para todas as espécies domésticas e de produção, como felinos, bovinos e equinos. As escalas, ele explica, são construídas a partir da análise de centenas de horas de filmagens de animais. Imagens são registradas antes de uma cirurgia e logo depois dela, quando a dor do pós-operatório atinge seu grau máximo. Seguem sendo captadas quando o animal recebe medicamentos analgésicos e 24 horas depois, quando seus efeitos se esgotam. “Analisamos esses vídeos e anotamos quais comportamentos se alteraram ?se ele, por exemplo, balançou a cauda, ficou prostrado ou mudou de expressão ?e com que duração e frequência isso aconteceu? conta Luna.

O projeto deu origem a um aplicativo, o VetPain, lançado no ano passado e disponível para sistemas operacionais Android e IOS, que ajuda veterinários e tutores a avaliar o grau de dor de todos os animais domésticos. É preciso responder a questões que avaliam sinais característicos de dor em comportamentos como postura, nível de atividade e reação ao toque no local afetado. Cada resposta corresponde a um escore na escala de dor e o aplicativo indica se o animal precisa de analgésico (ver Pesquisa FAPESP nº 328). Segundo Luna, outros métodos vêm sendo desenvolvidos. Ele menciona o Qualitative Behaviour Assessment, por meio do qual comportamentos dos animais são interpretados por seres humanos que os observam, como seus tutores, e expressos em palavras. Uma análise estatística do uso dessas expressões é utilizada para encontrar padrões que identificam comportamentos. “?uma abordagem que ainda precisa ser validada? afirma Luna.

A reportagem acima foi publicada com o título ?b>O desafio de entender o que os bichos sentem?na edição impressa nº 341, de julho de 2024.

Projeto
Dor e qualidade de vida em animais (nº 17/12815-0); Modalidade Projeto Temático; Pesquisador responsável Stelio Pacca Loureiro Luna (Unesp); Investimento R$ 835.253,16.

Artigos científicos
FEIGHLSTEIN M. et al. Automated recognition of pain in cats. Scientific Reports. jun. 2022.
BRONDANI, J. T. et al. Validation of the English version of the Unesp-Botucatu multidimensional composite pain scale for assessing postoperative pain in cats. BMC Veterinary Research. jul. 2013.

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?????? ?????-evoplay?????????? //emiaow553.com/pele-de-tilapia-e-opcao-para-tratar-lesoes-de-cornea-em-caes/ Sun, 17 Sep 2023 01:03:18 +0000 /?p=518713 Usado como biocurativo, material rico em colágeno estimula a regeneração celular e acelera a cicatrização

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Texto: Yuri Vasconcelos/Revista Pesquisa Fapesp

Uma nova técnica cirúrgica que utiliza um biotecido originado da pele de tilápia-do-nilo (Oreochromis nicoticus) tem ajudado a reestabelecer a visão de cães portadores de úlceras ou lesões graves de córnea, inclusive perfurações. A novidade é uma membrana rica em colágeno, substância eficiente em processos de reparação celular, feita a partir da pele do peixe, espécie de água doce comum no Brasil. Desenvolvida por pesquisadores do Núcleo de Produção e Desenvolvimento de Medicamentos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (NPDM-UFC), o enxerto é usado como curativo no pós-cirúrgico, induzindo a regeneração ?ou reepitelização ?da córnea e acelerando a cicatrização.

“Nos últimos quatro anos, já recuperamos a saúde ocular de mais de 400 cães com o uso dessa nova técnica cirúrgica? afirma a veterinária Mirza Melo, que lidera o estudo. “A membrana, tecnicamente uma matriz dérmica acelular, funciona como um arcabouço [scaffold], protegendo a córnea e estimulando a produção celular nas áreas afetadas. Ela vai liberando colágeno e depois é absorvida pelo organismo.?Segundo Melo, cães braquicéfalos, como buldogues, pugs, lhasas e shih-tzus, que têm o focinho curto e os olhos maiores e mais expostos, são os mais propensos a sofrer lesões de córnea.

