Na corrida pelo pioneirismo, a Samsung derrapou feio
O Samsung Galaxy Fold pode ser um passo incrível na engenharia de celulares, mas é um produto inacabado. Isso ficou claro quando a Samsung anunciou que adiaria o lançamento do aparelho. O que foi disponibilizado para analistas, jornalistas, influenciadores e era um dispositivo beta – e essas pessoas estavam testando o modelo para a empresa. O Galaxy Fold nem deveria ter visto a luz do dia – pelo menos não nesse momento.
Eram muitos dispositivos, é claro, e uma boa amostragem de público. Você tinha pessoas com pouco entendimento sobre o design de celulares testando o produto junto com pessoas que têm analisado esses eletrônicos por uma década. E aí algumas dessas pessoas removeram uma película que não deveria ser removida, enquanto outros notaram que a Samsung deixou um vão entre a tela e a dobradiça que deixava espaço para sujeira.
Ser a primeira é importante. Mesmo que não seja tecnicamente a primeira, fazer com que o mundo se lembre como se fosse pode ser algo grandioso. A Apple é reconhecida como a primeira a fazer um smartphone, e esse selo ajudou a impulsionar a companhia a ser uma das mais lucrativas da história. Para uma empresa como a Samsung, que sofreu duros baques de relações públicas graças aos problemas com o Note 7 e a prisão de executivos na Coreia, ser a primeira poderia representar uma vitória imensa.
Mas ser a primeira também é uma aposta cara. Se você é o primeiro no mercado, mas o produto é uma droga, isso pode arruinar a perspectiva da companhia na área, além da própria categoria do produto em si. O Google se apressou a lançar um Google Glass desajeitado para o mercado e provavelmente arruinou as expectativas do público para os óculos inteligentes por uma década. A Nintendo lançou rapidamente o Virtual Boy em 1995 porque queria acelerar no desenvolvimento de seu próximo grande console e, além de ter sido um fracasso comercial, envenenou a realidade virtual da imaginação dos games por praticamente 20 anos.
A Samsung dizer que lançaria um smartphone dobrável atrativo e de alta qualidade antes de todo mundo também foi uma aposta cara para a companhia. Eu não consigo fazer outra coisa senão pensar que isso foi impulsionado pela rivalidade com a Huawei, que tem pisado no calcanhar da Samsung, tanto nessa área de dispositivos dobráveis quanto no mercado geral de smartphones. A Huawei é – e forte o suficiente para se tornar a segunda maior vendedora de celulares no mundo, ficando atrás somente da companhia sul-coreana.
A Samsung precisava de uma vitória contra a Huawei, que anunciou seu próprio celular dobrável pouco depois da Samsung mas não espera lança-lo até o final desse ano. Ao mesmo tempo, o desastre do Galaxy Note 7 aconteceu há menos de três anos e, portanto, não seria possível arcar com outro fracasso desse tipo.
Foto: Gizmodo/Sam Rutherford