[Review] Samsung Galaxy M31: um degrau acima

Se você procura uma aparelho bem equilibrado e não quer sair da faixa dos R$ 1.500 a R$ 2.000, o Galaxy M31 é provavelmente sua melhor opção.
Imagens: Giovanni Santa Rosa/Gizmodo Brasil

O pacote padrão do smartphone intermediário de 2020 varia pouco de marca para marca. Tela acima de 6 polegadas, processador octa-core acima dos 2 GHz, 4 GB de RAM, bateria entre 4.000 mAh e 5.000 mAh, três ou quatro câmeras. É relativamente fácil encontrar um aparelho assim na Motorola, na LG, na Xiaomi e na Samsung, para dar alguns exemplos.

Por isso, quando essa última marca lançou seu Galaxy M31 no mercado brasileiro, eu logo achei bem interessante. Ele oferece mais memória, com 6 GB, e uma bateria até agora sem muita concorrência, com 6.000 mAh.

Mas números são uma coisa, usar o celular é outra. Eu testei o Galaxy M31 por mais de um mês e digo o que achei do aparelho no texto a seguir. Já adianto que ele cumpre muito do que promete, sim.

Samsung Galaxy M31
O que é?
Smartphone intermediário da Samsung com bateria gigante e boas especificações
Preço
Sugerido: R$ 2.000. No varejo: por volta de R$ 1.700.
Gostei
Boa câmera. Bateria dura bastante mesmo com uso intenso. Desempenho acima da média para a categoria.
Não gostei
Design com falhas de ergonomia e acabamento pouco resistente.

Visual

O M31 tem um design compacto e fica mais confortável na mão que outros aparelhos que já usei com tela ali por volta de 6,4 polegadas. Ele parece um pouco mais espesso que a média, o que é compreensível por causa da bateria de grande capacidade, mas não incomoda — pelo contrário, é até melhor para segurar. O peso também não é muito maior que o de outros aparelhos de dimensões parecidas.

Ele tem o leitor de impressões digitais na traseira, mas o formato e o posicionamento não são tão bem ajustados. Por ter pouca largura e muita altura, às vezes você não encaixa o dedo tão bem no sensor, e ele fica um pouco mais acima do que seria o ideal. Com isso, às vezes você precisa repetir o encaixe para desbloquear o dispositivo.

A traseira tem revestimento de um plástico reluzente que pega muita marca de dedo. Além disso, ele parece ser bem pouco resistente a riscos e pequenos machucados. O aparelho que testei ficou um pouco desgastado na parte inferior, com um pequeno pedaço com uma ralada e alguns pequenos cortes na borda esquerda. Raramente isso acontece com aparelhos que testo. Então, fica o aviso: se comprar um Galaxy M31, procure também uma capinha para ele.

A tela de 6,4 polegadas usa tecnologia AMOLED, o que é muito bem vindo. As cores são bastante saturadas e causam algum incômodo no início, até porque não há opções para configurar isso. Depois de um tempo, você se acostuma e passa a gostar. Em ambientes externos, o brilho é mais que suficiente, mas o vidro reflete muito a luz do Sol, então você acaba demorando um pouco até achar o ângulo certo para conseguir enxergar a tela do aparelho. Com resolução FullHD+, a qualidade de fontes e imagens é excelente.

Sistema e desempenho

A experiência usando o Galaxy M31 é muito agradável. A One UI da Samsung é bem diferente do Android puro, mas ela aposta em elementos visuais bem grandes e coloridos, e olha, dá bastante certo. O launcher padrão também é bastante ágil, permite alternar entre a tela inicial e a gaveta de aplicativos com rapidamente com gestos para cima e conta com atalhos para desinstalar ou agrupar vários apps de uma vez.

O Galaxy M31 roda Android 10 e conta com recursos recentes do sistema, como notificações silenciosas, ferramentas de bem-estar digital e navegação por gestos, que some com a barra de navegação e dá mais espaço para a interface dos apps. Infelizmente, o aparelho não está na lista da Samsung para três atualizações do Android, então seu futuro a longo prazo não é tão garantido. Eu apostaria que pelo menos o Android 11 ele recebe.

Há, também, personalizações e customizações de todo o tipo e por todos os lados, como um menu Aparelhos na área de configurações rápidas — serve para fazer a música parar de tocar em uma caixa Bluetooth e continuar nos alto-falantes do smartphone, por exemplo — e até uma regulagem do nível de brilho da lanterna do celular.

Por outro lado, também tem muito bloatware: coisas da Microsoft (e não dá para desinstalar o OneDrive), jogos (Candy Crush, Samsung? Em 2020?), a loja de aplicativos Galaxy Store e até o TikTok estão na lista do que já vem instalado no Galaxy M31. Uma coisa engraçada é que, se você usa o Smart Switch, app da Samsung para transferir informações do seu aparelho atual para um recém-comprado, tem a opção de não instalar os apps da Samsung (como o navegador próprio dela) e da Microsoft (menos o OneDrive, de novo). Eu fiz isso e acabei sem app de calculadora — precisei baixar um na Play Store. O desempenho também é bem bom. Com 6 GB de RAM, alternar entre aplicativos é bem fácil e rápido. Também não há lentidão para abrir apps, e jogos leves rodam muito bem. Para não dizer que tudo é perfeito, há alguns engasgos ao rolar páginas no Chrome e no Firefox ou navegar pelo feed de apps de redes sociais.

