[Review] Realme Buds Q: fones sem fio que acertam por não inovarem
Em sua estreia no mercado brasileiro, a chinesa Realme trouxe não apenas smartphones, mas dois dispositivos complementares: o relógio Realme Watch S e os fones de ouvido sem fio Realme Buds Q, que é o protagonista deste review.
A impressão que eu tive é que, neste primeiro momento, a companhia não quer pisar em ovos, mas sim jogar em terreno seguro. Por esse motivo, os fones trazem uma proposta bem simplista, com foco principalmente em quem não quer gastar muito ou está à procura de uma experiência inicial com esse tipo de produto. Se ele cumpre o que promete já são outros quinhentos.Realme Buds Q
O que é
Primeiros fones true wireless da Realme lançados no BrasilPreço
Sugerido: R$ 279. No varejo: em média, R$ 170Gostei
Confortável de usar; a conexão com o smartphone é rápida e estável; cabe em qualquer bolsoNão gostei
O volume é baixo, mesmo em níveis mais altos; controles de toque não funcionam bem; bateria poderia ter mais autonomia; faltou uma entrada USB-C em vez da micro-USB
Os Buds Q me lembram bastante os AirDots da Xiaomi, não apenas no design quanto na construção dos fones. Eles são feitos em plástico e não passam a sensação de serem muito resistentes, tanto nos fones, propriamente ditos, quanto na case carregadora, que ao vivo não é tão bonita quanto nas fotos promocionais. O estojo é bem pequeno e cabe em qualquer bolso, além dos fones serem levíssimos: cada um pesa apenas 3,6 gramas.
O formato dos fones e da case foram desenvolvidos em colaboração com o renomado designer José Lévy, da marca de luxo francesa Hermès. No vídeo de campanha do produto, ele conta que a ideia era criar um estojo que lembrasse uma daquelas pedrinhas que a gente encontra em algumas praias (no inglês “pebble”), mas confesso que elegância é a última coisa que me vem à cabeça olhando para os Buds Q. Isso na versão branca, que é a que estou testando; visualmente falando, a preta me parece ser mais bonita.A case usa uma entrada micro-USB para carregar e… sério mesmo? Em pleno 2021?
Já a conexão com o smartphone é simples e estável – em duas semanas de teste, não enfrentei nenhuma queda brusca de sincronização. A marca ainda oferece a possibilidade de ajustar modos pré-configurados por meio de um aplicativo personalizável. A usabilidade é um dos pontos altos do Buds Q. Por serem fones intra-auriculares (que ficam dentro do ouvido), a ponta de silicone fica firme e não corre o risco de cair. A fabricante ainda inclui outros dois tamanhos de ponteira para você ajustar de acordo com o encaixe do seu ouvido. Nos dias que venho testando o acessório, ele se mostrou muito confortável e em nenhum momento incomodou, nem causou pressão excessiva dentro do ouvido. Cada fone também possui com controles sensíveis ao toque, mas eles não funcionam nada bem. A área de toque é muito pequena, e mesmo quando eu fazia o movimento pausadamente os fones não foram nada responsivos. Então, na maior parte do tempo, eu controlei a reprodução de músicas e atendi chamadas telefônicas manualmente no celular.Quanto ao som, eu também não fiquei impressionado, mas no geral ele cumpre bem o seu papel para um fone de entrada. Em músicas com batidas intensas, como o eletrônico de Calvin Harris, os graves não saíram tão estridentes. As vozes podem não sair tão cristalinas, porém eu consegui ouvir muito bem cada instrumento separadamente. Ouvi alguns álbuns de rock, como Ten, do Pearl Jam, e Fallen, do Evanescence. Embora as guitarras apresentassem um ruído estranho no volume mais alto, o resultado final ficou dentro do esperado.
Por falar no volume, eu sugiro nunca deixá-lo no máximo, porque aí sim o som fica ensurdecedor e cheio de ruídos. Algo entre 70% e 90% fica ótimo. Abaixo dos 70% eu reparei que o som fica mais baixo que o normal e não foi possível ouvir com clareza tudo o que estava audível em uma música, vídeo do YouTube ou série da Netflix. Baixo também é o microfone, tanto para chamadas telefônicas quanto mensagens de voz. Aliás, os fones não possuem cancelamento ativo de ruído. A Realme ainda fez marketing ao prometer recursos como drivers dinâmicos de 10 mm e um modo de baixa latência (199 ms) para jogos. No entanto, essas são características bem modestas e podem passar imperceptíveis, já que a experiência em si foi a mesma com ou sem tais funções. Por último, temos a bateria. A Realme descreve uma autonomia de até 3 horas para chamadas telefônicas, 4,5 horas para reprodução de música e 20 horas em combinação com o estojo de carregamento. Nos meus testes, o tempo ficou por aí mesmo, com exceção da autonomia geral: ouvindo música sem parar, foram cerca de 3h15 minutos. Após quatro ciclos de recarga no estojo, eu obtive um total de 17 horas. Ou seja, foram três horas a menos do que o prometido. O difícil é acompanhar a duração da bateria, uma vez que a case de carregamento não tem nenhuma luz indicadora. Pelo aplicativo da Realme eu consegui visualizar os níveis de energia de cada fone, mas seria mais prático não ter que abrir o app toda vez que eu quisesse fazer essa checagem. O Realme Buds Q se posiciona como uma alternativa que traz aquilo que você espera para um acessório mais simples: design amigável e confortável para uso, conexão simplificada com smartphones e um preço mais camarada que outros concorrentes. Tem até certificação IPX4 para resistência à água, apesar de eu não aconselhar molhar os fones, nem mesmo com respingos. Há também pontos que não são muito atrativos, como os controles sensíveis ao toque extremamente sensíveis e pouco responsivos, a construção que não parece ser muito durável e a autonomia de bateria que não é lá essas coisas. A verdade é que não dá para exigir muito de um fone tão básico. E talvez ainda seja difícil para a Realme competir com os AirDots da Xiaomi, hoje o principal concorrente deste acessório e que pode ser encontrado por menos da metade do valor dos Buds Q. Oficialmente, o produto custa R$ 279, porém é possível encontrá-lo em sites de leilão por bem menos que isso.