[Review] Moto X, da Motorola: conheça o mais humano dos Androids
O Moto X é o primeiro smartphone da Motorola sob o comando do Google. Repetimos bastante isso por aqui desde que os primeiros rumores sobre ele surgiram porque isso é, sim, um ponto muito importante. A gigante das buscas (que hoje já é muito mais do que isso) agora tem uma empresa de hardware para implantar a sua filosofia. E o Moto X é o primeiro fruto dessa parceria. Mais do que apenas um novo smartphone de uma empresa um pouco diferente, ele é uma amostra do que podemos esperar da Motorola nos próximos anos: robôs cada vez mais humanos.
Ele foi lançado no fim de agosto lá fora e foi bastante elogiado. Chegou ao Brasil no meio de setembro e, depois de algumas semanas usando um, já podemos dar um veredicto final. O Moto X é fantástico. Não por ter o melhor processador, ou a melhor tela, nem a melhor câmera. Ele sequer tem a versão mais recente do Android. Mas a combinação de todos seus detalhes bem pensados faz dele um smartphone espetacular. O Android para todos.Design e especificações técnicas
Já falamos bastante sobre o Moto X, mas é bom retomar algumas coisas. A Motorola insiste que o Moto X é mais do que as suas entranhas. Em vez de destacar o clock do processador, a empresa promove o sistema de oito núcleos: dois deles estão no Snapdragon Pro de 1.7GHz, quatro na GPU Adreno 320 e outros dois núcleos servem para linguagem natural e computação contextual. O Moto X funciona o tempo inteiro – mesmo quando está com a tela desligada, ele está prestando atenção no mundo ao seu redor, esperando pelo seu comando para ser ativado. Explicamos isso com detalhes em nosso hands-on: a Motorola diz que o sistema simplifica o uso do smartphone, e é isso que testamos neste review.
Em relação ao design, tudo o que já dissemos lá atrás segue valendo: é até surpreendente que ele seja tão compacto com uma tela de 4,7 polegadas. Sua traseira levemente curvada tem uma pegada incrível. Segurar o Moto X é muito bom. Ele é leve (130g) e, apesar de ter o acabamento de um tipo de policarbonato emborrachado, o aparelho em nenhum momento parece de baixa qualidade – muito pelo contrário, você sente que está com um smartphone high-end nas suas mãos. Comparado às útimas tentativas de design da Motorola, quadrados, durões e sem pegada, o Moto X é uma ótimo suspiro de esperança. A tela AMOLED não é Full HD, mas isso não é um problema: ela é belíssima, bem nítida e com cores vivas, e protegida por um vidro Gorilla Glass realmente resistente – apesar do meu uso intenso não notei nenhum arranhão na tela, e ela frequentemente está livre de marcas de dedos ou qualquer tipo de sujeira.Ele entende você (ou quase isso)
O Moto X é o Android mais humano e está sempre prestando atenção no que acontece para saber exatamente o que deve fazer. Ele ouve a sua voz, ele sabe que está no bolso, ele entende que você quer tirar uma foto. Esses recursos são interessantes, mas alguns deles não funcionam exatamente como deveriam.Software e desempenho
O Moto X usa o Android quase puro, com sutis modificações da Android. Ele roda o 4.2.2 Jelly Bean (apesar do 4.3 já ter sido lançado, não foi incluído no Moto X). Visualmente temos um Android bem parecido com o stock disponibilizado pelo Google. A Motorola já vinha diminuindo bastante o peso da sua skin nos seus smartphones, e seguindo neste caminho podemos esperar por aparelhos puros no futuro (aqui vale o destaque que uma versão Google Play com o Android stock será vendido nos EUA). Tive contato com dois aparelhos da Motorola em um passado recente – o Razr i e o Razr D3. Eles já eram bem pouco modificados, mas tinham um widgets de círculos característico. Isso sumiu. A tela inicial do Moto X não tem absolutamente nada de diferente do que o Google coloca no Android – talvez alguns papeis de parede, mas só. A barra de notificações é completamente limpa – diferentemente de certos smartphones da Samsung e LG que têm atalhos que ocupam até metade da tela de notificações. Puxe de cima da tela com dois dedos e encontre as configurações rápidas – ative ou desative conexão de dados, Wi-Fi, Bluetooth, modo avião, entre nas configurações, controle o brilho da tela, confira a situação da bateria. Nas notificações mesmo, você tem apenas elas e nada mais – ok, dois botões no canto superior direito para limpar as notificações e abrir a outra tela de configurações rápidas. Nas adições da Motorola, um destaque é o Assist. Um app bem Google – ele é dividido em cards, como os apps do Google são atualmente – e ajuda na definição de três perfis: um para dirigir, um para reuniões e um para dormir. Isso significa