Bateria

A bateria de 6.000 mAh é, sem dúvidas, um dos maiores atrativos do aparelho. Outros aparelhos com baterias grandes geralmente não passam da casa dos 5.000 mAh. E ela vai muito bem: usando moderadamente o aparelho — entre quatro e cinco horas por dia de redes sociais e apps de mensagens e trabalho — e tirando o celular da tomada por volta de 9 da manhã, por várias vezes ele chegou ao final do dia com a carga entre 60% e 70%. Isso é muita coisa: outros aparelhos de bateria grande geralmente chegam com 50% nesse ponto. Geralmente, eu só ia colocar o M31 de novo para carregar na madrugada do segundo dia, lá pela 1 da manhã, totalizando 40 horas longe da tomada.

Um comportamento que eu achei estranho, porém, foi o gasto de energia com o aparelho em repouso. Segundo o AccuBattery, ele gastou cerca de 90 mAh (ou 1,5% da capacidade) por hora com a tela desligada. Por isso, às vezes eu ia dormir com a bateria com mais de 60%, mas acordava com ela por volta de 50%. Esse gasto é realmente alto: os LG da série K têm baterias menores e gastam cerca de 40 mAh (ou 1% da capacidade) por hora quando a tela está desligada. Eu apostaria que é por causa do processador Exynos. Com tela ligada, porém, o consumo fica por volta de 400 mAh por hora, o que não é muito acima da média. Isso dá cerca de 6% da bateria por hora de uso, o que significa que dá para usar o aparelho por mais de 16 horas direto, sem desligar a tela. Talvez esse seja o motivo da Samsung não ter usado uma estimativa de dias fora da tomada na publicidade do aparelho e sim dito que ele consegue durar o dia inteiro mesmo com uso intenso. Faz sentido, pelo menos. Além disso, o Galaxy M31 vem com carregador de 15 W. Na tomada, o aparelho carrega a 2.200 mA. São cerca de 2h40 para completar a bateria, o que se justifica pela grande capacidade dela. Com 1h de recarga, porém, você já tem 40% a mais de bateria, o que pode ser suficiente para quase um dia usando moderadamente.

Câmera

O Galaxy M31 vem com uma câmera quádrupla na traseira. O conjunto inclui um sensor principal de 64 megapixels, uma ultrawide de 8 megapixels com campo de visão de 123°, um sensor de profundidade de 5 megapixels e uma lente macro também de 5 megapixels. Com isso, ele tem os recursos esperados para smartphones intermediários mais recentes, como modo retrato e modo noturno.

No geral, as câmeras do M31 são muito competentes — tão competentes que as fotos do review deste fone da Sony e deste celular da Motorola foram feitas com ele. O processamento dá uma exagerada no contraste, mas o resultado fica ótimo em ambientes externos durante o dia e em ambientes internos com a boa iluminação.

O modo noturno, porém, é um pouco inconsistente e tem um comportamento estranho de recortar a imagem para um enquadramento menor — serve só para não deixar sem registro coisas que você gostaria de fotografar quando não há tanta luz. A câmera ultrawide, apesar da pouca resolução, faz um trabalho decente e até bem coerente em questão de cores. Já a lente macro padece do mesmo mal do Moto G8 Power: a baixa resolução do sensor atrapalha a ideia de capturar detalhes aproximados. [foo_gallery]

Conclusão

Se a ideia da Samsung era fazer um intermediário melhor do que a média do mercado, ela conseguiu. O Galaxy M31 tem desempenho mais ágil e consistente que outros aparelhos que testei, como o Moto G8 Power e o LG K61. A bateria de 6.000 mAh é superior também — não tanto quanto eu esperava, mas é, principalmente para o tal do uso intenso, quando você quer tirar muitas fotos, gravar vários vídeos ou passar horas jogando ou vendo filmes e séries. As câmeras entregam uma qualidade de imagem ótima. Para não dizer que é perfeito, o design com deslizes de ergonomia e o acabamento pouco resistente deixam um pouco a desejar.

Além disso, o Galaxy M31 chegou ao Brasil por um preço bem interessante, R$ 2.000, e já pode ser encontrado na casa dos R$ 1.700. O Moto G9 Plus, lançado por R$ 2.500, ainda está na casa dos R$ 2.000, e o LG K61, que fica um pouco abaixo, está na casa dos R$ 1.300. Ou seja: o M31 oferece um bom custo/benefício. Se você procura uma aparelho bem equilibrado e não quer sair da faixa dos R$ 1.500 a R$ 2.000, essa é provavelmente sua melhor opção.

Samsung Galaxy M31 — ficha técnica

  • Display 6.4” FHD+ (1080 x2340) Super AMOLED
  • Câmera Traseira
    • 64 MP (Principal)
    • 8 MP (Ultra Wide)
    • 5 MP (Macro)
    • 5 MP (Profundidade)
  • Câmera Frontal: 32 MP
  • Processador: Exynos 9611 Octa-Core 2.3 GHz
  • RAM: 6 GB
  • Armazenamento Interno: 128 GB
  • MicroSD: até 1 TB
  • Bateria 6,000 mAh (15W carregamento rápido)
  • Dimensões/Peso: 159.2 x 75.1 x 8.9 mm, 191 g
  • Sensor de impressão digital na parte traseira
  • Reconhecimento facial

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