??? ?? ?? ? ??? ????? ??? / Vida digital para pessoas Sat, 26 Oct 2024 09:10:58 +0000 pt-BR hourly 1 //wordpress.org/?v=6.6 //emiaow553.com/wp-content/blogs.dir/8/files/2020/12/cropped-gizmodo-logo-256-32x32.png ????? ?? ?? ??£»????? ??? ???? / 32 32 ?????? ?????£»??????£»??????? //emiaow553.com/vacinacao-de-gravidas-controla-tetano-neonatal-coqueluche-e-hepatite-b-entre-recem-nascidos/ Sat, 26 Oct 2024 19:37:50 +0000 //emiaow553.com/?p=605560 Mulheres gestantes também são público-alvo das campanhas anuais de imunização contra a gripe e a Covid-19; baixa adesão ainda é desafio a ser superado

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Reportagem: Natasha Pinelli/Instituto Butantan

Referência internacional de saúde pública, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece gratuitamente mais de 20 vacinas que atendem às necessidades de diversos grupos da população brasileira. No caso das grávidas, são preconizadas cinco vacinas �dTpa, dT, hepatite B, Influenza e Covid-19 �que têm sido essenciais para o controle dos casos de coqueluche entre recém-nascidos, do tétano neonatal e da transmissão de hepatite B de mãe para filho na hora do parto; além disso, evitam quadros mais graves causados pela infecção pelos vírus influenza e SARS-CoV-2.

“O calendário da gestante foi pensado para que ela possa receber os imunizantes tidos como primordiais para a saúde dela e do bebê �sejam aqueles que por algum motivo estão em atraso e necessitam atualização, ou as vacinas que demandam doses de reforço para garantir a produção dos anticorpos que posteriormente serão passados de mãe para filho via placenta, durante a gestação� explica a gerente de Farmacovigilância do Butantan e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mayra Moura.

A estratégia da dTpa

O tétano, a difteria e a coqueluche são doenças cuja proteção não se estende pela vida inteira. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda a todos um reforço da vacina dT (difteria e tétano) a cada 10 anos. Já o último reforço contra a coqueluche costuma acontecer ainda na infância �entre os 4 e 7 anos � visto que a infecção não desencadeia casos mais graves entre os adultos.

“Por conta desse histórico, é natural que com o passar do tempo as pessoas não apresentem anticorpos ‘prontos�para agir contra a bactéria causadora da coqueluche circulando no organismo. Nas grávidas, o papel da vacina dTpa é justamente acionar a memória imunológica e estimular a produção de altos níveis de anticorpos capazes de combater a doença e que serão transferidos para o bebê� pontua Mayra.

O imunizante, que é recomendado a partir da 20ª semana e deve ser reaplicado a cada nova gravidez, foi incorporado ao Calendário Vacinal da Gestante em 2014, quando ocorreu um pico epidêmico de infecções pela bactéria Bordetella pertussis �principalmente entre crianças menores de 3 meses, já que elas não possuíam o esquema vacinal completo, finalizado apenas aos seis meses de vida. “Começamos a ver casos de óbito de recém-nascido por coqueluche na própria maternidade. Os estudos mostraram que os principais transmissores eram a própria mãe ou o pai� afirma a gerente de Farmacovigilância do Butantan.

Entre 2014 e 2023, com a adoção da estratégia, a ocorrência da doença caiu de 5.033 para 128 entre os menores de 1 ano de idade. Porém, o Ministério da Saúde tem alertado para um recente crescimento da doença nas diversas faixas etárias: até meados de agosto de 2024, mais de 330 quadros já haviam sido registrados, contra 217 em todo o ano anterior. De acordo com as pasta, a cobertura vacinal da dTpa é de 61,75% �número bastante distante da meta preconizada de 95%.

