???? ???? ???? ??? ?? / Vida digital para pessoas Fri, 06 Sep 2024 14:36:29 +0000 pt-BR hourly 1 //wordpress.org/?v=6.6 //emiaow553.com/wp-content/blogs.dir/8/files/2020/12/cropped-gizmodo-logo-256-32x32.png ?????? ????????, ?????????? / 32 32 ????????????,????????? //emiaow553.com/clima-seco-75-cidades-brasileiras-estao-sem-chuva-ha-mais-de-cem-dias/ Thu, 05 Sep 2024 17:23:08 +0000 //emiaow553.com/?p=591174 Além das capitais, a situação é particularmente preocupante em algumas cidades do Norte, Sudeste e Centro-oeste

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O Brasil enfrenta uma grave crise hídrica, com 75 cidades sem chuva há mais de 100 dias, afetando mais de 12 milhões de pessoas.

Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a crise atinge capitais como Palmas, Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte, com algumas cidades sem chuva há mais de 150 dias. Nesta sexta-feira (6), Belo Horizonte chega a marca de 141 dias sem chuva.

A situação é particularmente preocupante em algumas cidades do Norte, Sudeste e Centro-oeste, como Santa Isabel do Rio Negro (Amazonas), Canápolis (Minas Gerais) e Apiacás (Mato Grosso), que já estão sem chuva há mais de 10 meses.

A falta de chuva nessas cidades destaca uma mudança climática que pode tornar regiões amenas em lugares áridos. Em Belo Horizonte, a falta de chuva e o tempo seco trouxe uma enorme névoa sobre cidades da região metropolitana da capital mineira.

Névoa em várias partes de Belo Horizonte, há mais de 140 dias sem chuva

Névoa encobrindo várias regiões de Belo Horizonte entre quinta-feira (5) e sexta-feira (6). Imagem: Giz Brasil

Cidades mineiras sem chuva há mais de 150 dias

Segundo a lista do Inmet, Pompeu, na região central de Minas Gerais, é a cidade com mais dias sem chuvas, passando por uma estiagem de 155 dias.

Aliás, o Top 10 é composto por cidades do norte de Minas Gerais, com destaque para Montes Claros, maior cidade da região que faz parte do semi-árido, que está há 152 dias sem chuva.

O cenário no triângulo mineiro é preocupante, pois representa uma mudança de vegetação no bioma, causado pelas queimadas que afetaram o Pantanal, além da longa estiagem. Em Uberaba, não chove há mais de 140 dias.

Assim como em MG, cidades de São Paulo próximas do cerrado, como Jales e Lins, estão há mais de 100 dias sem chuva. Similarmente, na região baiana próxima ao cerrado, as cidades estão há mais de 130 dias sem chuva.

 

Mapa mostra cidades com mais dias sem chuva

Mapa mostra quantidade de dias consecutivos sem chuva em cidades do Brasil nos últimos meses. Imagem: Cemaden/Divulgação

Cidades sem chuva + incêndios: tragédia anunciada

Esta é a pior seca desde 1950, com 24 estados e o Distrito Federal combatendo incêndios florestais e várias cidades sem chuva há meses.

“Olhando o país como um todo, a seca de 2024 já é a mais extensiva da história recente? afirma Ana Paula Cunha, pesquisadora e especialista em secas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

O Cemaden avalia mensalmente a condição de seca por meio do Índice Integrado, que considera déficit de chuvas, de umidade do solo e a secura da vegetação. “Quanto mais distante do normal estão essas três variáveis, maior é a intensidade da seca? explica Cunha.

Aliás, nas últimas 30 horas, foram registrados mais de nove mil focos de incêndio, incluindo 500 em Minas Gerais. Em Brasília, um incêndio já consumiu 40% da Floresta Nacional e atingiu duas nascentes importantes.

Escolas suspenderam aulas no Acre devido à fumaça, o Ibama realiza operações de resgate de peixes no Tocantins e incêndios devastam reservas em Rondônia.

Além disso, a seca impacta diretamente a economia, com a Aneel anunciando a bandeira tarifária vermelha nível 2 para setembro, encarecendo a conta de luz.

Cidades sem chuva contribuem para uma menor geração de energia hidrelétrica, resultando, assim, no uso de termelétricas mais caras.

Essa é a primeira vez desde agosto de 2021 que a Aneel aciona a bandeira vermelha, refletindo, portanto, a gravidade da crise atual.

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??? ???? ?????????, ???? //emiaow553.com/chuva-no-saara-sera-500-maior-que-o-normal-e-alerta-especialistas-em-clima/ Thu, 29 Aug 2024 21:48:33 +0000 //emiaow553.com/?p=589289 Anomalia climática: deserto do Saara terá evento raro de chuva intensa este ano

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Nas próximas duas semanas, grande parte deserto do Saara, no norte da África, irá enfrentar chuvas de mais de 500% da precipitação mensal normal nos meses de agosto e setembro. O ocorrido é considerado uma anomalia, visto que os eventos de chuva intensa por lá são raros.

Com pouca ou nenhuma precipitação anual – de menos de 25 mm em mais da metade do deserto –, a média mensal de chuva no Saara para agosto é praticamente nula, com pouca quantidade mais ao sul.

Nos últimos 53 anos, apenas 4 deles tiveram uma anomalia como essa – ou seja, em média uma por década. Já em setembro, apenas um evento forte ocorreu nesse período (em 1994).

Por que vai chover no Saara este ano?

A mudança no fim do verão no Saara é um efeito da ação da Zona de Convergência Intertropical. O forte cinturão tropical é uma faixa de nuvens, chuvas e tempestades que se espalha pelo Equador. Isso acontece porque os ventos alísios de ambos os hemisférios se encontram, criando um movimento ascendente, gerando nuvens e chuva.

A ZICT afeta o clima e o tempo em países tropicais, além de desempenhar um papel importante no sistema climático global, podendo impactar na formação de tempestades. Mas, desde junho, ela ​​tem se deslocado muito mais para o norte do que o normal. Como resultado, pode mudar os padrões climáticos sobre a região, trazendo eventos raros de chuva para o interior do deserto do Saara.

Deserto do Saara já foi uma região verde

O lugar mais seco da Terra, o Deserto do Saara é o maior e mais quente deserto do mundo, com mais de 9,2 milhões de km². O local é quente e seco porque está sob a crista subtropical, um sistema permanente de alta pressão. Ela faz com que o ar desça, prevenindo a formação de nuvens e precipitação.

Mas isso nem sempre foi assim. Há milhares de anos, o Saara era uma região verde com lagos, rios e vegetação exuberante. Mas, mudanças na órbita da Terra, e consequentemente nos padrões climáticos, o transformaram em uma das terras mais secas da Terra.

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???????????????????????? //emiaow553.com/chuvas-nao-dao-tregua-confira-o-clima-em-junho-para-todo-brasil/ Mon, 27 May 2024 14:23:16 +0000 //emiaow553.com/?p=572765 Previsão do clima em junho do Inmet indica chuva acima da média no Norte e Nordeste do país e temperaturas acima da média no Brasil todo

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Embora o outono seja uma estação de característica seca, os padrões de chuva desse período estão fora do comum em 2024. Depois da região Sul sofrer com precipitação muito acima da média no mês de maio, o clima em junho chega com previsão de chuvas acima da média em outras áreas do país.

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Veja a previsão do clima em junho

De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a faixa norte dos estados da região Norte brasileira e parte do Nordeste terão médias de chuva acima do comum para este período, como mostra a imagem abaixo.

Chuvas não dão trégua: confira o clima em junho para todo Brasil

(Imagem: Inmet/ Reprodução)

No mapa, é possível observar que os estados mais afetados por precipitações acima da média de outono são Roraima, Amapá e as porções norte do Amazonas e do Pará. No Nordeste, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e a parte leste da Bahia também enfrentarão mais chuva que o normal para a época.

Além disso, haverá mudança no padrão de precipitação em áreas pontuais do Maranhão, Piauí e Ceará. De acordo com o Inmet, essa alteração no padrão acontece associada ao aquecimento do Atlântico Tropical.

Enquanto isso, a região central do país passará por um mês com poucas chuvas, o que já é comum para o período.

Temperatura acima da média

Ainda de acordo com a previsão do Inmet para o clima em junho, a estimativa de temperatura para o mês supera a média comum para essa época do ano. A tendência é que os termômetros fiquem acima do esperado em todo o país, mas de maneira mais acentuada na região central, devido à redução das chuvas.

Assim, no Centro-Oeste e Sudeste o termômetro deve ter sua média entre 20ºC e 24ºC, enquanto nos estados do Norte e Nordeste as temperaturas podem ultrapassar 26ºC. Já na região Sul, o Inmet prevê médias menores, abaixo de 20ºC, comum para o outono.

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??? ?? ????? ??? ????? ?? //emiaow553.com/rs-recebera-105-mil-doses-adicionais-de-vacinas-ate-segunda/ Tue, 14 May 2024 16:13:48 +0000 //emiaow553.com/?p=570408 Ministério da Saúde já havia enviado 200 mil doses extras

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Texto: Alana Gandra/Agência Brasil

Até essa segunda-feira (13), o Ministério da Saúde enviará para a população gaúcha mais 105 mil doses emergenciais de vacinas, além das 926 mil que já estavam previstas na rotina de entrega ao estado, visando ampliar o acesso à saúde e garantir assistência à população afetada pelas enchentes dos últimos dias. No dia 5 deste mês, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a pasta enviou para o Rio Grande do Sul 200 mil doses das vacinas contra tétano, difteria, hepatites A e B, coqueluche, meningite, rotavírus, sarampo, caxumba, rubéola, raiva e picadas de animais. Não há registro de desabastecimento de nenhuma vacina no estado, segundo o ministério.

O diretor do PNI, Eder Gatti, informou que o governo federal está disponibilizando recursos e promovendo a reposição dos estoques perdidos com as enchentes, não apenas de vacinas, mas também da rede de frio para seu armazenamento. “Esta semana, estamos enviando por via terrestre mais 200 caixas térmicas de alta qualidade, além de 4,8 mil bobinas de resfriamento? disse Gatti.

Farmácia Popular

Ontem (11), o Ministério da Saúde flexibilizou a retirada de medicamentos pelo programa Farmácia Popular no Rio Grande do Sul. Com essa medida, fica dispensada a apresentação dos documentos oficiais com foto, Cadastro de Pessoa Física (CPF) e receita ou prescrição médica para acessar medicamentos para tratamento de asma, hipertensão e diabetes.

No âmbito do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, os cidadãos poderão manter também seus tratamentos por seis meses sem necessidade de renovar as receitas, contanto que a dose e o tipo do medicamento permaneçam os mesmos. O ministério determinou ainda que as pessoas que perderam medicamentos no intervalo de até dois meses antes do reconhecimento oficial da calamidade poderão solicitar uma nova retirada.

Hospital de Campanha

O Hospital de Campanha do Ministério da Saúde em Canoas (RS) superou a marca de mil atendimentos realizados. A unidade foi montada para o socorro emergencial das pessoas atingidas pelas enchentes e conta com 134 profissionais da saúde de diversas áreas. O balanço mais recente da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) revela que foram efetuados 786 atendimentos na unidade médica; 293 atendimentos volantes; e 21 atendimentos aeromédicos, totalizando 1,1 mil atendimentos.

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?????? ???? ???? ??? ???????? //emiaow553.com/area-no-norte-de-minas-gerais-esta-no-periodo-mais-seco-dos-ultimos-sete-seculos/ Sun, 12 May 2024 23:15:27 +0000 //emiaow553.com/?p=568806 Conclusão decorre de análise da composição química de rochas de caverna no município de Januária, na bacia do São Francisco

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Texto: Marcos Pivetta/Revista Pesquisa Fapesp

A composição química de duas formações rochosas compridas e de superfície arredondada (estalagmites) encontradas no piso da Caverna da Onça, no vale do Peruaçu, um tributário do rio São Francisco, sugere que o norte de Minas Gerais enfrenta atualmente sua época mais seca dos últimos 720 anos. Um estudo coordenado por geólogos reconstituiu o clima do passado na região por meio da análise de isótopos (formas) de oxigênio e carbono obtidos de amostras desse par de estalagmites. A água que goteja do teto da gruta é rica em cálcio e carbonato e dá origem às formações, as estalagmites.

