?????? ???????-evolution£»??????? ///tag/colunistas/ Vida digital para pessoas Wed, 13 Mar 2024 20:18:09 +0000 pt-BR hourly 1 //wordpress.org/?v=6.6 //emiaow553.com/wp-content/blogs.dir/8/files/2020/12/cropped-gizmodo-logo-256-32x32.png ????? ¡¾????¡¿ 2024-2025? ??? ??? ?? ///tag/colunistas/ 32 32 BC????? ¡¾????¡¿ ???? ??? ?? //emiaow553.com/qual-jornalismo-precisamos-salvar/ Wed, 13 Mar 2024 20:16:06 +0000 /?p=557634 "O jornalismo é mesmo necessário? Jornalismo importa? Qual jornalismo?" Leia na coluna de Caio Maia para o Giz Brasil

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Comecei o ano acompanhando duas crises em jornais importantes. As duas em publicações recentemente adquiridas por fundos ou por caras muito ricos: o Los Angeles Times e os tradicionais Diário de Notícias e Jornal de Notícias, de Portugal (ambos do mesmo grupo). No primeiro caso, cortes profundos no pessoal. No segundo, salários atrasados e a ameaça de que os títulos podem simplesmente fechar.

Desde então o debate se alastrou e dominou praticamente qualquer conversa entre jornalistas, principalmente nos países que não são o Brasil. As discussões sobre o tema há algum tempo são numerosas, em alguns casos são até profundas, e quase sempre chegam à conclusão de que o jornalismo como o conhecemos vai morrer.

A diferença é que agora elas têm chegado à conclusão de que vai morrer e é agora. As conversas também costumam chegar à conclusão de que “o jornalismo é necessário”. Genericamente, porém.

A primeira pergunta, entretanto, deveria ser, mas nunca é: o jornalismo é mesmo necessário? Jornalismo importa? Qual jornalismo? As investigações profundas? As manchetes dos portais? As colunas do Elio Gaspari? O Jornal Nacional?

Dizer que “jornalismo é importante�é simplificar as coisas, supor que só existe um tipo de jornalismo, e que todos concordamos em que tipo é esse (exatamente para poder dizer que ele é necessário).

Podemos entrar numa longa charla sobre o que é ou não jornalismo e perder longas linhas e preciosos minutos pra não chegar a conclusão nenhuma em podcasts e congressos de entidades de jornalistas frequentados sempre pelos mesmos (poucos) jornalistas.

Podemos, também, dar um ou dois passos pra trás e mudar a primeira pergunta: o que nisso que chamamos “jornalismo” há mais ou menos vários séculos é importante? Fica um pouco etéreo, porém, me parece, mais orientado a entender a treta de fato: o que é necessário? Necessário pra quem? Por que? E, principalmente: se é necessário, por que 99,99% das pessoas está absolutamente cagando para o tema?

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Para mim, o jornalismo é necessário. Para a minha vida. Eu leio jornal, inclusive quando viajo para outros países em que eu entenda a língua. Para mim é necessário saber o que acontece, os contextos em que a vida se passa, mesmo que os casos individuais não tenham ligação direta com a minha vida — que me importa, na prática, se um político dos Açores é acusado de corrupção?

Para mim, importa saber o que acontece no governo dos Açores, no parlamento grego ou no cinema indonésio da mesma maneira que não importa saber o que acontece com 12 (ou 10 ou 15, sei lá eu) seres humanos irrelevantes trancados numa casa.

Mas esse sou eu. Independentemente de eu considerar que a minha escolha nesse caso é “superior” à outra (e eu considero, desculpa aí, mais sobre o meu elitismo abaixo), ela, pelo jeito, não é a escolha de muitas pessoas, que não lêem jornal nem na própria cidade (e assistem BBB e Ilhados com a Sogra).

Meu amigo e colega jornalista Marlos Ãpyus postou o seguinte comentário em um post que escrevi sobre isso: “A realidade sempre foi rica em informação. O jornalismo sempre foi uma curadoria dessa realidade, entregava um pacote do que mais relevante você precisava saber.”

E acrescenta, entre outros pontos que eu vou abordar mais pra frente: “Alguém consome jornalismo porque quer estar bem informado, e a internet não informa bem, não tem esse poder de curadoria, porque a internet entrega tudo.�/p>

Este me parece ser o ponto de partida fundamental: a realidade é rica em informação, em teoria, o jornalismo surge porque as pessoas queriam saber o que estava acontecendo ao redor delas, queriam ter um alcance de informação maior do que as conversas do dia a dia podiam entregar.

Tem dois elementos aí: 1) as pessoas querem saber; e 2) a impossibilidade de conseguir saber isso sem ajuda. Então partimos do princípio de que, no início, era isso: gente querendo saber coisas que não tinha como saber de outro jeito. Alguém descobria, escrevia no papel, multiplicava o papel e distribuía.

O que as pessoas queriam saber em 1605, quando foi publicado aquele que é, segundo a Wikipedia, considerado o primeiro jornal do mundo? O nome da publicação, em alemão, publicada em Strasbourg, era “Relato de todas as histórias distintas e memoráveis”. O que era distinto e memorável em 1605, porém? E com que alcance? As pessoas queriam saber sobre o que fazia o governo? Se os Estados vizinhos estavam em guerra? Se a safra do trigo ia ser boa? Se o padre estava tendo um caso com a vendedora de flores?

Provavelmente desde a origem o que “importa” era decidido tanto por quem lia como por quem publicava – ou por quem autorizava a publicação. No Reino Unido, por exemplo, demorou mais de 100 anos para os jornais poderem publicar o que se discutia no parlamento.

Da mesma maneira, considerando que no século 17 mais ou menos um quarto da população,  no máximo, sabia ler, partimos de algo feito pelas elites e para as elites – e obviamente defendendo o interesse das elites.

(As mesmas elites que em 2024 se sentem especiais porque se interessam pela política dos Açores e não sabem o nome de nenhum participante do BBB. Vai vendo.)

*

É importante voltar para isso porque uma grande parte das discussões sobre a importância do jornalismo e como salvá-lo volta a tempos em que os jornais eram o que os americanos chama de “gatekeepers�da informação, eram quem decidia o que importava e deveria ser discutido. Quando a internet começou a se popularizar, ninguém via isto como algo positivo. Por que meia dúzia tinham o poder de decidir o que importava e poderia ou deveria ser publicado?

Imaginava-se que a democratização que a internet traria avançaria no sentido de permitir queo leitor, acima de qualquer coisa, o interesse (do) público determinaria o que tem relevância ou não. E durante um curto período foi assim, pelo menos para a parcela então pequena que tinha acesso à internet.

Tudo muda, porém, quando saímos daquela pequena elite e entra na brincadeira aquele elemento conhecido como “todo mundo� a imensa parcela da população que nunca teve nenhum tipo de acesso a qualquer conteúdo informativo, e que de uma hora para outra se torna não só receptor da mensagem como também emissor.

A bagunça é geral e não é pequena, porque é muita gente, muito mais gente do que antes estava no jogo, e essas pessoas não participaram daquele combinado que vigia até então. Elas não sacralizam ninguém, não respeitam nenhuma das regras não escritas daquele jogo. E é aí que o modelo vai pro vinagre.

“Espera, cara. Não estou entendendo seu ponto de vista, que me parece bastante elitista. Você está dizendo que tudo dá errado quando mais pessoas começam a consumir informação?�Pois é, o modelo era para uma elite. Não tem como funcionar para todos. Se isso é bom ou ruim tanto faz.

Funcionava para poucos, para muitos não funciona. E o que entra no lugar desse modelo é ainda pior que ele, por muitos motivos, mas não porque inclui mais gente. A reação de algumas pessoas então normalmente aponta da direção do “precisamos dos gatekeepers� porque bem ou mal mesmo na época em  que poucos tinham acesso à produção da informação ainda havia quem defendesse o interesse daqueles que estavam de fora desta elite. O que é, este sim, um pensamento elitista, que supõe que a massa não sabe o que precisa, e que alguém precisa lhe apontar os caminhos.

Nesse sentido, outro amigo, o também jornalista Rodrigo Borges, observou: “Não creio que aquilo que as pessoas ignoram não é necessário. Acredito que muitas pessoas ignoram o jornalismo justamente porque não entendem sua função, porque não acreditam mais nele ou porque acham que respostas de pesquisas feitas no Google são tão sérias quanto uma apuração jornalística.

