A empresa norte-americana anunciou que teve sucesso na produção de cristais de ritonavir no espaço. Atualmente, pessoas infectadas pelo HIV usam o medicamento durante o tratamento.
Na prática, a startup demonstrou a capacidade de manter cristais sensíveis de maneira estável mesmo durante a reentrada ardente da cápsula através da atmosfera do nosso planeta. Dessa forma, o experimento prova que a tecnologia da empresa consegue não só produzir um remédio no espaço, como também trazê-lo em segurança para a Terra.
A empresa liberou o estudo da conquista em , ou seja, ainda sem revisão por pares.
“Nosso processo e hardware funcionaram perfeitamente durante as operações em órbita, reentrada e operações de recuperação… Nós cristalizamos com sucesso a forma III metaestável (menos estável) em órbita e a trouxemos de volta à Terra. Demonstramos controle do processo e estabilidade física durante a reentrada“, afirmou a Varda no X. Veja o anúncio:
We’re excited to share the results of our first pharmaceutical process in microgravity today.
Our processing hardware performed flawlessly.
Our mission is to now enable cost-effective high-cadence access to enable next-generation therapeutics.
Our results and pre-print below:
— Varda Space Industries (@VardaSpace)
A startup lançou seu mini-laboratório para órbita terrestre em um foguete SpaceX Falcon 9, em junho de 2023. Duas semanas depois, ele passou a trabalhar de maneira automatizada em experimentos de cristalização em microgravidade.
Em fevereiro passado, cerca de oito meses depois, a Varda conseguiu fazer o pouso seguro do medicamento produzido no espaço. Reveja abaixo:
Medicamentos no espaço?
A tentativa de produzir medicamentos no espaço não é nova. Há pelo menos 20 anos, farmacêuticas realizam experimentos a bordo da ISS (Estação Espacial Internacional). Por exemplo, gigantes como Bristol Myers Squibb e Lilly, já fizeram alguns testes de cristalização de proteínas em órbita no último ano.
Na microgravidade do espaço, é mais fácil fazer certos cristais do que na Terra. Isso acontece porque o ambiente espacial possibilita a fabricação de remédios em microgravidade. Em geral, isso é importante durante o processo de cristalização.
Em muitos medicamentos, a maneira como algumas proteínas são cristalizadas pode impactar aspectos como custos de fabricação, qualidade geral, estabilidade e eficácia nos pacientes. Além disso, pode determinar se o remédio será utilizado como um comprimido ou se precisará ser aplicado de maneira introvenosa.
Além disso, em órbita, é mais simples de se ter um controle sobre o processo.
É preciso acelerar e baratear
Embora as possibilidades de desenvolvimento de medicamentos no espaço serem impressionantes, elas também são limitadas. Como a maioria dos experimentos feitos até agora utilizaram a ISS como principal local para pesquisa, os custos do processo são muito altos e o ritmo é lento.
A Varda surgiu em 2020 com o objetivo de construir naves reutilizáveis a fim de fabricar medicamentos no espaço de maneira automatizada, sem necessidade de astronautas a bordo. Com isso, pretende baratear o processo, além de agilizar a entrega dos produtos para a Terra.
Até agora, a empresa já levantou US$ 54 milhões (aproximadamente R$ 269 milhões, em conversão direta) em capital de risco. Porém, após o sucesso de sua primeira missão de demonstração, os fundadores afirmam que a Varda está pronta para fabricar medicamentos para clientes em sua plataforma.
Contudo, a startup diz que os próximos lotes serão maiores. Delian Asparouhov, um dos fundadores da empresa, afirmou que uma das naves Varda pode ser otimizada para produzir ingredientes de 200 mil doses de Keytruda. Este medicamento é utilizado na quimioterapia para tratar câncer de cabeça e pescoço.