A partir da proporção dos diferentes isótopos armazenados nas rochas, é possível inferir parâmetros do clima de centenas e até milhares de anos atrás, como volume de chuvas e evaporação (esse último parâmetro é diretamente influenciado pelo aumento de temperatura). Foi isso que, inicialmente, os pesquisadores fizeram. Em seguida, compararam os dados mais antigos com registros meteorológicos e climatológicos de localidades vizinhas à caverna e concluíram que, desde os anos 1970, a área enfrenta uma crescente aridez. Entre 1979 e 2016, a cada década, as chuvas totais reduziram-se em 7%, cerca de 70 milímetros (mm), a evapotranspiração aumentou 18% (125 mm), e a vazão dos rios locais caiu 20%. A temperatura média da região subiu 2 graus Celsius (ºC) nos últimos 250 anos.

“A chuva não consegue mais acompanhar a demanda atmosférica por água em razão do aumento da evaporação associada às temperaturas crescentes nas décadas mais recentes? comenta o geólogo Nicolas Strikis, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP), autor principal do estudo, publicado no final de fevereiro na revista científica Nature Communications. Por meio de modelos computacionais, a equipe também simulou como seria o clima na região em um cenário sem aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera. Concluiu que o déficit hídrico ali só pode ser explicado quando se leva em conta os efeitos do aquecimento global, um processo induzido majoritariamente por atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra (corte de áreas verdes para abrir espaço para outras atividades).

O estudo só foi possível porque a Caverna da Onça, situada em terras do município de Januária, apresenta condições particulares e está localizada em uma área com registros meteorológicos antigos para os padrões brasileiros, dos últimos 110 anos. A gruta é bem ventilada e fica no fundo de um vale, um cânion, com 200 metros (m) de profundidade. Sua entrada é aberta para o ambiente externo por meio de um buraco de 50 m de largura por 10 m de altura. As amostras das duas estalagmites utilizadas no estudo provêm dessa área que conecta o interior da cavidade com o clima do mundo de fora.

A umidade relativa do ar ali varia entre 50% e 100% e as temperaturas entre 17 ºC (inverno) e 25 ºC (verão). “São raros os estudos feitos em uma caverna assim? conta o geólogo Francisco Cruz, também do IGc-USP, coordenador de um projeto financiado pela FAPESP que apoia o trabalho. “Normalmente, trabalhamos em cavernas mais fechadas, onde a umidade e a temperatura são quase constantes e a atmosfera local representa apenas o ambiente interno, não o externo.?/p>

Outra particularidade é o baixo grau de perturbação do entorno da gruta. Inserida nos domínios de uma Unidade de Conservação federal, o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, a caverna está em um fundo de vale, no pé de montanhas, onde não há atividades agrícolas ou de pecuária. O clima local, portanto, não é significativamente perturbado por atividades humanas vizinhas.

Isso reforça a ideia de que os resultados das análises químicas com as amostras de rocha provenientes da entrada da caverna refletem o clima externo da região sem grandes influências de atividades antrópicas locais. “Apenas as condições naturais da região não explicam nossos dados? comenta a meteorologista Marília Harumi Shimizu, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), também coautora do trabalho. “O estudo mostra que é preciso levar em conta também o aumento planetário das emissões de gases de efeito estufa para entender
as secas de longo prazo em regiões do leste da América do Sul.?/p>

Projeto
Pire: Educação e pesquisa em clima das Américas usando os exemplos de anéis de árvores e espeleotemas (Pire-Create) (nº 17/50085-3); Modalidade Projeto Temático; Pesquisador responsável Francisco William da Cruz Junior (USP); Investimento R$ 7.247.472,50.

Artigo científico
STRIKIS, N. M. et al. Modern anthropogenic drought in Central Brazil unprecedented during last 700 years. Nature Communications. 26 fev. 2024.

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?? ???? ??????? ?? 15?? ???????,??????,????????? //emiaow553.com/aquecimento-global-faz-surgir-primeira-zona-arida-e-expande-clima-semiarido-e-areas-secas-no-brasil/ Tue, 09 Apr 2024 23:02:28 +0000 //emiaow553.com/?p=562487 A região menos úmida do país fica no norte da Bahia, perto da divisa com Pernambuco

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Texto: Marcos Pivetta e Renata Fontanetto/Revista Pesquisa Fapesp

Em novembro passado, alguns meios de comunicação divulgaram que, pela primeira vez, havia sido registrada no Brasil uma área com clima de deserto. A região se localiza no vale submédio do rio São Francisco, no centro-norte da Bahia, colada na divisa com Pernambuco. Seu território equivale a quase quatro vezes o da cidade de São Paulo. Abrange um pequeno ponto na fronteira dos dois estados, em torno da pernambucana Petrolina e da baiana Juazeiro, e uma faixa de terra maior, situada entre 200 e 300 quilômetros mais ao norte.

A notícia do avanço de áreas secas era verdadeira em sua essência. Porém, seu tom estava um pouco acima do adequado. A área em questão havia sido, na verdade, elevada da condição histórica de semiárida à atual de árida. A mudança de status é inédita no país e esse trecho do Nordeste, de pouco mais de 5.700 quilômetros quadrados (km2), figura hoje como o mais árido do Brasil. Mas isso não significa que ali se formou um pequeno deserto, um ecossistema classificado como de clima hiperárido, um estágio mais extremo do que o árido, e praticamente desprovido de vegetação.

Exagero midiático à parte, a conclusão central da nota técnica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) que embasou a reclassificação da área nordestina confirma informações produzidas por diferentes estudos, com metodologias distintas, em anos recentes. A maior parte do território nacional, com exceção da região Sul e de setores litorâneos do Sudeste, está ficando menos úmida.

A tendência dominante indica que os lugares secos do Brasil (e do mundo) estão se tornando ainda mais secos e os úmidos menos úmidos. No Brasil, a clara exceção a esse movimento são os três estados do Sul, hoje úmidos e que devem permanecer assim no futuro. Essa propensão a um clima menos úmido vale inclusive para parte da Amazônia, o bioma com maior estoque de água no país, onde o desmatamento progressivo da floresta e as mudanças climáticas contribuem para tornar o ambiente mais quente e com períodos de estiagem prolongada.

“Há um aumento significativo da demanda atmosférica por água. Isso está levando o Nordeste e boa parte do país a uma condição de maior secura? diz o engenheiro de recursos hídricos Javier Tomasella, do Inpe, um dos autores do estudo sobre o avanço da aridez. “A evapotranspiração se intensifica porque a temperatura está subindo no país em razão do aquecimento global.?/p>

Desde 1960, a área do semiárido cresce e hoje abrange cerca de 800 mil km2, 9,4% do território nacional

A culpa da secura crescente, portanto, não se deve apenas ?ou principalmente ?à falta ou irregularidade de chuvas, mas sobretudo ao incremento da evaporação de água do solo e da transpiração das plantas, processo denominado evapotranspiração. “Desde que haja água no solo e sua capacidade de fazer fotossíntese não seja um impeditivo, a vegetação de superfície utiliza a energia da radiação absorvida para perder umidade em vez de usá-la para aquecer o ambiente. Essa é uma forma de limitar o aquecimento da baixa atmosfera, como um mecanismo de termorregulação? comenta o especialista em hidroclimatologia Humberto Ribeiro da Rocha, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), que não participou do estudo. Quanto mais quente, mais a atmosfera demanda água da superfície para obter o combustível para formar nuvens de chuva, o vapor de água (ver reportagem).

Para classificar o clima do país, os pesquisadores do Inpe e do Cemaden calcularam a evolução de um índice de aridez ao longo das últimas seis décadas. Juntaram dados de medições feitas em estações meteorológicas e estimativas referentes a quatro períodos sucessivos de 30 anos (1960-1990, 1970-2000, 1980-2010 e 1990-2020). Essa abordagem permite enxergar para onde a umidade caminha com o passar do tempo. Em seguida, determinaram a taxa de umidade para todo o território nacional, com ênfase nas regiões mais secas, para cada ciclo de 30 anos.

O índice de aridez de uma região em um período é dado por uma equação simples: o total acumulado de chuva dividido pela evapotranspiração potencial (a quantidade máxima de água que pode ser perdida para a atmosfera por esse processo). Alguns trabalhos usam apenas os valores das chuvas, mas os autores preferiram adotar o índice, considerado por eles mais adequado para medir o grau de aridez. Os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) também trabalham com esse índice, além de analisar a evolução somente da chuva acumulada ao longo do tempo.

Quando a quantidade de água que cai com a chuva supera a que deixa a superfície de uma região pela evapotranspiração, o resultado dessa conta é maior do que 1. Se a situação for o contrário (menos chuva do que evapotranspiração), o valor do índice de aridez é menor do que 1. Por esse parâmetro, áreas consideradas secas são aquelas cuja razão entre chuva e evapotranspiração não ultrapassa o valor de 0,65 (ver mapas). Ou seja, a água que cai com a pluviosidade equivale a no máximo 65% da que sobe para a atmosfera pela transpiração das plantas e evapora da superfície. Acima desse limite, os climas são considerados como úmidos.

Imagem: Rodrigo Cunha

As regiões em que o índice de aridez apresenta valores inferiores a 0,05 são classificadas como hiperáridas. “Esse é o clima dos desertos? comenta Tomasella. No Brasil, não há áreas assim. As que o índice fica entre 0,05 e 0,2 são as áridas, como é o caso das terras da Bahia e Pernambuco recém-elevadas a essa condição. Quando o valor se situa entre 0,2 e 0,5, trata-se de uma zona semiárida, caso de boa parte do interior do Nordeste. O clima chamado de subúmido seco apresenta resultado entre 0,50 até 0,65.

Em Chorrochó, município baiano situado dentro da nova zona árida, por exemplo, o total acumulado de chuvas anuais foi de 374 milímetros (mm) nas últimas três décadas. No mesmo período, a evapotranspiração foi de 1.956 mm. Esses valores geram um índice de aridez de 0,19, dentro da faixa classificada como árida. “No entorno da divisa da Bahia com Pernambuco, há localidades cujo índice de aridez está muito próximo de 0,2, às vezes ligeiramente acima, com valores de 0,21 ou 0,22? explica a física Ana Paula Cunha, do Cemaden, outra autora do estudo. “Em pouco tempo, essas localidades deverão igualar ou ficar abaixo de 0,2 e também serão classificadas como de clima árido. Se levarmos em conta esses sítios, a extensão da zona árida sobe dos atuais 5,7 mil para quase 15 mil km2.?/p>

O trabalho do Inpe e do Cemaden também analisou a evolução apenas do total de chuvas no país. Por essa metodologia, a área de semiárido é um pouco menor do que a calculada pelo índice de aridez, mas também apresenta viés de crescimento. No Brasil, regiões com menos de 800 mm de chuva anual são definidas como pertencentes ao semiárido legal.

O surgimento da área árida foi observado somente nos últimos 30 anos da análise. Já a região do semiárido cresceu sempre durante as últimas seis décadas. Foi de 570 mil km2 no período 1960-1990 para quase 800 mil km2 entre 1990-2020, o equivalente a 9,4% do território nacional. Esse incremento se deu às custas da retração de áreas de subúmido seco, especialmente entre 1970 e 2010. No entanto, na janela temporal de 1990 a 2020, as áreas classificadas como dentro dos três climas secos presentes no Brasil (árido, semiárido e subúmido seco) se expandiram.

Outro dado relevante foi o aparecimento de zonas subúmidas secas, a partir de 1990, em dois pontos do território nacional em que não havia esse tipo de clima: no oeste de Mato Grosso do Sul, em pleno Pantanal, a maior planície alagada do planeta, e no norte do Rio de Janeiro, no Sudeste.

Vários estudos sinalizam que outras partes do país, além do Nordeste, estão se tornando menos úmidas. Um artigo do ecólogo Gabriel Hof-mann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), indica que o Cerrado, sobretudo sua porção centro-norte, mais próxima da fronteira de desmatamento no sul da Amazônia, tornou-se significativamente mais seco nas últimas três décadas. Entre junho e novembro, período que abrange a estação seca e o início da temporada úmida, certas localidades do bioma apresentaram uma redução de cerca de 50% no volume da precipitação média acumulada e no número de dias com chuva. O trabalho foi publicado em julho de 2023 na revista Scientific Reports (ver Pesquisa FAPESP n° 333).

Outras pesquisas apontam para uma redução da área periodicamente alagada no Pantanal, uma diminuição crescente do pulso das águas que marca a vida da região. Artigo publicado em 2020 na revista científica Acta Limnologica Brasiliensia, antes de o bioma ter sido assolado por grandes incêndios em razão de uma de suas piores secas, reforçou essa percepção. O estudo apontou, em um período de 10 anos, um encolhimento de 16% na extensão de território alagado na porção norte do bioma em agosto, mês que marca o pico da estação seca. O trabalho foi coordenado pelo ecólogo aquático Ernandes Sobreira Oliveira-Júnior, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), campus de Cáceres (ver Pesquisa FAPESP n° 297). Esse cenário casa perfeitamente com o surgimento de uma área de clima subúmido seco no oeste de Mato Grosso do Sul, como apontado pela nota técnica do Inpe e Cemaden.

