Ciência

Solidão é um problema global de saúde pública, segundo a OMS

Organização Mundial da Saúde criou comissão de enfrentamento da solidão, que pode ser tão prejudicial quanto o fumo
Imagem: christophe Dutour/ Unsplash/ Reprodução

Na última semana, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a como uma ameaça global urgente à saúde. De acordo com o órgão, um a cada quatro idosos sofrem com o problema, que também atinge cerca de 15% dos adolescentes em todo o mundo.

Embora a solidão seja frequentemente vista como uma preocupação dos países desenvolvidos, a OMS ressaltou que as taxas nos países de baixa e média renda são comparáveis ​​ou superiores às daqueles mais ricos.

Por exemplo, 12,7% dos adolescentes experimentam solidão na África, em comparação com 5,3% na Europa.

De modo geral, o alarde sobre as consequências da solidão aconteceu após a pandemia de Covid-19, que forçou o isolamento social mundo afora. Dessa forma, interrompeu atividades econômicas e sociais, aumentando os níveis de solidão. 

Contudo, também trouxe luz a uma nova conscientização sobre a importância do problema.

Os impactos da solidão na saúde

De acordo com Vivek Murthy, cirurgião-geral dos Estados Unidos, a solidão tem efeitos na mortalidade que são equivalentes ao consumo diário de 15 cigarros. Dessa forma, pessoas solitárias enfrentam um risco maior de morte prematura.

Os perigos podem ficar ainda maiores quando associados à obesidade e à inatividade física. Além disso, o isolamento social também estão ligados à ansiedade, à depressão e ao suicídio.

Em pessoas da terceira idade, a solidão está associada a um aumento de 50% no risco de desenvolver demência. Também há relação entre o problema e um aumento de 30% no risco de doença arterial coronariana ou acidente vascular cerebral.

Já nos jovens, a solidão aumenta as chances de abandono escolar ou de  menor satisfação e desempenho no trabalho. Tudo isso, a longo prazo, leva  a resultados econômicos mais fracos. Por isso, especialistas consideram que a solidão é uma ameaça subestimada à saúde pública.

Comissão de conexão social

Pensando nessas consequências, a OMS lançou uma , que terá duração de três anos, acontece entre 2024 e 2026. Ela é liderada por Murthy e pela enviada da União Africana para a juventude, Chido Mpemba. Além deles, há também 11 defensores e ministros de governos mundiais.

O objetivo do trabalho é utilizar os dados já coletados e analisá-los, a fim de fornecer evidências claras aos líderes e profissionais sobre as melhores formas de melhorar as conexões sociais.

Segundo a OMS, “existem soluções promissoras para reduzir o isolamento social e a solidão, que vão desde políticas nacionais amplas até intervenções psicológicas para indivíduos”.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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