Ciência

Queijo brie tem futuro incerto e corre o risco de extinção; entenda

Reprodução limitada e a falta de variabilidade genética colocam em xeque a continuidade da produção do quejo brie. Entenda
Imagem: Empório Sonhos de Queijo/Reprodução

O queijo brie, uma iguaria francesa amada no mundo todo, enfrenta riscos de extinção. O mofo Penicillium camemberti, responsável pela característica casca branca de queijos como o brie e o camembert, está ameaçado pela falta de variabilidade genética.

Isso acontece porque linhagem ‘domesticada’ deste mofo, que nunca existiu na natureza e é fruto da seleção humana, encontra-se em um ponto crítico. A reprodução limitada e a consequente degeneração genética colocam em xeque a continuidade da produção desses queijos.

De acordo com Jeanne Ropars, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), sem uma diversidade genética adequada, o mofo não conseguirá se adaptar a mudanças ambientais ou resistir a doenças.

“É muito importante preservar a diversidade, mesmo nos microrganismos, e em particular naqueles que utilizamos para fazer alimentos”, disse Ropars à revista Culture.

A situação é paradoxal, considerando que o brie e o camembert são produtos de um processo de domesticação bem-sucedido. Por séculos, esses queijos foram símbolos de uma tradição culinária refinada. No entanto, a uniformidade que os tornou famosos agora ameaça sua existência.

Alternativas para não deixar o queijo brie morrer

Agora, pesquisadores já buscam alternativas, como o uso do Geotrichum Candidum, um fermento com maior diversidade genética, que poderia substituir o P. camemberti na produção do brie e de outros queijos.

Essa mudança, contudo, pode alterar características sensoriais que definem esses queijos, levantando questões sobre a identidade e a autenticidade dos produtos.

A potencial extinção do P. camemberti e a consequente ameaça ao queijo brie colocam em destaque a importância da conservação genética, não apenas de animais e plantas, mas também de microrganismos utilizados na produção de alimentos. Afinal, a perda de um único mofo pode significar a perda de um patrimônio cultural gastronômico.

Diante desse cenário, a comunidade científica e os produtores de queijo enfrentam o desafio de equilibrar a preservação da tradição com a necessidade de inovação. A resposta a essa questão pode determinar se o brie, como o conhecemos, continuará a adornar as mesas dos amantes de queijo ou se tornará uma lembrança de um sabor que já não existe mais.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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