Além de proteger contra a coqueluche e a difteria, a vacina dTpa tem sido essencial para o combate do tétano neonatal. Provocada pela bactéria Clostridium tetani, a doença infecciosa aguda que acomete os recém-nascidos foi controlada graças à imunização das gestantes. Segundo o Ministério da Saúde, entre os anos de 2017 e 2019 não houve registros de tétano neonatal no país �em 2020, um único caso foi confirmado no município de Tartarugalzinho (AP).

O esquema vacinal tradicional é composto por três doses. Se porventura a gestante nunca tiver recebido nenhum dos imunizantes (pentavalente e DTP na infância, ou dT na fase adulta), uma das doses será feita com a vacina dTpa e as outras duas com a dT; caso tenha apenas uma dose, ela vai fazer mais uma dose de dTpa e outra de dT; quando falta apenas uma dose para completar o esquema, a vacina aplicada necessariamente deverá ser a dTpa. A ordem entre dT e dTpa, essa última contendo a fração de coqueluche, vai depender da fase da gestação.

“Em resumo, a dTpa é a única vacina que a mulher vai fazer toda vez que estiver grávida �independentemente do histórico vacinal, estando ou não com o esquema completo. Dessa forma, ela garante a proteção do bebê contra os três tipos de infecção pelos seis primeiros meses de vida, até que ele enfim receba suas próprias vacinas e desenvolva seus anticorpos� reforça a diretora da SBIm.

Outros imunizantes para ficar de olho

Prevista no Calendário de Vacinação da Gestante desde 2009, a vacina contra hepatite B também é indicada às grávidas que não iniciaram ou não possuem o esquema completo, composto por três doses. O objetivo da estratégia é reduzir a potencial transmissão vertical �ou seja, quando a mãe passa a doença para a criança na hora do nascimento por meio do contato com sangue, líquido amniótico e outras secreções maternas. Caso não seja possível finalizar o esquema vacinal durante a gestação, a mulher deverá concluí-lo após o parto.

A hepatite B é uma doença que não tem cura e possui uma particularidade: quanto mais cedo na vida for contraída, pior será o seu prognóstico. “Trata-se de um problema com o qual a pessoa terá que conviver pelo resto da vida, com uso de medicação contínua. A longo prazo, poderá exigir a necessidade de um transplante de fígado e, infelizmente, até evoluir para óbito� afirma Mayra. É por isso que a vacina contra a hepatite B é aplicada logo nas primeiras 24 horas de vida.

Entre 2012 e 2023, o número de casos da doença entre menores de 5 anos de idade caiu de 128 para 65. Porém, depois de sete anos consecutivos de queda, o índice tem evoluído desde 2021.

Diferentemente das outras vacinas indicadas à gestante, que têm um foco mais voltado à proteção e saúde do recém-nascido, os imunizantes contra gripe (Influenza) e Covid-19 são destinados à proteção da mãe, uma vez que elas apresentam um maior risco para desenvolver quadros mais graves de ambas as doenças.

Isso pode acontecer devido às mudanças no sistema imunológico, circulatório e pulmonar que ocorrem durante a gravidez. Dentre as principais complicações, estão o trabalho de parto prematuro, assim como a necessidade de hospitalização e até óbito.

“A recomendação é que as grávidas recebam as vacinas contra a gripe e a Covid-19 caso já faça mais de seis meses que as tenham recebido� orienta Mayra.

Não vacinar é assumir riscos

A hesitação vacinal também é um problema entre as grávidas. Neste ano, por exemplo, o índice de gestantes vacinadas com a vacina da gripe é de apenas 28% �número bem aquém do esperado.

“�preciso reforçar que não há motivo para medo. Milhões de gestantes já foram imunizadas em todo o mundo, sem que nenhum tipo de problema tenha sido observado. É algo que transcende a proteção da mulher e que pode, de fato, salvar a vida do seu bebê� finaliza Mayra.

