A pesquisa concentrou-se no fungo Ganoderma lucidum. A espécie produz uma pele a partir de filamentos ramificados conhecidos como hifas, cujo conjunto compõe a estrutura micélio. Os materiais à base de micélio não são totalmente novidade. Já têm sido utilizados nos campos da construção e têxtil. Porém, o fungo em questão pode produzir fios finos parecidos com raízes que servem como material biodegradável e vestível.
No entanto, sua produção tende a matar os clamidósporos, esporos de fungos que ajudam na regeneração do organismo. A equipe também trabalhou com o fungo Pleurotus ostreatus, que não contém os esporos. Porém, ele não foi capaz de se regenerar como o outro.
Quando poderemos vestir couro de fungo?
A mistura de micélios, clamidósporos, carboidratos, proteínas e outros nutrientes em um líquido favoreceu o crescimento de uma pele que poderia ser removida e seca. Agora, os estudiosos esperam haver maneiras de transformar a pele fina e frágil em uma mais dura, seja combinando camadas ou plastificando em glicerol, por exemplo.
O processo, aliás, não matou os clamidósporos, que pode fazer crescer novas hifas. Testes mostraram que, em condições semelhantes ao de seu cultivo, o material era realmente capaz de substituir os buracos feitos nele, deixando apenas algumas marcas.
“A capacidade deste material de micélio regenerativo para curar micro e macro defeitos abre perspectivas futuras interessantes para aplicações de produtos exclusivos em substituições de artigos de couro, como móveis, assentos automotivos e roupas de moda”, descreveram os autores.
Considerando que os processos de crescimento e cura levam dias, ainda é necessário mais tempo para que o processo seja acelerado. Mas, de qualquer forma, a criação ainda parece promissora. Você usaria?