Penso que falta no jornalismo (ao menos no Brasil) algo que também falta em grande medida à Academia: pés no chão, se comunicar com as pessoas de forma precisa e objetiva e com fácil compreensão. Mas cada vez mais vejo jornalistas fazendo jornalismo pros colegas, pra fazer postagem no Linkedin e ganhar elogios e prêmios.”

Aí você cai de novo em um ponto que vem sendo discutido há tempos já: as pessoas se interessam por assuntos, pouco importa se eles vêm jornalisticamente ou na forma de entretenimento. Elas querem um mix de conhecimento com alienação, em medidas diferentes para cada um.

E, hoje, elas têm mais interesse em saber sobre idiotas trancados em uma casa do que sobre a guerra na Ucrânia ou as decisões do Congresso que impactam as vidas delas. O ponto que eu venho tentando enfatizar, é: importa mais que as pessoas saibam o que se passa no Congresso do que no BBB? Importa para quem?

Claramente no plano individual, não importa. Assim como claramente no plano social importa. Então a gente tem que sair da esfera individual para tentar responder essa pergunta no degrau da sociedade.

Outro amigo jornalista, este famoso, André Forastieri, em um post dele mesmo, não no meu: “Sem jornalismo, com seus muitos defeitos, não há nenhuma possibilidade de liberdade, que dirá de justiça social. A possibilidade de fiscalização independente, de apuração, reportagem, análise e crítica, é a condição mínima para avançarmos. Menos jornalismo é garantia de retrocesso.” Impossível discordar. Ou não é?

Dizer que “o jornalismo é necessário porque os poderosos precisam ser fiscalizados” coloca o jornalismo, e o jornalista, numa prateleira moral alta, e dificulta as discordâncias. Quem pode discordar de que é importante fiscalizar os poderosos, principalmente os que detêm poder político e administram dinheiro público?

O jornalismo que a gente tem hoje, porém, tem feito isso? Que porcentagem do jornalismo que se faz hoje tem apuração e investigação? E influencia as decisões das pessoas que influenciam nas vidas delas mesmas?

*

Isto aqui é um longo devaneio. Começa com perguntas que parecem razoavelmente claras pra se embrenhar em uma longa, escura e misteriosa selva — não à toa estou escrevendo este primeiro artigo há seis semanas sem conseguir terminá-lo. O jornalismo como conhecemos está morrendo, e não há nenhuma clareza sobre o que pode vir no lugar.

Discussões com foco são legais, mas me parece claro que esta discussão quando tenta focar acaba apontando para direções que não vão levar a caminhos diferentes dos que estão na mesa hoje. A questão é mais complicada do que isso, e envolve mudar as perguntas, e tirar as amarras das respostas. É permitido e bom focar quando temos uma idéia de onde queremos ou pelo menos podemos chegar.

Entendo que quando discutimos o futuro do jornalismo estamos muito longe disso. O máximo que temos conseguido é observar “o que está dando certo”. E tentar, sempre sem sucesso, replicar, até porque ninguém entendeu porque o que está dando certo está dando certo, nem se vai continuar dando certo.

Eu não sou um teórico do Jornalismo, inclusive não sou teórico de coisa alguma, nem Jornalismo eu estudei. Considero que minha contribuição fundamental para qualquer debate é propor perguntas e ficar de olho nas outras perguntas que estão sendo propostas. E questionar cada pequeno pedaço de cada resposta.

Entendo, também, que este debate não é para os teóricos e nem só para os jornalistas e pessoas que já consideram que o jornalismo importa. Imagino que, no final, podemos todos concordar que a única maneira de salvar o jornalismo é aumentar seu alcance, e não vamos aumentar o alcance falando só entre nós.

Voltando às perguntas lá de cima, entendo que não é difícil entender o que no jornalismo é necessário, pra quem isso é necessário e por que. Sobram perguntas, porém. A primeira, também lá de cima: se é necessário, por que 99,99% das pessoas está absolutamente cagando para o tema? Outra que surge no processo de discussão: o jornalismo que estamos tentando salvar atende a essas necessidades sociais que apontamos acima?

Para o próximo texto, espero que não daqui a seis semanas.

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?????: ??? ????, ??? ???? ???? ??! //emiaow553.com/o-que-faz-a-analise-tatica-ser-realmente-relevante/ Tue, 23 Jan 2024 23:33:21 +0000 /?p=548094 No Brasil, cultura tática não existe. Nenhum clube tem um estilo consistente de jogo ao longo da história. Leia na coluna de Cassiano Gobbet

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Com a largada da única pré-temporada que pode derrubar técnicos no mundo – os estaduais – um elemento parece meio fora de lugar, com menção extra para os especialistas em tática que hoje estão em qualquer lugar. Não me leve a mal: a tática é um assunto fundamental e muito rico e precisa ter seu espaço. Mas quando você vê alguém tentando explicar a tática no primeiro jogo da temporada, de um treinador novo contra um time que é montado e desmontado todo ano, não vale a reflexão sobre se aquilo é tática mesmo ou o quê.

No Brasil, cultura tática não existe. Nenhum clube tem um estilo consistente de jogo ao longo da história. Em média, um treinador não passa seis meses num clube antes de ser demitido (às vezes menos que isso). Para os jogadores, a tática é uma sequência de instruções, não uma partida de xadrez. Apesar dessa simplicidade, o assunto frequentemente ganha uma solenidade de posse presidencial.

Numa entrevista quando ainda era o técnico tricampeão brasileiro pelo São Paulo, ao perceber que o assunto ia virar “tatiquêsâ€? Muricy Ramalho interrompeu e disse: “Eu fico em casa ouvindo esse monte de análise, mas não tem nada disso. É muito mais simples do que vocês pensamâ€? Muricy não estava menosprezando ninguém. Ele estava só indo direto ao ponto. Num país que tem técnicos “semestraisâ€? clubes que trocam 20 jogadores por ano e zero educação formal no assunto, as discussões sem fim sobre a matéria são quixotescas – na melhor das hipóteses.

O assunto “tática�se divide em dois planos: estratégia e tática. O primeiro é a filosofia na qual o técnico ou clube se baseiam para os objetivos de longo prazo. Essa é imutável e somente uns poucos “ideólogos�têm posições bem claras. Por exemplo: o Barcelona tem no seu DNA, graças a Rinus Michels e Cruyff, a compreensão do jogo como o controle do espaço e em função do ataque. O princípio holandês da ocupação de espaço é o ponto de partida do raciocínio e isso se explica. Um quarto do país é de espaço “conquistado�onde antes era mar ou água, usando diques e canais. Na Holanda, a ocupação do espaço é uma questão de vida ou morte. No Brasil, não existe nada parecido. A estratégia acaba na vitória (ou derrota) do próximo jogo.

A tática em si, ou “o que você vai fazer nesse jogo� é o que está na pauta no Brasil, mas mesmo os melhores comentaristas do assunto cometem dois erros quase sempre: o primeiro é achar que todo jogo é um duelo tático (e jogos dos estaduais nunca chegam nesse requinte), e o segundo é ignorar que o individualismo do jogador brasileiro é o que realmente define o que rola “entre as quatro linhas�(para usar um clichê tosco). Não por acaso, ninguém dá a menor bola para a contratação do melhor recuperador de bolas do país e um clube como o Flamengo possa ficar refém de um jogador que acha que é Zico (que, qualquer que seja ele, não é�. No imaginário brasileiro, é o jogador que decide o jogo, não o time.

Achar que leitura tática é dizer que o lateral-direito está na posição “x�e por isso, vai acontecer “y�é como só ver as figuras em um livro. Você até não erra, mas ignora o que importa. Há vários jornalistas brasileiros que têm o talento para fazer uma análise mais profunda, mas param no básico. Como o Oráculo diz a Neo em “The Matrix� “você tem o talento, mas parece estar esperando alguma coisa� Que coisa é essa, eu não sei. Até lá, aguardemos com os chavões habituais�/span>

Point Blank

Estratégia Ainda falando de planejamento e conceitos: nos últimos cinco anos, a média de contratações e cessões dos quatro maiores clubes de São Paulo é de 16 contratações e 18 cessões. Não estão inclusos os empréstimos ou promoções das divisões inferiores.

