Ciência

Primeiro transplante de feto para feto é testado em ratos

Principal vantagem é que o transplante de um órgão antes do nascimento pode permitir que ele cresça e se desenvolva com o feto
Imagem: bioRxiv/Reprodução

Pela primeira vez, cientistas do Japão conseguiram realizar um transplante de tecido renal entre um feto e outro, enquanto o receptor ainda estava no útero da mãe. Os pesquisadores fizeram o experimento usando fetos de ratos.

Takashi Yokoo, nefrologista da Escola de Medicina da Universidade Jikei, em Tóquio, afirmou à que a cirurgia é o primeiro passo para um dia transplantar rins fetais de porco em fetos humanos que se desenvolvem sem rins funcionais.

O transplante de um órgão antes do nascimento pode permitir que ele cresça e se desenvolva com o feto. Isso de modo que o órgão funcione no nascimento e tenha menos risco de rejeição.

Em quatro ratos, a intervenção obteve sucesso, e os rins se desenvolveram por dez dias sem rejeição. No 18º dia, o tecido começou a mostrar sinais de rejeição. Porém, eles poderiam ser controlados com o uso de medicamentos imunossupressores.

Contudo, uma análise mais detalhada dos rins revelou que os vasos sanguíneos dos fetos cresceram dentro do tecido doado, o que tornou menos provável que fossem rejeitados pelo sistema imunológico.

De acordo com a pesquisa, a principal vantagem é que o tecido fetal tem menos probabilidade de induzir uma resposta imunológica do que o tecido adulto. Assim, os médicos não precisariam modificar geneticamente o tecido antes do transplante.

Próximos passos da pesquisa

O portal publicou no último mês os resultados do estudo. Porém, pares ainda não revisaram a pesquisa.

De acordo com Yokoo, o objetivo a longo prazo é transplantar rins fetais de porco em fetos humanos com síndrome de Potter. Essa é uma condição onde o feto não desenvolve rins funcionais e geralmente morre horas após o nascimento.

Agora, o japonês quer fazer algo parecido com o que um brasileiro fez em março deste ano Na época, o médico realizou o transplante de rim de um porco para um paciente humano vivo.

A cirurgia durou cerca de quatro horas, e aconteceu no Massachussets General Hospital, hospital universitário de Harvard em Boston, nos EUA.

A empresa eGenesis de Cambridge, Massachusetts, forneceu o rim de porco. A empresa realizou uma modificação genética para remover genes suínos prejudiciais e adicionar certos genes humanos. Assim, a técnica melhorou a compatibilidade do órgão.

Além disso, os cientistas inativaram retrovírus endógenos suínos no doador de porcos para eliminar qualquer risco de infecção em humanos.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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