Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Museu Paraense Emílio Goeldi descobriram uma nova espécie de peixe cascudo-graveto, do gênero Farlowella, em pequenos igarapés em Juruti, Baixo Tapajós, Pará. O estudo publicado na revista “Neotropical Ichthyology” nesta sexta (28) traz luz à importância de estudar a biodiversidade amazônica e um alerta para os impactos da atividade mineradora no estado: a espécie já entra catalogada como quase ameaçada.
A nova espécie, chamada de Farlowella wuyjugu, se diferencia das demais congêneres por uma região gular nua (região ventral da cabeça, anterior ao istmo e abaixo da maxila inferior). Ela também possui cinco fileiras de placas laterais na região anterior do corpo, enquanto em muitas outras espécies se observam quatro. O nome wuyjugu refere-se à junção das palavras Wuy Jugu, autodenominação dos indígenas Munduruku. A etnia faz parte do tronco Tupi e está localizada em diversas regiões e territórios, nos estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso.
Segundo o artigo, a descoberta e descrição do F. wuyjugu contribui para o conhecimento do rio Arapiuns e para o entendimento da ictiofauna – conjunto dos peixes que vivem em um certo ambiente – da bacia do rio Tapajós. “Por isso é tão importante o trabalho de taxonomistas”, explica Manuela Dopazo, pesquisadora e co-autora do artigo. “A taxonomia auxilia outras áreas de conhecimento que podem ajudar nas tomadas de decisão para estudos futuros de conservação”.