Mais estratégia Vendendo e comprando 70% do elenco todos os anos impede, quem quer que seja o técnico, de ter um time minimamente montado, faz a alegria dos agentes pq seus clientes raramente passam duas temporadas no mesmo clube (e lhes rende uma comissão a cada transferência) e questiona o trabalho das diretorias de futebol.

Rebeldia O futebol holandês teve mais um elemento muito vivo no tempo de Cruyff, igualmente cultural. Cruyff e sua postura desafiadora contra o establishment têm muito a ver com o Provo, um movimento rebelde e experimental contra a rigidez da sociedade conservadora holandesa da época.

Mais rebeldia Cruyff brigava com árbitros, dirigentes, jornalistas e até patrocinadores (ele se recusou a usar o material esportivo da Adidas, patrocinadora da Holanda de 1974, e fez com que sua camisa fosse a única com duas listras nos braços, ao invés das icônicas três listras da marca.

…e mais rebeldia Os outros jogadores da selecão também não eram soldadinhos. Procure as fotos do time de 74 e você vai ver o impensável para a época: jogadores cabeludos, com barba por fazer, meias abaixadas e uma preocupação inexistente com o que os outros poderiam achar.

Sacchi O italiano tinha uma obsessão tal com o coletivo que era capaz de preferir um jogador mais fraco a um craque se este fosse folgado. Sua frase básica: “se você não é o Maradona, vai me obedecer�(�/span>Si non sei Maradona, allora dammi retta�.

Mais que um estilo, um jeito de pensar Michels, Cruyff e seu herdeiro Guardiola “enxergavam�o espaço; para Helenio Herrera e sua Inter campeã europeia, o jogo era limitar possibilidades e nunca correr riscos; Arrigo Sacchi não admitia individualismos (a ponto de pedir a venda de van Basten depois de vencer um título). Mourinho, a nêmese de Guardiola, acha que a posse de bola é um problema que deve estar sempre com o adversário. Para Klopp, a bola deve ser o ponto de pressão máxima o tempo todo, e uma vez recuperada, o contra-ataque tem de contar com a maior vantagem numérica possível.

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?????? mgm???£»??????£»??????? //emiaow553.com/as-cancoes-pop-rock-de-natal-que-o-mundo-esqueceu/ Sun, 24 Dec 2023 11:41:05 +0000 /?p=542241 Surpresa de fim de ano: rock gravado em 1958 chega ao 1º lugar da parada 65 anos após o lançamento. Relembramos outras faixas que poderiam ter a mesma sorte nos próximos anos

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Natal e música pop não são incompatíveis. A lista de artistas que gravaram uma música natalina ou fizeram um ou mais álbuns com canções de fim de ano. Elvis Presley e Frank Sinatra nos anos 1950, Beach Boys nos anos 1960, Johnny Cash, Ray Charles e, mais recentemente, Los Lobos, Bob Dylan e Norah Jones fizeram seus discos especiais de Natal. Até jazzistas como Ella Fitzgerald entraram nessa.

Mas só algumas músicas natalinas tocam muito todo ano. Além das tradicionais, como “Noite Feliz”, são sempre grandes as chances de topar com “White Christmas”, de Bing Crosby â€?presente no “Guinness Book of Records” como a música mais vendida da história, com 50 milhões de cópias desde seu lançamento em 1942.

Quase onipresente no planeta a cada dezembro é “Happy Xmas (War Is Over), de John Lennon e Yoko Ono â€?e, no Brasil, toca muito também “Então É Natal”, a versão em português da cantora Simone para esta música que o ex-beatle lançou em 1971.

Essas e algumas outras formam um clube pequeno. A maioria das canções pop de Natal são esquecidas depois do ano em que chegam às lojas (ou, hoje em dia, ao streaming). Dá para dizer que a maioria dessa maioria não merecia mesmo sorte melhor. Mas algumas merecem ser relembradas com maior frequência.

Este é o caso da grande surpresa do mercado fonográfico dos EUA em 2023. Depois de 65 anos, “Rockin’ Around the Christmas Tree”, da cantora Brenda Lee, alcançou o 1º lugar de singles da Billboard, a parada oficial dos EUA e referência do que faz sucesso para o resto do mundo.

Brenda Lee era uma fenomenal cantora-prodígio de rock’n’roll e country de 13 anos quando gravou “Rockin’ Around the Christmas Tree” em 1958.

A autoria é de um compositor especializado em canções de Natal, Johnny Marks, que já tinha alcançado o sucesso com “Rudolph, the Red-Nosed Reindeer” em 1949 â€?diga-se: Rudolph, a rena do nariz vermelho, é uma criação de Marks, não uma traição antiga de Natal.

Marks fez “Rockin’ Around the Christmas Tree” quando descansava numa praia. Logo depois, ofereceu a canção a Brenda Lee, que então ostentava o apelido “Miss Dynamite”.

Curiosamente, Brenda não entrou na parada da Billboard com essa música em 1958. Nem quando a gravadora tentou de novo com um relançamento do compacto em 1959.

Só no fim de ano de 1960 que “Rockin’ Around The Christmas Tree” se infiltrou pela primeira vez na parada, chegando ao 14º lugar. Nesse momento, Brenda era uma adolescente versátil que fazia mais sucesso que na época em que era uma menininha explosiva.

Agora em 2023, aos 79 anos de idade, Brenda Lee relançou a mesma gravação que fez quando era menina com um clipe simples com participação das cantoras country Tanya Tucker e Trisha Yearwood, e colocou a música até no Tik Tok.

O resultado foi essa chegada ao 1º lugar da parada graças a vendas, audições e exibições.

Nenhuma gravação demorou tanto tempo para alcançar o primeiro lugar. E Brenda superou em 15 anos o recordista anterior Louis Armstrong para tornar-se a pessoa com mais idade (e primeira septuagenária) a chegar ao topo da parada, mesmo que a gravação tenha sido feita quando ela entrava na adolescência.

Vamos a uma seleção de músicas pop-rock de Natal que mereciam sorte semelhante à de Brenda Lee. A ordem é totalmente aleatória.

1- Chuck Berry â€?“Run Rudolph Run” (1958)

Em 1958, ainda em seu primeiro auge de pioneiro do rock’n’roll, Chuck Berry fez “Run Rudolph Run” imaginando a rena do nariz vermelho como um veloz e muito eficiente ajudante de Papai Noel. Era o lado B do compacto “Merry Christmas, Baby”.

Pouco depois, Berry teve a desagradável surpresa de descobrir que o personagem Rudolph, bem como seu nome, eram marcas registradas de Johnny Marks, o compositor natalino acima citado no trecho sobre Brenda Lee.

Marks entrou com processo e ganhou o direito de ser creditado como o compositor de “Run Rudolph Run”, dando um chega pra lá em Berry. Também foi incluído o nome de um parceiro, Marvin Brodie â€?segundo Berry, uma pessoa fictícia criada por Marks para ganhar ainda mais dinheiro com os direitos autorais.

Chuck Berry fez duas músicas gêmeas de “Run Rudolph Run”: o mega clássico “Johnny B. Goode” e “Little Queenie”. Estas creditadas a ele até hoje.

O clipe oficial animado acima, que transforma Chuck em parceiro de Papai Noel na noite de Natal, foi feito e lançado em 2020.

2- Elvis Presley – “Merry Christmas Baby” (1971)

Elvis gravou muitas músicas de Natal. Seu primeiro álbum natalino saiu em 1957, ainda em seu primeiro auge como Rei do Rock’n’Roll, e tinha como carro-chefe a maravilhosa “Santa Claus Is Back In Town”.

Mas há outra faixa sensacional gravada por Presley em 1971 que não teve o mesmo destaque: “Merry Christmas Baby”, um blues lento que parece gravado numa madrugada depois que o bar fechou as portas.

O original foi lançado em 1948 pelo trio vocal Johnny Moore’s Three Blazers. Dez anos depois, Chuck Berry fez uma cover (citada no trecho acima sobre “Run Rudolph Run”).

Enciclopédia musical de blues, rhythm’n’blues, country e gospel, Elvis resgatou a canção para seu álbum “Elvis Sings The Wonderful World of Christmas”, de 1971, e botou muita personalidade na interpretação.

