Nossa próxima visita a Saturno vai ser para buscar vida alienígena

Cientistas estão empolgados com a ideia de enviarmos uma missão para observar satélites de Saturno em busca de sinais de vida.
Conforme a nave espacial Cassini executa suas manobras finais, cientistas dos dois lados do Atlântico já pensão na próxima missão para Saturno. Mas agora ninguém fala em estudar o gigante gasoso em si. Os cientistas já falam em caçar vida nos anéis de Saturno.

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Duas luas saturnianas – Titã, um mundo de mares de metano frígidos, e Encélado, uma bola de gelo que embrulha um oceano de água líquida – estão na nossa lista de lugares do sistema solar em que a vida alienígena pode existir. E cientistas estão determinados a descobrir se existe. Isso ficou bem claro na conferência da União Americana de Geofísica da semana passada, quando pesquisadores dos EUA e da Europa apresentaram propostas para duas futuras naves especiais que podem determinar se as luas estranhas de Saturno são habitáveis. Pelo lado dos EUA, temos o Enceladus Life Finder (ELF), uma nave New Frontiers da NASA cuja missão é de buscar vida em Encélado. O plano de voo da ELF é simples: dez passagens de baixa altitude (50 km) pelo polo sul de Encélado, onde rachaduras da superfície fria do planeta cospem um oceano de água congelada para o espaço. Ao mergulhar pelos gêiseres do polo sul de Encélado, a ELF pode coletar amostras da água líquida da lua como a Cassini já fez, mas dessa vez com instrumentos mais avançados. Dois espectrômetros de alta tecnologia ajudariam na busca por indicadores chave de habitabilidade, incluindo gás hidrogênio (uma fonte de energia). A nave espacial também vai buscar por vida diretamente ao analisar aminoácidos e isótopos de carbono, que ocorrem em padrões específicos na presença de micro-organismos.

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A estrutura do interior de Encélado. Imagem: NASA/JPL

“A maior esperança para a ELF é caracterizar completamente a habitabilidade do oceano de Encélado,” disse a cientista do projeto Cassini e uma das propositoras do ELF Linda Spilker. “Eu gostaria de saber se o oceano de Encélado consegue suportar vida, e melhor do que isso, quero achar evidências de vida.”

O oceano subsuperficial de Encélado é um dos ambientes mais parecidos com a Terra que sabemos que existe. Mas também é possível que uma forma diferente de biologia, muito mais estranha, possa ter surgido nos mares de metano de Titã. Então por que só caçar a vida como conhecemos quando podemos visitar as duas luas na mesma viagem? A , uma missão proposta pela Agência Espacial Europeia, planeja observar exatamente isso. De forma parecida com a ELF, a E2T vai voar ao redor do polo sul de Encélado (só que seis vezes), a altitudes de 50 km a 150 km, e vai usar dos espectrômetros de massa para analisar as águas do mar por sinais de vida. A E2T também vai ser equipada com uma câmera espacial capaz de capturar imagens em alta resolução, coisa de até um metro por pixel. A E2T também vai visitar Titã, coletando e analisando amostras do ar durante 17 passagens pela atmosfera do satélite a altitudes entre 900 km e 1500 km. Já sabemos que há algum tipo de “química pré-biótica” – reações orgânicas que podem levar à formação de RNA e proteínas – nos céus de Titã. Com a E2T, vamos ver quão próximo essa química já chegou na criação dos blocos de construção da vida.

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Um modelo hipotético de um organismo celular baseado em metano vivendo nos oceanos de Titã. Imagem: James Stevenson.

A missão também vai capturar imagens detalhadas da superfície de Titã, que conta com rios parecidos com os da Terra e cânions com hidrocarbonos líquidos em vez de água. Giuseppe Mitri, do projeto E2T, acredita que o momento é bom para uma missão astrobiológica dedicada no sistema solar exterior. “Há uma grande quantidade de interesse na comunidade atualmente,” ele disse, destacando que a nova missão da ESA para Marte, a ExoMars, também está buscando sinais de vida alienígena. Claro, não há garantia de que nenhuma dessas missões vai ser aprovada, e mesmo que sejam, ainda vai levar muito tempo para elas vasculharem nossos vizinhos cósmicos. A ELF busca verba para um lançamento em 2025, com uma expectativa de chegada em Saturno em 2030, enquanto a E2T não deve deixar nosso planeta antes de 2030. Ambas as propostas precisam de centenas de milhares de dólares para serem realizadas, e ambas competem com , incluindo missões para pesquisar Vênus, para encontrar um asteroide troiano, e para coletar amostras de rochas do polo sul da Lua. Ainda assim, se a comunidade astrobiológica é indício de alguma coisa, em algum momento dentro das próximas décadas, vamos voltar a Saturno. E quando fizermos, será para buscar aliens.

Tétis (direita), Titã e Encélado (topo e canto inferior esquerdo) vistos acima e abaixo do plano dos anéis de Saturno. Imagem: NASA/JPL/Space Science Institute, processada por Kevin M. Gill.

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