Em alguma aula de ciências na escola você deve ter ouvido falar sobre a chamada matéria escura. Trata-se de uma parte do universo — melhor dizendo: da maior parte do universo — que nós humanos ainda não sabemos o que ela é, nem o que tem lá. Por conta da complexidade, ela é alvo de estudo constante na comunidade científica. Agora, pesquisadores fizeram um novo cálculo para dimensionar a massa da matéria escura.
As descobertas, que serão publicadas na revista Physics Letters B em março, sugerem que ela é bem menor do que se pensava. Os cientistas da Universidade de Sussex, no Reino Unido, usaram o fato estabelecido de que a gravidade atua na matéria escura da mesma forma que atua no universo visível para calcular os limites inferior e superior da massa da matéria escura.
O universo visível é tudo o que já conseguimos observar, incluindo planetas, estrelas, luas, asteroides e nós mesmos. Ele responde por 25% de toda a massa do universo, o que significa que conhecemos apenas um quarto desse montante. Daí vem a expressão matéria escura, pois é algo que, por enquanto, está fora do nosso alcance observável, mas que ao mesmo tempo influencia no universo como um todo, já que podemos ver e até sentir seus efeitos.
Sabe-se que a gravidade atua sobre a matéria escura, já que isso explica o formato das galáxias. Partindo desse pressuposto, os resultados do estudo mostram que a matéria escura não pode ser nem muito leve, nem muito pesada — a menos que uma força ainda não descoberta também atue sobre ela. E os pesquisadores acreditam que a única força atuando na matéria escura é a gravidade.
Os cálculos apontam que as partículas de matéria escura devem ter uma massa entre 10-3 eV e 107 eV (elétron-volt) — são faixas muito mais estreitas que o espectro de 10-24 eV e 1019 GeV, que geralmente é teorizado. O que torna a descoberta ainda mais significativa é que se descobrirmos que a massa de matéria escura está fora do intervalo previsto pela equipe de Sussex, isso também provará que uma força adicional que não é gravidade atua sobre ela.
“O que fizemos mostra que a matéria escura não pode ser ‘ultraleve’ ou ‘superpesada’, como alguns teorizam — a menos que haja uma força adicional ainda desconhecida agindo sobre ela. Esta pesquisa ajuda os físicos em dois formas: focaliza a área de busca de matéria escura e também ajudará potencialmente a revelar se existe ou não uma força adicional desconhecida misteriosa no universo”, afirmou o professor Xavier Calmet, da Escola de Ciências Matemáticas e Físicas da Universidade de Sussex.
Por se tratar de ciência, tudo ainda é altamente questionável e passível de observação. Mas essa descoberta não deixa de ser animadora. Afinal, ainda precisamos desbravar, ou pelo menos conhecer (mesmo que de longe), 75% do nosso universo.
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