A última vez que a Huawei vendeu smartphones no Brasil, contávamos com um aparelho modesto da marca. Era 2015 e pouco depois vimos a empresa ir embora. De lá para cá, a companhia chinesa passou a estampar manchetes com frequência e elevou o nível dos seus modelos internacionalmente, chegando a fabricar um dos últimos Nexus, […]
A última vez que a Huawei vendeu smartphones no Brasil, contávamos com um aparelho modesto da marca. Era 2015 e pouco depois vimos a empresa ir embora. De lá para cá, a companhia chinesa passou a estampar manchetes com frequência e elevou o nível dos seus modelos internacionalmente, chegando a fabricar um dos últimos Nexus, aparelhos projetados pelo Google.
Chegamos em 2019 e eis a reestreia da Huawei no Brasil: o P30 Pro, um topo de linha com especificações invejáveis, principalmente pelo sistema de lentes que pode ser comparado a uma câmera semiprofissional. Testei o aparelho durante alguns dias e essas são as minhas impressões:
Uau, hein? Que câmera!
Não tem como começar por outro item senão as câmeras. O modelo ostenta quatro sensores: uma de 20 MP ultra grande angular, uma de 40 MP grande angular, uma de 8 MP telefoto 5x óptico e uma câmera ToF (Time of Flight), que é usada para captar detalhes de profundidade. No software de câmera, há ainda uma opção de zoom híbrido de 10x que entrega resultados interessantes.
Ah, e o total do zoom digital pode chegar a 50x, , embora a fabricante negue veementemente.
Esse poderio todo é traduzido para ótimas fotos em praticamente todas as situações. Fizemos um comparativo simples entre as fotografias tiradas pelo P30 Pro, Galaxy S10+ e iPhone XS Max e é dificílimo apontar qual é a melhor.
As imagens à luz do dia são ricas em detalhes e o processamento com HDR do aparelho da Huawei não é muito pesado nas cores, mas tende a deixar alguns pontos mais claros do que o real. Essa característica fica evidente em fotos noturnas, quando o céu aparece ligeiramente mais azul do que realmente é. Mas mesmo em ambientes com pouca iluminação, os sensores conseguem captar muitas informações, deixando pouco ruído – até com a lente de zoom 5x, que costumam captar menos luz.
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Para o meu dia a dia, um zoom óptico de 5x ou o híbrido de 10x, oferecido pela Huawei, faz pouca diferença – porém, tive uma ocasião específica em que o aparelho foi perfeito: a final do campeonato paulista de 2019. Estava em setor do estádio que fica longe do gramado e, mesmo assim, consegui tirar boas fotos dos jogadores segurando a taça durante a volta olímpica.
Não é uma funcionalidade que você usará o tempo todo, mas garante fotos bacanas em shows, eventos esportivos e outras situações específicas. A não ser que você – o que é proibido por lei – ou que o smartphone comece a te dar um olhar diferente para as cenas e a partir daí você entrar numa pegada diferente de fotografia móvel.
O sistema de estabilização óptica utilizado pela Huawei se mostrou competente nas minhas mãos. Não sou a pessoa mais firme na hora de tirar fotos e, mesmo aplicando bastante zoom, consegui imagens que não saíam tremidas.
Até mesmo as fotos com a lente grande angular possuem um nível decente de detalhes. É comum que nessas fotos as bordas tenham poucas informações, o que não rola com o Huawei P30 Pro. E com todo esse poderio, o software de câmera oferece um modo “Pro”, onde você pode fazer ajustes específicos de fotografia. Para o usuário que só quer apertar um botão, o app costuma ser bem intuitivo.
As fotografias no Modo Retrato ficam bonitas quando o ambiente está bem iluminado – e todo o reconhecimento de plano de fundo e das pessoas acontece com bastante velocidade. Porém, em uma foto à noite, mesmo com bastante luz, fiz alguns cliques e só depois percebi que o assunto não estava focado 100%, embora o software tivesse indicado que estava tudo certo.
Design exuberante
Passando para o visual do aparelho, quando um amigo viu o aparelho pela primeira vez fez um comentário que não pude discordar: o design está no limite entre o bonito e o brega. A traseira do P30 Pro é um vidro azul degradê que muda os tons de acordo com a incidência de luz – alguns podem achar bonito, outros podem achar exagerado. Para esses últimos, a versão preta, sem tanta firula de visual, também está disponível no Brasil.
O acabamento do aparelho passa a sensação de um celular caro, como ele realmente é. As bordas “infinitas” da tela ajudam a completar essa aparência cara, mas se prepare para dar toques acidentais em alguns ícones ou teclas do teclado ao usá-lo – existe pouquíssima borda ao redor do display e uma pequena faixa de um material que parece plástico na lateral.
O P30 Pro tenta abandonar o notch, mas não consegue completamente. O modelo tem uma “gotinha” para abrigar a câmera frontal. Eu não sou fã desse design no geral, mas a gota é muito mais discreta do que o notch tradicional e, com o tempo, eu praticamente esqueci que isso existia.
Ele é um celular grandão, com tela de 6,47 polegadas e bem comprido. Como os tamanhos exagerados já são o padrão da indústria, não estranhei usá-lo – e, como eu disse, a tela aproveita muito bem o espaço frontal. A tecnologia do display é OLED e a resolução é 1080 x 2340 pixels (FullHD+) – tudo o que você poderia pedir em um celular que custa R$ 5.499. Achei as cores bem vibrantes, mas sem exageros.
