Um dos maiores destinos de turistas brasileiros na América do Sul passa por uma crise. Desde a semana passada, as ruas da região de Cusco, no Peru, viraram palco para protestos da população contra a privatização da venda de ingressos para visitar Machu Picchu.
O foco dos protestos é a decisão do governo ao escolher a empresa Joinnus. Ela faz parte da maior instituição financeira do Peru e faria a venda online exclusiva dos ingressos de acesso à Machu Picchu. Isso sinaliza uma possível privatização.
Miles de ciudadanos salen a las calles en en jornada de protesta contra la privatización del sitio arqueológico Machu Picchu
— JAIME HERRERA (@JaimeHerreraCaj)
Na última quinta-feira (25), os manifestantes bloquearam o acesso ao sítio arqueológico, impedindo o funcionamento do transporte ferroviário. Até segunda-feira (29) desta semana, a ferrovia seguia com bloqueios.
Desse modo, muitos visitantes não conseguiram ir à Machu Picchu. Isso evidencia ainda mais a crise no turismo do Peru, que se recuperava após os protestos do ano passado, sobretudo na região dos Andes.
O contrato determina que a Joinnus receberá 3,9% da venda de cada ingresso, recebendo mais de R$ 15 milhões anualmente, enquanto o orçamento para a manutenção de Machu Picchu fica em torno de R$ 3,9 milhões.
Além disso, a decisão do governo peruano em aumentar o limite de visitantes diários de 3.800 para 4.500, embora existam problemas envolvendo a lotação, garante mais lucros adicionais para a Joinnus.
Privatização de Machu Picchu gera preocupação sobre dados
Segundo , os sindicatos dos setores de transporte e turismo de Machu Picchu dizem que a parceria entre a Joinnus e o governo do Peru constitui uma fraude conforme as leis peruanas.
Esses trabalhadores acreditam que a implementação da plataforma de vendas da Joinnus é um passo para privatizar Macchu Picchu.
Além disso, o Comitê Para Defesa de Machu Pichu demonstrou preocupações em relação à privacidade devido à coleta de dados nas vendas dos ingressos. A Joinnus coleta informações pessoais de cada turista que visita Machu Picchu, que anualmente recebe milhões de pessoas. No entanto, o contrato não apresenta diretrizes sobre o gerenciamento ou possível venda de dados.
Por fim, manifestantes apontam para o monopólio da Joinnus na venda online de ingressos em outros sítios arqueológicos, além de Machu Picchu, como uma tendência de privatização do patrimonio cultural do Peru.