Rita Lee: como a jovem irreverente se tornou a rainha do rock

Conhecida como a rainha do rock brasileiro, Rita Lee começou na música em 1966 e só foi se aposentar dos palcos 40 anos depois; relembre a trajetória
Rita Lee: veja a linha do tempo da vida e obra da rainha do rock
Imagem: Alexandre Cardoso/Divulgação

A doce erva venenosa Rita Lee deixa uma carreira de rebeldia e sabedoria após sua morte, no final da noite da última segunda-feira (8), aos 75 anos. Natural da capital paulista, a artista morreu em decorrência de um câncer no pulmão que tratava há dois anos.

Mas seu legado artístico fascinante permanece para a memória e história do Brasil como uma das cantoras e compositoras mais populares e excêntricas das últimas décadas — uma legítima disruptora no cenário musical e na cultura artística brasileira. 

A seguir, relembre uma linha do tempo com a vida e obra da rainha do roquenrou. 

1947 

Nasce Rita Lee Jones de Carvalho, em 31 de dezembro. É a filha mais nova do dentista Charles Fenley Jones (1904-1983); descendente de imigrantes norte-americanos, e de Romilda Padula (1904-1986), filha de imigrantes italianos. 

Suas irmãs mais velhas são Mary Lee Jones e Virginia Lee Jones. O nome “Lee” é uma homenagem do pai ao general Robert E. Lee, do exército confederado dos EUA. 

Infância 

Rita Lee: veja a linha do tempo da vida e obra da rainha do rockFamília Lee Jones, em 1950. Imagem: Divulgação

A relação com a música começou desde cedo, quando teve aulas de piano com a musicista clássica Magdalena Tagliaferro. Suas primeiras influências foram Beatles, Rolling Stones, Elvis Presley, Cauby Peixoto, Carmen Miranda e Maysa. 

1963 

Aos 16 anos, forma o conjunto musical Teenage Singers, com outras duas amigas. Juntas, faziam pequenos shows em festas colegiais. 

1964 

Conhece o trio masculino Wooden Faces, com quem faz sua primeira gravação: vocais para o álbum de Prini Lorez. Os dois grupos se fundem, formando o Six Sided Rockers, que depois passaria a se chamar “Os Seis”. 

1966 

Rita Lee: veja a linha do tempo da vida e obra da rainha do rockFormação original de Os Mutantes, com Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. Imagem: Arquivo Nacional/Reprodução

Com a saída de três membros, sobram Rita, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. O grupo, então, passa a se chamar “Os Mutantes”, por sugestão do músico Ronnie Von. Com eles, a artista foi cantora, flautista e percussionista, além de compositora. 

1967 

Os Mutantes acompanham Gilberto Gil no 3º Festival de Música Popular Brasileira, na apresentação de “Domingo no parque”, um dos mais importantes e representativos festivais do Brasil, que lançou as bases para o Tropicalismo.

Neste ano, entra no curso de Comunicação Social da USP (Universidade de São Paulo), mas abandona a graduação um ano depois. 

1968 

Rita Lee: veja a linha do tempo da vida e obra da rainha do rockDisco “Panis et Circencis” inaugurou o movimento Tropicália. Imagem: Divulgação

Com os Mutantes, Rita lança o disco “Panis et Circencis” ao lado de Caetano Veloso, Tom Zé, Gal Costa, Gilberto Gil e Nara Leão. O álbum inaugurou o Tropicalismo, movimento que mistura manifestações tradicionais brasileiras com estéticas da cultura pop nacional e estrangeira. 

O disco reúne clássicos como “A Minha Menina”, “Ando Meio Desligado” e “Dom Quixote”. Nesse ano, Rita se casa com o companheiro de banda, Arnaldo Baptista. 

1970 

Ainda junto com Os Mutantes, Rita grava seu primeiro disco solo: “Build Up”. O álbum traz composições feitas em parceria com Arnaldo Baptista, seu então marido. 

1972 

A artista lança seu segundo disco solo, “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida”. Saiu com o próprio nome da cantora, pois Os Mutantes tinham acabado de lançar “Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets” e a gravadora não permitiu que lançassem outro na sequência.  

1972 

Rita Lee e Arnaldo Baptista terminam o relacionamento e a cantora sai de Os Mutantes. Em 2007, o artista que “mandou a Rita embora”. Ambos se tornaram persona non grata um do outro, mas continuam casados no papel. 

1973 

Com a amiga Lúcia Turnbull, forma a banda Tutti Frutti com Luis Sérgio Carlini e Lee Marcucci. Ao assinar o contrato, a gravadora Philips exige que o nome da banda seja Rita Lee & Tutti Frutti. 