3- Otis Redding â€?“Merry Christmas Baby” (1967)

O nome é o mesmo, mas a música é outra. Esta “Merry Christmas Baby” é um soul animado do brilhante cantor Otis Redding, acompanhado pelo órgão festivo de Booker T. Jones. Porém, Otis não viu a faixa ser lançada em disco.

Foi uma de várias gravações que ainda estavam inéditas quando Otis morreu aos 26 anos num acidente de avião em 10 de dezembro de 1967. “Merry Christmas Baby” só saiu para a temporada de festas de 1968, como lado B do single “White Christmas”.

4- Novos Baianos â€?“Boas Festas” (1973)

Uma das mais belas composições da música popular brasileira é “Boas Festas”, escrita pelo baiano Assis Valente numa triste e solitária véspera de Natal em 1932 depois de quatro anos de vida dura no Rio de Janeiro. Por ser mais tristonha, quase deprê, “Boas Festas anda bem menos ouvida nos dezembros recentes.

Mas, em 1973, o impacto permanente de “Boas Festas” era mais intenso. E o grupo Novos Baianos aproveitou para regravar a singela música.

Naquele momento, o coletivo de Moraes Moreira, Baby Consuelo, Paulinho Boca de Cantor e Pepeu Gomes tinha acabado de triunfar com o enorme sucesso do álbum “Acabou Chorare”, de 1972.

A faixa de abertura do referido LP era uma música de Assis Valente, “Brasil Pandeiro”, que tocou muito nas rádios. Com o fim do ano chegando, a banda tentou repetir a dose com outra canção de Valente.

Os Novos Baianos se apresentaram no “Fantástico”, da Rede Globo, com “Boas Festas” e a música chegou a ter algum impacto na época, mesmo sendo lançada apenas em compacto. Hoje, está injustamente esquecida.

5- The Beach Boys â€?“Little Saint Nick” (1963)

Em novembro de 1963, O grupo dos irmãos Wilson lançou um compacto de Natal para celebrar seu primeiro ano de sucesso estrondoso na carreira. “Little Saint Nick” é uma composição do gênio Brian Wilson em parceria com o primo e vocalista Mike Love. Um ano depois, tornou-se a faixa de abertura do LP natalino “The Beach Boys’ Christmas Album”.

Em 2020, a banda (sem qualquer Wilson há muitos anos) lançou o clipe de animação oficial acima.

6- The Ramones â€?“Merry Christmas (I Don’t Want to Fight Tonight)” (1989)

Já veteranos, os Ramones incluíram uma música de Natal no álbum “Brain Drain”, de 1989. A letra de “Merry Christmas (I Don’t Want to Fight Tonight)” sugere um membro de um casal pedindo uma trégua nas brigas e discussões contínuas dentro do lar.

Em sentido figurado, também pode ser um pedido de trégua para a inimizade entre o vocalista Joey e o guitarrista Johnny Ramone, que começou por volta de 1980 e não acabou nem com a morte de Joey em 2001 (Johnny morreu em 2004).

7- The Kinks – “Father Christmas” (1977)

A mais britânica de todas as bandas britânicas já estava bem longe dos primeiros lugares das paradas que conheceu nos anos 1960. Mas a criatividade e o senso de humor torto do líder Ray Davies seguia intacto em 1977, quando os Kinks lançaram o single natalino “Father Christmas”.

Na letra, garotos pobres cercam um Papai Noel de loja e exigem que eles lhes dê dinheiro, porque brinquedos não servem para nada. “Dê todos os brinquedos pros riquinhos”, ordenam os meninos enquanto ameaçam dar uma surra no bom velhinho.

O arranjo pesado é do guitarrista Dave Davies, irmão do vocalista e compositor. E foi Ray quem encarnou o Papai Noel/Father Christmas no clipe oficial.

8- The Sonics – “Don’t Believe In Christmas” (1965)

Uma das mais cultuadas bandas de garage rock da história, os Sonics já tinham lançado seus clássicos “The Witch” e “Psycho” quando participaram de um compacto de Natal de sua gravadora Norton no final de 1965.

Um lado do single ficou com The Wailers, banda conterrânea de Tacoma, Washington (cidade na região de Seattle). O outro trouxe os Sonics com um rock que negava o Natal. A melodia de “Don’t Believe in Christmas” remete a “Too Much Monkey Business”, do mestre Chuck Berry.

9- Garotos Podres â€?“Papai Noel, Velho Batuta” (1985)

Para seu LP de estreia pelo selo independente Rocker em 1985, o grupo punk paulista Garotos Podres teve de submeter suas letras à Censura Federal, ainda ativa nos momentos finais da Ditadura Militar brasileira (1964-1985) e no comecinho da Nova República.

É claro que a faixa “Papai Noel Filho da Pâ€?#8221; teve modificações na letra e o título ficou “Papai Noel, Velho Batuta”. O vocalista Mao, figura central da banda, até achou que a transformação enriqueceu a música, tirando a obviedade do palavrão explícito.

É um clássico em seu gênero, mas não anda muito lembrada ultimamente.

10- Big Star â€?“Jesus Christ” (1975)

Não tem Natal no título, não tem clichês natalinos na letra, mas é uma canção cujo refrão singelo é “Jesus Cristo nasceu hoje”. Uma sacada do cantor e compositor americano Alex Chilton para o terceiro e último álbum de sua banda Big Star, o bagunçado mas artisticamente impecável “3rd” (ou “Sister Lovers” em alguns lançamentos alternativos).

11- Tom Waits – “Christmas Card From a Hooker in Minneapolis” (ao vivo, 1978)

Em sua fase boêmia em que se imaginava cantor de bar dos anos 1930 ou 1940, Tom Waits compôs a música sobre o cartão de Natal de uma prostituta de Minneapolis. No vídeo acima, de uma apresentação de TV no programa “Austin City Limits” em 1978, Waits abre cantando “Silent Night” (para a gente, “Noite Feliz”) antes de emendar “Christmas Cardâ€?#8221;.

12- Simon & Garfunkel â€?“7 O’clock News / Silent Night” (1966)

Falando em “Silent Night”, a dupla Simon & Garfunkel fez uma versão de alto impacto político em 1966. A voz cristalina de Art Garfunkel entoa a canção tradicional enquanto ao fundo, com volume que vai subindo, ouve-se um noticiário da TV americana divulgando uma relação de soldados americanos mortos na Guerra do Vietnã.

O contraste entre a música de paz e o som da TV falando de guerra e morte é tocante.

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???? ???£»?????£»?????? //emiaow553.com/selecao-o-que-a-derrota-do-flu-no-mundial-significa-para-o-futuro-de-diniz-no-brasil/ Sat, 23 Dec 2023 16:44:31 +0000 /?p=542615 De novo essa conversinha fiada

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Nada. Obviamente. Parem com essa merda.

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?? ???£»?? ???£»??? ?? //emiaow553.com/60-anos-do-assassinato-de-john-kennedy-o-primeiro-presidente-pop/ Wed, 22 Nov 2023 14:10:49 +0000 /?p=534686 De tema de campanha cantado por Sinatra até uma música longuíssima de Bob Dylan, o presidente dos Estados Unidos foi celebrado em vida e pós-morte

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A pergunta “onde você estava quando (tal coisa aconteceu)?…” já se aplicou às mortes de John Lennon, Ayrton Senna ou aos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York. Mas o primeiro fato chocante a provocar essa questão foi o assassinato de John F. Kennedy, presidente dos Estados Unidos, há exatos 60 anos.

O mundo travou com o impacto da notícia porque JFK foi uma espécie de “primeiro político pop”.

Jovem (tinha 43 anos ao se eleger e tomar posse, e 46 anos ao morrer), sorridente, bonitão, galanteador, ícone das ilusões de um futuro melhor para toda uma geração de americanos, Kennedy iniciava sua campanha para se reeleger em 1964.

Na sexta-feira, 22 de novembro de 1963, JFK desfilava em carro aberto pelas ruas de Dallas, Texas, quando teve sua cabeça estourada por tiros de rifle. Vale dizer que o famoso filme do cinegrafista amador Abraham Zapruder, que flagrou os tiros atingindo o presidente, só veio a público algum tempo depois, não no mesmo dia.