Para a produção do biotecido, explica a pesquisadora, a pele do peixe passa por um longo processo em laboratório para remoção das escamas e de todas as células, de forma que reste apenas o colágeno. “Já há no mercado membranas biológicas feitas de material bovino ou suíno, mas são importadas. A vantagem da nossa é que deriva de um refugo da indústria pesqueira e de um peixe largamente cultivado na região, o que permitirá fabricar membranas de baixo custo.?/p>

cCães braquicéfalos, como buldogues, pugs e lhasas, também sofrem com frequência de problemas oculares.

Cães braquicéfalos, como buldogues, pugs e lhasas, também sofrem com frequência de problemas oculares. Imagem: Christian Montes? Pexels | Steshka Willems? Pexels | Alexas-Fotos? Pexels

O emprego da matriz dérmica da pele de tilápia em cirurgias oftalmológicas foi tema do mestrado de Melo no Programa de Pós-graduação em Medicina Translacional, realizado sob orientação do médico Manoel Odorico de Moraes Filho, coordenador do NPDM. No estudo com 60 cães com lesões de córnea, ela comparou o uso da matriz, de uma membrana comercial derivada da mucosa do intestino de suínos e de um enxerto conjuntival do próprio indivíduo. “Nossa matriz dérmica mostrou-se superior, proporcionando menor tempo de cicatrização e alta do animal? diz Melo. As etapas experimentais da pesquisa foram realizadas no Centro de Olhos Veterinário, clínica particular de atendimento oftalmológico coordenada pela pesquisadora.

Relato do primeiro caso

A descrição do primeiro animal operado com a nova técnica, uma cadela da raça shih-tzu com uma perfuração no olho, foi publicada na revista científica Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, em 2022. “O relato sugere que a cicatrização promovida pelo enxerto da matriz de pele de tilápia em córneas de cães mostrou-se vantajosa, obtendo maior transparência, ausência de melanose [mancha], baixa vascularização e boa lubrificação? anotaram os autores do artigo. O resultado desse primeiro caso foi apresentado no Congresso Brasileiro de Oftalmologia Veterinária no final de 2021 e recebeu o prêmio de melhor trabalho do evento.

A investigação de Melo, que é professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e está cursando doutorado na UFC, insere-se em um estudo mais amplo com foco no uso medicinal da pele de tilápia. Iniciada em 2014 no Ceará, essa pesquisa é liderada pelo cirurgião plástico Edmar Maciel, do NPDM-UFC e do Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ), de Fortaleza. A pele do peixe liofilizada, ou seja, desidratada, esterilizada, irradiada com raios gama e embalada a vácuo, já se mostrou eficaz como curativo biológico no tratamento de queimados, na reconstrução do canal vaginal de pacientes submetidas à cirurgia de redesignação sexual e na reparação de dedos de crianças portadoras de uma condição rara, a síndrome de Apert, que causa má formação das mãos (ver Pesquisa FAPESP no 280).

“Começamos a desenvolver a matriz dérmica acelular da pele de tilápia em 2018. Desde então, uma série de ensaios laboratoriais foram realizados para sua caracterização e produção? explica Maciel. Ele informa que o uso do biotecido vem sendo pesquisado em mais de uma dezena de especialidades médicas, entre elas urologia, cardiologia, cirurgia geral e neurologia. “Além da pesquisa de Melo na oftalmologia veterinária, uma das investigações mais avançadas do grupo é em cirurgias de crânio [ver boxe abaixo].?/p>

As análises químicas, biológicas e morfológicas da matriz dérmica foram coordenadas pelo bioquímico Carlos Roberto Koscky Paier, professor de farmacologia da UFC, e pelo biólogo Felipe Augusto Rocha Rodrigues, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Os dois são os responsáveis pela área de pesquisa de novos produtos da pele de tilápia.

