[Review] Xiaomi Mi Band: uma pulseira fitness boa e barata com um software limitado

Custando apenas R$ 95, a Mi Band é muito mais barata que as outras pulseiras fitness do mercado brasileiro.
Dizem que a computação vestível é o futuro. Por enquanto, ainda não usamos roupas inteligentes, e os smartwatches têm preços altos demais para aparelhos cuja utilidade ainda está sob questionamento. Mas há uma categoria que parece interessante: são as pulseiras fitness. Elas não custam tão caro e fazem uma coisa melhor que smartphones: monitorar sua atividade física.

Elas são mais baratas que os smartwatches, e a Xiaomi Mi Band leva isso a outro nível: , cerca de 1/4 o que cobra a concorrência. E aí, como ela se sai?

O que é?

Uma pulseira fitness — isto é, uma pulseira para monitoramento de atividades físicas ao longo do dia. Além de registrar o quanto você anda e/ou corre, a Mi Band mede quanto tempo você dormiu, e quanto desse tempo foi de sono leve e de sono profundo. Por fim, a pulseira também vibra quando seu smartphone recebe notificações e ligações, e funciona como despertador.

Design

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A Mi Band é composta por duas partes: uma pulseira de borracha preta com um espaço no meio, onde é encaixada a outra parte, um módulo com os sensores e três LEDs.

Apesar de o módulo ser metálico e ter uma cor prateada, o conjunto todo é discreto. Após algumas semanas de uso, só duas pessoas me perguntaram o que era aquela pulseira no meu braço. O ajuste do tamanho é parecido com o de um relógio esportivo comum: são oito furos para você escolher o que fica melhor. Aí é só encaixar o fecho com um pouco de pressão e pronto.

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A Mi Band também tem proteção contra água e poeira no padrão IP67 — você pode lavar as mãos sem precisar tirá-la do pulso.

Configurando

A primeira coisa a se fazer ao tirar a Mi Band da caixa é recarregar a bateria do módulo. Após duas horas ligado na USB do seu computador, ele está pronto para ser encaixado na pulseira.

Antes de usar, você ainda precisa instalar o app do Mi Fit (disponível para e ) e conectar a pulseira a seu smartphone. A conexão é feita por Bluetooth e não há NFC para facilitar o processo — a Smartband da Sony, por exemplo, usa a tecnologia para “encontrar” a pulseira com mais facilidade.

Eu testei a Mi Band com quatro smartphones: Xiaomi Redmi 2, Motorola Moto G, Moto X Force e Samsung Galaxy On7. Nos dois primeiros, o smartphone teve um pouco de dificuldade para encontrar a pulseira; no Moto G, eu ainda preciso desligar e ligar o Bluetooth com certa frequência para ela sincronizar com o app. Nos outros dois, tudo correu sem grandes problemas.

Depois de conectar a pulseira, você pode usar o app para mudar sua meta de passos, programar alarmes, definir notificações e configurar o desbloqueio inteligente – em aparelhos da Xiaomi, o recurso é automático; em outros Androids, ele usa o Smart Lock do próprio sistema; no iPhone, ele está indisponível.

Monitorando atividades físicas

Vamos começar pelo uso mais básico da Mi Band: o monitoramento de atividade física. Isso funciona? Sim. É preciso? Nem tanto. Ao caminhar acompanhando o app, pude perceber que, às vezes, a pulseira conta dois passos quando apenas um foi dado. Além disso, o dispositivo interpreta os “pulos” que o ônibus dá como passos: numa viagem de quarenta minutos sentado, ela “contou” 100 passos. Essas observações confirmam o que  e falaram sobre a Mi Band: ela superestima sua atividade física. Como você deve imaginar, a Mi Band precisa dos movimentos do seu braço para “perceber” as atividades físicas. Por isso, exercícios em bicicletas ergométricas, por exemplo, não são registrados. A pulseira também não monitora sua atividade numa esteira se você estiver se segurando nos apoios.

