O Titan, submersível que desapareceu durante passeio turístico no Oceano Atlântico tem menos de 20 horas de oxigênio. Segundo autoridades, o suporte de vida do veículo submarino que visitava os destroços do Titanic durará, no máximo, até a manhã desta quinta-feira (22).
Segundo o da empresa turística norte-americana OceanGate, o submersível é capaz de transportar até cinco pessoas – sendo um piloto e quatro passageiros. Ele leva consigo ar suficiente para até 96 horas.
Porém, não está claro se, no último domingo (18), o veículo foi lançado ao mar com sua capacidade máxima. O contra-almirante John Mauger, da Guarda Costeira dos EUA, disse em entrevista ao que o oxigênio deve durar entre 70 e 96 horas.
Entretanto, o oxigênio não é o único problema dos ocupantes do submersível. Supondo que o veículo ficou sem energia para subir até a superfície, os cinco a bordo devem estar enfrentando o frio congelante das águas do Atlântico Norte. Em outras palavras, eles já podem ter morrido de hipotermia muito antes de acabar o suprimento de ar.
Além disso, em entrevista ao britânico , um ex-comandante de submarinos da Marinha Real do Reino Unido, Ryan Ramsey, lembrou que, provavelmente, a embarcação não deve utilizar um sistema de reciclagem do ar ou ter filtros de CO2. Isso significa que eles podem estar sendo envenenados pelo dióxido de carbono exalado de suas próprias respirações. Nesse caso, eles já devem ter perdido a consciência.
A recuperação do submersível também é uma incógnita. Dependendo da profundidade que ele for encontrado, pode levar dias (ou mesmo vários meses) para trazê-lo à superfície.“Eu diria que você tem menos de 50% de chance de trazê-los vivos, mesmo que os encontre. Você pode conseguir levantá-los no futuro. Você sabe, em dois meses, você pode obter o kit de levantamento lá, tudo o que você precisa no lugar”, disse Ramsey.
Correndo contra o tempo, as buscas pelo submarino estão em andamento, a cerca de 1.400 km da costa dos Estados Unidos, em uma área de mais de 13 mil km² – quase duas vezes e meia o tamanho de Brasília – e que tem uma profundidade de cerca de 4 mil metros. Nessa profundidade, a água é quase mil vezes mais densa que o ar.
Até o íncio da tarde desta quarta-feira (5), aviões dos EUA e do Canadá, cinco barcos de várias nacionalidades e dois robôs subaquaticos se juntaram no trabalho das buscas. A Guarda Costeira dos EUA que equipamentos de sonar detectaram ruídos subaquáticos na região do naufrágio do Titanic. Porém, eles não confrimaram se o ruído era proveniente do veículo desaparecido.
As equipes de resgate também estão vasculhando a superfície do oceano, para o caso do Titan emergir na água.
É como um elevador, disse diretor de empresa
Feito de fibra de carbono e titânio, o submersível tem 6,7 metros de comprimento, pesa 10 mil quilos e capacidade de carga de até 685 kg. Ele funciona usando quatro propulsores elétricos, atingindo a velocidade de 3 nós – cerca de 5,5 km/hora.
Além disso, chamou a atenção que a operação dele é feita com um controle gamer que lembra o usado no console da PlayStation. O diretor-geral da empresa, Stockton Rush, chegou a afirmar em entrevista que a operação é simples, com apenas um botão. “Deve ser como um elevador, não deve exigir muita habilidade”, disse Rush ao CBS Sunday Morning:
O Titan é um dos três tipos de submersíveis tripulados operados pela OceanGate. Além de passeios turísticos, eles são usados com o intuito de fazer levantamentos e inspeções no fundo do mar. Isso inclui pesquisa, coleta de dados e produção de filmes e documentários.
O desaparecimento do submarino do Titanic
A viagem aos restos do Titanic deveria durar cerca de duas horas e meia. Porém, o veículo perdeu contato cerca de uma hora e 45 minutos após submergir. Anteriormente, este mesmo problema de comunicação já havia ocorrido em outros mergulhos.
Diferentemente de um submarino convencional – veículo este que é totalmente autônomo –, um submersível depende de um “barco-mãe”. Isso significa que ele precisa de apoio da superfície para se comunicar e se guiar no fundo do mar, além do seu lançamento e recuperação.
Por outro lado, ao contrário de outros submersíveis, o Titan emprega um sistema que pode analisar como as mudanças de pressão afetam a embarcação conforme ela mergulha. Esse sistema fornece “detecção de alerta precoce para o piloto com tempo suficiente para interromper a descida e retornar com segurança à superfície”, diz a empresa.
O passeio turístico até o Titanic custa US$ 250 mil dólares por pessoa — cerca de R$ 1,2 milhão na cotação atual. O barco viaja de St. John’s, no Canadá, até alcançar o local do naufrágio. Em seguida, ele lança o submersível, como visto na animação abaixo.
Entre os passageiros, está o piloto francês Paul-Henri Nargeolet, de 77 anos. Ele é especialista marítimo que já fez mais de 35 mergulhos no local do naufrágio do Titanic.
A OceanGate confirmou que Stockton Rush, o fundador da empresa, estava a bordo do Titan. Shahzada Dawood, um empresário paquistanês-britânico, e seu filho Suleman Dawood, também foram na viagem.
Na lista tem ainda o bilionário Hamish Harding, famoso por bater o recorde mundial de , em 2021. Ele atravessou a parte mais profunda do Oceano Pacífico em um único mergulho de 4 horas e 15 minutos, ao longo da Challenger Deep, na Fossa das Marianas. O local fica a cerca de 10 mil metros de profundidade.
Uma curiosidade é que Harding viajou ao espaço no ano passado, no interior de um foguete da empresa Blue Origin. Nesta mesma viagem, estava a bordo Victor Hespanha, o segundo brasileiro a ir ao espaço, e o primeiro turista espacial do país.