“O desenvolvimento da matriz dérmica foi semelhante ao do curativo biológico feito com a pele liofilizada. Tivemos que padronizar um método químico, bioquímico e enzimático para retirar o conteúdo celular do tecido da pele causando o mínimo de dano à matriz extracelular, rica em colágeno? explica Paier. “Para isso, testamos vários métodos de descelularização com diferentes soluções, basicamente detergentes biocompatíveis.?/p>

Matriz dérmica acelular em primeiro plano (tira branca) e a pele da tilápia ao fundo

Matriz dérmica acelular em primeiro plano (tira branca) e a pele da tilápia ao fundo. Imagem: Chico Gadelha/Revista Pesquisa FAPESP

O passo seguinte foi a realização de análises histológicas da membrana, empregando técnicas de microscopia óptica, para verificar sua morfologia. Com apoio da microscopia de fluorescência, conseguiram estimar o número de células retiradas. “Também extraímos o DNA da pele in natura e da matriz acelular, depois do processo de remoção de células, para quantificar o DNA remanescente. Houve uma redução de mais de 90%, o que foi considerado satisfatório.?/p>

A equipe fez testes tensiométricos comparando a resistência da matriz dérmica e a pele do peixe. Esses ensaios mostraram uma pequena redução na resistência à tração da membrana de colágeno, mas nada que comprometesse seu uso como matriz proteica biocompatível. Também foram feitos estudos de citotoxicidade. Como o material provém de um animal de vida livre, exposto à contaminação por diversos microrganismos, ele passa, ainda antes da descelularização, por um processo de descontaminação química que pode deixar resíduos tóxicos nas proteínas da matriz extracelular.

“Tivemos que desenvolver um processo de desintoxicação a nível histológico. Ensaios de citotoxicidade por contato indireto com o biomaterial comprovaram que foi efetivo? conta o bioquímico da UFC, que fez doutorado com foco na análise de um grupo de proteínas cardíacas, no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, com apoio da FAPESP.

Os bons resultados obtidos até então com o uso do biocurativo em cães levaram os pesquisadores cearenses a aprimorar a matriz visando sua aplicação em humanos. “Em 2021, fomos convidados pelos organizadores do Congresso Cearense de Oftalmologia e apresentamos nossa membrana? diz Melo. A expectativa dos pesquisadores é de iniciar em breve estudos com a matriz em voluntários.

Para o médico veterinário Flávio Vieira Meirelles, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA-USP), que não participou da pesquisa da UFC, o uso de uma matriz dérmica acelular rica em proteínas de colágeno é uma estratégia interessante em tratamentos veterinários por favorecer a migração de células em áreas lesionadas.

“O emprego da membrana extraída da pele de tilápia mantém o ambiente protegido, mais umidificado, estimulando a regeneração. O resultado é que o tecido tratado, como a córnea de animais, começa a se remodelar? diz Meirelles. “A investigação envolvendo a pele de tilápia é importante, mas há outros grupos de pesquisa no estado de São Paulo e no país que trabalham com diferentes tecidos descelularizados, como membranas amnióticas, derivadas da placenta, em tratamentos veterinários. Há também o uso de membranas de origem animal em válvulas cardíacas, já bastante consolidado e com aplicação em seres humanos.?/p>

Em cirurgias no crânio

Matriz dérmica também é testada na recomposição da membrana que reveste o cérebro

Outra vertente da pesquisa com a matriz dérmica acelular da pele de tilápia é sua utilização em cirurgias cranianas, decorrentes de acidentes ou doenças, na recomposição da membrana de dura-máter, a mais externa das três meninges que revestem o cérebro, e o sistema nervoso central. Esse estudo é conduzido pelo grupo do neurocirurgião Rodrigo Becco, doutorando em medicina translacional pela UFC.

“Sintetizamos as membranas e depois dos testes in vitro selecionamos algumas para os ensaios com animais? informa Becco. Nos testes que conduziu com ratos, o pesquisador operou 36 animais, divididos em três grupos. No primeiro, ele usou uma membrana de referência, considerada padrão ouro, já comercializada no Brasil e no mundo e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pela Food and Drug Administration (FDA), a agência que regula medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, e pela União Europeia. No segundo, foi usada a matriz rica em colágeno da pele de tilápia, e no terceiro grupo os animais passaram apenas por uma craniectomia, que é a remoção de uma parte do osso da calota craniana, sem que fosse colocada uma membrana no local.

De acordo com o pesquisador, a matriz dérmica da pele de tilápia tem características muito parecidas com a dura-máter em termos de espessura e flexibilidade. “O que os primeiros resultados mostraram é que ela não provoca um processo inflamatório. É bastante maleável e funciona como uma barreira mecânica muito eficiente, até mais que a membrana de referência? relata Becco.