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Você não precisa abrir o app para ter uma ideia de quanto andou no dia: o módulo da Mi Band tem três LEDs que indicam seu progresso em direção à meta de atividades físicas: um LED piscante quer dizer que você ainda não chegou a um terço da sua meta; um aceso e outro piscante, você cumpriu um terço da sua meta; dois acesos e um piscante, dois terços da meta. A pulseira vibra quando você atinge sua meta no dia, que pode ser um valor entre 2.000 e 30.000 passos, com incrementos de 1.000. Os LEDs só acendem com um movimento parecido ao de ver as horas em um relógio de pulso. O problema é que nem sempre a Mi Band interpreta esse movimento direito. Várias vezes você fica parado, encarando o módulo, e nada dos LEDs acenderem, aí tem que repetir o movimento, abaixa o braço, ergue o braço etc. Além disso, é bem difícil enxergar os LEDs sob a luz do sol.

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No entanto, abrir o app dá mais informações. Ele vai além da somatória de passos e lista caminhadas e corridas que você fez. Nas últimas horas do dia, ele também mostra quantos passos faltam para atingir a meta.

Monitorando sono

Atividades físicas não são a única coisa que a Mi Band monitora. Ela também registra informações sobre sono: tempo total e períodos de sono leve ou pesado, de acordo com seus movimentos. Uma vantagem é que a Mi Band registra automaticamente esses dados. A Smartband da Sony, por exemplo, exige que você ative o modo noturno para que ela monitore o sono. Com a pulseira da Xiaomi, você não precisa se preocupar com isso: basta deitar e dormir usando o dispositivo.

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A precisão, aqui, é bastante aceitável. Em um mês de uso, só lembro de duas ou três vezes em que a Mi Band “errou” a hora em que eu tinha dormido — em todo caso, você pode editar o horário em que você foi dormir e em que acordou. A somatória de sono pesado e sono leve também teve coerência com a qualidade do meu sono. A Mi Band também funciona como despertador: ela permite configurar três alarmes através do app Mi Fit e conta com a função de alarme inteligente — a pulseira “presta atenção” em como está seu sono na meia hora antes do horário programado e vibra quando percebe que seu sono está leve, para um despertar mais natural.

Outras funções

O Mi Fit também tem a opção de fazer sua Mi Band vibrar quando chegam notificações de aplicativos e quando o celular recebe uma ligação. No caso das notificações, você pode escolher até três aplicativos para ser avisado através da pulseira. Eu configurei três mensageiros (WhatsApp, Telegram e Messenger) e nem sempre o Mi Fit conseguiu fazer a pulseira vibrar. Já as notificações de ligações funcionaram bem.

Como eu uso o Pushbullet para ser avisado na tela do computador das notificações no meu smartphone, esse recurso da Mi Band não é essencial. Se as notificações na pulseira são importantes para você, talvez seja melhor procurar outro app para Android. Mi Band Notify (grátis) e (R$ 5,99), ambos com avaliações superiores a quatro estrelas na Play Store, permitem colocar um número ilimitado de apps e ainda escolher cores do LED personalizadas para cada um deles, além de muitos outros recursos.

Outro recurso da Mi Band que pode ser usado em smartphones com Android é o desbloqueio automático. Ao estar com a Mi Band no pulso, você não precisa desenhar padrões ou digitar senhas para desbloquear seu aparelho. Em dispositivos da própria Xiaomi, com o sistema MIUI 7, a configuração é bem simples: basta ativar o recurso no app Mi Fit e pronto. Em outros aparelhos Android, a pulseira da Xiaomi faz uso desse recurso Smart Lock do sistema operacional, que permite que qualquer dispositivo Bluetooth seja usado para pular os bloqueios do smartphone. O processo é um pouco mais complicado: você tem que abrir o Mi Fit, ir até Configurações e encontrar a opção de desbloqueio. Ela vai te levar até uma página para conectar a Mi Band. Em alguns dispositivos, o botão de conectar dispositivo fica parcialmente encoberto; eu descobri meio por acaso que era ali que eu tinha que tocar. Depois de conectar, o app te leva para as configurações do Smart Lock.

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Bem, funciona: você realmente não precisa mais do padrão ou da senha para desbloquear. Mas tome cuidado, pois fica muito mais fácil desbloquear acidentalmente seu smartphone no bolso, principalmente em smartphones da Motorola, que ligam a tela sozinhos. Isso aconteceu duas vezes comigo. Em uma delas, ativei o modo avião sem querer e só percebi depois, quando peguei o aparelho. Por fim, a bateria. A Xiaomi promete um mês sem precisar recarregar. E cumpre: estou há 32 dias usando a minha Mi Band e ela ainda está com 30% da bateria. Eu desativei as notificações de aplicativos e ligações. Com elas ligadas, o consumo certamente seria maior, já que vibrações são o que mais gastam bateria no dispositivo – mas ainda assim estaria dentro do prometido.