Oficialmente, o autor do assassinato foi um suposto comunista chamado Lee Harvey Oswald, preso horas depois do crime. A autoria é questionada por dezenas de teorias da conspiração há 60 anos.

Oswald nem chegou a contar o que poderia saber sobre outros envolvidos eventuais. Foi igualmente assassinado dois dias depois na porta de um distrito policial quando seria transferido para outra cadeia. Detalhe: sua morte foi transmitida ao vivo em cadeia nacional de TV para todos os Estados Unidos.

O assassino de Oswald foi um, digamos, empresário do show business noturno para o público masculino chamado Jack Ruby. Ele tinha um monte de enroscos com a Máfia. Preso em flagrante, Ruby morreu de câncer na cadeia aos 55 anos, em janeiro de 1967.

Se a motivação de Ruby para assassinar o assassino de Kennedy tinha algo secreto, ele ficou sem revelar. Justificou-se apenas dizendo que não queria que a primeira-dama viúva Jacqueline Kennedy sofresse cada vez que visse Oswald na TV. Perfeitamente crível.

Fatos reais e teorias da conspiração sobre a morte de Kennedy (e a vida também) tomariam um site inteiro com muita canseira para o servidor. A influência disso no imaginário popular e em filmes (“JFK: A Pergunta Que Não Quer Calar”, de Oliver Stone), séries (“Mad Men”, um episódio de “Seinfeld”) e livros (obras de James Ellroy e Stephen King) também é enorme.

Por isso, fiquemos apenas com momentos da música pop que tiveram John Kennedy como inspiração.

1- Frank Sinatra – “High Hopes” (1960)

Que tal ter seu tema de campanha para presidente na voz do maior e mais famoso cantor de sua época? E que grava a música menos pelo dinheiro que por realmente acreditar na candidatura? O mito pop de John Kennedy teve isso. O jingle oficial “High Hopes” foi lançado por Frank Sinatra em 1960.

Sinatra e Kennedy se tornaram amigos do peito nesse período. Foi graças ao cantor que o candidato e depois presidente levou a estrela Marilyn Monroe para a cama, além de outras atrizes desconhecidas. Sinatra até organizou todo o show da posse de JFK em janeiro de 1961.

A amizade eterna durou até março de 1962. Kennedy iria fazer uma visita à Califórnia e Sinatra mandou construir uma suíte presidencial com heliponto em sua mansão em Palm Springs para hospedá-lo.

Só que Robert Kennedy, irmão de JFK que ocupava o posto equivalente ao de ministro da Justiça no Brasil, aconselhou o presidente a se afastar de Sinatra por causa das ligações e amizades do cantor com mafiosos.

JFK acabou se hospedando na casa do cantor-ator Bing Crosby, notório eleitor do Partido Replublicano, rival do Partido Democrata do presidente.

Possesso de raiva, Sinatra destruiu o heliponto com uma marreta, nunca mais quis saber dos Kennedy e virou um conservador republicano pelo resto da vida, abandonando sua longa história de eleitor dos democratas.

2- Marilyn Monroe – “Happy Birthday Mr. President” (1962)

A festa de 45º aniversário do presidente Kennedy, em 19 de maio de 1962, foi um grande evento de gala no Madison Square Garden, em Nova York. Mas só uma atração é lembrada até hoje: a performance de Marilyn Monroe, maior estrela do cinema na época e amante de Kennedy, num vestido justíssimo cantando uma versão adaptada de “Parabéns a Você”.

Depois de Marilyn, Kennedy vai ao palco nitidamente constrangido pelo presente que acabou de receber da atriz. Menos de três meses depois, Marilyn morreu por uma suposta overdose de tranquilizantes aos 36 anos.

O vídeo acima de “Happy Birthday Mr. President” com Marilyn Monroe é colorizada. A transmissão original foi em preto e branco.

3- The Byrds – “He Was a Friend of Mine” (ao vivo no Festival de Monterey, 1967)

O quinteto americano de folk-rock The Byrds alcançou um sucesso gigantesco em 1965 logo em seu primeiro lançamento, uma cover encurtada de “Mr. Tambourine Man”, de Bob Dylan. Para seu segundo álbum “Turn! Turn! Turn!”, lançado em dezembro de 1965, seu líder e guitarrista Jim McGuinn (pouco depois, ele mudaria seu prenome para Roger) preparou um tributo a John Kennedy.

Segundo McGuinn, ele adaptou na noite do assassinato uma canção tradicional do folclore americano, sem autor conhecido, que teve sua primeira gravação em 1939.

O byrd compôs versos novos que faziam referência direta a Kennedy, como “ele estava em Dallas”, “de uma janela do sexto andar um atirador o acertou” e “líder de uma nação por um tempo precioso”.

Em 1967, os Byrds se apresentaram no Monterey Pop Festival. Antes de “He Was a Friend of Mine”, o guitarrista politicamente engajado David Crosby fez um curto discurso questionando a versão oficial de que Lee Harvey Oswald foi o único assassino do presidente.

Os Byrds ficaram de fora do documentário original “Monterey Pop”, lançado meses depois do festival. Essa apresentação de “He Was a Friend of Mine” só veio a público oficialmente em 2002, quando uma caixa com apresentações de Monterey foi lançada.

4- Dion â€?“Abraham, Martin & John” (1968)

Acompanhado de seu grupo The Belmonts, Dion conseguiu bastante sucesso no começo da década de 1960 com seu estilo doo-wop de ítalo-americano durão. Em 1968, Dion já estava em sua encarnação de cantor-compositor maduro.

Dion acertou na mosca com um tributo a três grandes personagens da história americana mortos a bala: os presidentes Abraham Lincoln (em 1865) e John Kennedy, e o líder negro Martin Luther King (em abril de 1968).

O vídeo acima é da apresentação de Dion no programa “The Smothers Brothers Show”. A música “Abraham, Martin and John” também fez sucesso em 1969 na voz peculiar da comediante negra Moms Mabley.

5- The Rolling Stones â€?“Sympathy for the Devil” (1968)

Em 1968, depois de férias no Brasil, Mick Jagger e Keith Richards compuseram este rock-samba. Na letra, Jagger decidiu colocar Satanás como narrador, orgulhando-se de sua influência em guerras e tragédias ao longo da história.

O verso “Eu gritei ‘quem matou Kennedy?’ ” estava pronto quando Robert Kennedy, irmão mais novo de John, também foi assassinado em junho de 1968 quando fazia campanha para ser indicado como candidato a presidente pelo Partido Democrata.

Jagger optou pela saída mais fácil possível e modificou o verso para “Eu gritei ‘quem matou OS Kennedys?’ “.

O vídeo é do especial de TV “Rock and Roll Circus”, gravado em 1968 e engavetado até seu lançamento em videocassete em 1996.

6- The Misfits â€?“Bullet” (1978)

Muito antes de ser mais conhecida pelas camisetas fashion usadas por aí até por quem não faz ideia de que é The Misfits, a banda fez um punk-rock sinistro e potente entre 1977 e 1983. Seu segundo compacto, lançado em 1978, foi “Bullet”, com letra que remete ao assassinato de Kennedy â€?e que não faz muita cerimônia para emplacar referências sexualmente sugestivas para Jacqueline Kennedy, que estava ao lado do presidente no carro aberto.

O vídeo acima é uma animação baseada em imagens do dia fatídico em Dallas.

7- Lou Reed – “The Day John Kennedy Died” (ao vivo, 2003)

Lou Reed compôs uma crônica sobre John Kennedy e pessoas comuns no dia do assassinato. A versão original saiu em 1982, no álbum “The Blue Mask”. A versão acima foi gravada ao vivo em Los Angeles em 2003 e lançada no álbum “Animal Serenade”, de 2004.

Na letra, Reed cita um jogo de futebol americano sendo exibido na TV. Houve quem contestasse que não ocorreu qualquer partida naquele dia. Mas o poeta se justificou dizendo que era assim que sua memória guardava o 22 de novembro de 1963.

8- XTC – “The Ballad of Peter Pumpkinhead” (1992)

O grupo inglês de pop-rock alternativo XTC montou o videoclipe de sua música “The Ballad of Peter Pumpkinhead” com referências a John Kennedy e seu fim trágico. Até mesmo uma sósia de Marilyn Monroe marca presença. A canção é do álbum “Nonsuch”, de 1992.

