A Shein pretende fazer 85% de suas vendas dentro do Brasil até 2027, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quinta-feira (20), depois de se encontrar com representantes do e-commerce chinês.
Segundo Haddad, a companhia deve anunciar seus objetivos no Brasil ainda hoje. “Em quatro anos, eles pretendem nacionalizar 85% das suas vendas, no seguinte sentido: os produtos serão feitos no Brasil”, o ministro a jornalistas.
A Shein também deve aderir ao plano de conformidade da Receita Federal. “Vão aderir ao plano, desde que a regra valha para todo mundo. Essa é a única contrapartida nossa”, relatou Haddad.
Se a regra valer para todos, a Shein vai absorver os custos da conformidade sem passar para o consumidor, afirmou. A agenda do ministro mostra que Haddad se reuniu com o vice-presidente executivo, Donald Tang, e o CEO da Shein no Brasil, Yuning Liu.
O que diz a Shein
Em comunicado, a Shein disse que tem o objetivo de transformar o Brasil em um pólo de produção têxtil e exportação para a América Latina. “A empresa planeja estabelecer parceria com 2 mil fabricantes locais e criar aproximadamente 100.000 empregos nos próximos três anos para produzir peças com a marca Shein”, diz o texto.
Segundo a companhia, o investimento inicial deve ser de R$ 750 milhões para “fornecer tecnologia e treinamento aos fabricantes”.
“Temos visto grande sucesso no Brasil desde nosso lançamento em 2020”, disse Marcelo Claure, chairman da Shein para a América Latina. “Com a crescente demanda dos consumidores, vimos a oportunidade de localizar mais a nossa cadeia de fornecimento para beneficiar os consumidores, as pequenas empresas e a economia em geral”.
Além do investimento, a Shein anunciou a criação de um marketplace de vendedores locais para atender às demandas no Brasil. O modelo começou a ser testado no país em 2022. A expectativa da empresa é que, até o final de 2026, cerca de 85% de suas vendas sejam locais, tanto de fabricantes como de vendedores.
Entenda
A discussão sobre as conformidades de e-commerces estrangeiros, o que envolve a Shein, com a Receita Federal começou quando varejistas e empresários recorreram ao Ministério da Fazenda no começo de março, para denunciar o que classificam como “contrabando digital”.
O grupo denuncia supostas fraudes no envio de mercadorias que entram no país fracionadas e com dados falsos, como valor abaixo do site e em nome de pessoas físicas, por exemplo. Essa seria uma forma de se aproveitar da isenção nas encomendas de até US$ 50 e, assim, burlar as regras tributárias do Brasil.
Hoje, o Fisco cobra uma taxa de 60% sobre o valor da encomenda vinda do exterior que exceder US$ 50 enviadas por pessoas físicas. Com o anúncio de Haddad, a Receita não muda nenhuma regras de exportação e importação.