Na parte de baixo tem um sensor de impressões digitais que fica sob a tela. Não foi o sensor mais preciso que já usei e, no começo, tive dificuldades para me adaptar – mas parece que com o tempo as coisas fluíram melhor (ou ele aprendeu mais sobre a minha digital, ou eu peguei a manha de usar). Considerando que essa é uma tecnologia muito recente – entre os aparelhos que já usei, foi o primeiro a ter essa funcionalidade – dou uma colher de chá para a Huawei.
Para finalizar os truques debaixo da tela, o P30 Pro tem uma tecnologia chamada Acoustic Display. Ou seja, o alto-falante fica sob a tela, fazendo com que o display vibre levemente ao reproduzir som. Funciona bem para ligações. Essa técnica não é utilizada na reprodução do som de vídeos ou músicas.
Desempenho de sobra e economia boba
Quando falo de desempenho, não gosto de citar somente os números das especificações técnicas. No caso desse celular, os números quase falam por si: o processador Kirin 980 tem oito núcleos, acompanhados de 8GB de RAM e GPU Mali-G76 MP10.
Tudo isso de RAM talvez não seja nem necessário, mas garante fluidez no uso e, querendo ou não, esse parece ser o padrão dos novos Androids topo de linha. Em termos de desempenho, não há queixas.
A camada de personalização da Huawei, chamada EMUI, me surpreendeu. Baseado no Android 9.0 Pie, o visual é totalmente diferente da versão padrão do Google – eu curti que há uma versão escura, mas achei estranho que para ativar o tema é preciso navegar nos menus de bateria. Eu entendo a lógica, mas não acho que deveria estar ali.
A surpresa vem do fato de ser uma interface relativamente bem feita e, pela minha experiência, melhor do que soluções de outras marcas como LG. As coisas podem ser personalizadas, então eu preferi manter uma gaveta de apps, mas é possível deixar todos os aplicativos na tela inicial, igual ao iPhone. Outra coisa que dá para deixar parecido com o iPhone é a navegação por gestos – eu mantive os botões do Android. Não encontrei muitas soluções pré-instaladas que fossem injustificáveis e, no geral, curti o sistema.
A grande decepção que tive com o aparelho foi o fato de não ter um adaptador P2 para USB-C na caixa. O modelo não tem entrada convencional para fones de ouvido, o que já tem se tornado padrão na indústria. Esse não é o problema, o zoado é excluir o adaptador do pacote – iniciativa que a Apple também adotou e, sinceramente, é péssima. Pelo preço, o acessório já deveria estar incluso.
Baita bateria
Vamos falar sobre a autonomia do modelo. São 4.100 mAh, uma baita bateria que garante usar o celular tranquilamente durante todo o dia, indo até a manhã seguindo com pelo menos 20% de carga – mesmo utilizando com frequência a câmera e outros recursos que consomem bastante energia.
Durante o tempo que passei com o Huawei P30 Pro, costumava tirar o o celular da tomada perto das 8h e usá-lo esporadicamente até meio-dia. Entre às 12h e 14h faço um uso mais intenso, ouvindo música no Spotify, trocando mensagens e lendo e-mails ou matérias via Chrome. Depois, rola um uso mais moderado e mais ou menos às 18h volto para a casa e faço o mesmo da ida, usando mais intensamente. Até às 19h30, costumava sobrar 40% de bateria. Ou seja, eu conseguia ainda trocar mensagens durante à noite, ver vídeos no YouTube e alguns episódios de série no Amazon Prime/Netflix e deixar o celular durante a madrugada sem carregar.
Ao acordar, geralmente eu ainda tinha uns 20% e aí acontecia uma mágica: colocava ele na tomada e em cerca de uma hora ele estava completamente carregado. Vem uma fonte de 40W na caixa do P30 Pro que carrega o celular muito, muito rápido – o que é bem útil para você ganhar autonomia em espaços curtos de tempo; coisa de 15 minutos na tomada e você consegue usar o celular por pelo menos umas 6 horas.
Para ter noção do absurdo do carregador do P30 Pro, basta ver as escolhas de concorrentes. Os novos iPhones, por exemplo, vêm com um carregador de fábrica de 5W, enquanto os Pixel 3, do Google, têm 18W.
Outro ponto que a fabricante destaca é o carregamento reverso, que permite colocar outro gadget com compatibilidade ao carregamento sem fio e sugar a bateria do P30 Pro. Parece legal, mas tentei usar isso para dar uma carga no iPhone e é tudo muito lento – ambos os aparelhos ficam muito quentes e há pouco ganho. Lógico, não deixa de ser uma conveniência, mas com utilidade muito pontual.
Vale a pena?
O Huawei P30 Pro tem todas as características que você pode esperar de um celular de R$ 5.499. Desempenho? Tem! É a prova d’água? É! Tem carregamento wireless reverso? Sim! Carrega rápido? Muito.
Tem tudo o que você pode esperar e a vantagem de uma câmera fantástica.
Muita gente disse que a câmera “redefiniu o jogo” no mercado e, embora eu ache ela excelente, a diferença para os concorrentes não é gritante. Destaco duas vantagens do aparelho: armazenamento de 256 GB e bateria de muito respeito. O software precisa de um pouquinho de polimento e a ausência de um adaptador para fones P2 desaponta.
Para quem está no mercado dos aparelhos caríssimos, considerando gastar uma bala para comprar um celular, é muito difícil apontar um vencedor geral. O fato é que, se você é um usuário do Android, dificilmente ficará decepcionado com o P30 Pro – se você já cansou do iOS e quer migrar, também, não irá encontrar muitos defeitos (desde que já esteja ciente das mudanças que vão rolar).
Baita celular.
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