[Review] Galaxy A7 (2018): vale a pena ter três câmeras?

Era questão de tempo até que colocasse três ou mais câmeras na traseira de um celular (já tem gente que inventou de colocar cinco). O que eu não esperava é que essa adição fosse feita num celular considerado de gama média – ou como os executivos gostam de falar: intermediário premium. No ano passado, um […]
Traseira do Galaxy A7 (2018)

Era questão de tempo até que colocasse três ou mais câmeras na traseira de um celular (já tem gente que inventou de colocar cinco). O que eu não esperava é que essa adição fosse feita num celular considerado de gama média – ou como os executivos gostam de falar: intermediário premium. No ano passado, um executivo da Samsung afirmou que os smartphones intermediários da marca teriam novas tecnologias antes dos topos de linha e o Galaxy A7 foi o primeiro a confirmar a nova estratégia da fabricante sul-coreana.

Ao ver a palavra premium você já pode esperar um aparelho relativamente caro – no lançamento, em novembro de 2018, o preço sugerido do Galaxy A7 era R$ 2.199. O mercado já fez o seu trabalho e o modelo desvalorizou consideravelmente: quase seis meses depois ele sai por cerca de R$ 1.600. Considerando o valor mais baixo, o modelo tem lá as suas vantagens, mas já adianto que não me convenci muito.

Nos próximos parágrafos, conto como foi usar o Galaxy A7 (2018) por alguns dias:

Visual

Tela do Galaxy A7 (2018)

O Galaxy A7 é daqueles celulares que chamam a atenção na prateleira da loja: um telão AMOLED de seis polegadas com resolução FullHD e traseira brilhante azul, preta ou cobre. A unidade que testei era a de cor mais chamativa: azul. E ele é praticamente inteiro da mesma cor.

É justamente essa uniformidade em cores metalizadas na traseira e lateral que faz com que o acabamento (que nas laterais é de plástico e na traseira é de vidro) passe uma sensação mais barata ao celular. Tivesse aqui um detalhe em uma cor ligeiramente mais sóbria, talvez o look and feel mudasse completamente para melhor.

A parte estética pode ser considerada um gosto estritamente pessoal e há quem ache bonito. Seguindo em frente, curti que o Galaxy A7 tem um leitor de impressões digitais, ainda que de primeira você não consiga encontrá-lo. Isso porque ele fica no botão power, localizado na direita, logo abaixo dos botões de volume. É uma solução similar a que a Sony vinha adotando em seus smartphones e acho um local bacana para o leitor biométrico. A parte mais importante é que trata-se de um leitor competente, que geralmente leu minhas impressões de primeira. Me decepcionou profundamente o fato de um aparelho lançado no final de 2018 ainda ter entrada microUSB. Qual é, Samsung? Já estamos na era do USB-C, vamos acelerar esse passo aí. Você não vai deixar de comprar um aparelho por causa disso, mas é uma economia barata por parte da fabricante, ainda mais pelo preço de lançamento do modelo.

Detalhe da porta microUSB do Galaxy A7 (2018)

Usando

Outra economia boba e, essa sim, mais negativa é a ausência de carregamento rápido. A bateria de 3.300 mAh pode demorar algumas horas até chegar à carga completa – considere que a concorrência oferece isso há tempos. No meu teste, demorou cerca de três horas para ir de 15% a 100%. Apesar desse defeito, o Galaxy A7 tem autonomia boa e não te deixará na mão durante um dia completo de uso. Em minha rotina, costumo tirar o aparelho da tomada entre 8h e 9h, usando-o de vez em quando até o meio-dia. Depois disso, faço um uso mais intenso me deslocando pela cidade, ouvindo música via streaming, lendo textos no navegador, checando e-mail e redes sociais. Uso o aparelho de forma mais amena nas horas seguintes e no começo da noite me desloco novamente, fazendo o mesmo tipo de uso da ida. Desse dia inteiro, as configurações do sistema indicaram que a tela fica ligada durante cerca de 7 horas e que restavam pouco menos do que 25% de bateria. É uma autonomia muito boa.