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????? £»??????£»??????? //emiaow553.com/uso-de-cannabis-durante-gravidez-pode-aumentar-os-riscos-para-bebes/ Wed, 29 Nov 2023 20:15:45 +0000 /?p=537105 Novo estudo reforça pesquisas anteriores e orientações do Ministério da Saúde, que já apontam riscos do uso de cannabis durante a gravidez

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Uma nova pesquisa publicada na revista American Journal of Obstetrics & Gynecology demonstrou que bebês cujas mães usaram cannabis durante a gravidez têm mais chances de sofrer problemas ao nascer. Os principais riscos são baixo peso e possibilidade de internação em UTIs neonatal.

De modo geral, os resultados confirmam achados de pesquisas anteriores. Além disso, também estão alinhados com a orientação da American College of Obstetricians and Gynecologists de que pacientes grávidas evitem a cannabis durante a gestação.

Entenda a pesquisa

Para o estudo, pesquisadores analisaram casos de mais de 360 mil mães e seus bebês entre 2011 e 2020, por meio de registros de saúde. Para confirmar o uso de cannabis, os cientistas aplicaram questionários e realizaram testes toxicológicos com a urina das mães.

Algumas delas usavam cannabis de maneira recreativa, mas outras apresentavam associações a sintomas como náusea, depressão, ansiedade e traumas, de forma que utilizavam a droga para aliviar essas queixas.

Buscando evitar interferências, o estudo também considerou outras variáveis, como status socioeconômico materno, uso de outras substâncias, adequação ao pré-natal e condições médicas como obesidade.

Do total de bebês participantes do estudo, aproximadamente 6,2% foram expostos à cannabis durante a gestação. Entre eles, os dados indicaram maior probabilidade de baixo peso ao nascer, de inadequação do crescimento à idade gestacional, de parto prematuro e de internação em UTIs neonatal.

Dose e frequência

Além de comprovar a ligação, o estudo também demonstra que há uma relação entre a dose de cannabis utilizada e o risco de problemas de saúde do bebê. Isso significa que, quanto mais frequente o uso, maior as chances do recém-nascido sofrer alguma consequência. 

Para os pesquisadores, essa descoberta traz informações importantes para a redução de danos.

“Para aquelas que talvez não estejam dispostas a parar de usar cannabis durante a gravidez, o uso menos frequente pode ter menos danos potenciais”, explica Kelly Young-Wolff, autora do estudo.

Os cientistas envolvidos acreditam que é importante que os médicos saibam abordar as mães que fazem uso de cannabis sem julgamento, a fim de compreender o motivo. Então, se for para aliviar sintomas como ansiedade ou náuseas, por exemplo, eles podem orientar outras opções de tratamento.

Agora, as informações da pesquisa também podem ajudar as mães a tomarem decisões mais informadas sobre o uso de cannabis na gravidez.

O que diz o Ministério da Saúde

No Brasil, o Ministério da Saúde oferece uma cartilha sobre o uso de drogas na gestação. Algumas das consequências do consumo de cannabis durante a gravidez já estão no documento, como nascimento prematuro, comprometimento do crescimento fetal e internações em UTI neonatal.

Ainda de acordo com a cartilha, o uso de cannabis pode causar descolamento da placenta, aborto espontâneo e nascimento de bebê natimorto. Além da cannabis, a cartilha aborda também o consumo de bebidas alcoólicas e tabaco, por exemplo.

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???? ???£»??????£»?????? //emiaow553.com/bebes-e-gestantes-precisam-de-comidas-leves-e-mais-liquido-no-calor/ Mon, 20 Nov 2023 20:02:38 +0000 /?p=533542 Inchaço nas pernas é um dos problemas, sobretudo no fim da gravidez

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Texto: Alana Gandra/Agência Brasil

Na gestação, a temperatura corporal da mulher aumenta aproximadamente meio grau e, em dias mais quentes, isso pode causar grande incômodo para a futura mamãe, pois o calor excessivo provoca inchaço e pode deixá-la mais cansada, principalmente no último trimestre da gravidez. O alerta é da médica Célia Regina Silva, vice-presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado do Rio de Janeiro.