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Afinal, o quanto uma pulseira dessa é útil?

Eu preciso perder de novo uns quilos a mais que já perdi e ganhei de novo. Eu não gosto de academia e praticamente não tenho tempo de praticar esportes ao ar livre. Para emagrecer, fui aumentando a atividade física que já fazia parte do meu cotidiano: andar. Eu deixava para pegar o ônibus alguns pontos depois, ou descia alguns pontos antes para incluir exercícios na minha rotina, e deu certo. Por isso, um dispositivo que fica o tempo todo comigo e monitora o quanto eu ando me ajuda a manter um certo nível de atividade física todos os dias. Antes da Mi Band, eu usava o , que transforma o smartphone em um monitor de atividades. O app também se conecta com o , aplicativo que eu uso para controlar minhas refeições. Com a Mi Band, eu ganho em liberdade e precisão: ela monitora também o quanto eu ando em casa ou no trabalho, sem o celular no bolso. Também posso dormir sem o celular ao meu lado na cama (e para quem passa tempo demais no smartphone, é uma tentação a menos), como fazia quando usava o Sleep As Android. Por outro lado, perco em praticidade: o Mi Fit se conecta ao Google Fit, mas os dados são exportados incorretamente para o Lifesum, o que me obriga a anotar manualmente as calorias de um app no outro. Mas a minha maior queixa mesmo é com o Mi Fit, aplicativo que faz a conexão entre a pulseira e seu smartphone. Ele é muito limitado. As metas diárias de exercícios poderiam ser em minutos ou distância, que são jeitos mais naturais para prever exercícios do que passos – mas esta é a única opção disponível. Eu sei estimar o tempo ou, com menor precisão, a distância de um lugar a outro. O Google Fit permite que eu estabeleça uma meta de tempo ou distância. Eu costumava usar metas em minutos no Google Fit — é mais fácil pensar “ainda tenho que andar 20 minutos hoje” do que “ainda tenho que andar 3.000 passos hoje” — mas o Mi Fit não me dá esta opção. O registro de sono poderia permitir anotações sobre o que pode estar afetando a qualidade do seu descanso. Apps como o e o , por exemplo, permitem fazer essas anotações — mais que isso, eles trazem listas de itens que podem afetar o sono, como café, doença, atividade física, medicamentos, e dão informações úteis sobre o quanto cada uma dessas variáveis tem afetado seu sono. O Mi Fit não tem nada disso. Ele tem recordes, mostra dados semanais, mas é só. A conexão com o Google Fit é um diferencial — poucos monitores entre os mais baratos têm esse recurso — e permite usar seus dados em outro app, mas ainda é pouco. Como destaca o sobre os monitores de atividade física, o software é uma parte importantíssima — é ele que vai interpretar todos os dados coletados. No fim das contas, ele é que vai diferenciar entre ter um monte de números e gráficos ou ter uma lista de boas recomendações de saúde. E é justamente aí que a Mi Band escorrega: o Mi Fit poderia fazer muito mais.

Vale a pena?

A questão é que, com o preço da Mi Band, não dá muito para reclamar. Com o frete incluso, eu paguei R$ 105. A Garmin Vivofit, que eu pensei em comprar há alguns meses, custa quase R$ 400, quatro vezes mais. A Jawbone UP está na casa de R$ 600 e os produtos da Fitbit nem sequer são vendidos oficialmente aqui. A pulseira da Xiaomi é muito mais barata que as concorrentes. E preço, neste segmento, é importantíssimo. Nós ainda não estamos habituados aos vestíveis. Uma pulseira fitness não é como um smartphone: por pior que seja, você dificilmente vai achar um smartphone completamente inútil a ponto de colocá-lo numa gaveta e nunca mais usar, mas é um risco que se corre com uma pulseira desse tipo ou com um smartwatch. A Mi Band é importante por isso: mesmo que, depois de comprar, você acabe não achando uma grande utilidade para o dispositivo na sua vida, o prejuízo não será considerável. E a pulseira, no fim das contas, não é ruim: ela cumpre o que promete, dá algumas informações interessantes e pode ajudar você em questões de saúde.

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