“Nosso próximo passo é obter autorização do Comitê de Ética da faculdade para fazermos ensaios em humanos e verificar se os bons resultados observados em animais se repetem? finaliza.

Jayne Oliveira

Artigo científico
MELO, M. S. et alEnxerto de pele de tilápia (Oreochromis niloticus) em reparo de úlcera em córnea de cão: Relato de casoBrazilian Journal of Animal and Environmental Research. v. 5, n. 1, p. 367-75. jan./mar. 2022

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?????? ??? ?????? ???? ??????????? //emiaow553.com/aids-dos-gatos-como-proteger-seu-pet-da-fiv-felina/ Fri, 28 Jul 2023 20:11:59 +0000 /?p=508026 A doença atinge principalmente gatos que têm acesso livre às ruas ?e podem sair brigando por aí. Confira como é o diagnóstico e tratamento

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A aids felina, ou FIV, é uma das doenças infecciosas mais comuns entre gatos no mundo. Ela se chama assim porque é causada pelo vírus da imunodeficiência felina (FIV, na sigla em inglês), que pertence ao mesmo gênero de vírus que o HIV, causador da aids entre humanos. 

De maneira semelhante à aids entre humanos, a FIV felina enfraquece o sistema imunológico dos bichanos, tornando-os mais vulneráveis a outras infecções. Embora o diagnóstico possa assustar, os bichanos infectados pelo vírus podem conviver por anos com a doença se receberem tratamento adequado.

Mas você pode tomar algumas medidas para proteger seu gato da FIV. Para entendê-las, vamos do começo: um gato saudável adquire a doença principalmente quando entra em contato com a saliva de um gato infectado ao ser mordido ou arranhado por ele.

A FIV também pode acometer um gato através do contato sexual com um bichinho infectado ou passar da mãe para o filhote, embora estes casos sejam menos comuns.  Os animais não pegam o vírus no ar, e um gato não passa o vírus para seu tutor ?porque esta é uma doença só de gatos.

Como proteger seu gato

Como a aids felina passa de um gato para outro durante brigas violentas, os animais que têm acesso livre às ruas têm maior chance de contraí-la. Também estão em risco os gatinhos que têm contato direto com outros indivíduos não testados ou positivos para o FIV.

Por isso, a principal recomendação de especialistas aos tutores é limitar o acesso do gato à rua para que ele não se meta em brigas por aí. Outra boa alternativa é a castração do animal, que inibe o comportamento agressivo dos machos e sua tendência de escaparem para as ruas.

Além disso, quem resgata um animal que vive nas ruas deve fazer um exame preventivo para conferir se o bichano é portador do vírus. Ele até pode morar com gatos que não tenham a doença, desde que não briguem entre si. Por isso, se você é o feliz dono de vários gatinhos, é importante testá-los com regularidade.

Sintomas da aids felina

Os sintomas variam de acordo com a fase da doença ?e da forma como a infecção se manifesta no gato. Na fase primária da aids felina, seu pet pode apresentar perda de peso, anorexia, letargia, febre e linfadenopatia (aumento dos nódulos linfáticos).

Depois que a doença se estabelece, até três meses após o contato com o vírus, o gato pode passar para uma fase assintomática da FIV ?que pode durar 10 anos. Daí a importância de levar os bichanos ao veterinário para fazer um teste diagnóstico mesmo sem a suspeita da doença.

Com o avanço da doença, o bichano entra na fase de disfunção imune progressiva. Começam a surgir as infecções secundárias decorrentes da imunodeficiência, e os os sintomas são variados e inespecíficos. Especialistas afirmam que, nesse estágio, gengivoestomatite crônica, doenças oculares e alterações neurológicas são comuns.

Como diagnosticar e tratar o gato

Quanto mais cedo se descobre que o gato tem a doença, melhor. Por isso, é importante levar seu gato ao veterinário em caso de suspeita da doença ou quando você acabou de adotá-lo, por exemplo. Mas o ideal é levá-lo para um check-up pelo menos uma vez por ano.

