Quais os efeitos no clima de um possível “Super El Niño”?
Especialistas se preocupam com possibilidade de haver um “Super El Niño”, que pode elevar temperaturas até 2,5°C acima da média. Veja o que você deve saber sobre essa possibilidade
Com a confirmação da chegada do El Niño, especialistas agora se preocupam com a possibilidade de haver um “Super El Niño”, um evento ainda mais forte que o esperado.
No mês passado, o satélite Sentinel-6 da NASA identificou os primeiros sinais de formação do El Niño no Oceano Pacífico que deve afetar o clima global nos próximos anos.A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) confirmou o início. Mas pode ser que ele se manifeste de forma mais intensa do que o normal e virar o “super”. Caso isso aconteça, enfrentaremos calor até 2,5°C acima da média.
Qual a porcentagem de acontecer um “Super El Niño”?
“As chances dele se tornar um evento forte em seu pico são de 56%, enquanto as chances de termos pelo menos um evento moderado são de aproximadamente 84%”, explica em nota Emily Becker, cientista do clima e comunicadora da NOAA. O foi feito na semana passada. A pesquisadora Michelle L’Heureux, chefe do Centro de Previsão Climática da NOAA, afirma que o fenômeno se formou dois meses antes da maioria dos outros El Niños. Normalmente, o El Niño começa a se formar no segundo semestre do ano, conforme o .Segundo Michelle, ainda há chances de o evento crescer. As estimativas apontam que há 25% de chance de termos um Super El Niño, caracterizado pela potencialização do fenômeno.
Isso ocorreu entre 1997 e 1998, por exemplo, quando foram registradas cerca de 23 mil mortes no mundo por conta de tempestades e inundações. Há também uma forte probabilidade de que o evento desta vez coloque 2024 no topo da lista de anos mais quentes do mundo, superando 2016, conforme informações da .
Como funciona o El Niño?
O El Niño é um dos fatores capazes de provocar recordes de temperaturas nos próximos quatro anos. Segundo informações da Organização Mundial Meteorológica (OMM), há uma probabilidade de 66% de a média anual de aquecimento ultrapassar 1,5°C entre 2023 e 2027.Ao contrário do La Niña, fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico equatorial, o El Niño normalmente eleva as temperaturas em todo o planeta. Quando esse evento está em atuação, o calor é reforçado no verão e o inverno é menos rigoroso. Isso ocorre porque ele dificulta o avanço de frentes frias.
O El Niño ocorre por conta de um aquecimento anormal do Oceano Pacífico equatorial. Para o fenômeno ser registrado, deve acontecer um aquecimento persistente, que leva pelo menos três meses. Isso acontece porque os ventos alísios sopram com uma intensidade bem menor do que o normal, nesse período.
A temperatura do mar nessa região, próxima à linha do Equador, sobe pelo menos meio grau acima da média, podendo chegar a 28º C. Isso acaba formando um ar quente e modificando os padrões atmosféricos em diversos pontos do planeta.