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Projeto Calico: como o Google pretende driblar a morte

Estamos prontos para a vida eterna? Muita além das buscas na internet, Google quer fazer com que as pessoas vivam mais e de forma saudável. Veja como o Calico fará isso

Projeto Calico: como o Google pretende driblar a morte

Imagem: Unsplash/Reprodução

Em 2013, o Google anunciou a criação do Calico, um projeto ambicioso (bem diferente dos seus negócios na internet) voltado para a área de pesquisa e desenvolvimento na área de saúde. O principal objetivo da divisão – hoje sob o guarda-chuva da Alphabet – é elaborar tratamentos inovadores que permitam que as pessoas tenham uma vida mais longa e saudável.

Segundo o Calico, a “cura para a morte” está em descobrir como acontece a complexa interação entre a genética, o meio ambiente e a dieta das pessoas, e como esses fatores moldam a expectativa de vida.

Até o momento, a medicina já ajudou a reduzir a mortalidade infantil e criar tratamentos eficazes para uma série de doenças. Sem essas mortes — hoje consideradas evitáveis –, foi possível elevar a expectativa média da população. Mas isso não significa, claro, que a medicina ajudou a prolongar a vida dos humanos.

As pessoas ainda morrem de doenças ainda incuráveis ou simplesmente de velhice. Por enquanto, a medicina ainda não encontrou uma maneira de retardar ou mesmo interromper o processo de deterioração natural do corpo conforme a idade avança.

A busca pela fonte da juventude

Para resolver a questão, o Calico fechou uma parceria com a britânica UK Biobank para criar o maior banco de dados biomédicos do mundo. A ideia é reunir exames de imagens de cerca de 100 mil pessoas para entender como o envelhecimento e doenças relacionadas à idade progridem no corpo humano.

O projeto – que reúne conhecimentos da biologia aliados à tecnologia de ponta – pretende reunir um conjunto de imagens altamente detalhadas de vários órgãos de um grande grupo de participantes. Isso permitirá aos pesquisadores avaliarem as mudanças na fisiologia ao longo do tempo.

Na primeira fase do estudo de imagem, que iniciou em 2014, foram captados dados por meio da ressonância magnética do cérebro, coração e abdômen de mais de 50 mil participantes do estudo, além de realizar exames de densidade óssea e ultrassonografia das artérias carótidas. Nos próximos dois anos, imagens de outros 50 mil participantes devem ser coletadas.

Na segunda fase do projeto, a pesquisa envolverá repetir essas imagens em 60 mil desses participantes, sete anos após a varredura inicial. “Quando combinado com extensos dados fenotípicos e genéticos já disponíveis para pesquisadores no banco de dados do UK Biobank, isso irá avançar a compreensão da progressão de uma ampla gama de doenças crônicas da metade para a terceira idade, incluindo doenças cardiovasculares e neurodegenerativas”, explica o Calico em .

Na prática, a chave para a vida eterna ainda está longe de virar realidade. Porém, a Calico já tem feito alguns avanços importantes.

Em 2020, por exemplo, descobriu-se que uma , desenvolvida por cientistas da Universidade da Califórnia, nos EUA, e licenciada pela Calico, reverte declínios relacionados à idade na memória e flexibilidade mental em camundongos. O medicamento também se mostrou eficaz em restaurar a memória após lesões cerebrais, reverter deficiências da síndrome de Down, assim como prevenir a perda auditiva.

Enquanto o Google não encontra o seu remédio milagroso contra o envelhecimento, o que fica é o debate sobre as questões éticas, sociais, ambientais, religiosas e filosóficas de uma potencial imortalidade dos humanos. Estamos prontos para ter uma vida eterna?

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