Em um quadro de temperaturas elevadas, como as que o Brasil vive no momento, Célia Regina disse que é essencial tomar bastante água e manter uma alimentação saudável, incluindo refeições  mais frias, como saladas e frutas.

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Geralmente, o inchaço é causado pela compressão do útero sobre os vasos responsáveis pelo retorno do sangue das pernas ao coração. A circulação é ainda mais prejudicada quando esses vasos são dilatados pelo calor. Para prevenir o problema, as gestantes precisam alterar as posições corporais durante o dia. Se as pernas estiverem muito inchadas, é recomendável deixá-las elevadas por um tempo.�Para a mulher que trabalha em pé ou sentada, a médica aconselha não ficar parada mais do que uma hora.

Também vice-presidente da associação, o obstetra Renato Sá ressaltou que, no caso da gestante de risco habitual, que não tem comorbidades, a preocupação é com a hidratação, que tem que ser a adequada, porque as mulheres grávidas têm dificuldade para controlar a pressão. “Todo mundo já viu grávidas desmaiando, especialmente em condições de calor”, disse o médico. Por isso, é preciso que elas mantenham uma hidratação melhor.

No momento atual, em que os brasileiros enfrentam temperaturas muito elevadas, existem dois problemas: excesso de calor e baixa umidade do ar. A tendência é a pessoa desidratar bem mais. “E isso é para gestantes e para todo mundo.�/p>

Comorbidades

Também é preciso ter atenção as gestantes que têm comorbidades, entre as quais, a questão da pressão arterial e pré-eclampsia. “Porque aí não é só a questão da hidratação, mas como ela vai ser feita e qual repercussão que o calor pode ter na pressão arterial da grávida� destacou Renato Sá. Esta pode ser uma situação em que a grávida precisa consultar o médico do pré-natal para saber se terá que mudar alguma coisa em sua conduta.

Segundo o médico, outro ponto nevrálgico é que mulheres grávidas têm tendência maior à infecção urinária. Ele advertiu que a baixa hidratação aumenta o rico de infecção urinária e que isso pode ser muito grave para uma gestante, levando até a uma infecção generalizada, ou septicemia. “A mulher precisa de um cuidado maior ainda em relação à hidratação, que todo mundo pode ter, mas por esse ponto específico da infecção urinária� acrescentou.

As mulheres que já tiveram o bebê, as lactantes, precisam de mais hidratação ainda, porque 90% do leite materno é água. “Se ela não beber bastante líquido, não conseguirá produzir leite adequadamente� No caso do bebê, percebe-se que o controle de temperatura é muito frágil e ele desidrata com muita facilidade. Basicamente, a nutrição e alimentação de um bebê é leite materno. Por isso, a lactante tem que ter uma produção bem adequada para suprir tanto as necessidades nutricionais quanto de hidratação da criança, explicou Renato Sá.

Melhor opção é a água, e não, refrigerantes

Melhor opção é a água, e não, refrigerantes – Imagem: Arquivo/ Agência Brasil

O médico não recomenda que se tome refrigerante em vez de água. “Isso não é interessante, porque, no caso da grávida, por exemplo, ela pode ter diabetes gestacional. E há a situação calórica, às vezes também de sucos. Não é o mais adequado. O mais adequado é água mesmo. A recomendação é hidratar, preferencialmente com água�

As grávidas e lactantes devem evitar também bebidas com cafeína. “Não estão proibidas, mas devem ser evitadas� A orientação do obstetra é hidratação, preferencialmente com água. Se ela quiser uma fruta, o ideal é que coma, em vez de fazer suco, que tem mais caloria.�/p>

Crianças

Não pode haver descuido com a hidratação, alertam médicos

Não pode haver descuido com a hidratação, alertam médicos. Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil

De acordo com a médica Tania Sih, membro do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o principal problema que as temperaturas elevadas podem provocar nos bebês e crianças é a hipertermia, quando o corpo fica com temperatura mais elevada do que normal.