Para o meteorologista Humberto Barbosa, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o avanço da aridez, sobretudo no Nordeste, não é nada surpreendente. “Para quem mora na região, é perceptível. Quando estamos em campo, o agricultor e o sertanejo nos dizem que antigamente chovia mais. Nos últimos 20 anos, as secas provocadas não só pela redução da chuva, como pelo aumento das altas temperaturas, fizeram com que a perda hídrica aumentasse bastante? relata Barbosa.

Como destacou o sexto relatório do IPCC, de 2021, as mudanças climáticas, das quais o aquecimento global é o principal motor, aceleram o ciclo da água. Seu transporte da superfície terrestre (onde está em sua fase líquida ou sólida, no caso das geleiras) em direção a atmosfera (na forma de vapor de água), e vice-versa, torna-se mais veloz e intensa. Isso faz com que haja tanto chuvas mais fortes e inundações, a exemplo das que ocorreram recentemente no Sul do país, como secas mais severas (ver reportagem).

“Não é porque uma área está se tornando mais seca ao longo do tempo que ela não pode ser alvo também de chuvas fortes, concentradas em poucas horas ou dias? comenta o climatologista José Marengo, do Cemaden. Às vezes, o total anual da pluviosidade não muda significativamente, mas sua distribuição sim. Isso faz com que o período de estiagem seja mais quente e se prolongue por mais tempo, atrasando o início da época mais úmida. Nesses casos, quando a chuva finalmente chega, ela pode ter uma forma violenta, com tempestades. “Estamos vendo isso ocorrer agora nas áreas mais desmatadas da Amazônia, no sul e no leste do bioma? diz Marengo.

Zonas de clima subúmido seco apareceram no oeste do Pantanal e no norte do Rio de Janeiro

Ainda que não seja um indicador perfeito, a quantidade de chuva total acumulada em um ano é um parâmetro importante, que não pode ser ignorado. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registram diminuição da pluviosidade anual em cerca de dois terços do território brasileiro no período entre 1991 e 2020 em relação aos 30 anos precedentes. As quedas mais expressivas foram na região Nordeste e, em menor escala, na Centro-Oeste, norte da Sudeste e em setores da Amazônia (sul, leste e parte do oeste).

“No Nordeste, identificamos reduções anuais superiores a 100 mm, com destaque para a estação meteorológica de Cipó, na Bahia, onde houve uma diminuição de 685,8 mm? diz a meteorologista Danielle Barros Ferreira, do Inmet. Em Parnaíba, no Piauí, a redução chegou a 599,5 mm e em Aracaju, capital de Sergipe, a 505,9 mm. Fora do Nordeste, o decréscimo da precipitação foi da ordem de 50 a 100 mm anuais.

No Sul, na parte mais meridional de São Paulo, de Mato Grosso do Sul e de Minas Gerais, além de setores do noroeste e do sudoeste da região Norte, as chuvas apresentaram um aumento relativamente discreto, de 100 a 250 mm anuais no período de 1991 a 2020, ainda segundo dados do Inmet. Mas em algumas localidades houve elevações expressivas de pluviosidade, como em Codajás, no centro do Amazonas, em Bambuí, no centro de Minas Gerais, e em Chapecó, no oeste de Santa Catarina. Nesses municípios, o aumento foi, respectivamente, de 741,9 mm, 590,2 mm e 509,1 mm.

O peso da redução ou do aumento do total de chuvas precisa ser relativizado em função das características do clima atual de uma região. Na Amazônia, onde na maior parte das áreas chove mais do que 2 mil mm por ano, uma queda de 100 mm na precipitação ao longo de 12 meses pode ter pouca importância. Numa localidade do semiárido nordestino, isso pode significar uma estiagem muito mais severa.

Não há consenso absoluto nas previsões sobre precipitação para o Brasil, nação de dimensão continental, nas próximas décadas, mas as linhas gerais estão bem traçadas. As projeções mais ou menos batem com os dados históricos que mostram a evolução da precipitação em diferentes partes do país. “O risco de secas é o maior problema climático do país e o que impacta mais pessoas? afirma o meteorologista Gilvan Sampaio, coordenador-geral da área de ciências da Terra do Inpe. “O efeito das mudanças climáticas sobre a temperatura é mais direto e simples do que sobre o regime de chuvas. No Brasil, por exemplo, desconheço lugares em que a temperatura média não esteja subindo, em maior ou em menor escala. A pluviosidade é um fenômeno mais complexo, influenciado de diferentes maneiras por fatores de escala global, regional e local.?/p>

Uma certeza no que diz respeito às chuvas é o papel central da Amazônia, que abarca mais da metade do território nacional. Por fornecer uma parte considerável da umidade (via os chamados rios voadores) para as demais regiões do país, como o Centro-Oeste e o Sudeste e o Sul, a maior floresta tropical do planeta atua como uma espécie de ar-condicionado do clima no âmbito regional, da América do Sul. À medida que é desmatada, ela perde progressivamente a capacidade de retirar mais carbono da atmosfera, o que agrava o aquecimento global, e de fornecer vapor de água para que a chuva se forme sobre ela mesma e outras regiões.

Antes dos anos 2000, os dados apontavam que a Amazônia enfrentava uma grande seca a cada 20 anos. Neste século, já ocorreram quatro períodos de estiagem extrema e prolongada, quase sempre associados à ocorrência do fenômeno climático El Niño, que esquenta de forma excessiva as águas do centro-leste do Pacífico equatorial e ao aquecimento de Atlântico tropical: a primeira em 2005, a segunda em 2010, a terceira em 2015 e 2016 e a mais recente em 2023-2024. No ano passado, que foi o mais quente em todo o globo e também no Brasil, alguns rios da região Norte atingiram seus níveis mais baixos dos últimos 120 anos.

Um estudo publicado em fevereiro na revista Science projetou que, até 2050, metade da Amazônia poderá atingir um ponto de não retorno em razão das mudanças climáticas e do desmatamento que provocam um estresse hídrico sem precedentes na região. Se isso vier a ocorrer, uma parte considerável da floresta pode virar uma mata degradada, com menos espécies, ou até um cerrado, com poucas árvores e mais gramíneas. De qualquer forma, o impacto seria terrível para o clima local e regional, que se tornaria muito mais quente e seco. O principal autor do trabalho foi o ecólogo Bernardo Flores, que faz estágio de pós-doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A possibilidade de que parte da Amazônia se torne algo mais próximo de um Cerrado costuma ser chamada de savanização. Um estudo recente sinaliza que, até o fim deste século, os efeitos sobrepostos de uma savanização completa da Amazônia e de um aumento de 4 graus Celsius (°C) na temperatura média do planeta, o cenário mais pessimista previsto pelo IPCC, seriam devastadores. Essa possibilidade foi simulada no Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre (Brazilian Earth System Model ?BESM), desenvolvido pelo Inpe no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisas em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG). Seus resultados foram comparados com as projeções obtidas em cenários menos radicais também dentro do BESM.

“Cada um desses fatores por si só produziria um aumento da estação seca e uma redução de chuvas em grandes setores da América do Sul? comenta o climatologista Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da USP, um dos autores do estudo, que saiu em março na Scientific Reports. “Combinados, eles levariam a uma redução de 44% na chuva anual e um aumento de 69% na duração da estação seca na Amazônia.?Nesse cenário, radical, mas não impossível de ocorrer, o fornecimento de umidade da Amazônia para a América do Sul ficaria comprometido, colocando em risco o abastecimento de populações humanas e de atividades que dependem da disponibilidade de água, como a agricultura e a geração de energia hidroelétrica.

No presente, as áreas provavelmente mais vulneráveis a uma diminuição de umidade são as classificadas pelo Inpe e Cemaden como dentro de climas com algum grau de aridez, como as do subúmido seco, do semiárido e do árido. Mesmo sem estar tecnicamente dentro de uma área de deserto, esse é o Brasil que seca antes e mais do que os outros.

Projetos
1.
INCT para Mudanças Climáticas (nº 14/50848-9); Modalidade Projeto Temático; Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG); Pesquisador responsável José Antônio Marengo Orsini (Cemaden); Investimento R$ 5.300.662,72.
2. Transição para a sustentabilidade e o nexo água-agricultura-energia: Explorando uma abordagem integradora com casos de estudo nos biomas Cerrado e Caatinga (nº 17/22269-2); Modalidade Projeto Temático; Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG); Pesquisador responsável Jean Pierre Ometto (Inpe); Investimento R$ 2.133.962,04.

Artigos científicos
Bottino, M. J. et al. Amazon savannization and climate change are projected to increase dry season length and temperature extremes over Brazil.Scientific Reports. 1 mar. 2024
TOMASELLA, J. et al. Elaboração dos Mapas de índice de Aridez e Precipitação Total Acumulada para o Brasil. Nota técnica do Cemaden e Inpe. nov. 2023
HOFFMAN, G.S. et al. Changes in atmospheric circulation and evapotranspiration are reducing rainfall in the Brazilian Cerrado. Scientific Reports.11 jul. 2023.
LÁZARO, W. L. et al. Climate change reflected in one of the largest wetlands in the world: An overview of the Northern Pantanal water regime. Acta Limnologica Brasiliensia. 18 set. 2020.

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?? ???? ??, ??? ?? ?? ? ???????? //emiaow553.com/calor-e-chuva-continuarao-em-sp-ate-o-final-do-mes-veja-a-previsao/ Fri, 23 Feb 2024 15:32:30 +0000 /?p=553873 Outras regiões do Brasil também continuam a enfrentar tempo abafado e instável neste fim de fevereiro; confira previsão de chuva

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Depois de um Carnaval com sol intenso em parte das capitais brasileiras, o país agora enfrenta tempo instável em quase todos os estados. Nos últimos dias, o Sudeste, especialmente o Rio de Janeiro, enfrentou chuvas fortes que causaram a morte de ao menos seis pessoas.

De acordo com previsão do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o tempo quente e a instabilidade ainda vão marcar a última semana de fevereiro. Nos próximos dias, todas as regiões devem enfrentar chuvas – em alguns locais mais fortes que em outros.

Previsão para São Paulo

Uma das mais afetadas pelas últimas chuvas, a região Sudeste ainda deve enfrentar pancadas nos próximos dias. Em geral, o tempo segue abafado, com sol aparecendo entre nuvens e levando a chuvas isoladas.

Na grande São Paulo, deve chover todos os dias da última semana de fevereiro. Como de costume, as pancadas de verão provavelmente acontecerão no final da tarde e início da noite. O litoral norte do estado também deve contar com alta de precipitações. 

De acordo com a MetSul Meteorologia, alguns desses episódios podem causar alagamentos. 

Como fica o tempo no Brasil na última semana de fevereiro

Em Minas Gerais, o tempo segue instável, mas com o sol aparecendo durante o final de semana (23) em Belo Horizonte. No Rio de Janeiro e no Espírito Santo, espera-se chuvas com volumes maiores que 80 milímetros, podendo vir acompanhadas de raios e rajadas de vento.

No Centro-Oeste, o padrão de pancadas de chuva é o mesmo. As áreas mais afetadas devem ser Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso.

Já na região Norte, áreas do Tocantins, Pará, Amazonas, Rondônia e Acre podem acumular 50 milímetros de chuva. As pancadas podem ser acompanhadas de ventos, raios e trovoadas.

Enquanto isso, o volume de chuvas pode chegar a 70 milímetros na região Nordeste. Dessa forma, os estados com tempo mais instável devem ser Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco e Bahia.

 

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?????? ?????????????????? //emiaow553.com/esta-chovendo-diamantes-em-milhares-de-planetas-ate-no-sistema-solar/ Wed, 10 Jan 2024 17:07:40 +0000 /?p=544950 Novo estudo descobriu que a chuva de diamantes pode acontecer em condições de temperatura e pressão inesperadas

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Há algum tempo, astrônomos afirmam que, dentro dos gigantes Netuno e o Urano, um fenômeno acontece: a chuva de diamantes. Agora, um novo estudo revisitou as condições necessárias para isso e os resultados surpreenderam especialistas.

De acordo com a pesquisa, a chuva de diamantes pode acontecer em temperaturas menos extremas do que os pesquisadores pensavam serem necessárias. Assim, os céus de planetas gelados por todo o universo podem estar repletos de diamantes. 

Chuva de diamantes

As chuvas de diamantes foram descobertas a partir de constatações sobre os planetas Urano e Netuno. Cientistas já sabiam do que eles eram feitos: metano, água e amônia. Por modelagem matemática, também identificaram que seus mantos provavelmente têm temperaturas em torno seis mil graus Celsius e pressões 6 milhões de vezes superiores à atmosfera terrestre.

