A seca extrema no Brasil está reduzindo o volume de água de 12 dos principais rios do país, segundo um novo estudo. De acordo com dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais) a seca que assola o Brasil é a pior da história, afetando uma área de mais de 3 milhões de km².
Agora, um do Lapis (Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites), da UFAL (Universidade Federal de Alagoas), revela que a seca já impactou 12 dos grandes rios do Brasil.
Através de imagens de satélite, o estudo da UFAL identificou a diminuição da vazão em rios, lagos e reservatórios nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Amazônia.
Em algumas cidades do Brasil, inclusive onde passam alguns desses rios, estão sem chuva há mais de 100 dias.
Na última sexta-feira (6), em entrevista ao Giz Brasil, a pesquisadora Ana Paula Cunha, do Cemaden, afirmou que a seca se intensificou no Brasil entre maio e agosto, afirmando que a redução hídrica ocorre pelo aumento das temperaturas.
Conforme informamos na matéria, várias cidades do Brasil estão em condições de seca há mais de um ano, e aumentando o rios.
No Brasil, os rios que mais apresentaram redução de nível são:
- Manso
- Paranaíba
- Jequitinhonha
- Tocantins
- Paraná
- Mamiá
- Tefé
- Badajós
- Solimões
- São Francisco
- Juruá
- Madeira
Vale ressaltar que a lista dos rios que mais apresentaram redução em seus níveis inclui bacias hidrográficas, tributários e afluentes dos principais rios do Brasil. Por isso, o rio Amazonas não aparece na lista, mas seus afluentes, sim.
Aliás, os rios Mamiá, Tefé e Badajós foram os que mais apresentaram reduções no Amazonas. O rio Tefé desemboca no rio Solimões, enquanto o rio Badajós fica na margem esquerda.
Portanto, o Rio Solimões, devido aos baixos níveis de seus afluentes, compõe a lista de rios afetados pela seca no Brasil.
“Seca na Amazônia tem como impacto menos chuva no Sudeste e Centro-Oeste. Essas duas regiões da área central do Brasil são impactadas simultaneamente, pois dependem da umidade vinda da Amazônia”, o professor Humberto Barbosa, responsável pelo estudo da UFAL.
Seca extrema representa risco para hidrelétricas
Outros estados do Brasil que apresentam altos índices de seca também têm seus rios diminuindo, como é o cado de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Além disso, esses três estados apresentam índices alarmantes de queimadas — com destaque para São Paulo nesses últimos dias — como consequência da seca.
No norte do Brasil, além do Amazonas, o rio Tocantins também sofre com a seca, afetando a usina hidrelétrica de Estreito, que fica na divisa entre Maranhão e Tocantins, e a de Lajeado.
Aliás, o estudo mostra que nove usinas hidrelétricas do Brasil podem ser afetadas pela redução dos rios causadas pela seca. Entre elas, estão a UHE Irapé, no Rio Jequitinhonha; a UHE São Simão, no Rio Paranaíba; e a UHE Porto Primavera, no Rio Paraná.
No entanto, a situação é mais grave no Rio São Francisco, que apresentou uma redução de 60% nos últimos anos. O “Velho Chico”, além de abastecer centenas de cidades que vão desde o norte de Minas Gerais até Sergipe, é responsável pela geração de energia de cinco hidrelétricas.
As hidrelétricas de Apolônio Sales, Paulo Afonso, Luiz Gonzaga e Xingó e Sobradinho dependem do rio São Francisco para fornecer energia para milhões de pessoas nos estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas.
No entanto, o professor Humberto Barbosa afirma que a chuva pode chegar à região da Amazônia nos próximos dias, reduzindo os níveis de incêndios e seca, além de encher os rios do Brasil.