O veterinário realiza o diagnóstico da FIV felina por meio de exames laboratoriais, como o teste ELISA, que se baseia na reação antígeno-anticorpo desencadeada por enzimas. Como ele pode dar um falso positivo ou negativo para a doença, os veterinários podem repeti-lo ou fazer outros exames, como um PCR, a depender da fase aparente da doença.

A aids felina não tem cura, mas um gato diagnosticado deve receber tratamento para os sintomas e imunoestimulantes, remédios que dão uma mãozinha para o sistema imune enfraquecido. 

Também é importante que o tutor procure manter o pet o mais saudável possível, oferecendo uma boa alimentação ao bichano, com rações de qualidade, e mantendo cuidados higiênicos e acompanhamento veterinário em dia.

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??? ??? ???? ??????????????? //emiaow553.com/aplicativo-da-unesp-ajuda-a-reconhecer-dor-em-animais/ Sun, 25 Jun 2023 19:36:10 +0000 /?p=499611 Ferramenta gratuita criada na Unesp calcula o nível de sofrimento e informa a necessidade de tratamento com analgésicos

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Texto: Suzel Tunes/Revista Pesquisa Fapesp

Com 12 anos de idade, Rafinha, um cachorrinho SRD (sem raça definida) já sofre os efeitos do envelhecimento. Tem calcificação nas vértebras lombares, que provoca dor crônica. A condição é irreversível, mas o cão tem a sorte de contar com a dedicação e os conhecimentos de seu tutor (ou dono), o veterinário Cláudio Fanella, e de um novo recurso para aliviar o sofrimento: um aplicativo que mensura dor em animais. Denominado VetPain, o app foi lançado em dezembro do ano passado por pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista (FMVZ-Unesp), campus de Botucatu. Fruto de um projeto de pesquisa desenvolvido com apoio da FAPESP, o programa já está disponível gratuitamente para celulares do sistema Android. Enquanto não é lançado para IOS, pode ser acessado em www.animalpain.org.

Fanella conta que conheceu o aplicativo na própria Unesp, onde leva Rafinha para sessões de acupuntura, serviço oferecido pela instituição sob coordenação do veterinário Stelio Pacca Loureiro Luna, pesquisador responsável pelo desenvolvimento do VetPain. Ele utiliza o app há apenas um mês, mas já identifica resultados positivos. “O aplicativo ajuda a avaliar melhor o nível de dor e a hora certa de dar o analgésico? diz o tutor de Rafinha. “A ferramenta me dá mais segurança na tomada de decisão.?/p>

Fanella avalia que o VetPain é interessante sobretudo porque cria o hábito nos tutores de observar o animal. Isso porque é por meio de comportamentos indicativos de dor que a ferramenta faz a avaliação. Luna explica que ela funciona como um teste de múltiplas escolhas. Diante de uma série de questões que avaliam sinais característicos de dor em comportamentos como postura, nível de atividade e reação ao toque no local afetado, o usuário deve clicar nas respostas que considera as que melhor descrevem seu animal. Cada resposta corresponde a um escore numa escala que vai da inexistência de dor a uma dor intolerável. O app calcula automaticamente o resultado e indica se o animal precisa ou não de analgésico.

Para orientar o usuário, o aplicativo traz vídeos demonstrativos dos comportamentos apresentados pelos animais ao sentirem dor. E antes de aplicar o questionário sobre a condição do próprio animal, pode-se fazer um treinamento, que avalia a habilidade de usar a escala, a partir de 10 vídeos-teste. De acordo com Luna, o treinamento permite que uma pessoa leiga possa aplicar o teste com segurança.

A veterinária Rosa Maria Cabral, coordenadora do Núcleo de Estudos em Anestesiologia Veterinária e Dor da Faculdade de Zootecnia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Lavras (FZMV-Ufla), em Minas Gerais, vê com ressalvas o uso do aplicativo por leigos. “A avaliação do comportamento é subjetiva e depende da experiência de quem examina? afirma.