Analisando todos os dados, concluíram que, sob essas condições, o metano teria suas moléculas quebradas, liberando carbono. Este elemento, por sua vez, formam longas cadeias, que se comprimem para formar padrões cristalinos como diamantes.

Então, cientistas acreditam que a chuva de diamantes cai pelas camadas do manto até elas ficarem muito quentes. Nesse momento, ela vaporiza e o ciclo se repete.

Entenda a pesquisa

Até agora, dois tipos de experimentos investigaram as condições sob as quais os diamantes poderiam se formar dentro de gigantes de gelo como Urano e Netuno. Um deles é o teste de compressão dinâmica. 

Ele consiste em submeter os compostos de carbono a um choque repentino. Em geral, este tipo de experimento exige temperaturas e pressões muito mais altas para formar diamantes. 

Já o outro teste é por meio da compressão estática. Nela, os elementos são colocados dentro de uma câmara e comprimidos gradualmente. Foi este tipo de experimento que os pesquisadores usaram no novo estudo.

Para isso, eles utilizaram aquecimento dinâmico, a fim de comprimir um tipo de polímero chamado poliestireno. Em seguida, espremeram e atingiram o elemento com pulsos de luz de raios-X.

Então, os cientistas observaram que diamantes passaram a se formar em temperaturas de cerca de 2200°C e pressões de aproximadamente 19 gigapascals. Essas condições são semelhantes às partes mais rasas de Netuno e Urano, onde não é esperado que as chuvas de diamantes ocorra.

Isso porque são muito mais baixas que aquelas consideradas necessárias para a formação da joia. “Isso discordava dos resultados estabelecidos e não era o que esperávamos ver, mas se encaixou bem e meio que uniu tudo”, diz Frost, autor do estudo, em comunicado.

No entanto, a compressão demorou mais tempo que o normal, o que os pesquisadores acreditam ser o motivo pelo qual experimentos anteriores não detectaram esse tipo de formação de diamante antes.

O que muda

Os resultados da pesquisa foram publicados em artigo na revista Nature Astronomy. Em geral, eles indicam que a chuva de diamantes pode acontecer em planetas menores do que a ciência considerava antes. 

Por exemplo, dos cerca de 5600 exoplanetas já identificados, mais de 1900 poderiam ter o fenômeno. Além disso, o estudo sugere que os diamantes podem se formar em profundidades mais rasas do que pensado dentro do próprio Sistema Solar.

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???????? ????????? ??? ??? ?? //emiaow553.com/aquecimento-global-pode-aumentar-intensidade-de-ciclones-extratropicais/ Tue, 02 Jan 2024 17:20:50 +0000 /?p=542795 Fenômeno desse tipo causou em setembro mortes e destruição no Sul

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Texto: Meghie Rodrigues/Revista Pesquisa Fapesp

Nos cinco primeiros dias de setembro, choveu 300 milímetros (mm) na região central do Rio Grande do Sul, quase o dobro do previsto para o mês. A pluviosidade extrema foi acompanhada de granizo e rajadas de vento de até 100 quilômetros por hora e deixou um rastro de destruição em cerca de 90 municípios gaúchos. Aproximadamente 4.700 pessoas tiveram suas casas completamente destruídas e 20.500 foram desalojadas. Mais de 50 pessoas foram mortas e 900 foram feridas em deslizamentos de terra ou enxurradas causadas pelo transbordamento de rios, como o Taquari, cerca de 120 quilômetros a noroeste de Porto Alegre. O evento foi o maior desastre natural da história do estado.

A tragédia foi ocasionada por um ciclone extratropical, nome dado a tempestades com vento, geralmente mais fracas, mas similares a furacões, que ocorrem em faixas do globo situadas entre 30 e 60 graus de latitude, fora da zona tropical. Um ciclone desse tipo se forma quando, no jargão da meteorologia, surge um sistema frontal: há o encontro de duas massas de ar com diferentes densidades e temperaturas, uma fria e outra quente.

Esse tipo de fenômeno meteorológico é relativamente comum no Sul do país e pode produzir desde chuvas fracas até tormentas devastadoras, como a ocorrida em setembro no Rio Grande do Sul. Ciclones extratropicais severos são conhecidos dos gaúchos: em junho deste ano, mais de 40 cidades ao norte do estado já tinham sido afetadas por outra ocorrência dessa categoria.

A intensificação dos ciclones extratropicais formados no continente pode ser influenciada pela diferença de temperatura entre a superfície terrestre e a dos oceanos, especialmente durante o inverno. Nessa estação, o continente fica mais frio que os oceanos, que baixam de temperatura de forma mais devagar porque retêm mais calor.

“Além disso, o ar sobre o continente sul-americano está mais seco do que sobre o Atlântico. Ao se se deslocar em direção ao oceano, o ar seco e frio do continente absorve calor e umidade da água do mar. A diferença de temperatura do ar com a água do mar e a baixa umidade relativa do ar facilitam ainda mais a evaporação do Atlântico, levando mais umidade e calor para a atmosfera? conta Manoel Alonso Gan, meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Nas regiões mais altas da atmosfera, o vapor muda para a fase líquida. Assim como a evaporação da água rouba calor de quem está com uma blusa molhada, a liquefação do vapor gera calor, o que dá mais energia para o ciclone.

Não há estudos conclusivos sobre se os ciclones extratropicais estão se tornando mais frequentes ou intensos. Embora não haja consenso, alguns trabalhos indicam que, com o aquecimento global, eles tenderiam a se tornar menos numerosos, mas haveria uma elevação no número de eventos mais vigorosos. “Análises numéricas globais mostram que, ao longo dos anos, estamos tendo uma redução na quantidade de ciclones. No entanto, há aumento na quantidade dos mais intensos? explica Gan. Na América do Sul, os ciclones extratropicais normalmente se formam no trecho do litoral entre o sul da Argentina e o Rio de Janeiro.

“Por serem um centro de baixa pressão, ou seja, com menos ar do que as suas redondezas, os ciclones estão intimamente ligados à instabilidade atmosférica? comenta o meteorologista André Nunes, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). “Para tentar entrar em equilíbrio, o sistema atmosférico faz o ar convergir para o centro de baixa pressão.?/p>

No hemisfério Sul, os ciclones giram no sentido horário, enquanto no Norte é no anti-horário. Essa particularidade se deve ao efeito Coriolis, que empurra para o oeste os ventos quentes que sopram no sentido trópico-polo e para leste os que sopram no sentido oposto.

Sistemas de baixa pressão surgem com frequência sobre os continentes, mas não são necessariamente ciclones extratropicais. Estes aparecem geralmente sobre os oceanos, onde a evaporação de água é bem maior. “O encontro entre a corrente marítima do Brasil, quente, e a das Malvinas, fria na altura do Rio Grande do Sul, favorece a formação mais frequente de ciclones no Sul do país? diz Nunes.

Os ciclones extratropicais têm uma parte quente no seu setor leste ?a de entrada da massa de ar com temperatura mais elevada ?e uma fria no setor oeste, que é a região influenciada pelo ar frio ou de origem polar. “Chamamos a borda da massa de ar frio de frente fria e a da massa de ar tropical de frente quente? comenta Nunes. Frequentemente noticiadas nos meios de comunicação, as frentes frias vindas do Sul, que usualmente trazem chuvas e frescor, fazem parte de ciclones.

Na maioria das vezes, chega ao continente apenas a borda do ciclone, não o centro, que geralmente se situa sobre os oceanos. Mas, a depender do volume da massa de ar quente em um ciclone ou na região pré-frontal de uma frente fria, pode haver tempestades e instabilidade mesmo nas margens da formação, e não apenas no coração do fenômeno. Quanto mais ar quente e úmido, mais condições de ocorrerem tempestades.

A geografia da América do Sul favorece a ocorrência de ciclones extratropicais. “Os ventos alísios, ao bater na Cordilheira dos Andes, deslocam-se para o sul e facilitam a formação de ciclones? explica Nunes. Úmidos e quentes, esses ventos sopram de leste para oeste na região equatorial.

Furacão ou tufão

Diferentemente dos extratropicais, os ciclones tropicais, que se formam nas áreas oceânicas mais próximas do Equador, desenvolvem-se a partir do aquecimento da superfície. Eles costumam ser de menor extensão e mais intensos. Os que se originam no Atlântico, nos arredores da América Central e América do Norte, são denominados furacões; os da Ásia são chamados de tufões e os sobre o Índico simplesmente de ciclones tropicais.

“Eles são sempre eventos severos, mas normalmente se dissipam ao entrar no continente porque cessa a alimentação de umidade que vinha do oceano? comenta Nunes. Já a intensidade dos ciclones extratropicais, como os que ocorrem no Sul do país, é muito variável. O problema é que os mais severos parecem ter aumentado de frequência.

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????? ?? ???? ???? ??? ?? //emiaow553.com/clima-como-a-seca-avanca-no-cerrado/ Sat, 02 Dec 2023 23:01:16 +0000 /?p=537422 No centro-norte do bioma, houve redução de até 50% da quantidade de chuvas nos meses de estiagem nas três últimas décadas

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Texto: Marcos Pivetta com colaboração de Guilherme Eler/Revista Pesquisa Fapesp

Segundo maior bioma nacional, com uma área de 2 milhões de quilômetros quadrados que abrange quase 24% do território nacional, o Cerrado tornou-se significativamente mais seco nas últimas três décadas. A redução de pluviosidade é mais evidente e acentuada em sua porção centro-norte e nos seis meses que, historicamente, são os de maior estiagem e respondem por apenas um terço da chuva anual do bioma: entre junho e setembro, na estação seca, e entre outubro e novembro, no início da temporada úmida.

Nesses seis meses do ano, em certas localidades do Cerrado, o volume da precipitação média acumulada e o número de dias com chuva foram cerca de 50% menores entre 1991 e 2021 do que haviam sido nos 30 anos anteriores, entre 1960 e 1990. Os dados constam de um artigo publicado por pesquisadores brasileiros em julho na revista Scientific Reports. “O período que já era seco está se tornando ainda mais seco e com dias de chuva cada vez mais raros? comenta o ecólogo Gabriel Hofmann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), principal autor do estudo. “A época típica de estiagem começa a se prolongar até os meses de outubro e novembro.?/p>

Os índices de chuva no Cerrado foram calculados a partir de informações coletadas em 70 estações meteorológicas situadas em municípios de todas as sub-regiões do bioma e por dados fornecidos pela reanálise climática ERA5 do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF). O trabalho apresenta também dados preliminares que sugerem reduções significativas no processo de evapotranspiração (liberação de água das plantas, do solo e dos rios para a atmosfera) entre junho e novembro. “A redução da evapotranspiração tem o potencial de causar mudanças importantes nos parâmetros ambientais, como aumento de temperatura, diminuição da umidade do ar e redução de precipitação? diz o físico Manoel Cardoso, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), outro autor do artigo.

Cerca de metade da vegetação original do Cerrado foi suprimida

Em algumas localidades do Cerrado, o cenário desenhado pelos dados do estudo são dramáticos. Em Barreiras, por exemplo, município do oeste da Bahia dentro de uma grande área de expansão agrícola conhecida como Matopiba, choveu em média 13 milímetros (mm) nos quatro meses da estação seca ao longo das últimas três décadas. Entre 1960 e 1990, a precipitação média na estação seca chegava a 41 mm. Entre junho e setembro, os dias de chuva em Barreiras caíram pela metade, de seis para três em média, quando se comparam os dados dos dois períodos sucessivos de três décadas.

Dois outros casos extremos dessa tendência são os municípios de Arinos, no norte de Minas Gerais, e Alto Parnaíba, no sul do Maranhão. No primeiro, a diminuição no índice de precipitação na estação seca foi de 62% (de 47 para 18 mm) e a quantidade de dias de chuva caiu 25% (de quatro para três) quando são confrontados os valores dos dois períodos. No segundo município, os números são semelhantes.

Metade da vegetação suprimida

Cerca de metade da área verde natural do Cerrado ?uma formação diversificada, com florestas, campos e gramíneas ?foi suprimida nas últimas décadas. A agropecuária, atividade intensiva em uso de terras, cresce no bioma. Segundo os autores do trabalho, é provável que o avanço das pastagens e das lavouras em detrimento da vegetação original tenha alguma influência direta na redução das chuvas.