9- Lana Del Rey – “National Anthem” (2012)

Para “National Anthem”, música de seu segundo álbum “Born to Die”, a cantora americana Lana Del Rey também se inspirou em JFK para o videoclipe. E ela interpreta tanto Marilyn Monroe (com cabelo escuro!) cantando “Happy Birthday Mr. President” quanto a primeira-dama Jacqueline Kennedy.

10- Bob Dylan â€?“Murder Must Foul” (2020)

Em plena pandemia de Covid-19, Bob Dylan �já com um Prêmio Nobel de Literatura em sua estante �saiu da toca depois de três anos e lançou a solene e longa (praticamente 17 minutos) ode a John Kennedy que também buscava refletir sobre os efeitos e reflexos do assassinato sobre a história e a sociedade dos Estados Unidos em todos os anos que se seguiram.

Pouco depois de seu lançamento isolado, “Murder Must Foul” (expressão tirada da peça “Hamlet”, de William Shakespeare) foi incluída no álbum “Rough and Rowdy Ways”.

PS: bandas nada lisonjeiras

JFK e seu assassinato inspiraram os nomes de pelo menos duas bandas de rock alternativo �ambas optando por ir contra a maré de tributo respeitoso ao presidente.

A mais famosa é Dead Kennedys, glória californiana do punk americano liderada pelo vocalista Jello Biafra. “Kennedys mortos” pode se referir tanto aos assassinados John e Robert, como a vários outros membros da família vitimados por uma suposta “maldição dos Kennedy” â€?como o pai deles, Joseph Kennedy (ex-traficante de bebidas na Lei Seca e ex-embaixador americano no Reino Unido), e o irmão mais velho de JFK, Joseph Jr.,que morreu na Segunda Guerra Mundial antes que pudesse se tornar o político que o patriarca planejava.

Outra é bem menos conhecida e homenageia o assassino de JFK: The Lee Harvey Oswald Band. É uma banda alternativa de Chicago que lançou apenas dois álbuns e um EP entre 1989 e 1996. Fez um EP temporão em 2016.

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??? £»??????£»??????? //emiaow553.com/10-momentos-de-lou-reed-nos-10-anos-de-sua-morte/ Fri, 27 Oct 2023 18:10:24 +0000 /?p=528821 Há exatos 10 anos, morria um dos percursores do rock mundial. Relembre a discografia do artista nesta nova coluna exclusiva de Marcelo Orozco para o Giz Brasil

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A morte de Lou Reed completa dez anos neste 27 de outubro. Um dos maiores criadores do rock padeceu por problemas decorrentes do fígado (ele sobreviveu por seis meses com um órgão transplantado em cirurgia de emergência) aos 71 anos em sua casa em Long Island, Nova York.

Lou Reed foi múltiplo em sua carreira. Seu amor às palavras e à observação de personagens rendeu letras de qualidade que fugiam ao lugar comum. Ele aspirava ser uma espécie de Dostoiévski do rock.

“Não existe razão para buscar coisas autobiográficas em mim porque sou um escritor e um músico”, disse Reed numa entrevista em 1989 e reproduzida logo na abertura do prefácio da nova biografia “Lou Reed: The King of New York”, de Will Hermes, que vem sendo elogiada pela mídia especializada americana como o mais completo e abrangente livro sobre o artista.

Melhor mesmo que ele não fosse autobiográfico e confessional. Vários relatos nos livros sobre Reed formam o retrato de uma pessoa insuportável, ranzinza, traíra, sem paciência, rude, cruel e outros adjetivos desabonadores. Felizmente, sua obra é maior e melhor que isso.

As letras narrativas (cantadas com o típico jeito quase falado de Lou) se sustentavam com o amor ao som da guitarra e ao rock de apenas dois, três ou quatro acordes. Simplicidade que rendia composições que pareciam bem mais complexas.

Outra paixão era a guitarra cheia de distorção, causando ruídos ensurdecedores e fora de controle com sua banda The Velvet Underground nos anos 1960 ou obtendo um controle de volume e tom controlado em sua carreira solo a partir dos anos 1980.

Ao mesmo tempo, era capaz de compor canções doces e delicadas como “Sunday Morning” (cuja letra na verdade trata de paranoiaâ€?, “Femme Fatale”, “Who Loves the Sun” ou “Perfect Day”, entre muitas outras.

Outro fator de impacto de Lou era o visual. O uso de jaqueta de couro preto (com jeans ou calça igualmente de couro preto) foi sua marca registrada. Mas houve a fase andrógina e a de réptil à beira da morte por inanição nos anos 1970, igualmente marcantes. Além do aspecto professoral, com direito a óculos, da fase madura.

A soma de letras sem clichês e com temas tortos, som, ruído e doçura, e looks foi muito influente na história do rock.

O Velvet Underground vendeu um pequeno punhadinho de LPs enquanto existiu entre 1965 e 1970 (houve um apêndice do grupo que foi liderado pelo baixista não-fundador Doug Yule até 1973, mas essa fase merece ser solenemente ignorada). Mas acabou sendo muito influente nos anos seguintes.

David Bowie, nos anos 1970, foi o primeiro a explicitar a influência de Reed. Depois vieram os punks, os pós-punks e, desde os anos 1980, uma enorme quantidade de bandas e artistas solo do rock alternativo exercitam as lições que aprenderam com o Velvet Underground e com Lou Reed.

Neste décimo ano sem Lou, eis alguns momentos curiosos disponíveis no YouTube.

1- The Velvet Underground – “Heroin”

A banda de Reed foi pouquíssimo registrada em filme ou vídeo. O documentário “The Velvet Underground”, lançado em 2021 na plataforma Apple TV+, é praticamente um milagre de edição. A inexistência de shows inteiros ou clipes é de se lamentar, mas felizmente há os registros filmados pelo artista plástico Andy Warhol.

Fundado em Nova York em 1965, o Velvet Underground foi apadrinhado pelo já famoso Warhol no fim daquele mesmo ano. Ele pretendia manter o grupo como o elemento musical de seu mundo de pop-art.

Em 1966, Warhol fez “A Symphony of Sound”, um de seus vários “filmes instantâneos”, aproveitando um ensaio da banda (com a agregada cantora/modelo alemã Nico) no Factory, o enorme estúdio de arte e performances do artista plástico em Nova York.

O álbum de estreia do Velvet já estava prontinho e engavetado na gravadora. Só sairia em 1967. Uma das músicas de maior impacto era “Heroin”, em que Reed encarna um viciado em heroína sem melodramas nem arrependimentos. Uma canção que representava para o rock o mesmo que o livro “Junky”, do escritor beat William Burroughs.

Para quem tiver uma horinha disponível, abaixo está o filme “A Symphony of Sound” inteiro.

2 – Lou Reed – “Sweet Jane” (ao vivo no Olympia, Paris, 1974)

Depois do sucesso enorme do LP “Transformer”, de 1972 (que tinha os clássicos “Walk on the Wild Side” e “Vicious”), um Lou Reed loiro platinado viveu sua fase “Rock & Roll Animal”, acompanhado por uma banda mais puxada para o hard rock. Aqui ele revisita uma de suas composições favoritas, que fez parte do quarto e último álbum do Velvet Underground, “Loaded” (1970).

3- Lou Reed – “Metal Machine Music (Official Audio Excerpt)”

Pode ter sido consequência de excesso de drogas e álcool (lembre-se: ele morreu por causa do fígado) ou apenas um exercício do humor perverso de Lou. Mas o álbum duplo “Metal Machine Music” entrou para a história do rock como o mais inaudível de todos os tempos. E, diz a lenda, recordista de devoluções quando foi lançado em 1975.

Eram apenas quatro faixas, uma por lado de LP, que traziam apenas microfonias e variações de frequência da guitarra amplificada de Reed. Nenhum ritmo, nenhum acompanhamento, nenhuma nota tocada, nada de vocais. Só ruído eletrônico.

Como Lou ainda estava vendendo bem com seus LPs anteriores, a gravadora RCA embarcou na aventura e até lançou a obra em seu selo de música clássica. Alguns fãs extremados juram que o álbum é bom, apenas mal compreendido.