Ela lembra que determinados comportamentos relacionados a medo ou ansiedade, por exemplo, podem ser confundidos com sinais de dor. Seu maior receio no uso do app por leigos é a administração de medicamentos sem a prescrição do veterinário. “Alguns analgésicos e anti-inflamatórios comuns entre os seres humanos, como paracetamol e diclofenaco, são tóxicos para animais e podem levá-los à morte? alerta.

Para o veterinário Flávio Vieira Meirelles, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA-USP), a observação da dor em um animal revela a necessidade do diagnóstico da causa. “Quando a causa já é conhecida e diagnosticada, aí sim o tutor deve intervir com os medicamentos prescritos pelo veterinário respeitando a posologia? diz.

Para Fanella, tutor do Rafinha, desde que os animais de estimação sejam levados ao médico veterinário sempre que houver sinal de dor, o app pode ser bastante útil como recurso didático. “?excelente para quem está aprendendo a cuidar de um pet? observa.

O aplicativo baseou-se em uma escala de dor desenvolvida pelo grupo da Unesp em 2013

O aplicativo baseou-se em uma escala de dor desenvolvida pelo grupo da Unesp em 2013. Imagem: Léo Ramos Chaves/Revista Pesquisa FAPESP

Cão italiano, gato japonês

Por meio do VetPain é possível avaliar tanto animais domésticos (cães e gatos) quanto os de produção (bovinos, suínos, ovinos, asininos e equinos) e os de laboratório (coelhos, camundongos e ratos). Para cada espécie existe uma escala de dor, de acordo com suas características. Segundo Luna, na hora da dor, alguns comportamentos são comuns a várias espécies, como perda de apetite, postura arqueada ou cabeça baixa. Outros são mais específicos. “O gato estica as pernas quando sente dor? exemplifica. As diferenças entre espécies também resultam em peculiaridades na expressão do sofrimento. “Costumo brincar dizendo que o cão é o italiano, mais comunicativo, enquanto o gato é o japonês, expressa a dor de forma mais sutil.?/p>

Por conta da discrição, o sofrimento felino não costuma chamar tanto a atenção quanto o canino. “Nas consultas, os veterinários tendem a atribuir mais dor a cães do que a gatos? diz o pesquisador. Essa foi a principal motivação para ele ter escolhido os felinos como a primeira espécie a ser avaliada pelo app.

O programa baseou-se em uma escala de dor desenvolvida e validada pelo grupo de Luna em 2013. Foi uma das primeiras escalas para felinos publicada e é uma referência mundial. Em 2022, sua equipe lançou uma versão reduzida dessa escala. Ambas estão disponíveis no aplicativo. Na sequência foram desenvolvidas e validadas as escalas de bovinos (2014), equinos (2015), ovinos e suínos (2020), jumentos (2021) e coelhos (2022), bem como escalas de dor crônica em cães (2019 e 2022). Com exceção dos cachorros, foram avaliadas a dor clínica no pós-operatório (aguda) e a dor crônica, oriunda de condições como a osteoartrite, por exemplo.

“Na ocasião já havia escalas de dor aguda em cães. Mas agora estamos desenvolvendo também a nossa? explica o pesquisador da Unesp. Todos os estudos foram aprovados pelas comissões de ética no uso de animais das mais de 20 instituições parceiras do projeto, no Brasil e em países das Américas, Europa e Ásia.

Vários pesquisadores orientados por Luna no doutorado, agora docentes de instituições de ensino superior no país e no exterior, participaram dos estudos. Um deles, o veterinário Paulo Steagall, hoje professor na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Montreal, Canadá, criou também uma escala de dor e um aplicativo específico para gatos em seu laboratório. O app Feline Grimace Scale avalia dor aguda em felinos por meio de mudanças nas expressões faciais e está disponível em lojas de aplicativos para celular. O artigo relatando o desenvolvimento e a validação da escala foi publicado em 2019 no periódico Scientific Reports, do grupo Nature.