O primeiro disco do grupo não é lançado por problemas com a censura e por ser “alternativo demais”. 

1974 

Enfim, sai o primeiro disco: “Atrás do Porto Tem uma Cidade”. 

1975 

A Som Livre lança “Fruto Proibido”, disco que leva sucessos como “Agora Só Falta Você” e “Ovelha Negra”. 

1976 

Rita Lee: veja a linha do tempo da vida e obra da rainha do rockRita Lee e Roberto Carvalho, data desconhecida. Imagem: Divulgação

Em uma época de alta produção criativa, Rita lança “Entradas e Bandeiras”, com singles como “Coisas da Vida” e “Com a Boca no Mundo”, além de “Bruxa Amarela”, composta por Raul Seixas e Paulo Coelho. 

No mesmo ano, conhece o músico carioca Roberto de Carvalho, com quem inicia uma parceria musical e romântica que seguiu até o último dia de sua vida.

Em plena ditadura, foi após uma batida em sua casa, na Vila Mariana, em São Paulo. Os policiais disseram ter encontrado 300 gramas de maconha em sua casa. Ela sempre garantiu que a droga não era sua: tinha parado de fumar porque estava grávida. 

Ficou oito dias presa no Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) até receber a condenação de que ficaria reclusa em prisão domiciliar por um ano.  

1977 

Dá a luz ao seu primeiro filho, Beto Lee. Se divorcia oficialmente de Arnaldo Baptista. 

1978 

Lança “Babilônia”, com singles como “Jardins da Babilônia”, “Agora é Moda” e “Miss Brasil 2000”. Depois do lançamento, o grupo se desfaz por incompatibilidades artísticas e de relacionamento. 

1979 

Nasce João, seu segundo filho. Também começa uma fase pop de Rita com Roberto: os dois começam a gravar músicas que depois se tornariam temas de novelas da Rede Globo. Alguns exemplos deste ano são “Mania de Você”, “Chega Mais” e “Doce Vampiro”. 

1980 

A artista lança “Rita Lee”, mais conhecido pelo hit Lança Perfume. Outros sucessos incluem “Baila Comigo”, “Orra Meu” e “Bem-me-quer”. 

1981 

Nasce Antônio, seu terceiro e último filho. Ao lado de Roberto, lança “Saúde”, com singles como “Saúde”, “Banho de Espuma” e “Mutante”. 

1982

Lança “Rita Lee e Roberto de Carvalho” com sucessos conhecidos até hoje como “Flagra” e “Cor de Rosa Choque”. 

1991 

Depois de muitos sucessos feitos ao lado do marido, a dupla decide separar-se temporariamente em termos profissionais. Aí, então, Rita Lee começa sua bem-sucedida turnê voz e violão Bossa ‘n Roll. 

1996

Depois de 20 anos de união, Rita e Roberto se casam em uma cerimônia civil. É só então que a artista passa a assinar como Rita Lee Jones de Carvalho.

1998 

Lança seu Acústico MTV. Gravação tem participação de Cássia Eller (“Luz del Fuego”), Paula Toller (“Desculpe o Auê”), Titãs (“Papai me Empresta o Carro”) e Milton Nascimento (“Mania de Você”). 

2000 

Na virada do milênio, Rita lançou “3001”, com faixas escritas com Tom Zé e Itamar Assumpção. Os sucessos incluem “Erva Venenosa”, “Pagu” e “O Amor em Pedaços”. 

2008

A revista Rolling Stone coloca a cantora na Lista dos 100 Maiores Artistas da Música Brasileira. Rita ocupa o 15º lugar. 

2012

Depois de 40 anos na estrada, Rita anuncia sua aposentadoria. Ela diz que sua fragilidade física é o principal motivo. “Me aposento dos shows, mas da música nunca”, escreveu no Twitter. 

2016 

Lança o livro “Rita Lee: uma Autobiografia” (Globo Livros), onde relata episódios desconhecidos de sua vida. Um exemplo é o abuso sexual que sofreu na infância e relação conturbada com Arnaldo Baptista.

2021 

Lança “Change”, canção em parceria com Roberto de Carvalho e Gui Boratto. É a primeira música inédita em oito anos. A faixa entrou na trilha sonora da novela “Um lugar ao Sol”. No mesmo ano, a cantora recebeu o diagnóstico de um tumor no pulmão esquerdo. 

2023

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Em abril, anunciou que estava curada da doença após diversas sessões de quimioterapia. Ela preferiu não comemorar: disse que sabe que o tratamento, mesmo após a cura, exige prudência. Por isso, continuou com a rotina reclusa em casa. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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