que você pode configurar o aparelho para entrar no modo silencioso quando estiver em reuniões, para silenciar completamente durante o sono, ou para enviar mensagens automaticamente para quem tenta ligar para você enquanto você dirige. Mas então é só um app para definir perfis diferentes? Não exatamente. Com o Assist ativado, o Moto X muda automaticamente para essas configurações quando sabe que você está dirigindo, em reunião ou dormindo. No caso do sono, é simples – você escolhe as horas que costuma dormir para ele não atrapalhar esse tempo precioso. Para reuniões, ele checa a sua agenda para saber quando você vai se encontrar com outras pessoas, e assim não incomoda durante esse tempo. E, quando percebe a sua velocidade de deslocamento, detecta que você deve estar dirigindo e ativa o modo direção – como falei antes, este modo é o que faz melhor uso dos comandos de voz do aparelho. A bateria de 2,200 mAh poderia ter sua duração bastante comprometida pelos truques da Motorola – afinal, o aparelho está sempre prestando atenção no que acontece. Mas na prática não é isso o que acontece, com as soluções (como as notificações pulsantes) que já explicamos antes. A bateria do Moto X funciona bem: ela vai aguentar facilmente um dia inteiro na rua, mesmo com uso frequente, e você vai chegar em casa com bastante carga disponível, sem precisar correr para chegar até o carregador antes que o aparelho apague de vez. Por fim, o processador dual-core não compromete o desempenho do Moto X, e, com a GPU Adreno 320, mesmo aplicações pesadas como jogos rodam extremamente suaves. Suave é a palavra que define perfeitamente o desempenho do aparelho: mude de apps com facilidade, abra, feche, navegue na internet. Faça qualquer coisa, você dificilmente vai notar lentidões. Especificações técnicas realmente não importam neste caso – temos aqui um dos mais fluidos smartphones com Android do mercado.Câmera
Se existe alguma parte do Android do Moto X que recebeu bastante modificação, foi na câmera. O app foi completamente redesenhado – e é extremamente simples. Ao ativar a câmera (seja balançando o braço ou abrindo como qualquer outro app), você encontra uma tela quase limpa: no canto direito estão os ícones para mudar para vídeo e para trocar pela câmera frontal. Como você tira foto? Como muda alguma configuração? É fácil. Para tirar foto, basta tocar em alguma parte da tela – qualquer parte – e a foto é capturada, e bem rápido. Segure o dedo por um tempo e diversas fotos são tiradas em sequência. Para fazer ajustes na câmera, puxe um menu escondido no canto esquerdo da tela. Ele é simples – bem simples, e você não tem muitas opções de configuração. É possível ativar HDR, flash, definição de foco, vídeo em câmera lenta, foto panorâmica, colocar tag de localização na imagem e desativar o movimento para abrir a câmera. Com a definição de foco, você toca na tela na parte que quer focar e ele tira foto automaticamente. O vídeo em câmera lenta grava a 720p e a 15 fps – o padrão da indústria é de 30 fps, então é um pouco decepcionante. Vídeos normais são gravados em 1080p. Quer mudar controle de branco, qualidade da imagem, do vídeo? Esqueça, não é possível. O app é simples e limitado – provavelmente o suficiente para quem quer apenas tirar fotos rápidas com o smartphone, mas qualquer pessoa um pouco mais exigente pode se incomodar com isso. Mas vamos ser francos – pessoas que se importam em mexer nas configurações da câmera do smartphone costumam ter uma câmera dedicada, então não vai ser exatamente uma grande perda, só significa que o Moto X jamais será sua câmera fotográfica ideal. Mas além de tudo a qualidade das imagens não é exatamente excelente – percebi muitos ruídos nas fotos, mesmo em boas condições de luz. Confira algumas fotos: [galeria 120778]Notas de uso
- Durante o teste, não senti a necessidade de reiniciar o Moto X por sentir que ele estava lento demais (como acontece frequentemente com outros Androids). Ele desligou, sim, mas por outro motivo – a bateria acabou (isso fazia parte do teste, é claro). Mas travadas, lentidões, engasgos? Nada disso.
- Fones de ouvido que acompanham smartphones não costumam estar entre os melhores do mercado, e o caso do Moto X não é diferente – o fone de ouvido é bem ruim, então qualquer pessoa com um pouco mais de preocupação com qualidade de som vai precisar comprar outro. Novamente, isso não é muito diferente do que acontece com outros aparelhos.
- Já o carregador de tomada tem uma agradável surpresa: duas entradas USB. Sim, você pode conectar dois cabos USB e carregar dois aparelhos de uma vez usando apenas uma tomada. Muito bom.