Prêmio Nobel de Medicina 2020 vai para trio que descobriu vírus da hepatite C
Os americanos Harvey J. Alter e Charles M. Rice e o britânico Michael Houghton foram os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina de 2020. Eles foram anunciados nesta segunda-feira (5) pela Academia Sueca, em Estocolmo, por terem descoberto o vírus causador da hepatite C. Os cientistas receberam 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,3 milhões), e dividirão o prêmio em partes iguais.
O Nobel de Medicina é o primeiro de uma série de seis prêmios que serão anunciados até 12 de outubro. Nesta terça-feira (6), serão revelados os ganhadores do Prêmio Nobel de Física; na quarta (7), o de Química; na quinta (8), o de Literatura; e na sexta-feira (9), o Nobel da Paz. Haverá ainda o Nobel de Economia, que será entregue na próxima segunda-feira (12).As descobertas de Harvey J. Alter, Michael Houghton e Charles M. Rice ajudaram na criação de medicamentos contra a hepatite C. Imagem: Nobel
Sobre o vírus
O vírus da hepatite C causa uma inflamação no fígado que pode se tornar crônica e evoluir para cirrose e um tipo de câncer chamado carcinoma hepatocelular. Aproximadamente 30% das pessoas infectadas eliminam o vírus dentro de seis meses após a infecção, enquanto os outros 70% desenvolvem a pior forma da doença. No entanto, a maioria dos infectados não sabe que está com o vírus, já que 8 em cada 10 pessoas não apresentam sintomas. Em alguns casos, o paciente precisa passar por cirurgia de transplante de fígado. O vírus é transmitido pelo sangue ou outros fluidos corporais e não existe vacina, porém o tratamento oferece chance de cura acima de 95%. Os pacientes são medicados com antivirais de ação direta e se submetem ao tratamento por um período de dois a três meses.Diferente da hepatite A, que é transmitida por alimentos ou água contaminada e pode causar uma infecção aguda que chega a durar algumas semanas, as hepatites B e C são transmitidas diretamente pelo sangue. As hepatites A e B possuem vacinas, ambas distribuídas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Existem ainda outros dois tipos de hepatite: a D, que só pode infectar quem já pegou o vírus da hepatite B, e a E, que tem um medicamento imunizador, mas que é produzido e licenciado na China e não é acessível em todo o mundo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2017, mais de 70 milhões de pessoas conviviam com a hepatite C na forma crônica. Só naquele ano, foram registradas mais de 400 mil mortes. No Brasil, estima-se que, em 2016, cerca de 657 mil pessoas estavam com vírus ativo. O tratamento é oferecido no SUS e é 100% gratuito.
A OMS estima que, graças às descobertas mais recentes, a doença será erradicada até 2030. [, , ]