No entanto, o estudo encontrou evidências de que a expansão e a intensificação do Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (um centro de alta pressão) sobre áreas do Cerrado parecem ser um mecanismo relevante que tem levado à diminuição de chuvas. Esse anticiclone desloca o ar do alto para altitudes mais baixas e torna a atmosfera mais quente e seca. “Esse processo dificulta a formação de nuvens e da chuva? explica Cardoso. Fatores globais, como o aquecimento crescente do planeta e a redução na concentração do ozônio no hemisfério Sul, podem estar ligados à intensificação e expansão da área dos anticiclones.

Plantação de soja nos arredores de Campo Grande, em Mato Grosso: agronegócio se expande pelo bioma

Plantação de soja nos arredores de Campo Grande, em Mato Grosso: agronegócio se expande pelo bioma. Imagem: Fabio Colombini

Para o Cerrado como um todo, a tendência dominante verificada no trabalho para o período de 1991 a 2021 indicou uma pequena redução, da ordem de 5%, tanto na média anual do índice de pluviosidade como no número de dias com chuva, em relação às três décadas precedentes. Foram 64,8 mm a menos de pluviosidade e 5,2 dias a menos de chuva em média por ano. Os valores adotados como base de comparação do bioma foram os medidos entre 1960 e 1990, que indicavam uma pluviosidade média anual de 1.421 mm e 103 dias com chuvas.

Em muitas localidades, a diminuição não chega a ser significativa do ponto de vista estatístico quando se leva em conta apenas os dados acumulados ao longo de todo o ano. “Mas o regime de chuvas no Cerrado pode variar muito em cada uma de suas sub-regiões e ao longo dos diferentes meses de um ano? comenta Hofmann. “Por isso, é importante fazer essas análises mais refinadas.?Nas zonas de transição do Cerrado com a Amazônia, bioma mais úmido, chega a chover 1.800 mm por ano, enquanto nas áreas perto da divisa com a Caatinga, formação de clima árido, esse índice pode cair a 1.000 mm.

Para a meteorologista Renata Libonati, coordenadora do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), as mudanças no regime de chuvas e na disponibilidade de umidade levam a modificações no padrão de fogo no bioma. “No Cerrado, os fatores climáticos são responsáveis por dois terços da variabilidade anual da área queimada e as mudanças no uso do solo por um terço? comenta a pesquisadora, que não participa da equipe que publicou o estudo na Scientific Reports. “Portanto, qualquer alteração nos padrões do clima na região tem impacto direto em como, onde e quando o fogo ocorre ali.?/p>

Projeto
Transição para a sustentabilidade e o nexo água-agricultura-energia: Explorando uma abordagem integradora com casos de estudo nos biomas Cerrado e Caatinga (nº 17/22269-2); Modalidade Projeto Temático; Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG); Pesquisador responsável Jean Pierre Ometto (Inpe); Investimento R$ 3.489.559,60.

Artigo científico
HOFFMAN, G.S. et al. Changes in atmospheric circulation and evapotranspiration are reducing rainfall in the Brazilian Cerrado. Scientific Reports.11 jul. 2023.

 

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?????????? ????????? //emiaow553.com/apagao-a-vista-chance-de-temporal-com-vento-forte-e-grande-no-fim-de-semana/ Fri, 17 Nov 2023 14:55:24 +0000 /?p=533652 O temporal pode vir acompanhado de rajadas de ventos e chuvas de granizo nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Acompanhe o clima!

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Este final de semana será de temporal nas regiões do Sudeste e Centro-Oeste, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). As chuvas fortes podem vir acompanhadas de ventos e de granizo.

Onde? Em São Paulo, no Triângulo Mineiro e na faixa oeste e sul de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso terão chuvas já a partir desta sexta-feira (17), devido ao aumento da umidade e do padrão de ventos de alto nível.

No sábado (18), uma provável frente fria se aproxima pelo litoral do Sudeste, com rajadas de ventos entre 80 km/h e 100 km/h e granizo no sul de Mato Grosso do Sul, São Paulo, sul de Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

Já no domingo (19), os temporais devem atingir a área central do país. O volume de chuva em 24h pode chegar a cerca de 80 milímetros e passar 100 mm algumas áreas.

Queda de energia em São Paulo

Em São Paulo, a Defesa Civil alerta para tempestades e rajadas de vento intensas em todo o estado no fim de semana, quase duas semanas após o apagão que deixou milhões de moradores da capital paulista sem luz. Além disso, a Marinha também emitiu alertas de ventos fortes na faixa litorânea entre Itajaí (SC) e Angra dos Reis (RJ) no sábado (18).

Nesta quarta-feira (15), a chuva forte voltou a afetar diversas regiões do estado, que ficaram novamente sem energia. De acordo com a Defesa Civil, as rajadas de vento ultrapassaram os 70 km/h na região metropolitana, assim como em Sorocaba, Campinas, Piracicaba e Ribeirão Preto. No interior do estado, segundo a CPFL, 235 mil clientes tiveram o fornecimento de energia interrompido.

Granizo e calor no Rio de Janeiro

Na última terça-feira (14), um temporal atingiu áreas da Zona Oeste e Norte do Rio, com direito a granizo. O mesmo pode ocorrer de sábado a segunda-feira (20), superando os 100 mm. O alto volume de chuva aumenta riscos de alagamentos, transbordamento de rios e deslizamentos em áreas suscetíveis.

Além disso, a onda de calor que começou no Brasil 8 de novembro, resultando em altas nas temperaturas no Rio, que alcançaram 40,4°C neste domingo (12), continuam. No próximo sábado, quando as máximas podem chegar aos 42°C na capital, enquanto uma frente fria se aproxima.

Saiba como o calor extremo pode levar à falta de luz em regiões do Brasil nesta matéria do Giz Brasil.

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???? ????????????? //emiaow553.com/depois-de-chuva-e-vento-como-fica-o-tempo-no-brasil-nesta-semana/ Mon, 06 Nov 2023 20:20:42 +0000 /?p=530745 Até quarta-feira (8) o tempo permanece mais estável no Sul e no Sudeste; o oposto acontece nas outras regiões, que enfrentam chuva

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Durante o último final de semana, um ciclone extratropical se formou no litoral do Rio Grande do Sul. Como consequência, os estados da região sul tiveram tempo instável com fortes ventos, chuva. A costa brasileira foi atingida por uma ressaca que fez a maré subir até no Rio de Janeiro.

Além disso, outros estados também passaram por situações climáticas extraordinárias. São Paulo enfrentou rajadas de vento de mais de 100 quilômetros por hora, o que derrubou diversas árvores na capital e deixou moradores sem energia elétrica.

Já Manaus foi tomada por uma tempestade de areia, que se juntou às nuvens de fumaça que cobriam a cidade. Agora, depois dos últimos dias serem conturbados, a semana começa um pouco mais tranquila nas previsões climáticas.

Sul e Sudeste

Conforme o ciclone extratropical se afasta em direção ao alto-mar, ele também perde influência no clima do Brasil. Por isso, a tendência é de mais estabilidade nesta semana.

Uma massa de ar polar entrou no país pela região Sul, o que vai deixar o clima mais frio e seco nos próximos dias.

De modo geral, os estados do Sul e do Sudeste terão um começo de semana de sol e sem risco de chuva. Contudo, uma nova frente fria avança pelo Brasil a partir de quarta-feira (8), o traz de volta os riscos de pancadas em todos os estados.

Em algumas cidades do norte e oeste paulista, rajadas de vento fracas e moderadas podem acontecer. Enquanto isso, no litoral de São Paulo, a temperatura se mantém quente, com máxima que deve chegar a 32ºC.

Centro-Oeste, Norte e Nordeste

A mesma frente fria a trazer seca no Sul do país leva umidade para o interior do Nordeste, para o Centro-Oeste e para o Norte. Por isso, a semana começa com nuvens carregadas especialmente no oeste da Bahia, no sul do PI, no Tocantins e no Maranhão.

A tendência é de temporais, com possibilidade de chuva de granizo na região Norte e no Centro-Oeste. Contudo, a previsão é de que a chuva diminua a partir de quarta-feira (8), quando o tempo volta a ficar estável e seco novamente.

Previsões para Novembro

De acordo com o MetSul Meteorologia, esse “racha térmico” terá impacto no tempo de todo o mês de novembro. Segundo o instituto, uma massa de ar quente cobrirá a maior parte do Brasil, enquanto o ar mais frio atuará do Centro para o Sul da Argentina.

Assim, há tendência de mais chuva e tempestade na América do Sul durante as próximas semanas. Mais uma vez, a região mais afetada no Brasil será o Sul.

“Várias cidades gaúchas podem terminar o mês de novembro com 300 mm a 500 mm, na sequência de setembro e outubro que já foram excepcionalmente chuvosos”, publicou o MetSul.

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??????? ???????????? //emiaow553.com/vem-mais-chuva-confira-previsao-do-tempo-para-novembro-em-todo-o-brasil/ Wed, 01 Nov 2023 15:32:49 +0000 /?p=529926 Mesmo com a proximidade do verão, diversas regiões do país vão enfrentar chuvas intensas. Já outras seguem com ondas de calor

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Em novembro, o clima no Brasil vai continuar experimentando dois extremos: enquanto algumas áreas do país devem receber chuvas acima da média, outras enfrentarão condições de seca, segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

De acordo com as projeções do Inmet, regiões como Roraima, Amapá, Tocantins, parte do Amazonas e do Pará, além da maior parte do Nordeste enfrentarão chuvas abaixo da média histórica para o mês.

Por outro lado, áreas do Centro-Oeste e Sudeste, juntamente com o Sul, devem receber volumes de chuva acima do esperado. Isso levanta preocupações quanto ao possível excesso de umidade em algumas regiões, podendo provocar alagamentos e deslizamentos.

A previsão também indica que as temperaturas médias devem ficar acima da média em grande parte do país, principalmente em áreas de Mato Grosso, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí e oeste da Bahia, onde as temperaturas médias podem superar os 28º C.

Por outro lado, os dias consecutivos com chuva nas regiões Sul e Sudeste pode amenizar as temperaturas, chegando a valores inferiores a 24° C.

Confira abaixo o mapa do acumulado de chuva prevista para a primeira semana de novembro:

 

Veja a previsão para a 1ª semana do mês

Para a Região Norte, são previstas chuvas em forma de pancadas durante a semana, com valores maiores que 40 milímetros (mm) no oeste do Amazonas. Além de pontualmente em áreas do Acre, Roraima, Pará e Tocantins, devido ao calor e alta umidade. Nas demais áreas da região, haverá predomínio de tempo seco e sem chuva.

Em grande parte da Região Nordeste, a previsão é de tempo seco e sem chuva, além de baixos valores de umidade relativa. Em áreas do Matopiba (área que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), não se descarta chuva localizada e passageira entre quarta (1°) e sexta-feira (3).

Na Região Centro-Oeste, há previsão de dias quentes, com pancadas de chuva no fim da tarde devido ao calor e alta umidade. Podendo acumular volumes superiores a 50 mm.

Já no Sudeste, uma massa de ar quente e úmida deve se manter sobre a região no decorrer da semana. Isso deve favorecer acumulados de chuva expressivos em áreas de São Paulo, Rio de Janeiro e centro-sul de Minas Gerais, com valores que podem ultrapassar os 60 mm.

Por fim, a Região Sul será marcada pela atuação de uma massa de ar quente e úmida, que intensifica as áreas de instabilidade na região até sexta-feira (3). Isso vai provocar volumes de chuva significativos, possivelmente, acompanhados de queda de granizo, raios e rajadas de vento.

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?????????, ???, ????????????? //emiaow553.com/chuvas-erosao-e-represas-moldaram-o-rio-sao-francisco-nos-ultimos-90-mil-anos/ Wed, 18 Oct 2023 10:51:37 +0000 /?p=524912 Antes tortuoso e raso, o Velho Chico alinhou-se e aprofundou-se

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Texto: Carlos Fioravanti/Revista Pesquisa Fapesp

O rio São Francisco já foi bastante sinuoso, além de mais extenso e superficial, em nada parecido com os cânions de Xingó, formados há centenas de milhões de anos, na divisa entre os estados de Sergipe e Alagoas, onde suas águas correm hoje entre paredões rochosos com até 50 metros (m) de altura.

Nos últimos 90 mil anos, em resposta às variações no regime de chuvas e da cobertura vegetal em suas margens, mudou bastante a forma do também chamado Velho Chico. O rio corta 521 municípios e tem 2.863 quilômetros (km) de extensão desde sua nascente, na serra da Canastra, em Minas Gerais.