Câmera oculta

Os pesquisadores da Unesp dedicam-se, agora, a um novo desafio: incorporar ferramentas de inteligência artificial (IA) ao aplicativo. Em artigo publicado em junho de 2022 na Scientific Reports, eles compararam duas vertentes de IA baseadas em redes neurais na tarefa de automatizar o reconhecimento de dor em imagens faciais de gatos. Os dois métodos ?modelo de deep learning, em que as redes são treinadas diretamente com as imagens, e de redes mais superficiais, que recebem dados padronizados gerados por pesquisadores para descrever as expressões faciais dos felinos ?empregaram imagens de vídeo dos gatos em situações sem dor (antes da operação), com dor mais intensa (logo após a cirurgia) e, mais tarde, depois de tomarem analgésicos. Segundo os pesquisadores, ambos os tipos de abordagem atingiram com precisão superior a 72% a identificação da existência ou inexistência de dor, na comparação com avaliações realizadas por especialistas.

Na Universidade de São Paulo (USP), campus de Pirassununga, o uso de redes neurais também apresentou resultados promissores na identificação de dor em expressões faciais de cavalos. O projeto é conduzido pelo veterinário Gabriel Lencioni, doutorando da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), sob orientação do veterinário Adroaldo José Zanella, professor do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da FMVZ. “O Gabriel iniciou o projeto quando ainda era aluno da graduação, o que não é comum? elogia o professor. “O estudo, que teve um foco inovador ao coletar vídeo de equinos com diversos graus de dor, de forma automatizada e com processamento inteligente, resultou no primeiro artigo do mundo com essa abordagem.?/p>

Segundo Lencioni, o projeto prevê a instalação de câmeras gravando as expressões faciais dos animais de forma ininterrupta e a emissão de alertas aos cuidadores dos animais sempre que forem identificados sinais de dor. A ausência de um observador humano pode tornar a detecção mais eficiente, explica o pesquisador. Isso porque, de acordo com algumas teorias, animais que foram presas em sua história evolutiva, como os cavalos, aprenderam a não demonstrar dor quando observados, a fim de não serem considerados mais vulneráveis pelos predadores.

Lencioni contou com apoio da Agência USP de Inovação e as colaborações do engenheiro Rafael de Sousa e do técnico Edson Sardinha, do Departamento de Engenharia de Biossistemas da FZEA-USP, e do veterinário Rodrigo Romero Corrêa, do Departamento de Cirurgia da FMVZ-USP, em São Paulo. Para a realização de seu projeto, também fez um estágio de cinco meses na Universidade de Cambridge, Inglaterra, onde foi desenvolvida a primeira ferramenta automatizada para a detecção de dor em ovinos, em 2017.

“Estão começando a surgir várias iniciativas para auxiliar no diagnóstico de dor animal. Nos últimos 20 anos muita coisa mudou? atesta a veterinária Denise Tabacchi Fantoni, vice-diretora da FMVZ-USP, uma das primeiras instituições de ensino do país a oferecer uma disciplina específica sobre tratamento de dor em animais, em 1993. De acordo com Fantoni, a dor em animais era negligenciada. Os veterinários não contavam com praticamente nenhuma informação nesse campo e não se costumava ministrar analgésicos nem após procedimentos cirúrgicos.

Por isso, além do desenvolvimento do aplicativo, ela considera que o projeto da Unesp tem o mérito de concentrar em seu site informações variadas sobre o tema, incluindo escalas de dor de diferentes centros de pesquisa. “Nem todo veterinário consegue se atualizar com as informações que circulam no ambiente acadêmico? destaca. “Além de ensinar a identificar sinais de dor, o app da Unesp promove o acesso a essa informação.?/p>

Projetos
Dor e qualidade de vida em animais (nº 17/12815-0); Modalidade Projeto Temático; Pesquisador responsável Stelio Pacca Loureiro Luna (Unesp); Investimento R$ 835.253,16.

Artigos científicos
FEIGHLSTEIN M. et al. Automated recognition of pain in catsScientific Reports. jun. 2022.
LENCIONE G. C. et al. Pain assessment in horses using automatic facial expression recognition through deep learning-based modelingPLOS ONE. out. 2021.
EVANGELISTA, M. C. et alFacial expressions of pain in cats: The development and validation of a Feline Grimace ScaleScientific Reports. fev. 2019.
BRONDANI, J. T. et alValidation of the English version of the Unesp-Botucatu multidimensional composite pain scale for assessing postoperative pain in catsBMC Vet. jul. 2013.

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