Quando a família não tem aparelho de ar condicionado, a orientação é manter janelas e portas abertas para que o ar circule, ou ventilador de teto. “Quanto mais o ar circula, melhor� Em segundo lugar, crianças e adultos têm que se hidratar. Mesmo que o menor não peça, devem ser oferecidos a ele líquidos a cada 15 ou 20 minutos, recomendou a pediatra.

“Se for dar algum alimento à criança, de preferência, não dê nada seco, como galinha assada, por exemplo, porque seca a garganta. A comida deve ser mais molhada� Segundo Tania, uma boa opção são frutas com bastante líquido, como melancia. “E vá alternando água e sucos com alimentos mais líquidos.�/p>

Creme no corpo

Também é aconselhável hidratar a pele da criança. “Eu deixaria a criança, de preferência, só de fraldinha, de pé descalço, só de camiseta. E não esquecer de passar um creme hidratante. Importante também é a criança não ir para a rua, mas ficar dentro de casa, “com janela aberta, ar-condicionado ou ventilador de teto ligado.�/p>

Para a médica, não há problema em tomar gelados, como sorvetes. Para evitar que o nariz seque muito, pelo menos quatro vezes por dia, os pais devem usar soro fisiológico ou borrifar um spray de higiene nasal sem corticoides no nariz da criança. Os lábios devem receber manteiga de cacau. E não se deve esquecer de quando for aplicar o creme hidratante, aplicar também na orelha, na parte externa que encontra o cabelo, para evitar rachaduras e infecções.

Tania Sih recomendou ainda que as mães passem a mão úmida na cabeça dos filhos, de modo a umedecer o couro cabeludo. “A criança tem que estar com creme hidratante no corpo, sem esquecer a orelha, com manteiga de cacau nos lábios e tomar líquidos para que a boca fique úmida por dentro, e o nariz tem que estar hidratado com qualquer sorinho fisiológico de conta-gotas ou de spray“, reforçou.

A médica enfatizou que é bom a criança ficar só com a fralda, pezinhos descalços, correndo dentro de casa à vontade, sem sair lá fora, porque “ali o mormaço é muito mais forteâ€? Estes seriam os principais cuidados a serem tomados em situações de temperatura muito elevada, além dos alimentos que se transformam em água com facilidade, como melancia e frutas. “E bastante suco e águaâ€? A temperatura dos líquidos pode ser gelada, sem problema nenhum, reiterou.

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?????: ??? ????, ??? ???? ???? ??! //emiaow553.com/gestantes-obesas-infectadas-pelo-virus-zika-tem-resposta-imune-diminuida/ Sun, 14 May 2023 14:35:04 +0000 /?p=487558 Obesidade ocasiona diminuição da capacidade da placenta de atacar o patógeno e proteger o feto

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Texto: Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) conseguiram mostrar, pela primeira vez, que a obesidade gestacional associada à infecção pelo vírus zika influencia a resposta antiviral da placenta, ocasionando uma diminuição da capacidade do órgão de atacar o patógeno e proteger o feto. Os resultados do estudo foram divulgados na revista Viruses e, segundo os autores, servem de alerta para a importância do acompanhamento pré-natal adequado de gestantes.

“Normalmente, associamos obesidade na gravidez a problemas como diabetes gestacional ou bebês com alto peso ao nascer, mas é importante ressaltar que as consequências podem ir além disso. Neste estudo, provamos que a resposta imune da placenta, ou seja, que ocorre na interface materno-fetal, fica muito comprometida nesses casos� afirma Maria Notomi Sato, professora da Faculdade de Medicina da USP e autora correspondente do artigo.

Sato explica que, em casos de infecção pelo zika em gestantes obesas, ocorre uma diminuição tanto na transcrição de genes quanto na produção de proteínas envolvidas na resposta imune. “Ocorre, sobretudo, uma diminuição da via de interferon, proteína extremamente importante na resposta contra qualquer doença viralâ€? explica.

