Uma conversa sobre carreira, redes sociais (e grana) com o quadrinista gaúcho Rafael Fritzen
Mais 80 profissionais marcaram presença, incluindo Rafael Fritzen — ou, se preferir, Â. A convite da organização do Sana, a reportagem do Giz Brasil foi ao evento e bateu um papo com o quadrinista. Veja abaixo o resultado.
O Sana, maior festival geek do nordeste, aconteceu no último fim de semana em Fortaleza (CE). Entre as atrações estava a Vila dos Artistas, que reuniu artistas e ilustradores para vender suas criações inéditas e autorais.
é do Rio Grande do Sul, e antes de ser convidado para o Sana nunca tinha visitado o nordeste. Seu início na profissão lembra bem o de outros quadrinistas: passou boa parte da infância lendo quadrinhos — da “Turma da Mônica” e de super-heróis como “Homem-Aranha” –, e desenhando como hobby. No fim da adolescência, escolheu começar a cursar Arquitetura justamente por “ser um curso com desenho”.
“Bom cada um tem o seu começo, né? No meu caso eu fazia arquitetura porque eu gostava de desenhar. Então eu escolhi uma faculdade que – provavelmente – desse dinheiro e que envolvia desenho. Foi assim que eu comecei a fazer quadrinho, foi a forma que eu achei de me expressar na faculdade de arquitetura”, relembra Rafael.
Em 2015, começou a publicar suas obras em seu próprio perfil nas redes sociais. Depois, começou a enviar para blogs de humor por incentivos dos amigos. “Eu consegui ver que, fora do meu círculo de amizade, outras pessoas também gostavam. Esses próprios blogs que me falaram para criar uma página [profissional]. Eu ia alimentar essa página e eles podiam pegar o conteúdo e divulgar dentro do site deles”, explica.
🙂 — Rafa (@angulodevista)
Ao final desse mesmo ano, Rafael trancou a faculdade de Arquitetura e começou o curso de Design Gráfico, que concluiu. De lá para cá, seu trabalho ganhou corpo nas redes sociais: são mais de 679 mil fãs no Instagram, e 120 mil seguidores Twitter.
Ser seguido por muita gente não é sinônimo de vida ganha, claro. Ainda que as redes sociais sejam uma vitrine, Rafael destaca que a lógica não é a mesma da dos influenciadores, em que mais gente consumindo conteúdos costuma significar mais dinheiro.
“Não é como fazer vídeo pro YouTube. Mesmo se tu tiver 1 milhão de seguidores, fazendo quadrinhos, não tem tanta publicidade”, diz. “Muita gente começa a fazer quadrinhos já querendo ter sucesso ou ganhar dinheiro. Mas, mesmo hoje, é meio difícil até para quem tem muito seguidor, sabe?”, explica. “Acho que o pessoal que começa só tem que ficar esperto nisso, para não se iludir nesse sentido”.
Rafael é autor de três livros de tirinhas: “Ângulo de vista (2018)”, “Mundo em preto em branco” (2019) e o recém-lançado “Charlie, o jovem adulto” (2022), que divulgou durante o Sana.
Desde o início da sua carreira, o artista afirma que mudou um pouco seu estilo de criação. Antes, usava coisas do cotidiano, como a maioria dos quadrinistas. Agora tenta trazer seu toque próprio — principalmente pela quebra de expectativa.
🥩 — Rafa (@angulodevista)
“Acontece muito de fazer uma tirinha e outra pessoa falar: ‘pera eu já vi essa tirinha em algum lugar’, porque é coisa do cotidiano, né? Como uma pessoa gosta de café, tem milhões de tirinhas sobre isso. Para diferenciar um pouco, eu comecei a fazer quadrinhos contando alguma historinha, com piada dentro do próprio universo. Tipo criar personagem com personalidade diferente e fazer piada com isso”, explica.
Rafael é uma pessoa muito tímida para entrevistas, e poucas vezes mostra seu rosto nas redes sociais. Segundo ele, alguns seguidores até acreditam que um administrador cuida da sua página. Rafael, claro, costuma brincar com isso. E também com a preferência por não usar cores em suas obras.
Essas referências apareceram em um quadrinho que fez sobre sua presença no Sana, comparando sua mesa com a do colega de profissão Paulo Moreira — com quem, aliás, o Giz também conversou. Se liga só:
SIM! Estarei no SANA em Fortaleza agora em janeiro!
— Rafa (@angulodevista)
Dias 27, 28 e 29!✨✨✨✨
VEM!!!