Restos mortais de pássaros revelam ritual a deusa egípcia em Pompeia
Uma arqueóloga e uma bióloga italianas descobriram os restos mortais de dezenas de aves no antigo Templo de Ísis, em Pompeia, no sul da Itália. Seriam indícios de um banquete ritual realizado em adoração à deusa egípcia, um culto que se estabeleceu na sociedade romana no primeiro século d.C.
Nesse sentido, as escavações realizadas por Chiara Assunta Corbino e Beatrice Demarchi revelaram restos carbonizados de pelo menos oito galinhas, um ganso, uma pomba, um porco e dois mariscos. Acredita-se que parte da carne foi cozida e consumida por três sacerdotes presentes. Assim, o restante teria sido colocado no chão como oferenda à Ísis.
O templo foi danificado por um terremoto em 62 d.C.. E Pompeia foi destruída quando o monte Vesúvio entrou em erupção em 79 d.C., atingindo a cidade com uma chuva de pedras e uma nuvem de gás quente. Acredita-se que o templo foi reformado depois de 62. O ritual teria acontecido em seguida, entre esta época e a tragédia de 79.
Dessa forma, as últimas descobertas aparecem em estudo em abril na revista International Journal of Osteoarchaeology.
O culto à deusa egípcia
O mito de Ísis, também conhecida como Aset ou Eset, conta que ela ressuscitou seu irmão e marido Osíris, depois transformado em rei dos mortos, e protegeu seu filho Hórus, o deus egípcio com cabeça de falcão. Considerada a mãe divina do faraó, ela ajudaria os mortos a ingressarem na vida após a morte.
Ísis era uma das divindades mais importantes do antigo Egito e frequentemente foi representada com asas de pássaro – daí a teoria, apoiada pelo último estudo, de que o sacrifício de aves era parte importante no culto à deusa egípcia.
Até então, os pesquisadores só conheciam restos de sacrifícios supostamente relacionados ao culto de Ísis na Grécia, Espanha e Alemanha. Por fim, o estudo de Pompéia seria a primeira investigação arqueozoológica de um templo da deusa egípcia na Itália.