Sobreviventes de tiroteios guardam trauma do ocorrido por anos, diz estudo

Segundo estudo, sobreviventes de tiroteios acabam mais propensos a determinadas condições, como consumo de álcool e drogas.
Arma coberta de sangue
Getty
As conclusões de um novo estudo envolvendo sobreviventes de tiroteios provavelmente não vão lhe surpreender, apesar de serem tristes. O levantamento sugere que muitos sobreviventes ficam devastados física e mentalmente por sua experiência, mesmo anos depois.

Para este trabalho, publicado no , os pesquisadores realizaram entrevistas por telefone com mais de 180 sobreviventes de tiroteios que foram tratados em um centro de trauma local em algum tempo a partir de janeiro de 2008. A maioria era do sexo masculino e estava na casa dos 20 anos quando foi baleada. Em média, os pacientes foram contatados cerca de seis anos após o ocorrido.

Embora este não seja o primeiro estudo a examinar a saúde em longo prazo de sobreviventes de trauma, os autores dizem que houve um foco relativamente menor em sobreviventes especificamente em estudos anteriores. E menos estudos ainda contam com entrevistas a pacientes.

Em comparação com suas vidas antes de serem atingidas, eles descobriram, as pessoas estavam mais propensas a estarem desempregadas e a consumirem álcool e outras drogas. Quase metade também apresentou resultado positivo em ter transtorno de estresse pós-traumático. E comparados à população geral, os sobreviventes estavam em geral com pior saúde física e mental.

“Além disso, essas consequências não parecem melhorar com o tempo, nem são limitadas à sequelas com ferimentos graves que requerem admissão no hospital ou na UTI”, escreveram os autores.

Por mais sérias que sejam essas alegações, elas têm algumas limitações. A equipe inicialmente tentou alcançar mais de 2.500 pacientes, mas só telefonou para 263. Esse grupo foi posteriormente reduzido para incluir apenas vítimas de agressão, enquanto nenhuma vítima de auto-mutilação, acidental ou não, foi entrevistada. É possível que as pessoas que não tenham participado das entrevistas sejam diferentes de maneiras importantes para aqueles que estavam dispostos a serem entrevistados. E os pesquisadores não foram capazes de obter informações sobre o status socioeconômico ou nível educacional das pessoas, fatores que obviamente podem influenciar a facilidade com que alguém pode se recuperar de um evento traumático, como levar um tiro. Mas é claro, escrevem os autores, que os “resultados a longo prazo da lesão por arma de fogo ultrapassam a mortalidade e o fardo econômico”. Muitos sobreviventes poderiam se beneficiar de cuidados prolongados para melhorar suas chances de recuperação após uma lesão, disse a equipe de pesquisadores.

Como resultado de suas pesquisas, os autores dizem que criaram um programa em sua clínica de trauma local para identificar e acompanhar os sobreviventes a tiros. O programa foi desenvolvido para facilitar o rastreamento da saúde das pessoas ao longo do tempo e fornecer suporte contínuo à saúde física e mental.

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