Quando a chuva era abundante, como entre 90 mil e 66 mil anos atrás, o rio transportava grandes quantidades de sedimentos e escavava o terreno. Se a quantidade de sedimentos aumentava muito, o rio depositava areias em seu leito e margens, adquirindo uma forma entrelaçada, com múltiplos canais atuando ao mesmo tempo. Já com menos sedimento e chuvas moderadas, formava curvas amplas e sinuosas, chamadas de meandros, como entre 66 mil e 39 mil anos e entre 19 mil e 9 mil anos. Rios meandrantes são comuns em ambientes tropicais e subtropicais, como o Purus e Juruá, na Amazônia, os mais sinuosos do mundo, e o Mississipi, nos Estados Unidos.

O trajeto atual, a cerca de 20 m abaixo da posição antiga, tomou forma por volta de 5 mil anos, de acordo com as análises de sedimentos feitas por pesquisadores das universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e das federais de São Paulo (Unifesp) e de Alagoas (Ufal).

A geóloga Patrícia Mescolotti ressalta que a idade de 90 mil anos é o limite do método usado para verificar quando a luz solar incidiu pela última vez sobre os cristais de quartzo na areia das margens antes de serem cobertas por sedimentos mais recentes. “O rio deve ser mais antigo, mas ainda não conseguimos saber? diz a pesquisadora, desde maio de 2022 na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) em Campo Grande. Ao descrever as unidades geomorfológicas do rio em um artigo de janeiro de 2022 na Revista Brasileira de Geomorfologia, os geólogos Landerlei Santos, da Unesp, e Edgardo Latrubesse, da Universidade Federal de Goiás (UFG), já haviam observado que alguns trechos de planície poderiam ter se formado no final do período Pleistoceno, entre 10 mil e 82 mil anos atrás.

Durante seu doutorado na Unesp de Rio Claro, sob orientação do geólogo Mario Assine e do geógrafo da Unifesp Fabiano Pupim, Mescolotti examinou sedimentos coletados de 51 pontos das margens do rio na Bahia e das dunas, no município de Xique-Xique, na Bahia (ver box). Ela estudou também fotos aéreas e imagens de satélites, que exibem o leito antigo do rio ?em forma de pequenas ferraduras, abandonado à medida que as águas encontraram caminhos mais fáceis por onde correr ?e ajudaram a reconstituir os terraços (antigas várzeas), que se estendiam além das antigas margens dos rios.

Alexandre Affonso/Revista Pesquisa FAPESP

“Apesar de ser um rio que representa o Nordeste, a vazão do São Francisco parece ser controlada pelo sistema de monções da América do Sul [caracterizado por chuvas intensas no verão e escassas no inverno], que leva a umidade da Amazônia para o Sudeste do Brasil? comenta Pupim. Diferentemente de outros grandes rios, abastecidos por afluentes ao longo de todo o curso, o São Francisco recebe a maior parte da água em seu trecho inicial, por meio de afluentes como o rio das Velhas, o maior deles, o Paracatu e o Urucuia. “Como já acontecia há milhares de anos, cerca de dois terços das águas do rio continuam vindo da região das nascentes, em Minas Gerais.?Até o município de Januária, em Minas, a menos de mil km da nascente, o rio já tem quase 70% de seu volume, como indicado em um artigo publicado em abril de 2021 na revista Quaternary Science Reviews.

Em paralelo, o geólogo da USP Cristiano Mazur Chiessi, com sua equipe, examinou o comportamento da bacia hidrográfica do São Francisco por meio da proporção de duas formas distintas de hidrogênio e carbono em restos de árvores e de gramíneas acumulados em sedimentos marinhos coletados em 2016 a 1.897 m de profundidade a menos de 1 km da foz, na divisa de Alagoas e Sergipe. As conclusões foram similares às do grupo de Pupim: “As chuvas na bacia de drenagem do rio São Francisco, principalmente na cabeceira e no médio curso, provêm majoritariamente da Amazônia? comenta Chiessi. “Não notamos mudanças marcantes de longo prazo na fonte de umidade.?/p>

A distribuição das formas de hidrogênio e carbono indicou os momentos de chuvas mais intensas e mais escassas na bacia do São Francisco. “Quando a estação seca era mais curta, as árvores ocupavam mais espaço no Cerrado do trecho inicial da bacia do rio. Em épocas de estação seca longa, inversamente, predominavam as gramíneas? diz a geóloga da USP Jaqueline Quirino Ferreira, principal autora de um artigo publicado em março de 2022 na Quaternary Science Reviews, detalhando os resultados.

Uma peculiaridade do Velho Chico é atravessar três ambientes naturais ?Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga. “?uma exceção, porque rios extensos com uma trajetória aproximada norte-sul ou sul-norte geralmente atravessam mais de um tipo de ambiente natural, como o Paraná, que corta a Mata Atlântica e sul do Brasil e a Argentina? comenta o geólogo José Cândido Stevaux, atualmente na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) em Três Lagoas, que colaborou com Mescolotti.

O São Francisco tem um dos maiores lagos artificiais do mundo, a represa de Sobradinho, com 4.214 km2, que sustenta a usina do mesmo nome, no norte da Bahia. Essa e as outras quatro grandes hidrelétricas (Três Marias, Luís Gonzaga, Xingó e Paulo Afonso) alteram a largura, profundidade, velocidade e vazão do rio, e consequentemente a vida dos moradores das cidades próximas.

“Os efeitos das barragens são mais nítidos perto da foz e especialmente em três municípios de Alagoas ?Piranhas, Pão de Açúcar e Traipu ?e um de Sergipe, Propriá? observa o geógrafo Genisson Panta, doutorando na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e professor do ensino médio em uma escola pública estadual de Maceió. Motivado por Stevaux, que conheceu em um congresso em Fortaleza, no Ceará, ele estuda essas mudanças desde 2019 e as apresentou em um artigo publicado em janeiro na Journal of South American Earth Sciences.

Em Piranhas, Alagoas, o rio ficou menos profundo em resposta ao aumento de vazão causado pela usina de Xingó

Em Piranhas, Alagoas, o rio ficou menos profundo em resposta ao aumento de vazão causado pela usina de Xingó. Imagem: Walter Antonio do Livramento? Wikimedia Commons

Com base em pesquisas de campo e análise de dados de estações hidrométricas, que medem a vazão do rio, ele concluiu que em Piranhas a profundidade do rio diminuiu em resposta ao aumento de vazão causado pela usina hidrelétrica de Xingó, na divisa de Alagoas e Sergipe, concluída em 1994. “Antes havia uma capa de sedimentos no fundo do rio, que fazia ajustes na profundidade de acordo com o aumento da vazão? diz ele. Com a represa, a capa foi removida, as rochas do leito ficaram expostas e o rio pôde fazer apenas ajustes laterais, aumentando a largura.

Já na região entre Propriá, em Sergipe, e Porto Real do Colégio, em Alagoas, o rio avançou cerca de 250 m sobre a margem, de 1969 a 2022. “?uma taxa de erosão altíssima, cerca de 5 m por ano? explica. Segundo ele, a erosão não é contínua, mas episódica: “Uma única cheia pode levar embora toneladas de sedimentos?

Em Propriá, a vazão do rio se manteve, mas aumentou a largura, que passou de 600 m para 720 m de largura após a entrada em operação de Xingó, a 150 km de distância do município, em 1994. Em Carinhanha, sudoeste da Bahia, foi a profundidade do rio que passou de 2 m para 3 m após a construção da barragem de Três Marias, a 700 km ao sul, também concluída em 1994. “Os valores encontrados são semelhantes aos de outros sistemas fluviais tropicais, como o Tocantins-Araguaia e o Paraná? observou.

Em Piaçabuçu, município alagoano a 10 km da foz, uma proporção incomum de adolescentes e adultos teve hipertensão, cuja causa foi elucidada em 2017: durante a seca, o mar invadia o leito do rio e as pessoas consumiam água salobra, sem tratamento. “O mar avança mais facilmente sobre a foz porque, depois da construção das barragens, a vazão do rio é controlada pela demanda de geração de eletricidade? diz Panta.

Batizado com seu atual nome em 1501 pelo navegador italiano Américo Vespúcio (1454-1512) e ainda hoje palco de espetáculos como a procissão com barcos no início de janeiro em Penedo, Alagoas, o São Francisco continua a se transformar em razão das forças tanto humanas quanto naturais. Um dos grandes projetos em andamento é a transposição de suas águas, iniciada em 2007 e inaugurada parcialmente em 2022, com a construção de 700 km de canais de concreto para abastecer plantações e moradores do interior do Nordeste.

“Para dar certo, é preciso planejar direito o quanto de água tirar e como distribuir, talvez não tirando em algumas épocas do ano para não prejudicar o rio? comenta Stevaux. “No mundo, há centenas de rios com transposição. As barragens causam efeitos muito piores.?/p>

Dunas em movimento

Agora cortadas por rios, as dunas de Xique-Xique já formaram uma área única

Agora cortadas por rios, as dunas de Xique-Xique já formaram uma área única. Imagem: Patricia Colombo Mescolotti

Com base nas análises de grãos de areia coletadas a até 2 metros de profundidade, as dunas de Xique-Xique, na Bahia, que hoje ocupam uma área de 8 mil km2, começaram a se formar em épocas de clima seco, com as areias do São Francisco a pelo menos 150 mil anos atrás, como detalhado em um artigo publicado em janeiro na revista Geomorphology.

“Em diversos trechos as dunas já foram mais extensas e formavam uma área única, hoje cortada pelos rios que deságuam no São Francisco? diz Patricia Mescolotti, da UFMS. De cada lado vivem espécies distintas de répteis e mamíferos, que se diferenciaram a partir de uma espécie única.

As dunas, de até 30 m de altura, movem-se em resposta não apenas à areia do rio, que as alimenta, mas também à remoção de vegetação às margens dos rios e à intensidade das secas, argumentaram Santos e Latrubesse em um artigo de novembro de 2021 na Geomorphology. Eles observaram que as dunas migravam em média 15 metros por ano (m/a) de 2002 a 2000 e 9,4 m/a de 2000 a 2019.

Há cerca de 15 anos, a areia das dunas de Geleia cobriu as estradas e as casas do povoado de Icatu, no município de Barra, na Bahia, forçando seus habitantes a se mudarem para as dunas já assentadas.

Projetos
1.
 Perspectivas pretéritas sobre limiares críticos do sistema climático: A floresta amazônica e a célula de revolvimento meridional do Atlântico (PPTEAM) (no 18/15123-4); Modalidade Auxílio à Pesquisa ?Programa de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais ?Jovem Pesquisador; Pesquisador responsável Cristiano Mazur Chiessi (USP); Investimento R$ 3.123.253,45.
2. Avaliando os efeitos das mudanças climáticas do passado e do futuro na biodiversidade amazônica (Clambio) (no 19/24349-9); Modalidade Auxílio à Pesquisa ?Programa Biota; Pesquisador responsável Cristiano Mazur Chiessi (USP); Investimento R$ 230.317,74.

Artigos científicos
FERREIRA, J. Q. et al. Changes in obliquity drive tree cover shifts in eastern tropical South AmericaQuaternary Science Reviews. v. 279, 107402. 1° mar. 2022.
MESCOLOTTI, P. C. et alFluvial aggradation and incision in the Brazilian tropical semi-arid: Climate-controlled landscape evolution of the São Francisco riverQuaternary Science Reviews. v. 263, 106977. 1° jul. 2021.
MESCOLOTTI, P. C. et alThe largest Quaternary inland eolian system in Brazil: Eolian landforms and activation/stabilization phases of the Xique-Xique dune fieldGeomorphology. v. 420, 108516. 1° jan. 2023.
PANTA, G. et alMorphohydraulic of a dam-impacted large river: The São Francisco River, BrazilJournal of South American Earth Sciences. v. 121, 104167. jan. 2023.
SANTOS, L.A.; LATRUBESSE, E.M. Unidades geomorfológicas da planície aluvial do Médio Rio São Francisco, Nordeste do BrasilRevista Brasileira de Geomorfologia. v. 23, n. 1, p. 1097-115. 13 jan. 2022.
SANTOS, L.A.; LATRUBESSE, E.M. Aeolian mobility in the Middle São Francisco Dune Field, Northeast Brazil, as a response to Caatinga’s droughts and land-use changesGeomorphology. v. 393, 107940. 15 nov. 2021.

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??? ?? Archives??? ??- ??? ??? ??? //emiaow553.com/o-clima-para-junho-previsao-do-tempo-e-a-data-do-solsticio-de-inverno/ Thu, 01 Jun 2023 16:04:23 +0000 /?p=494460 No mês de junho, 3 frentes frias devem passar sobre o Brasil, causando clima com queda acentuada nas temperaturas em várias regiões do país

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Prepare-se para o frio! Durante o mês de junho, três frentes frias importantes devem passar sobre o Brasil. Esses fenômenos devem causar uma queda acentuada nas temperaturas em diversos pontos do país, com um clima frio acima da média na maioria das áreas de Minas Gerais e no interior do Nordeste. As informações são do Climatempo.