Vale ressaltar que o vírus zika, assim como o dengue e o SARS-CoV-2, consegue ultrapassar a barreira placentária e infectar também o bebê.

Metodologia

Com apoio da FAPESP, o grupo analisou amostras de placenta de grávidas obesas e não obesas infectadas pelo zika.

As 30 amostras de gestantes que contraíram a doença foram fornecidas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Já as de grávidas saudáveis �38 no total �foram obtidas com a pesquisadora Patrícia Rondó, que coordena um estudo populacional com essa população de mulheres na cidade de Araraquara (SP).

As análises mostraram que em gestantes obesas o zika é capaz de alterar morfologicamente a placenta e agravar a insuficiência da via de interferons do tipo 1 na placenta. Isso porque o vírus tem como estratégia de ação inibir a ativação de receptores intracelulares, entre eles RIG-I, IRF-3 e MAVS, prejudicando os níveis de interferon do tipo 1 no organismo infectado. Os interferons são as principais citocinas responsáveis pela mediação da resposta antiviral, pois ativam genes que atuam na diminuição da replicação dos patógenos.

Outro mecanismo de ação do zika é a inibição da proteína STAT2, que funciona como um sinalizador. De acordo com os resultados do estudo, essas estratégias de ação promovem a persistência do vírus na placenta, facilitando sua replicação e transmissão para o feto.

“As análises placentárias mostraram que, nas gestantes com obesidade não infectadas, não ocorre alteração na expressão transcricional de fatores antivirais ou de expressão do interferon tipos 1 e 3. Já nas amostras de gestantes com obesidade que contraíram o zika observamos uma diminuição da expressão transcricional de RIG-I e IFIH1 [gene precursor da proteína MDA-5]. Essa diminuição resulta em uma resposta antiviral enfraquecida� explica Anna Cláudia Castelo Branco, doutoranda no Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e primeira autora do artigo.

Microcefalia

O estudo não encontrou uma associação entre obesidade gestacional e microcefalia nos bebês. “Não foi possível mostrar essa relação, pois o estudo foi realizado com um número pequeno de amostras. Trabalhos anteriores concluíram que é no primeiro e no segundo trimestres de gestação que a infecção pelo zika se torna mais crítica para a ocorrência de microcefalia, por questões relacionadas ao desenvolvimento neural do feto. No entanto, tínhamos um número maior de amostras de gestantes obesas que se infectaram no terceiro trimestre� conta Castelo Branco.

A pesquisadora explica que fatores de risco, como o momento da infecção na gravidez, a ordem da infecção �se primária, reinfecção ou crônica � o tempo de ruptura da membrana e o tipo de parto podem influenciar na incidência da transmissão para o feto.

Castelo Branco explica que a obesidade é caracterizada como uma síndrome metabólica de inflamação crônica. “�como se todos os componentes da obesidade �hiperplasia de adipócitos, aumento de gorduras, alteração na microbiota intestinal �deixassem o organismo constantemente inflamado. Porém, trata-se de uma inflamação crônica de baixo grau, o que, por si só, deixa o sistema imune em alerta o tempo todo, numa sucessão de alarmes falsos� explica.

A pesquisadora afirma ainda que respostas diminuídas a infecções e vacina já foram associadas à obesidade (não no contexto gestacional), sendo esta um fator de risco para doenças de forma geral.

“No contexto da gestação, ainda são poucos os estudos que relacionam obesidade com maior risco de infecções. Nosso estudo é o primeiro a comprovar que há uma diminuição da resposta imune na placenta em gestantes com obesidade infectadas pelo zika� afirma.

O artigo Obesity Induces an Impaired Placental Antiviral Immune Response in Pregnant Women Infected with Zika Virus pode ser lido em: www.mdpi.com/1999-4915/15/2/320.

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