Rihanna canta “Cuff It” de Beyoncé em gravação gerada por IA; ouça
Uma gravação que viralizou no Twitter na última quinta-feira (13) apresenta Rihanna cantando “Cuff It”, o novo hit de Beyoncé. Só que não se trata de um encontro das divas do pop, mas sim de uma música gerada por IA (inteligência artificial) que imita perfeitamente a voz da cantora de Barbados.
A música apareceu pela primeira vez em um tuíte da conta Rihanna Facts. A publicação diz que gerou o material via ChatGPT, da OpenAI. Até a publicação desta reportagem, o trecho de 51 segundos foi reproduzido mais de 1,5 milhão de vezes.
IA Rihanna from ChatGPT singing Beyoncé’s "Cuff It" — Rihanna Facts (@Nevernyny)
Apesar de interessante – é engraçado ouvir a tentativa da IA de imitar a voz de Rihanna –, a criação esbarra nos direitos autorais. Segundo o advogado Alexander Ross, criadores dessas “faixas fakes” podem estar infringindo a lei.
“Se você está criando uma gravação com a intenção de levar as pessoas a pensar que é real, isso se chama alegação de falsificação”, disse ao . “Você está se passando pelo artista original”.
A diferença entre o que é legal e o que é criminoso está em deixar claro que aquilo não passa de um exercício de IA – como fez o tuíte da Rihanna. “Se ninguém for levado a pensar que pode ser Rihanna ou quem quer que seja, então não há por que se preocupar”, pontuou.
Já rolou antes
Além da canção de Rihanna e Beyoncé, a IA generativa já criou versões de músicas de outros artistas, como Ye (Kanye West). Neste caso, chatbots usaram a voz do artista na música “Hey There Delilah”, do grupo Plain White T’s.
Sistemas de IA também geraram um cover do rapper cantando “Passionfruit”, de Drake. No YouTube, as versões acumulam mais de 500 mil e 300 visualizações, respectivamente.
Em 2021, uma organização de saúde mental dos EUA usou o IA Magenta, do Google, para produzir a música “Drowned in the Sun”. A composição usou dezenas de gravações originais do Nirvana. Um cover de Kurt Cobain interpretou a canção.
O Magenta também foi usado para criar músicas via IA parecidas em gênero, número e grau com as composições de Amy Winehouse, Jimi Hendrix e Jim Morrison. Por causa disso, a Universal Music Group pediu que serviços como Spotify e Apple Music impedissem que empresas de IA usassem a música da gravadora para “treinar” suas tecnologias.
É possível driblar os direitos autorais?
Sim, é possível, desde que a gravação da música existente seja completamente nova, com voz de IA, mas com uma sinalização clara de que se trata de um produto criado a partir de inteligência artificial, afirmou Ross.
Caso contrário, as chances do material sair do ar são grandes. No caso da Rihanna em “Cuff It”, de Beyoncé, por exemplo, o criador também deveria ter pedido permissão de Beyoncé para usar a faixa – e pagar royalties por isso.
“Se eles roubaram o instrumental, ou parte da gravação original de Beyoncé, isso é violação de direitos autorais de várias maneiras”, explicou o advogado. “Você roubou parte da gravação e a distribuiu, comunicou ao público. Existem todos os tipos de motivos para processos de violação aí”.