Recifes de corais em regiões profundas abrigam espécies únicas
Nas regiões mais profundas e escuras do oceano, existe um vasto ecossistema de corais que ainda é desconhecido pela ciência.
Geralmente quando pensamos em recifes de corais nos lembramos de um ambiente com cores vibrantes, com muita luz. Porém, em regiões mais profundas e escuras do oceano, existe um vasto ecossistema de corais que ainda é desconhecido pela ciência.
• Os recifes de corais estão morrendo aos montes
• Este timelapse mostra exatamente como os corais se autodestroem
Richard Pyle, zoologista do Bishop Museum, passou os últimos 20 anos pesquisando uma dessas regiões – a chamada “zona cinzenta” de corais que fica no Arquipélago do Havaí em profundidades que vão de 30 a 150 metros, onde a luz é sempre muito escassa. As descobertas da pesquisa foram , no mais completo estudo sobre recifes de corais em ambientes de baixa iluminação já feito.
Usando diversos acessórios e veículos de alta tecnologia – veículos submarino operados remotamente, submarinos comuns, câmeras e sensores de ambiente – Pyle e sua equipe conseguiram documentar vastas áreas de recifes de corais em áreas com pouca iluminação, abrangendo dezenas de quilômetros quadrados a profundidades de 90 metros ou mais, nas ilhas de Maui e Kauai.
Entremeadas aos corais está essa espécie de “gramado verde”, que abriga diversas espécies de algas que até então não foram classificadas. Tanto o coral quanto a alga precisam de luz do sol para realizar fotossíntese, o que faz Pyle suspeitar que elas só conseguem existir graças a excepcional limpidez das águas havaianas.
Uma das descobertas mais intrigantes da pesquisa de Pyle é que os recifes de corais com algas servem como ninhos para peixes endêmicos – espécies que não são encontradas em nenhum outro lugar do planeta. Enquanto apenas 17% das espécies de peixes dos recifes rasos do Havaí são exclusivos no arquipélago, esse número sobre para 50% ao chegar em 70 metros de profundidade.
“A extensão de endemismo de peixes nestes recifes de corais mais profundos, particularmente nas ilhas noroeste do Havaí, é surpreendente” disse o co-autor do estudo, Randall Kosaki, num comunicado. “Conseguimos documentar as maiores taxas de endemismo de todo o ambiente marinho da Terra.”
Uma teoria é que esses recifes representam um refúgio, onde diversas linhagens sobreviveram durante milhões de anos, mesmo durante as eras glaciais do planeta.
Talvez uma das coisas mais importantes que o estudo revela é o quão pouco sabemos sobre a vida nas regiões mais escuras da Terra – o que é um problema, já que não conseguimos proteger o que não conhecemos.
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