O clipe acima é apenas uma breve amostra para você saber de que se trata.

5- Lou Reed – “Street Hassle” (Ao vivo em Florença, 1980)

Numa apresentação na Itália em junho de 1980, Lou traz a música-título de seu álbum lançado dois anos antes. Uma composição em três “movimentos” â€?ou “capítulos”, como é mais adequado ao artista. A versão original do LP tinha participação de Bruce Springsteen recitando um trecho da história.

6- Lou Reed – “Women (Official Video)”

A “Era MTV” que começou em 1981 praticamente obrigou todos os artistas pop a fazer videoclipes para se destacar no canal de TV especializado em música. Lou entrou na brincadeira com este clipe de “Women”, uma das faixas mais domesticadas de seu brutal álbum “The Blue Mask”, de 1982.

Na letra, o homem que teve uma união estável com uma mulher trans nos anos 1970 declara seu amor às mulheres, inspirado pela então esposa Silvia Morales, nascida mulher mesmo.

8- Lou Reed – “Walk on the Wild Side” (Ao vivo no The Bottom Line, Nova York, 1983)

O vídeo “A Night with Lou Reed” traz uma apresentação completa de Reed na casa de shows The Bottom Line, em Nova York, em 1983. Nesta fase, ele havia retomado o formato de quarteto com duas guitarras, baixo e bateria que fez a glória do Velvet Underground. Aqui temos Lou cantando seu maior hit “Walk on the Wild Side”, grande sucesso mundial de 1972.

9- Lou Reed – “I Love You, Suzanne (Official Video)”

Reed se empolgou tanto em fazer videoclipes para a MTV que exagerou neste para a faixa do álbum “New Sensations”, de 1984. O “Lou Reed” dançarino acrobático durante o solo é tão convincente quanto os bonecos de pano que tomam tombos no lugar dos Três Patetas nas comédias toscas do trio humorístico nos anos 1930.

Por associação, vale este bônus com Lou Reed fantasiado de galinha no clipe de “Modern Dance”, do álbum “Ecstasy” (2000).

10- Lou Reed – “Jealous Guy” (ao vivo, 2001)

Desde os anos 1960 até perto de morrer, Lou Reed nunca manifestou muita simpatia pelos Beatles e sua música. Então é bem curioso ver o rabugento cantando “Jealous Guy”, música de 1971 de John Lennon, no evento “Come Together: A Night for John Lennon’s Words and Music”, em outubro de 2001.

BÔNUS: “New York” (show do álbum completo, 1989)

Tem 48 minutos para ficar assistindo? Então aproveite este vídeo com o show em que Lou Reed apresenta na íntegra seu álbum “New York” com a mesma sequência de músicas do disco. Novamente com quarteto de duas guitarras, Lou teve em “New York” o mais sério candidato a melhor LP de sua carreira solo.

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????? ¡¾????¡¿ ???? ??? ??£»?????? //emiaow553.com/os-tesouros-de-erasmo-carlos/ Tue, 22 Nov 2022 23:24:45 +0000 /?p=451742 O Tremendão ou Gigante Gentil se foi aos 81 anos. O parceiro do Rei se lançou em voos diferentes em sua carreira solo que garantiram seu lugar como grande personagem da música brasileira. Lembramos pérolas pop e ousadias do enorme Erasmo

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Até dói no coração escrever novamente sobre uma pessoa gigantesca da música brasileira em tão pouco tempo depois da morte de Gal Costa. Agora foi Erasmo Carlos, parceiro de composições de Roberto Carlos e um artista-solo imenso que se safou de viver à sombra do amigo.

Morreu aos 81 anos nesta terça (22/11) no Rio de Janeiro. Uma semana depois de ganhar um Grammy Latino por seu último álbum, lançado no começo do ano.

Encerra-se a trajetória daquele adolescente Erasmo Esteves que foi convertido ao rock’n’roll e a Elvis Presley em meados dos anos 1950. Que se reuniu com outros garotos do bairro carioca da Tijuca, no Rio de Janeiro, que atendiam pelos nomes de Roberto Carlos, Tim Maia e Jorge Ben para tocar a música que adoravam.

O alto e forte Erasmo que virou cantor da banda Renato e Seus Blue Caps e lançou álbum em 1963. Que começou a compor intensamente com o amigão Roberto quando este iniciou para valer sua carreira pop-rock que pouco depois foi batizada de Jovem Guarda, graças ao programa da TV Record (1965-1968) no qual Roberto Carlos era apresentador e Erasmo e Wanderléa eram apresentadores coadjuvantes.

Uma parceria que fez Erasmo Esteves virar Erasmo Carlos porque o agitador cultural Carlos Imperial achava que era legal ele ter o mesmo “sobrenome” que seu co-compositor. E assim Erasmo iniciou sua carreira individual de cantor como Erasmo Carlos.

A história é longa. E recomenda-se a autobiografia “Minha Fama de Mau” para quem quiser saber mais. Por aqui, vamos apenas selecionar músicas do cantor Erasmo Carlos dignas de guardar para ouvir sempre que se quiser saber quem ele foi.

– Festa de Arromba (1965)

O primeiro megahit de Erasmo. Um rock típico da Jovem Guarda, aceleradinho e leve nos instrumentos. Ao citar quase todos os nomes do universo em torno do programa “Jovem Guarda”, Erasmo criou uma divertida coluna social semelhante às de revistas de fofocas da época. Moderno, pop, autorreferente. Uma letra completamente diferente do que vigorava até então nas rádios brasileiras.

– A Pescaria (1965)

A música-título do álbum de estreia de Erasmo. Um ritmo relaxado caribenho malandro que lembrava o cantor Harry Belafonte. Com uma letra que parecia piada. “Mas os peixes não querem cooperar / se eu não pescar nenhum, com que cara vou ficar?” Na década de 1970, foi resgatada numa propaganda dos cigarros Continental, muito populares na época.

– Beatlemania (1965)

Outra faixa hilária do álbum de estreia. Erasmo promete: “Vou acabar com a beatlemania”. A razão: o benzinho dele só presta atenção nos Beatles. O machão que Erasmo encarnava nesse período inicial chama os rapazes de Liverpool para uma briga: “Podem vir todos quatro, eu não temo ninguém”. Um solo ao estilo Chuck Berry eleva a faixa, cujo vocal de Erasmo parece gravado num banheiro no fim do andar.

– Minha Fama de Mau (1965)

A marca registrada de Erasmo, que batizou sua autobiografia. Novamente o “machão” banca o durão com a namorada. Mas você sabe muito bem que a pose será desmontada pela moça e a suposta misoginia não existe de verdade.

– É Duro Ser Estátua (1966)

Um rock ié-ié-ié acelerado como de costume na Jovem Guarda que é uma obra-prima de humor de Erasmo, que se imagina como uma estátua de praça louco por causa do monte de “brotos” (garotas, para pessoas que não viveram a época) que passam por sua frente. O verso “Pombos na cabeça, o frio é de doer, na outra encarnação gente eu quero ser” é maravilhoso. Faz parte do álbum “Você Me Acende”.

– Gatinha Manhosa (1966)

Uma baladinha supostamente romântica embalada pelo som de órgão típico da Jovem Guarda. O “supostamente romântica” se deve às sugestões mais sensuais de possessividade e dominação que a letra sugere.

– O Caderninho (1967)

“Eu queria ser o seu caderninho pra poder ficar juntinho de você”… Parece pueril, mas fez muito sucesso quando lançado. E seguia a escola temática meio suspeita aos olhos de hoje perpetrada pelo blues “Good Morning, Little Schoolgirl”, dos anos 1940.

– Vem Quente Que Eu Estou Fervendo (1967)

Outra música-tema do Erasmo durão dos anos 1960, parte do álbum “O Tremendão”. Um rock Jovem Guarda com acordes tensos que funcionaram.

– Nunca Mais Vou Fazer Você Sofrer (1968)

Do álbum “Erasmo”. Um intenso soul apaixonado, pontuado por arranjos de cordas que dão mais dramaticidade.

– Para o Diabo os Conselhos de Vocês (1968)

Um rock “sinistro” e revoltado com o mundo marcado por uma guitarra distorcida que, como era de praxe nos estúdios brasileiros de então, soa como um mosquito. Mas a tentativa de fazer algo mais rebelde que já antecipava o que viria (ex.: Black Sabbath, bem melhor gravado) é válida.

