O Facebook e, especialmente, o Google criticaram recentemente uma proposta do governo australiano: fazer as empresas pagarem publicações jornalísticas. A Microsoft, porém, parece apoiar a ideia. Ela gostou tanto que quer que os EUA e outros países também adotem uma regulamentação semelhante.
A declaração foi dada pelo presidente da Microsoft, Brad Smith, . Segundo o executivo, a medida é uma oportunidade de “juntar bons negócios a uma boa causa”. Smith já tinha falado sobre o assunto , e um não só reafirma o posicionamento, mas vai além, defendendo que a medida seja adotada também por outros lugares, como os EUA e a União Europeia. O texto lembra que tanto as receitas quanto o número de empregados da mídia tradicional caíram drasticamente nas últimas décadas, enquanto leitores e anunciantes migraram para as redes sociais, e coloca isso como um dos fatores para a crise na democracia dos EUA.
A medida já está em discussão há algum tempo e gerou críticas de Facebook e Google. Ambas as empresas disseram considerar mudanças em seus produtos na Australia caso o texto seja aprovado. A rede social poderia impedir o compartilhamento de sites de notícias e reportagens por usuários do país. Já o buscador foi além e ameaçou simplesmente deixar de prestar este serviço no país.
Esse último ponto, aliás, pode ser uma chave para entender o posicionamento da Microsoft: a empresa disse que topa pagar as empresas e investir para melhorar seu buscador, o Bing, caso seja enquadrada na lei — o projeto só inclui buscadores que tenham uma participação de pelo menos 20% no mercado. Parece claro que ela está de olho em ganhar terreno no país. No próprio texto publicado no blog, a companhia admite isso: após lembrar que tem apenas 5% do mercado de buscas na Austrália, declara que, “ao contrário do Google, se crescermos, estamos preparados para aceitarmos as obrigações da nova lei, incluindo dividir a receita com as organizações jornalísticas, como proposto”.
Google e Facebook têm tomado poucas iniciativas para tentar remunerar melhor as empresas jornalísticas. O Google criou o , que paga sites para liberar o acesso a matérias que antes eram exclusivas a assinantes, no Reino Unido e na Argentina. A gigante das buscas também tem um fundo para jornalismo (que é bem insuficiente, para ser sincero) Também na Terra da Rainha, o Facebook finalmente lançou sua , que promete ser um lugar mais confiável para buscar informações, e vai pagar seus parceiros de conteúdo.
Mesmo assim, as duas empresas continuam trabalhando contra a lei australiana. A legislação deve ser apresentada ainda esta semana aos legisladores do país e espera-se que seja aprovada em duas semanas. Vale lembrar que é uma briga de gente grande: do outro lado, está o lobby do bilionário Rupert Murdoch, dono da News Corp., que domina grande parte do setor jornalístico do país e também comanda propriedades em outros países, como o New York Post, o The Sun e o Wall Street Journal.