Além disso, o Sul do Brasil vai sentir mais o frio: durante a passagem do ar polar destas frentes frias, pode haver episódios de geada ampla e temperaturas negativas. As serras catarinense e gaúcha também podem ser afetadas pela precipitação invernal.

Além do Sul, as regiões Sudeste e Centro-Oeste devem ser mais impactadas pelo frio. A massa polar pode chegar ao Acre e Rondônia, causando o fenômeno da friagem.

A primeira frente fria forte de junho só deve começar a influenciar o clima do Brasil mais perto do fim da primeira quinzena. Posteriormente, a segunda frente fria deve passar pelo país por volta do dia 20, e a última no final do mês.

Neste mês, acontece ainda o solstício de inverno, que marca o início da estação. O inverno deve chegar no dia 21 de junho, às 11h58, conforme o IAG-USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo).

Como será o volume de chuva em junho

A climatologia aponta que junho será um mês de pouquíssima chuva sobre praticamente todo o Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Também ocorre redução da frequência das precipitações na parte sul da Região Norte, incluindo Acre, Rondônia, Amazonas e Pará, além de Tocantins. A chuva diminui também pelo interior do Nordeste. No litoral leste, por outro lado, deve ser registrado aumento na precipitação.

Entretanto, o mês deve acabar com clima de chuva abaixo ou dentro da média na maioria das áreas do país. Contudo, deve chover um pouco acima do normal para o mês ao norte do Rio Grande do Sul, abrangendo Paraná, Santa Catarina e parte de São Paulo. Isso também inclui alguns pontos no Mato Grosso do Sul, no Rio De Janeiro, no Espírito Santo e no leste de Minas Gerais.

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?????? ???????????? ??? //emiaow553.com/vem-ai-o-el-nino-saiba-como-ele-pode-afetar-o-clima-no-brasil-e-no-mundo/ Wed, 17 May 2023 16:57:04 +0000 /?p=490555 No Brasil, fenômeno El Niño deve reduzir as chuvas na Amazônia e bloquear as frentes frias na região Sul do país até 2027

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Está confirmado: depois de três anos de La Niña, agora é a vez do El Niño influenciar o clima global, em especial no Brasil. O satélite Sentinel-6 da NASA identificou os primeiros sinais da formação do fenômeno climático no Oceano Pacífico em 12 de maio. 

Nesta quarta-feira (17), a OMM (Organização Meteorológica Mundial) alertou sobre seus efeitos até 2027. Segundo a organização, o planeta vai enfrentar “novos recordes?de temperaturas altas nos próximos cinco anos. 

Há 66% de chance de que a temperatura global média anual fique 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais entre 2023 e 2027. Além disso, a probabilidade chega a 98% de que pelo menos um dos próximos cinco anos seja o mais quente já registrado. 

O El Niño se caracteriza pelo aumento do nível do mar e temperaturas oceânicas mais quentes. Segundo a OMM, o ano de 2016 foi o mais quente já registrado por causa do fenômeno. 

Os meteorologistas esperam que o efeito atinja as temperaturas globais no ano seguinte ao seu desenvolvimento, o que significa que o El Niño será mais aparente em 2024. 

Como o El Niño vai afetar o Brasil 

A OMM alertou que o fenômeno deve afetar o regime de chuvas na Amazônia, o que é particularmente preocupante. Cientistas alertam que o ciclo vicioso de aquecimento e desmatamento pode transformar a floresta em uma savana, o que traria consequências desastrosas para o planeta. 

“Os padrões de precipitação previstos para 2023 em relação à média de 1991-2020 sugerem uma maior chance de redução de chuvas em partes da Indonésia, da Amazônia e da América Central”, diz o comunicado da agência da ONU. 

O El Niño também abre caminho para um possível impacto na agricultura brasileira. Enquanto chove menos na Amazônia, o Sul do país também deve ser especialmente afetado por causa da intensificação da chamada corrente de jato subtropical. 

Esse fenômeno representa os ventos que sopram de oeste para leste, a 10 quilômetros de altitude, e bloqueiam as frentes frias sobre a região Sul do país. Dessa forma, causam excesso de chuva nos meses de inverno e primavera.  

Enquanto isso, as regiões Norte e Nordeste sofrem com a diminuição de chuvas no outono e verão. Sudeste e Centro-Oeste não apresentaram evidências de efeitos característicos das chuvas quando há esse fenômeno. 

O que se sabe, porém, é que os invernos sob o El Niño tendem a apresentar temperaturas mais altas na parte central do Brasil e redução do número de geadas intensas no Sul. 

Como o El Niño vai afetar o mundo 

Além da Amazônia, a OMM prevê menos chuvas na América Central, Austrália e Indonésia. Enquanto isso, regiões como o norte da Europa, Alasca, norte da Sibéria e no Sahel devem registrar precipitação acima da média. A condição também deve trazer mais frio e umidade para o sudoeste dos EUA. 

“O mundo deve estar preparado para o desenvolvimento do El Niño, associado ao aumento do calor, seca ou chuvas em diferentes partes do mundo? disse Petteri Taalas, secretário-geral da OMM. “Isso pode trazer alívio da seca no Chifre da África, mas também pode desencadear eventos climáticos e climáticos mais extremos? 

A OMM relaciona o aumento das temperaturas causado pelo El Niño com as mudanças climáticas causadas pela queima de combustíveis fósseis e outros tipos de poluição desencadeadas pelo ser humano.

“Isso terá repercussões de longo alcance para a saúde, a segurança alimentar, a gestão da água e o meio ambiente. Precisamos estar preparados”, pontuou Taalas. 

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?????? ?????????????????? //emiaow553.com/chuvas-extremas-com-potencial-de-gerar-desastres-sao-cada-vez-mais-comuns-em-partes-do-pais/ Fri, 05 May 2023 12:25:17 +0000 /?p=487547 Dados históricos indicam que frequência de grandes temporais cresce década após década

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Texto: Marcos Pivetta/Revista Pesquisa FAPESP

Dados históricos e projeções futuras indicam que chuvas extremas, como as que assolaram o litoral norte de São Paulo durante o Carnaval deste ano e provocaram 65 mortes, não são um fenômeno passageiro ou localizado. São uma variável do novo clima em movimento do século XXI, embalado pelo aquecimento global, que fez a temperatura média do planeta aumentar quase 1,2 grau Celsius (ºC) desde os anos 1850. Mas o risco de desastres associados a tempestades não é o mesmo para todos ou em toda parte do país. Ele é maior nas áreas em que se concentra a maior parcela da população, como nas grandes cidades do vasto litoral nacional e nas regiões Sudeste e Sul, e entre as pessoas mais pobres que moram em lugares mais expostos a inundações e deslizamentos de terra.

É um cenário complexo, em consonância com as informações e previsões de uma vasta literatura científica sobre o tema, resumida nos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), inclusive no último deles, lançado em 20 de março deste ano. À medida que a temperatura média global for aumentando durante este século, o IPCC projeta elevações na quantidade total de chuvas em grandes parcelas do território brasileiro, como nas regiões Sudeste e Sul, e diminuição no Centro-Oeste, em grande parte do Nordeste e no leste da Amazônia.

Às vezes, uma mesma localidade pode ser alvo, em diferentes meses de um mesmo ano ou em anos distintos, tanto de chuvas extremas como de secas severas. “A maioria dos desastres no Brasil é do tipo hidrológico e geológico e está ligada ao excesso ou falta de chuvas? comenta o climatologista José Marengo, especialista em mudanças e riscos climáticos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). “São deslocamentos de terra ou enxurradas, ou grandes secas em períodos de estiagem prolongada que aumentam o risco de incêndios e de escassez hídrica.?/p>

Na década passada, em sete dias choveu mais de 100 mm na capital paulista, segundo dados do Inmet

O comportamento da pluviosidade no Brasil ao longo das últimas seis décadas retrata essa realidade cheia de nuances. Dados históricos compilados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicam que o valor médio da chuva anual acumulada nas áreas situadas abaixo da metade sul dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul aumentou nos últimos 30 anos entre 50 e 250 milímetros (mm). Nessa parte do território nacional foi registrada redução de pluviosidade apenas em uma pontinha do oeste do Rio Grande do Sul, perto da fronteira com o Uruguai e a Argentina. Também houve aumento na média do total anual de chuva acumulada no Espírito Santo, sul de Minas Gerais, sudoeste de Mato Grosso e alguns pontos da Amazônia, sobretudo em sua porção ocidental. Em todo o Nordeste, no centro do Brasil e na parte oriental da Amazônia, houve diminuição no valor da pluviosidade média anual acumulada (ver mapa). Esses valores saltam à vista quando se compara a média das chuvas anuais registradas entre 1991 e 2020 com o período anterior de 30 anos, entre 1961 e 1990.

Desde 1935, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) preconiza a adoção das chamadas normais climatológicas como valores de referência para um determinado parâmetro do clima, como a quantidade mensal ou anual de chuvas ou os valores das temperaturas médias, mínimas ou máximas em uma região. A partir da sucessão de valores registrados em períodos de 30 anos, calcula-se a normal climatológica de um parâmetro para uma localidade. A fórmula tem como objetivo chegar a um valor que sirva de base, como ponto de comparação, para saber se o clima atual está mudando em um certo local ou tem se comportado da forma esperada, ou seja, dentro dos valores da última normal.

Um aumento de 50 ou 100 mm no total de chuva acumulada em uma cidade como São Paulo, onde chove em média, segundo as normais climatológicas, cerca de 1.600 mm por ano, pode não parecer muito. Mas é preciso colocar esse dado em perspectiva. Um mm de chuva registrado equivale a 1 litro de água sobre uma área de 1 metro quadrado. Portanto, um aumento de 50 mm na pluviosidade média anual significa que caíram 50 litros de água a mais do que o esperado sobre uma superfície equivalente a um quadrado com 1 metro de lado. É preciso ainda levar em conta de que forma uma elevação (ou diminuição) de chuvas se distribui ao longo do tempo. Em alguns lugares, a precipitação anual acumulada pode diminuir, mas aumentarem as chuvas extremas. “Um episódio de chuva concentrada de 50 mm pode gerar mais problemas e preocupações do que cinco chuvas de 10 mm distribuídas em dias diferentes? comenta a meteorologista Danielle Barros Ferreira, do Inmet.

No ano passado, o Inmet divulgou um levantamento que mostra um aumento na ocorrência de dias de chuva forte e concentrada em três capitais brasileiras analisadas. Desde os anos 1990, a cidade de São Paulo, a mais populosa do país, é um caso ilustrativo dessa tendência. A partir de dados coletados sempre em uma mesma estação meteorológica da capital paulista, localizada no Mirante de Santana, na zona norte da metrópole, uma equipe do Inmet contou o número de dias com precipitação elevada, com grande potencial de gerar problemas e eventualmente mortes. Foram contabilizados dias com chuva extrema de três níveis: acima de 50, 80 e 100 mm.

Na década de 1960, houve 40 dias com pluviosidade extrema, 37 acima de 50 mm e três com chuva superior a 80 mm. Mas nenhuma ocorrência de chuva diária ultrapassou os 100 mm. A partir dos anos 1990, sempre foram registrados ao menos 60 dias com chuvas extremas a cada década. Entre 2011 e 2020, apareceu um indício ainda mais preocupante. Ocorreu uma pequena redução no número de dias com chuvas superiores a 50 mm, mas um aumento expressivo na quantidade de episódios de pluviosidade concentrada dos outros dois níveis. Comparando os resultados da década passada com a anterior (2001 a 2010), houve uma redução discreta na incidência de dias com chuva acima de 50 mm (de 53 para 47), mas um aumento significativo de dias com chuva acima de 80 mm (de 9 para 16 ocorrências) e 100 mm (de 2 para 7). “Na capital paulista, as chuvas volumosas tendem a ficar mais frequentes? comenta Ferreira. Um padrão similar de intensificação dos dias de chuva extrema também foi observado em duas capitais situadas em pontos opostos do país, Belém, no Pará, e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

A intensidade das chuvas torrenciais no litoral norte paulista em fevereiro passado parece ser um ponto fora da curva mesmo quando se leva em conta o cenário atual de incertezas e extremos climáticos. Na virada de 18 para 19 de fevereiro, várias cidades da região receberam em menos de 24 horas níveis de chuva sem precedentes ou que, segundo as normais climatológicas, só deveriam ocorrer uma vez a cada 100 anos. Os dois casos mais eloquentes se deram nos municípios vizinhos de Bertioga e São Sebastião, onde a precipitação em 24 horas foi equivalente, de acordo com a média histórica, ao que deveria chover ao longo dos meses de janeiro e fevereiro. Em Bertioga, caíram 683 mm de chuva, a maior pluviosidade registrada no país em um intervalo de tempo tão curto. Em São Sebastião, choveu um pouco menos, 627 mm, segundo dados do Cemaden.

