Spotify deleta mais de 100 episódios do podcast de Joe Rogan
Depois de enfrentar o boicote de artistas e perder assinantes, o Spotify retirou do ar, sem alarde, mais de 100 episódios do programa. A plataforma de streaming detém os direitos exclusivos do podcast mais ouvido dos Estados Unidos, o “Joe Rogan Experience”.
A empresa não se pronunciou sobre o assunto, e não explicou o real motivo da remoção dos episódios. O sumiço dos programas foi notado pela plataforma , que identifica automaticamente a retirada de conteúdos do serviço de streaming, e posteriormente confirmado por veículos como e . Até o momento da publicação desta matéria, cerca de 113 episódios foram removidos do Spotify.
O programa “The Joe Rogan Experience” já vinha sofrendo diversas críticas por divulgar informações falsas sobre a pandemia e as vacinas. Alguns artistas, como Neil Young e Joni Mitchell, anunciaram boicote ao Spotify por insistir em manter os episódios no ar.
A movimentação , mas o serviço de streaming permaneceu ao lado de Rogan. Com isso, o Spotify perdeu, apenas na última semana, 2,9 bilhões de dólares (cerca de 15 bilhões de reais) em valor de mercado.
Porém, , com exceção de um deles, todos os episódios retirados foram gravados antes da pandemia começar nos Estados Unidos, o que tornaria improvável que a remoção tenha relação com as falas de Rogan sobre a Covid-19. Até o momento, boa parte daquilo que saiu do ar foi gravado entre 2009 e 2018.
Além disso, o programa de número #1757, com o médico antivacina Dr. Robert Malone, ainda está disponível no Spotify. Foi esse capítulo do podcast de Rogan que, em janeiro, prontificou 270 profissionais de saúde e cientistas a assinarem uma carta aberta denunciando o conteúdo como ameaça à saúde do público.
A especula que os episódios deletados devam ter relação com outra polêmica envolvendo Rogan: a denúncia feita pela cantora India.Arie contra uso indiscriminado de pelo apresentador, que é branco, em diversas edições do podcast.
India.Arie, que também tirou suas músicas do Spotify, foi uma das artistas que ajudou a divulgar o vídeo e levantou os problemas raciais do “Joe Rogan Experience”, dizendo “Joe Rogan é problemático por razões além da Covid”.
Os programas agora ausentes da plataforma incluem episódios com figuras conservadores americanas, críticos da extrema-direita e teóricos da conspiração, incluindo figuras como Gavin McInnes, Michael Malice, Alex Jones e Milo Yiannopoulos. Também estão incluídas na lista edições com comediantes como Rich Vos, Litthe Esther e o empresário Dave Asprey.
Panos quentes
Dias atrás, o diretor executivo e fundador do Spotify, Daniel Ek, classificou como vital para sua companhia o podcast de Joe Rogan. Ek explicou a seus funcionários que, apesar de considerar “muito ofensivas” e estar “fortemente em desacordo” com “muitas coisas” que o apresentador diz, “para alcançar suas metas, a plataforma deve manter conteúdos com os quais muitos de seus funcionários não querem ser associados, de acordo com um discurso vazado na quinta-feira (3) pelo site The Verge.
Daniel Ek enviou uma carta aos funcionários da empresa, através da qual condena “com veemência” o uso de expressões racistas por parte de Joe Rogan no seu podcast. “Concordo com a decisão [assumida como sendo do próprio podcaster] de remover episódios antigos da nossa plataforma”, escreveu Daniel Ek. “Mas quero deixar bem claro que silenciá-lo não é opção. Devemos traçar linhas concretas em relação aos nossos conteúdos e agir quando forem ultrapassadas, mas cancelar vozes é seguir um caminho perigoso”. Ek disse que os comentários de Rogan “não representam os valores desta empresa” e que o Spotify havia se envolvido em “conversas com Joe e sua equipe sobre alguns dos conteúdos de seu programa, incluindo seu histórico de usar alguma linguagem racialmente insensível”. “Após essas discussões e suas próprias reflexões, ele optou por remover vários episódios do Spotify”, disse Ek. O CEO do Spotify pediu desculpas à equipe pela forma como a controvérsia “continua a impactar” cada um deles. “Lamento profundamente que você esteja carregando tanto desse fardo”, disse Ek. “Também quero ser transparente ao estabelecer a expectativa de que, para atingir nosso objetivo de nos tornarmos a plataforma global de áudio, esses tipos de disputas serão inevitáveis”.