Traseira do Galaxy A7 (2018)

Parte dessa eficiência vem do processador octa-core de 2,2 GHz Exynos 7885. É o processador para smartphones intermediários premium da Samsung e, combinado com os 4 GB de RAM e a GPU Mali-G71, faz um trabalho decente no desempenho.

Não dá para esperar animações perfeitamente fluidas o tempo todo; de vez em quando, durante transição de aplicativos ou rolagem de páginas, as coisas ficavam um pouco mais lentas – especialmente quando haviam aplicativos rodando em segundo plano. Se você já usou qualquer intermediário, seja ele da Samsung ou não, deve ter passado pela mesma experiência – é natural. Comparando com a experiência que eu tive com o Galaxy A8 (2018), foi muito mais tranquilo de mexer nesse aparelho.

Um dos pontos altos do celular é sua tela AMOLED. Ótimo contraste, brilho alto sob o sol, conteúdo bem nítido. E já que estou falando de imagem, bora emendar para falar das três câmeras traseiras.

Câmeras

Detalhe das três câmeras do Galaxy A7 (2018)

Começando pela salada de números de cada sensor:
  • O principal deles tem 24 megapixels e abertura f/1.7. A Samsung diz que ele quatro pixels em um para conseguir fazer boas imagens em condições adversas de luminosidade, mas não foi essa a experiência que tive à noite.
  • Há também um sensor de 5 megapixels e abertura f/2.2, que atua em conjunto com o principal para adicionar um controle melhor de profundidade de campo.
  • Já o último é composto por um sensor de 8 megapixels e uma lente grande-angular de abertura f/2.4 e 120 graus, para capturar imagens mais amplas.
Com a pompa das três câmeras, minha expectativa para as fotos era alta. Tive sentimentos mistos após tirar algumas fotografias. Trata-se de uma câmera muito boa quando as condições de iluminação são ideais – fotos vívidas e nítidas de dia, muitos detalhes apesar de o HDR às vezes dar uma exagerada em texturas – pelo menos quando são tiradas com o sensor principal. Não é uma câmera de smartphones topo de linha, mas é decente. À noite, o cenário não fica bonito para o Galaxy A7: as luzes estouram com facilidade e os detalhes se perdem uma vez que o processamento de software tenta eliminar os ruídos. O modo retrato funciona bem com pessoas e o nível de detalhes é bom. O software da Samsung permite definir o quão desfocado você quer que a sua foto fique e eu, geralmente, deixo ali pela metade – quando você deixa essa configuração no máximo, a impressão é de uma foto muito artificial. O que fica artificial, no final das contas, são retratos de objetos no geral – pessoas ficam bem nas fotos, mas esqueça os objetos nesse modo, é melhor fazer um macro. Já a câmera com lente grande angular tira fotos com cores bem diferentes do sensor principal, muito menos vívidas. Além disso, o nível de detalhes é significativamente menor e a distorção – que sempre acontece em lentes do tipo – é bem pesada. Espere paredes curvadas e objetos distorcidos num nível maior do que o apresentado por outros smartphones que também possuem lentes wide-angle – eu diria que o nível de distorção é similar ao encontrado em câmeras da GoPro. Isso, pelo menos, significa que pode ser bem divertido usá-la. Ah, as fotos com esse sensor tiradas à noite são bem ruins. [foo_gallery]

Conclusão

Mão segurando Galaxy A7 (2018)
A maioria das análises publicadas na época do lançamento do Galaxy A7 o comparavam os modelos topo de linha que haviam sido lançados no ano anterior – e com razão, já que o celular chegou custando R$ 2.199 e por algumas centenas de reais a mais você conseguiria comprar um Galaxy S8, por exemplo.

O A7 desvalorizou, enquanto o preço dos topos de linhas, mesmo os mais antigos, deram uma estacionada. Agora, por cerca de R$ 1.600, dá para dizer que esse aparelho faz parte da linha de gama intermediária da Samsung. Dada a experiência, é um celular bem mais competente do que o Galaxy A8 – destaco a duração da bateria e a qualidade da tela. Para quem gosta de fotografar e não quer desembolsar muito, o A7 manda bem quando há muita luz e quando se usa a câmera principal – ou seja, embora se faça muito marketing sobre as três câmeras, apenas uma delas faz um bom serviço.

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