Apesar de ter causado grandes estragos materiais e ter desabrigado cerca de 2 mil moradores locais em vários pontos do litoral norte, 64 das 65 mortes verificadas na região ocorreram em São Sebastião. Nesse município, mais pessoas se encontravam em áreas de risco, sujeitas aos efeitos de deslizamentos de terra provocados pelas águas que desceram as encostas da serra do Mar. Em Bertioga, houve muitas áreas alagadas, mas a ocupação humana, marcada pela presença de condomínios de médio e alto padrão, está mais longe das escarpas montanhosas e não houve óbitos.

Imagem: Alexandre Affonso / Revista Pesquisa FAPESP

“Foi uma situação assustadora? relembra o meteorologista Pedro Leite da Silva Dias, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP). “Até perdermos a eletricidade e o acesso à internet por volta de 1 hora da manhã do dia 19, acompanhei a formação e a disseminação da chuva no site do centro europeu de meteorologia [ECMWF] e pelos dados do Cemaden.?Ao lado da mulher Maria Assunção Faus da Silva Dias, também meteorologista e hoje professora aposentada do IAG-USP, Dias estava hospedado na casa de amigos em uma praia de São Sebastião afetada pelas chuvas e pelo deslizamento de terra, mas onde não houve mortes.

Simultaneamente à chegada de uma intensa frente fria da região Sul, a formação de um pequeno ciclone na costa do litoral, entre a cidade paulista de Ubatuba e a fluminense Paraty, elevou de maneira substancial a intensidade das chuvas entre 18 e 19 de fevereiro. Esse ciclone, pequeno, mas desastroso, relata Dias, apareceu claramente nas imagens do radar do Cemaden e de satélites dos Estados Unidos.

Chuvas intensas são frequentes e esperadas na região de São Sebastião no verão, estação com o maior índice de pluviosidade em boa parte do país. No entanto, os especialistas apontam que houve uma sincronia perfeita, e perversa, que levou ao aprisionamento ?ancoramento, no jargão da área ?de nuvens carregadas de água sobre um trecho do litoral norte por um período de muitas horas. “Parte dessa chuva poderia ter caído sobre o mar ou se deslocado para outros pontos, mas uma série de fatores conhecidos atuou para que ela tenha ficado parada ali por muito tempo? diz o pesquisador Pedro Camarinha, especialista em mudanças climáticas e desastres, que trabalha na sala de situação do Cemaden.

Outra parcela da umidade direcionada para o litoral norte veio da maior evaporação de água no oceano Atlântico, que estava ao menos 1 ºC mais quente do que o normal. Para completar o quadro, os ventos de superfície sopraram em uma direção que interagiu com o relevo da serra do Mar. Isso intensificou o chamado efeito orográfico e retroalimentou a formação de chuvas por horas. “Não posso afirmar, com certeza absoluta, que uma chuva dessa magnitude é decorrente do aquecimento global, mas ela é compatível com esse cenário? pondera Dias.

No caso do litoral norte paulista, as particularidades do município de São Sebastião potencializaram o quadro climático que resultou na tragédia. Lá, boa parte da população pobre está estabelecida em áreas de risco, perto ou nas encostas da serra, há grande desigualdade social e escassez de planos de ação para mitigar os efeitos de chuvas extremas. “Fiz um ranking dos municípios paulistas mais vulneráveis a desastres relacionados a deslizamentos de terra na minha tese de doutorado, que defendi em 2016 no Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais]? diz Camarinha. “Levando em conta múltiplos fatores climáticos e não climáticos, São Sebastião foi classificado como o município em situação mais crítica tanto no tempo presente como nas próximas décadas.?/p>

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MMABET ????????????? //emiaow553.com/vai-chover-nos-desfiles-das-escolas-de-samba-do-rio-confira-a-previsao/ Sun, 19 Feb 2023 12:09:55 +0000 /?p=468200 Como já é tradicional, os grupos vão para a Sapucaí no domingo (19) e segunda-feira (20). Veja o que esperar do clima

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A previsão do tempo informa: pancadas de chuva devem acompanhar os desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro no Carnaval 2023. Como já é tradicional, os grupos vão para a Sapucaí no domingo (19) e segunda-feira (20). 

No primeiro dia dos desfiles, a previsão no Rio é de sol durante a tarde com muitas nuvens e chance de chuva a qualquer momento à noite. Os desfiles começam às 22h, quando as temperaturas devem ficar mais perto da mínima de 22ºC. 

As nuvens seguem na segunda-feira, com pancadas de chuva isoladas ao longo do dia. Mesmo assim, a previsão é que o tempo firme na segunda e terça-feira (21), quando os termômetros devem ficar na média dos 32ºC, segundo o ClimaTempo

A instabilidade é reflexo da ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) que vai passar sobre as regiões sudeste e centro-oeste. Esse fenômeno aumenta o risco de chuvas intensas e tempestades. 

Veja a ordem dos desfiles das escolas de samba do Rio 

Nos dois dias, a programação começa às 22h, com a última escola podendo começar o desfile entre as 3h e 3h50. Cada uma das 12 escolas do Grupo Especial poderá contar sua história em 65 minutos, com limite máximo de 75 minutos. 

Veja a lista completa e os horários previstos para cada escola entrar na avenida: 

19 de fevereiro (domingo) 

  • 22h: Império Serrano
  • 23h a 23h10: Grande Rio 
  • 0h a 0h20: Mocidade 
  • 1h a 1h30: Unidos da Tijuca 
  • 2h e 2h40: Salgueiro
  • 3h e 3h50: Mangueira 

20 de fevereiro (segunda-feira) 

  • 22h: Paraíso do Tuiti
  • 23h a 23h10: Portela 
  • 0h a 0h20: Vila Isabel
  • 1h a 1h30: Imperatriz
  • 2h a 2h40: Beija Flor 
  • 3h a 3h50: Viradouro

A apuração das notas será na quarta-feira de cinzas (22), à tarde. O desfile das campeãs está previsto para o dia 25. 

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?16 ??? ??? ??? | ????- ??? ??? ???? //emiaow553.com/previsao-tempo-desfiles-carnaval-sp/ Fri, 17 Feb 2023 12:13:48 +0000 /?p=468158 Desfiles voltam ao sambódromo do Anhembi após dois anos a partir desta sexta-feira (17). Veja como fica o clima na capital paulista

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A previsão do tempo do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) aponta que o retorno dos desfiles das escolas de samba no sambódromo do Anhembi vai coincidir com instabilidade do clima em São Paulo (SP).

Na sexta-feira (19), o primeiro dia dos desfiles, a previsão é que o dia fique nublado com chuva e trovoadas em pontos isolados da cidade. São as típicas chuvas de verão, porque o calor continua ?a temperatura máxima deve ficar em 32ºC. 

Já quem vai para a avenida no sábado e domingo poderá precisar de um casaquinho. Isso porque uma ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) mantém o tempo instável nas regiões sudeste e centro-oeste, com risco de chuvas intensas e tempestades

Os termômetros devem ficar entre 18ºC e 25ºC no sábado (18), um clima ameno para curtir a folia sem correr o risco de ficar desidratado de tanto calor. Mas, de novo, a previsão indica chuvas e trovoadas em diversos locais da cidade, além de rajadas de vento fracas a moderadas. 

No domingo (19), a mínima cai para 17ºC e a máxima fica em 24ºC. De novo, será um dia chuvoso durante o dia e à noite. A segunda-feira (20) de Carnaval também terá precipitação. Mas, diferente do dia chuvoso que será domingo, a tendência é que o Sol apareça entre nuvens. 

Na segunda e terça-feira, quando os desfiles em SP chegam ao fim, a previsão aponta as mesmas temperaturas: mínima de 18ºC e máxima de 20ºC. 

Confira a ordem dos desfiles das escolas de samba de SP 

A celebração começa com o Grupo Especial, a partir das 21h de sexta-feira. No sábado, os desfiles iniciam às 20h30, com o último grupo marcado para entrar na avenida às 5h. As escolas do Grupo de Acesso desfilam no domingo a partir das 21h. Confira a lista completa: 

17 de fevereiro (sexta-feira) 

  • 21h: Desfile das velhas-guardas de São Paulo
  • 23h15: Independente Tricolor
  • 00h20: Acadêmicos do Tatuapé
  • 1h25: Barroca Zona Sul
  • 2h30: Unidos de Vila Maria
  • 3h35: Rosas de Ouro
  • 4h40: Tom Maior
  • 5h45: Gaviões da Fiel

18 de fevereiro (sábado) 

  • 20h30: Afoxé Filhos da Coroa de Dadá
  • 22h30: Estrela do Terceiro Milênio
  • 23h35: Acadêmicos do Tucuruvi
  • 00h40: Mancha Verde
  • 1h45: Império de Casa Verde
  • 2h50: Mocidade Alegre
  • 3h55: Águia de Ouro
  • 5h: Dragões da Real

19 de fevereiro (domingo) 

  • 21h: Nenê de Vila Matilde
  • 22h: X-9 Paulistana
  • 23h: Camisa Verde e Branco
  • 0h: Vai-Vai
  • 1h: Morro da Casa Verde
  • 2h: Colorado do Brás
  • 3h: Pérola Negra
  • 4h: Mocidade Unida da Mooca

A temporada encerra no dia 25, com o Desfile das Campeãs.

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?????? sm???????????????? //emiaow553.com/cidade-da-paraiba-onde-menos-chove-no-brasil/ Thu, 02 Feb 2023 19:41:55 +0000 /?p=465182 No semiárido do Brasil, Cabaceiras (PB) registra apenas 350 mm de chuva por ano. Compare com cidades onde as chuvas são abundantes

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Além de “Roliúde Nordestina” e sede da “Festa do Bode Rei, uma das maiores festas juninas do país, a cidade de Cabaceiras, no interior da Paraíba, também é o lugar onde menos chove no Brasil. 

A média de chuva esperada por lá é de apenas 350 mm (milímetros) durante todo o ano. Na comparação, a capital paraibana João Pessoa tem média anual superior aos 1.000 mm. Em Curitiba, cidade famosa por ser chuvosa, são esperados 1.500 mm. 

Não chega nem perto de Calçoene, no Amapá, que chega a 4.000 mm de chuva por ano ?e, não por acaso, é a cidade onde mais chove no Brasil. 

“Agora estamos em um clima de veranico? disse Paulo Sérgio da Silva Barros, secretário da agricultura e meio ambiente de Cabaceiras, ao Giz Brasil. “Faz muito calor, sol escaldante, poucas nuvens e temperaturas que chegam aos 34ºC. Mas já sabemos que vai chover. As chuvas de verão são sempre mais intensas e é nessa época do ano que nossos reservatórios pegam água? 

Por causa da aridez, Cabaceiras já foi palco de grandes produções do cinema nacional. Entre elas está o clássico ?a href="//aventurasnahistoria.emiaow553.com/noticias/daniel-bydlowski/21-anos-de-o-auto-da-compadecida-filme-que-retratou-o-jeito-brasileiro-de-ser.phtml" target="_blank" rel="noopener">O Auto da Compadecida? de 2000. Daí o nome “Roliúde Nordestina? 

Mas viver no semiárido brasileiro não é tarefa simples: há uma preparação durante todo o ano para que não falte água aos pouco mais de 5 mil habitantes do município. “Aqui temos diversos poços artesianos, fazemos pequenas barreiras e açudes na zona rural para juntar a água que cai com mais intensidade entre janeiro e abril? contou Silva Barros. 

Seca começa em maio

De maio em diante, as chuvas se tornam cada vez mais esparsas até parar totalmente. A transposição do Rio São Francisco, que pega parte da zona rural do município, também ajuda no enfrentamento da aridez e colabora no plantio do milho verde, a cultura mais forte da região junto com a criação de caprinos e ovinos. 

Em janeiro, Cabaceiras registrou entre 18 mm e 25 mm de chuva. Ficou bem atrás do ano passado, que foi um ano atípico na história da cidade. Cabaceiras registrou quase 1.000 mm ?quase três vezes a média de chuva esperada para todo o ano. 

“No ano passado foi uma correria no Bode Rei, porque choveu nos últimos dias da festa”, contou o secretário. Em 2023, fevereiro já começou com alerta laranja para chuvas fortes em todo o país. Mas não na cidade onde menos chove no Brasil ?pelo menos por enquanto. 

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