– Sentado à Beira do Caminho (1970)

É difícil não achar que esta faixa do álbum “Erasmo Carlos e Os Tremendões” seja a maior obra de Erasmo em sua carreira. Uma balada triste de separação, apreensão pelo futuro e desejo de reagir e se recompor para a vida. Tudo isso levado pelo simbólico órgão da Jovem Guarda, agora muito mais sensível aos sentimentos de um adulto.

A fase era difícil. Após o fim do programa “Jovem Guarda” da TV Record em 1968, Erasmo sentiu-se sem rumo na vida. Desse dilema saiu esta joia eterna.

– Coqueiro Verde (1970)

O parceiro de Roberto no dito ié-ié-ié brasileiro faz um samba moderno, bem-humorado e delicioso. O Erasmo fase adulta e independente nascia.

– Vou Ficar Nu Para Chamar Sua Atenção (1970)

A melodia até lembra a de “Sentado à Beira do Caminho”, mas esta canção está mais para provocação sensual que funciona muito bem.

– De Noite na Cama (1971)

Faixa de abertura do álbum “Carlos, Erasmoâ€?#8221;, composta por Caetano Veloso, era uma batucada de cozinha para todo mundo cantar junto que consolidava a nova fase homem adulto do cantor.

– É Preciso Dar um Jeito, Meu Amigo (1971)

No mesmo álbum, um rock soturno, às vezes psicodélico, com crescimentos do arranjo nas passagens entre as estrofes, com toques de violinos e solo de saxofone. Nos anos 1990, continuaria parecendo moderna. E não no Brasil, mas no Reino Unido.

– Agora Ninguém Chora Mais (1971)

Erasmo transforma a levada de samba de Jorge Ben, lançada seis ou sete anos antes, num hino com arranjo rock-soul pesadinho.

– Maria Joana (1971)

Uma batucada em transe com um título que nem precisa de maiores explicações. Isso num momento em que a repressão de tudo pela ditadura militar do presidente-general Emílio Garrastazu Médici tocava o terror no país. É até espantoso que a música tenha ido às lojas.

– Sou uma Criança, Não Entendo Nada (1974)

No LP “1990 – Projeto Salva Terra!”, uma faixa com um som que lembrava muito o que o ex-beatle George Harrison produzia então. Esta música pegou, especialmente por causa do mantra que é o título da canção.

– Cachaça Mecânica (1974)

Um samba lento e recitativo com uma estrutura muito semelhante à de “Construção”, de Chico Buarque. Não é plágio. É outra forma de lidar com o modelo. Se na canção anterior um trabalhador da construção civil despenca na rua e atrapalha o tráfego, nesta de Erasmo um enlouquecido entupido de cachaça morre pisoteado num Carnaval. “Morreu de samba, de cachaça e de folia”, reflete o existencialista Erasmo.

– Filho Único (1976)

A faixa de abertura do LP “Banda dos Contentes” foi sucesso no ano seguinte ao ser incluída na trilha sonora da novela da Globo “Locomotivas”. Mas é mais uma bela reflexão das dores do crescimento como era a já citada “Sou uma Criança, Não Entendo Nada”.

– Paralelas (1976)

Uma inesperada interpretação sóbria e intimista da composição de Belchior que se tornou o maior clássico dos programas de calouros de TV. Não por causa da versão de Erasmo, mas da de Vanusa, lançada na mesma época. A gravação de Erasmo supera de longe as de Belchior e Vanusa,

– Panorama Ecológico (1978)

A primeira faixa do LP “Pelas Esquinas de Ipanema” fez algum sucesso quando lançada e depois acabou esquecida. Um protesto ecológico de Erasmo num rock suave típico dos anos 1970. Que demonstra as preocupações com meio ambiente e sociedade que o artista mantinha.

– Pega na Mentira (1981)

Erasmo ensaiou uma guinada para sua persona puro pop de rádio com o álbum “Erasmo Carlos Convida”, de 1980, em que ele fazia duetos com convidados. Logo depois, lançou esta música que foi um dos mais pegajosos sucessos nacionais, com versos como “Zico tá no Vascoâ€?Com Pelé”. Antecipando fake news em cerca de 40 anos.

– Mulher (Sexo Frágil) (1981)

O álbum “Mulher” era nitidamente inspirado no “Double Fantasy” que John Lennon lançou dois meses antes de sua morte em parceria com a esposa Yoko Ono em 1980. Erasmo não teve a esposa Narinha como parceira (a não ser na foto da capa), mas encarnou a ideia de um artista maduro, na meia-idade, que abandonava de vez aquele machão durão dos anos 1960. Com sensibilidade, Erasmo demonstra nesta canção uma dedicação e respeito às mulheres.

– Mesmo Que Seja Eu (1982)

Do álbum “Amar pra Viver ou Morrer de Amor”, é uma balada-rock tocante em que o narrador tenta despertar o alvo de seus afetos de suas fantasias para viver um amor real com alguém mais, digamos, comum e humano. O verso “Sei que você fez os seus castelos / que sonhou ser salva do dragão / desilusão, meu bem / quando acordou estava sem ninguém” é impressionante.

– Close (1984)

Do LP “Buraco Negro”, um sucesso que quase atingiu os níveis de “Pega na Mentira”. Era uma canção pop dedicada a Roberta Close, a estrela trans que foi capa da revista “Playboy” e dominou o imaginário brasileiro naquele ano. O problema é que a música gerou uma indústria de fofocas sobre uma possível relação sexual entre Erasmo e Roberta que provocou uma suposta tentativa de suicídio da esposa dele, Narinha.

– Jogo Sujo (2009)

Erasmo seguiu lançando trabalhos depois de 1984, mas impacto mesmo ele só veio a causar com seu álbum de sexagenário Rock’n’Roll. Não que tenha sido grande sucesso, mas foi muito elogiado. Com merecimento. Esta faixa de abertura é um imponente e sóbrio rock de adulto, com arranjo seco e honesto e uma guitarra com distorção fuzz que até remete ao rock de garagem dos anos 1960.

– Além do Horizonte (2014)

Do álbum “Gigante Gentil”, é uma releitura de Erasmo para sua composição com Roberto Carlos que virou clássico assim que saiu em 1975 na voz do amigo. O arranjo rock é ousado.

– A Volta (2022)

A composição de Roberto & Erasmo para a dupla Os Vips nos tempos da Jovem Guarda. No século 21, Roberto resgatou a música para uma trilha sonora de novela numa versão mais próxima aos anos 1960 no arranjo. Mas Erasmo preferiu realizar uma versão mais rock dos anos 1980 em seu último álbum, “O Futuro Pertence à Jovem Guarda”, lançado no começo de 2022 e premiado com o Grammy Latino de Melhor Rock em Português.

– Bônus: Roberto

Uma amizade de mais de 60 anos não é algo desprezível. E os dois maiores tributos de Roberto Carlos ao “irmão” deixam claro a profundidade desse elo afetivo.

Parece incrível hoje, mas Roberto e Erasmo brigaram e se distanciaram por volta de 1966-67. O rompimento foi sério e Roberto assinou sozinho todas as suas composições do LP “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura”. Eles tiveram por anos um acordo à moda de Lennon & McCartney, em que qualquer música feita por apenas um era creditada à dupla.

No álbum seguinte de Roberto, “O Inimitável”, o Rei (já voltando a se entender com o amigão), abriu o coração na faixa “As Canções Que Você Fez Pra Mim”, em que deixava explícito o buraco emocional que a ausência do parceiro lhe deixou: “Ficaram as canções e você não ficou”. Ou “Pois sem você meu mundo é diferente, minha alegria é triste”.

Em 1977, Roberto compôs e gravou “Amigo”, um clássico instantâneo até hoje. No tradicional programa de fim de ano de RC na Globo, ele dedica a canção a Erasmo, que parece pego de surpresa na tela, como se não soubesse da existência da música.

Atuação ou surpresa de verdade. o abraço com emoção pura e muitas lágrimas de Erasmo e Roberto no fim da música é a imagem mais perfeita de todos esses programas do Rei na Globo. E talvez a imagem mais perfeita do que foi Erasmo Carlos, o Gigante Gentil.

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